Introdução à Cosmovisão Reformada: Anotações quase aleatórias (9)

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Leia antes a parte 8 aqui

D. Trabalho, Arte e Culto
1. “Um hino ressoa ao Senhor!”1

“É verdade que os mais ínfimos e mais insignificantes objetos, quer nos céus quer na terra, até certo ponto refletem a glória de Deus” – João Calvino.2 

“…. este mundo é semelhante a um teatro no qual o Senhor exibe diante de nós um surpreendente espetáculo de sua glória” ‒ João Calvino.3 

“Portanto, por mais que ao homem convenha, com sério propósito, os olhos volver à consideração das obras de Deus, uma vez que foi colocado neste esplendíssimo teatro para que lhes fosse espectador, todavia, para que frua maior proveito, convém-lhe, sobretudo, alçar os ouvidos à Palavra” ‒ João Calvino.4 

“Deus está interessado na criação. Ele não a menospreza” – Francis A. Schaeffer.5 

“Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. (…) Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste” (Sl 8.1,3).

O pecado, que consiste na quebra de relacionamento com Deus, trouxe ao ser humano diversas consequências. Entre elas a perda da sensibilidade espiritual. O ser humano perdeu a capacidade de reconhecer a Deus em Seus atos manifestos em toda a Criação, na Palavra e, plenamente revelado em Cristo Jesus. A quebra desta comunhão com Deus interferiu diretamente, de forma significativa e decisiva em todas as demais relações, inclusive em nossa maneira de ver e atuar no mundo.
     
O pecado alienou-nos de Deus, de nós mesmos, do nosso semelhante e da natureza.6  Assim, o pecado, de certa forma, desumanizou-nos. A Queda trouxe consequências desastrosas à imagem de Deus refletida no homem. No entanto, mesmo após a Queda, o homem não regenerado continua sendo imagem e semelhança de Deus (aspecto metafísico):7  Apesar de o pecado ter sido devastador para o homem, Deus não apagou a sua “imagem”, ainda que a tenha corrompida,8  alienando-o de Deus.9 O pecado trouxe como implicação a perda do aspecto ético da imagem de Deus.  A nossa vontade, como agente de nosso intelecto,10  agora, é oposta à vontade de Deus: “Observemos aqui que a vontade humana é em todos os aspectos oposta à vontade divina, pois assim como há uma grande diferença entre nós e Deus, também deve haver entre a depravação e a retidão”.11  A imagem que agora refletimos estampa mais propriamente o caráter de Satanás.12

No Éden só havia um livro: o livro da natureza; todavia, com o pecado humano, a natureza também sofreu as consequências, ficando obscurecida, perdendo parte da sua eloquência primeira em apontar para o Seu Criador (Gn 3.17-19)13  e, como parte do castigo pelo pecado, o homem perdeu o discernimento espiritual para poder ver a glória de Deus manifesta na Criação (Sl 19.1; Rm 1.18-23). A Revelação Geral que fora adequada para as necessidades do homem no Éden – embora saibamos que ali também se deu a Revelação Especial (Gn 2.15-17,19,22; 3.8ss) –, tornou-se, agora, incompleta e ineficiente14  para conduzir o homem a um relacionamento pessoal e consciente com Deus. A observação de Calvino (1509-1564) parece-nos importante aqui: “Lembremo-nos de que nossa ruína se deve imputar à depravação de nossa natureza, não à natureza em si, em sua condição original, para que não lhe lancemos a acusação contra o próprio Deus, autor dessa natureza”.15
    
Todavia, mesmo a Criação sendo obscurecida pelo pecado humano, continua a revelar aspectos da natureza e do caráter de Deus.16 Como bem acentuou Calvino:

Assim é que Deus tem estabelecido por toda parte, em todos os lugares, em todas as coisas, suas insígnias e provas, às vezes em brasões de tal nítido entendimento que ninguém pudesse alegar ignorância por não conhecer um tal soberano Senhor que tão amplamente havia exaltado sua magnificência. É quando, em todas as partes do mundo, no céu e na terra, Ele escreveu e praticamente gravou a glória de Seu poder, Sua bondade, sabedoria e eternidade.17 

