A vida estava nele e era a luz dos homens;
a luz resplandece nas trevas,
e as trevas não prevaleceram contra ela.
(Jo 1.4,5)
Em seu prólogo, João apresenta Jesus Cristo como luz; luz que guia os homens a Deus.
Nessa perspectiva, é necessário pensar a igreja de Jesus Cristo como sinalizadora do reino de Deus para o mundo, uma vez que ela é habitação de Cristo. Essa reflexão é relevante devido à irradiação de muitos brilhos temporais que não refletem o esplendor da glória de Deus em nossos dias. Por isso, apresentaremos aqui alguns indicadores da luz de Cristo na igreja como sinal do reino de Deus no mundo.
Em primeiro lugar, é necessário destacar que a luz emite brilho, isto é, ela serve de anúncio, proclamação. Essa luz é a “luz da vida”, a vida de Deus:
- A luz da vida testemunha acerca de Cristo: “Vós sois a luz do mundo […]” (Mt 5.14)
- A luz da vida se expressa na vivência cristã em comunhão: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste.” (Jo 17.3)
- A luz da vida levou João Batista a dizer: “É necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3.30)
Na expressão de João Batista, observa-se uma indicação ao verdadeiro anúncio: “ele cresça”. O desafio é fazer a obra de Deus com a vida de Cristo em nós, pois a “luz própria” não anuncia Cristo: “[…] se agradou em revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, […]” (Gl 1.15,16) Quem deseja ser sinal do reino de Deus deve contar com o que Deus dá sabendo que os recursos da graça de Deus em nós são mais eficazes do que qualquer trabalho humano: “na graça não há glória porque se tem glória não é graça”1. Dessa forma, o homem deve “diminuir”, pois o olhar dos homens deve ser direcionado para Cristo que habita em nós.
Em segundo lugar, a luz ilumina, ou seja, ela comunica: “[…] vimos a sua glória […]” (Jo 1.14). Cristo comunicou sua vida mostrando a sua glória, glória que se revela no amor.
- O Deus da glória ama e consuma sua obra na vida dos homens: “[…] e tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (Jo 13.1)
- O Deus da glória ama o que não é amável: “estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo […]” (Ef 2.5)
Portanto, cabe a igreja como sinalizadora do reino de Deus difundir a glória de Cristo entre os homens: “Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (Jo 13.35)
Que Deus nos dê sua graça para a proclamação de Cristo, para que nos tornemos “filhos de Deus irrepreensíveis, sinceros e íntegros no meio de uma geração corrupta e perversa”, na qual resplandecemos “como luminadores no mundo” (Fp 2.15)
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Nota:
1 Palavras de Durvalina B. Bezerra proferidas em uma palestra no Seminário Teológico Evangélico do Betel Brasileiro, São Paulo, 1998.