A fé cristã fundamenta-se ‒ porque foi por isso que ela se tornou possível ‒, na existência de um Deus transcendente e pessoal (infinito-pessoal) que se revela e se comunica conosco.18  Sem a comunicação divina não haveria teísmo nem ateísmo, simplesmente jamais chegaríamos ao conceito de Deus ou à sua negação. Portanto, “a comunicação divina é a base fundamental da fé cristã”. 19

O Salmo 8 exalta a majestade do nome de Deus20  manifesta na Criação. Aliás, a majestade de Deus e o seu nome, são aqui, poeticamente sinônimos21  (Sl 8.1). É um hino que por meio do homem dignifica a majestade de Deus. “É um hino à glória de Deus criador”.22 

É possível que Davi tenha composto este Salmo na juventude, quando era apenas um pastor de ovelhas, quando as suas lutas eram bastante complexas na simplicidade de sua vida.23  Nesta fase de sua vida, certamente passava muitas noites dormindo ao relento, contemplando as estrelas no firmamento e refletindo sobre o poder de Deus. Esta mesma fé amadurecida pelas experiências com o Senhor o acompanhará.

Outra ocasião provável é quando, um pouco mais maduro, já ungido rei,24  é foragido de Saul que queria matá-lo. Neste período teve oportunidade, ainda que com o coração angustiado, de experimentar a mesma sensação de ver e refletir sobre a imensidão do céu diante dos seus olhos: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. (…) 3Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste” (Sl 8.1,3).
 

O salmista, à noite, tendo o céu estrelado diante de si, contempla parte da Criação e exulta demonstrando que em toda a terra o nome de Deus é exaltado. Ele ultrapassa a visão apenas local de Israel, para reconhecer que o testemunho de Deus na Criação se estende a toda a terra (Sl 8.1). “O mundo foi originalmente criado para este propósito, que todas as partes dele se destinem à felicidade do homem como seu grande objeto”.
 
O salmista percebe que este reconhecimento da majestade de Deus só se tornou possível pela revelação de Deus na Criação: “Pois expuseste nos céus a tua majestade” (Sl 8.1). É Deus mesmo quem sempre inicia o processo e os meios de comunicação entre Ele e nós. A Sua comunicação é sempre um ato de graça. Após a Queda, envolve também a Sua misericórdia.

Davi ciente de que a Criação não é uma mera extensão da essência de Deus, não se detém na Criação, antes, vai além, reconhecendo a glória de Deus nela.  No Salmo 19 o salmista faz uma referência semelhante de modo mais amplo: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. 2 Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. 3 Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; 4 no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo….” (Sl 19.1-4).
 
Contudo, os homens, insensíveis à majestade de Deus, corrompidos em seus pecados, entregaram-se à idolatria: “20Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; 21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo- se-lhes o coração insensato. 22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos 23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. 24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!” (Rm 1.20-25).
 
A Criação, portanto, nos fala de Deus, de Sua majestade e poder. É necessário que tenhamos nossos olhos abertos para contemplar a Deus por intermédio de Suas obras.  A confiança do salmista passava pela Criação e repousava em Deus: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? 2 O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra. 3Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda” (Sl 121.1-3). O meu socorro não vem dos montes, mas, do Senhor (Yehovah) que criou todas as coisas, inclusive os montes, podendo, se assim o quiser, valer-se destes montes, como parte de Sua criação, para me abrigar e proteger.

2. A arte onipresente
“O cristianismo tem que saturar, não tão somente todas as nações, senão também todo o pensamento humano. (…) O Reino deve ser promovido; não só em ganhar a todo homem para Cristo, senão em ganhar o homem inteiro” –J.G. Machen.28

“A busca pela excelência é uma maneira de louvar a Deus” – F. A. Schaeffer.29

“Nenhuma obra de arte é mais importante que a própria vida do cristão e todo cristão deve se preocupar em ser um artista nesse sentido. (…) A vida do cristão deve ser algo verdadeiro e belo em meio a um mundo perdido e desesperado” – Francis A. Schaeffer.30

Pela graça comum de Deus31  a arte sempre esteve presente, ainda que de forma variada e desproporcional, em todas as formas de cultura por mais rudimentar que esta seja.32  A arte não começa na cultura. Antes, cada cultura observando a Criação pôde desenvolver a sua arte a partir da beleza expressa em toda Criação, iniciando um diálogo entre o revelado e o modo de ver de um povo naquele estágio de sua história. Além disso, não podemos limitar a  arte às obras dos grandes gênios.

Insisto: A arte é sempre um diálogo responsivo, primeiro com a Criação, com o percebido no mundo; é uma resposta natural de uma cultura com sua língua, perspectivas e valores.33  Ela reflete de alguma maneira − ainda que os gostos variem de cultura para cultura, de épocas e épocas e, de pessoa para pessoa −, o apreço pelo belo; a necessidade latente ao ser humano de exteriorizar-se e, ao mesmo tempo, a leitura feita do mundo; como ele é percebido. A arte reflete a nossa humanidade com todas as implicações desta afirmação, ou seja: a nossa condição ontológica e as circunstâncias de nossa existência e percepção.34 

A beleza é um apelo comum à humanidade, não simplesmente o gosto pela funcionalidade.35  O belo tem seu apelo próprio à nossa natureza.36  Aliás, a experiência estética é comum a todo ser humano, nos acompanhando, ainda que não a classifiquemos assim, a todo o momento na contemplação de uma árvore, o olhar o céu, a apreciação da engenharia de um determinado modelo de carro, a relação de confiança e amizade entre pais e filhos,  a risada de uma mãe, etc.37  O nosso apelo estético é proveniente, ainda que vagamente, do fato de sermos criados à imagem de Deus, o Artista por excelência.38

Na busca da expressão do belo, bom e verdadeiro, a cultura se revela e se fortalece em seus propósitos conservadores ou revolucionários. Em nossas respostas revelamos no que cremos e, consequentemente, quem somos aos nossos próprios olhos, deixando transparecer, por vezes, os nossos temores, inseguranças, carências, desejos e esperanças.

Curioso é que o artista ‒ que, por vezes, não sabe que o seja ‒, nem sempre tem consciência de que estar fazendo arte. Salvo uma encomenda específica ‒ como uma porta, por exemplo, a fim de substituir outra já corroída pelos cupins ‒, que artista produz uma obra de arte para a “arca de Noé” chamada de museu?39   Aliás, o que de fato podemos chamar de arte, considerando a polivalência da palavra40  Arte?41  Quando redijo estas notas, por exemplo, penso apenas em colocar no papel algumas ideias fruto de alguma leitura e reflexão. O meu objetivo é simples: comunicar determinadas percepções. Para mim e, certamente para vocês também, isto tem muito pouco de arte. Contudo, imaginemos este pedaço de papel sendo achado daqui a 500 anos em meio a uma carência assustadora de documentos de nossa época. É possível que este texto ganhe um sentido totalmente diferente do proposto. Ele poderia ser estudado a partir de uma abordagem, sem dúvida generalizante, de como o homem no início do século XXI escrevia, organizava suas ideias e pensava. Assim, teríamos um documento, um texto que representaria uma cultura, devendo, portanto, ser preservado como uma arte deste período.42  A ironia é que a sua importância certamente estaria no fato de ser datado. (Aliás, como deixar de ser datado, sendo autêntico?). Portanto, é bem provável que muito do considerado arte por nós não tivesse esta pretensão por aquele que a elaborou.43 

Deve ser dito que a criatividade nem sempre foi o ponto alto na avaliação de um artista, daí o fato de o artista, até o início do século XV,44  se confundir com o artesão − aquele que trabalha com seriedade e qualidade seguindo um modelo pré-estabelecido. Esta distinção, por sua vez, viria contribuir para uma nova concepção de artista, agora, um ser exótico e quase divino, que em sua obra revela encantos da natureza até então percebidos só por ele; um iluminado, contribuindo para fornecer uma síntese integralizadora da realidade que somente os iluminados como ele poderiam entender.45  Deste modo, a partir do século XVIII, a arte, de certa forma, assumiu o lugar da religião, ainda que a religião fosse privatizada, questão de cada um, não devendo interferir em sua vida como um todo. Conforme escreveu Rookmaaker (1922-1977):

Apesar de o século 18 não ser abertamente anticristão, havia uma profunda busca por um mundo descristianizado. A religião não era problema, desde que ela fosse de ordem puramente particular e não interferisse nas coisas importantes deste mundo, como a ciência, a filosofia, a erudição e as belas artes. Assim desenvolveu-se o princípio da neutralidade: no trabalho erudito, deveríamos deixar para trás as coisas irrelevantes e totalmente subjetivas, tais como nossas convicções religiosas. Precisávamos buscar aquilo que fosse objetivo, que fosse verdade independentemente da nossa fé.46

A arte é sempre imaginativa trazendo consigo além da imagem simbolizada, um pouco de seu autor,47  da sua geografia e percepção da realidade que também o espreita de forma por si só comparativa e, por isso mesmo, revelante. O real é a essência, a arte é apenas uma colônia, quando muito, apenas um extrato com uma densidade maior, portanto, mais próxima da realidade. Por mais que o artista tente transcender o real, é o real que o referencia e o valida.48  A tendência natural é que reproduzamos o que está mais próximo de nós, quer fisicamente (minha casa, meu filho, a mulher amada, meu animal de estimação, uma paisagem próxima, etc.),49  quer, em minha mente, expressando temores, incompreensões, sonhos e desejos. A arte tem a digital de seu autor. Ela provém do interior do artista. E, como todos os nossos demais trabalhos, expressa, sem necessariamente nos darmos conta, o nosso sentido de valor.50  Como bem disse o pintor norueguês Munch (1863-1944)51  no início do século XX, num momento não rotineiro de sobriedade: “A arte é a compulsão do homem para a cristalização. (…) A natureza não é apenas o que o olho pode ver. Ela mostra também as imagens interiores da alma ‒ as imagens que ficam do lado de trás dos olhos”.52
 
3. Deus, as Escrituras e a arte
Quando historiadores da arte tratam da arte produzida pelos judeus,  é comum a identificação da proibição divina quanto à idolatria (Ex 20.4-6)53  com uma suposta proibição divina à arte.54  É possível que a falta de uma maior clareza de interpretação bíblica tenha contribuído para o não desenvolvimento de determinada manifestação artística entre os judeus. Dentro de uma perspectiva mais ampla, devemos entender que a arte na Escritura é proibida apenas como instrumento de idolatria, não como meio de glorificar a Deus por meio do belo: “O fato de que querubins foram bordados no véu interno do Tabernáculo (Ex 26.31), de que as paredes do Templo de Salomão foram esculpidas com figuras de querubins e palmeiras (1Rs 6.29), e de que Tabernáculo e Templo tinham figuras de querubins no propiciatório, dentro do Santos dos Santos, indica que o segundo mandamento não impediu a produção de trabalhos artísticos”.55
 
No Antigo Testamento encontramos com frequência a ação do Espírito associada à vida intelectual de diversos homens (Vejam-se: Jó 32.8; 35.10,11/Gn 2.7; Ex 31.2-6; 35.31-35; Nm 11.17,25-29; 27.18-21/Dt 34.9).56  O Espírito é o autor de toda vida intelectual e artística; nEle temos o sentido do belo e sublime como expressão da santa harmonia procedente do Deus Triúno, que é perfeitamente Belo em Sua Santidade e Majestade.

Referindo-se à obra de Bezalel e Aoliabe, Ferguson escreve:

A beleza e a simetria da obra executada por esses homens na construção do tabernáculo não só deram prazer estético, mas um padrão físico no coração do acampamento que serviu para restabelecer expressões concretas da ordem e glória do Criador e suas intenções em prol de sua criação.57

A Escritura nos mostra que Deus como autor de toda beleza, aprecia o belo. A beleza não tem existência própria e autônoma; ela provém de Deus, daí o perigo de fazermos a separação entre beleza e Deus, correndo o risco de adorar a criação em lugar do Criador (Rm 1.25).58  O belo por sua vez, não tem apenas um sentido funcional, antes, é prazeroso, refletindo de alguma forma a grandeza da Criação divina que, por sua vez, reflete a natureza majestosa de Deus e Seu amor que faz com que Ele Se comunique conosco de forma tão bela e harmoniosa. Portanto, a nossa criatividade deve ser atribuída a Deus, sua fonte inesgotável e perfeita. O Deus Quem nos criou à Sua imagem é o Artista original. O nosso senso estético procede também de Deus, como por uma imagem.

Nós, como imagem, tentamos imitá-Lo de forma subjetiva, visto que somente Deus possui de forma absoluta a objetividade do Belo em Suas perfeições.59

É claro que esta criatividade imaginativa também foi afetada e manchada pelo pecado e, o produto de nosso trabalho também refletirá essencialmente isso. Portanto, indicando o senhorio de Cristo sobre todas as coisas, devemos submeter a nossa habilidade de criar e recriar à realidade de nosso Senhor. Deste modo, o nosso trabalho deve ser sempre uma expressão de culto a Deus por meio dos talentos que Ele mesmo nos confiou.

 Eu não preciso necessariamente de um motivo a mais para criar. A minha criação poderá ser bela em sua temática e composição. Não preciso de justificativa ulterior. O algo mais pode ser altamente estimulante e necessário, contudo, estará sempre numa escala secundária. Posso compor uma música simplesmente para expressar a minha fé em meio às angústias e incertezas da vida cotidiana; retratar a beleza do amor entre um homem e uma mulher (que deve refletir o amor de Deus por Sua Igreja [Ef 5.25]), ou, ainda, fazer um poema que descreva a dor da saudade ou a esperança de um reencontro. Nestas expressões, revelo a minha condição de criatura que ama, sofre, deseja e tem expectativas. Nenhum destes sentimentos é-nos estranho, afinal, somos homens finitos, limitados, vivendo no tempo, na condição de pecadores. Ainda que nem tudo que produzamos seja uma expressão pecaminosa, é, sem dúvida, uma manifestação de nossa maravilhosamente complexa finitude, da condição humana.60  Daí, talvez, o desejo implícito de que nossa arte permaneça; há o “pressentimento de imortalidade”, que se manifesta no desejo e esperança de que a nossa produção seja vista, lida, ouvida, admirada e interpretada também em nossa posteridade.

A arte, portanto, é uma expressão de percepção de mundo. Esta percepção está longe de ser neutra. Por isso, toda arte é existencial e axiológica. Aqui temos um ponto final. Contudo, se pessoas são levadas a Cristo por meio desta música, desse quadro ou daquela poesia, não torna a minha arte melhor ou pior. Isto, ainda que relevante, não muda a essência do que fiz (qualidade), do princípio que me orientou (a Palavra) e do seu objetivo final que é glorificar a Deus. Há sempre o perigo de sermos pragmáticos, apesar de cheios de boas intenções. Deus pode se valer de um jumento, contudo, nem por isso devo me inspirar neste animal criado por Deus, como meio de expressão de minha natureza, ainda que Deus também o empregue para demonstrar a nossa insanidade espiritual (Is 1.3/Sl 32.9/Jr 8.7). Ele toma dois animais difíceis de trato: o boi e o jumento. Mostra que a obtusidade, a teimosia e a dificuldade de condução destes animais dão-se pela sua própria natureza. O jumento e o boi agem conforme as suas próprias estruturas criadas por Deus. No entanto, assim mesmo, eles sabem reconhecer os seus donos, aqueles que lhes alimentam. O homem, por sua vez, como coroa da criação,61  cedendo ao pecado perdeu totalmente o seu discernimento espiritual; já não reconhecemos nem mesmo o nosso Criador; antes lhe voltamos as costas e prosseguimos em outra direção.62

Paulo diz que a nossa nova criação espiritual levada a efeito por Deus é uma obra de arte. O homem é a obra-prima de Deus63  e os salvos têm o seu “homem interior” criado de novo em Cristo Jesus: “Pois somos feitura [“obra de arte”]64  dele, criados65  em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).

Somos filhos de Deus, criados não por qualquer um, mas, pelo próprio Deus (Sl 100.3). Deus nos recria em Cristo, o Deus Encarnado, não simplesmente para uma admiração recíproca, mas, para que caminhemos nas boas obras preparadas de antemão, as quais, devido às nossas limitações, nem sempre nos parecerão belas, contudo, foram ordenadas por Deus. Os caminhos propostos pela Sabedoria de  Deus são belos (Pv 3.17).66  A grande beleza estética na vida do homem está em obedecer a Deus, seguindo os Seus caminhos!

Com base no texto de Efésios, podemos dizer que o homem é o mais belo poema de Deus, criado em Cristo Jesus nosso Senhor! O nosso novo nascimento deve nos conduzir a uma maior sensibilidade para com a beleza da Criação de Deus. Contudo, a fé cristã não se expressa em mero culto à beleza, antes, em adoração ao Deus criador de todas as coisas.
 
Deus como fonte de toda beleza, exercita a arte em toda a Sua Criação. O que Schaeffer diz a respeito dos Alpes suíços, nós brasileiros, poderíamos falar com muito maior propriedade a respeito das belezas diversificadas de nossa terra: “Vá aos Alpes e observe as montanhas cobertas de neve. Não há como contestar. Deus se interessa por beleza. Ele fez as pessoas para serem belas e a beleza tem seu lugar na adoração a Deus”.67

Portanto, ainda que a Bíblia não seja um livro que trate de teoria estética, oferece-nos parâmetros para avaliar o sentido de arte e o seu propósito.68

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1Frase do coro do hino, Um Hino ao Senhor, composto por Charles H. Gabriel (1856-1932) e traduzido pelo Rev.
Mattathias Gomes dos Santos (1879-1950) em 1931. Entre outros hinários, consta no Novo Cântico: Hinário Presbiteriano, Hino nº 27.
2João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2, (Sl 65.8), p. 615.
3João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 1.21), p. 63.
4João Calvino, As Institutas, I.6.2.
5Francis A. Schaeffer, Poluição e a Morte do Homem, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 44.
6“Pelo pecado estamos alienados de Deus” (João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 1.9), p. 32). “Tão logo Adão alienou-se de Deus em consequência de seu pecado, foi ele imediatamente despojado de todas as coisas boas que recebera” (João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 2.5), p. 57). “Como a vida espiritual de Adão era o permanecer unido e ligado a seu Criador, assim também o dEle alienar-se foi-lhe a morte da alma” (João Calvino, As Institutas, II.1.5). Vejam-se também: Francis A. Schaeffer, Poluição e a Morte do Homem, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 46-47; John W. R. Stott, O Discípulo Radical, Viçosa, MG.: Ultimato, 2011, p. 43.
 7Podemos também chamar de aspecto “lato”, “estrutural” ou “formal”. (Para uma visão panorâmica do uso destes termos, veja-se: Anthony A. Hoekema, Criados à Imagem de Deus, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 84-88).
8Vejam-se: João Calvino, As Institutas, I.15.4; II.1.5; Juan Calvino, Breve Instruccion Cristiana, Barcelona: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1966, p. 13; João Calvino, Efésios, (Ef 4.24), p. 142; João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Pa-racletos, 1999, Vol. 1, (Sl 8.5), p. 169; Vol. 2, (Sl 62.9), p. 579.
9
“Ele é a criatura que, inicialmente, foi criada à imagem e semelhança de Deus, e essa origem divina e essa marca divina nenhum erro pode destruir. Contudo, ele perdeu, por causa do pecado, os gloriosos atributos de conhecimento, justiça e santidade que estavam contidos na imagem de Deus. Todavia, esses atributos ainda estão presentes em ‘pequenas reservas’ remanescentes da sua criação; essas reservas são suficientes não somente para torná-lo culpado, mas também para dar testemunho de sua primeira grandeza e lembrá-lo continuamente de seu chamado divino e de seu destino celestial” (Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 17-18). Vejam-se: João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2, (Sl 51.5), p. 431-432; John Calvin, Commentaries on the Epistle of James, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1996, (Calvin’s Commentaries, Vol. XXII), (Tg 3.9), p. 323; As Institutas, I.15.8; II.2.26,27; Hermisten M.P. Costa, João Calvino 500 anos: introdução ao seu pensamento e obra, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 211ss.; W. Gary Crampton; Richard E. Bacon, Em Direção a uma Cosmovisão Cristã, Brasília, DF.: Monergismo, 2010, p. 27; Herman Dooyeweerd, No Crepúsculo do Pensamento, São Paulo: Hagnos, 2010, p. 260-261; François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, Vol. 1, p. 591; Emil Brunner, Dogmática: A Doutrina Cristã da Criação e da Redenção, São Paulo: Fonte Editorial, 2006, Vol. 2,  p. 88.
10Ver: James M. Boice, O Evangelho da Graça, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 111. Agostinho (354-430), comentando o Salmo 148, faz uma analogia muito interessante: “Como nossos ouvidos captam nossas palavras, os ouvidos de Deus captam nossos pensamentos. Não é possível agir mal quem tem bons pensamentos. Pois as ações procedem do pensamento. Ninguém pode fazer alguma coisa, ou mover os membros para fazer algo, se primeiro não preceder uma ordem de seu pensamento, como do interior do palácio, qualquer coisa que o imperador ordenar, emana para todo o império romano; tudo o que se realiza através das províncias. Quanto movimento se faz somente a uma ordem do imperador, sentado lá dentro? Ao falar, ele move somente os lábios; mas move-se toda a província, ao se executar o que ele fala. Assim também em cada homem, o imperador acha-se no seu íntimo, senta-se em seu coração; se é bem e ordena coisas boas, elas se fazem; se é mau, e ordena o mal, o mal se faz” (Agostinho, Comentário aos Salmos, São Paulo: Paulus, (Patrística, 9/3), 1998, Vol. III, (Sl 148.1-2), p. 1126-1127).
11João Calvino, Exposição de Romanos, São Paulo: Paracletos, 1997, (Rm 8.7), p. 266-267.
12 “Moral e espiritualmente, o caráter do homem estampa a imagem de Satanás, e não a de Deus. Ora, é precisamente isso o que a Bíblia quer dizer quando fala sobre o homem caído no pecado como ‘filho do diabo’. (Jo 8.44; Mt 13.38; At 13.10 e 1Jo 3.8)” (J.I. Packer, Vocábulos de Deus, São José dos Campos, SP.: Fiel, 1994,p. 67). Do mesmo modo, veja-se: François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, Vol. 1, p. 588ss.
13Veja-se: Hermisten M.P. Costa, Antropologia Teológica: Uma Visão Bíblica do Homem, São Paulo: 1988, p. 22-24. Groningen acentua: “O Senhor soberano julgou necessário revelar explicitamente a natureza de sua relação pactual com a humanidade. Ele fez isto antes do homem cair em pecado. Depois da queda, isto se tornou ainda mais necessário devido aos efeitos do pecado” (Gerard Van Groningen, Revelação Messiânica no Velho Testamento, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1995, p. 63).
14Veja-se: B.B. Warfield, Revelation and Inspiration: In: The Works of Benjamin B. Warfield, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1981, p. 7ss. A revelação Geral é “tênue e obscura para a humanidade pecadora, e mesmo para a humanidade redimida” (Gerard V. Groningen, Revelação Messiânica no Velho Testamento, p. 64).
15João Calvino, As Institutas, II.1.10.
16O mundo foi criado “….para que servisse de palco à glória divina” (João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 11.3), p. 301).
17Prefácio de Calvino à tradução do Novo Testamento feita por Pierre Olivétan. In: Eduardo Galasso Faria, ed. João Calvino: Textos Escolhidos, São Paulo: Pendão Real, 2008, p. 15. “Existe diante de nossos olhos, em toda a ordem da natureza, os mais ricos elementos a manifestarem a glória de Deus, mas, visto que somos inquestionavelmente mais poderosamente afetados com o que nós mesmos experimentamos, Davi, neste Salmo, com grande propriedade, expressamente celebra o favor especial que Deus manifesta no interesse da humanidade. Posto que este, de todos os objetos que se acham expostos à nossa contemplação, é o mais nítido espelho no qual podemos contemplar sua glória” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 1, (Sl 8.1), p. 356). Vejam-se também: João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 1.21), p. 62-63; Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 2.7), p. 59-60; (Hb 11.3), p. 300-301.
18“Todos os povos ou puxam Deus panteisticamente para baixo, na direção daquilo que é criado, ou o elevam deisticamente, colocando-o infinitamente acima da criatura. Em nenhum dos caos se chega a uma verdadeira comunhão, a uma aliança, a uma religião genuína. No entanto, a Escritura insiste em ambos: Deus é infinitamente grande e condescendentemente bom; Ele é soberano, mas também é Pai; Ele é Criador, mas também é Protótipo. Em uma palavra, Ele é o Deus da aliança” (Herman Bavinck, Dogmática Reformada, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, Vol. 2, p. 580).
19D. Martyn Lloyd-Jones, O Combate Cristão, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1991, p. 24.
20O nome é a própria pessoa em Seus atos conforme foi-nos dado conhecer. “O nome de Deus, de maneira como o explico, deve ser aqui subentendido como sendo o conhecimento do caráter e perfeições de Deus, até ao ponto em que ele se nos faz conhecido. Não aprovo as especulações sutis daqueles que crêem que o nome de Deus significa nada mais nada menos que Deus mesmo” (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, (Sl 8.1), p. 158). (De igual modo, ver: João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 9.10), p. 188). Os nomes de Deus são formas condescendentes de Deus Se revelar, possibilitando-nos conhecer aspectos de Sua natureza (L. Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p 49-50). Somente Ele pode nominar-se, e Ele o faz revelando-Se tal como é. Nós só podemos conhecer a Deus na medida em que Ele Se revela. Nas Escrituras os nomes de Deus, portanto, revelam aspectos do Seu caráter e perfeição (Ver: Herman Bavinck, Reformed Dogmatics: God and Creation, Grand Rapids, Michigan: Baker Academic, p. 2004, Vol. 2, p. 95-147). Quando o nome do Pai é associado ao do Filho e ao do Espírito Santo, “assume o caráter de perfeição e plenitude” (H. Bietenhard; F.F. Bruce, Nome: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, Vol. III, p. 281). A Escritura nos ensina que Deus nos guarda em seu nome que é poderoso: “O SENHOR te responda no dia da tribulação; o nome do Deus de Jacó te eleve em segurança” (Sl 20.1). “O mestre de canto. Salmo didático. Para instrumentos de cordas. De Davi, quando os zifeus vieram dizer a Saul: Não está Davi homiziado entre nós? Ó Deus, salva-me, pelo teu nome, e faze-me justiça, pelo teu poder” (Sl 54.1). “Torre forte é o nome do SENHOR, à qual o justo se acolhe e está seguro” (Pv 18.10). “Nas Escrituras o nome sempre vale pelo caráter; vale pela perfeição da pessoa e seus atributos; representa o que a pessoa realmente é. O nome é o que revela verdadeiramente a pessoa e é a conotação de tudo o que a pessoa é na essência” (D. Martyn Lloyd-Jones, Seguros mesmo no Mundo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, (Certeza Espiritual, Vol. 2), 2005, p. 52).
 21Cf. Peter C. Craigie; Marvin E. Tate, Psalms 1-50, 2. ed. Waco: Thomas Nelson, Inc. (Word Biblical Commentary, Vol. 19), 2004, (Sl 8), p. 107.
22Artur Weiser, Os Salmos, São Paulo: Paulus, 1994, p. 98. Veja-se também: James M. Boice, Psalms: an expositional commen-tary, Grand Rapids, MI.: Baker Book House, 1994, Vol. 1, (Sl 8), p. 67.
23  “32Davi disse a Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá e pelejará contra o filisteu. 33 Porém Saul disse a Davi: Contra o filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu és ainda moço, e ele, guerreiro desde a sua mo-cidade. 34 Respondeu Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; quando veio um leão ou um urso e tomou um cordeiro do rebanho, 35 eu saí após ele, e o feri, e livrei o cordeiro da sua boca; levantando-se ele contra mim, agarrei-o pela barba, e o feri, e o matei. 36 O teu servo matou tanto o leão como o urso; este incircunciso filisteu será como um deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo. 37 Disse mais Davi: O SENHOR me livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos deste filisteu. Então, disse Saul a Davi: Vai-te, e o SENHOR seja contigo” (1Sm 16.32-37).
24Veja a argumentação de Keil e Delitzsch em favor da redação do Salmo após a unção de Davi (C.F. Keil; F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament, Grand Rapids, MI: Eerdmans, (1871), Vol. V, (I/III), (Sl 8), p. 148).
25João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 1, (Sl 8.6), p. 172.
26Ver também: Artur Weiser, Os Salmos, São Paulo: Paulus, 1994, p. 98.
27Veja-se: João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, (Sl 19.1), p. 413-414.
28J.G. Machen, Cristianismo y Cultura, Barcelona: Asociación Cultural de Estudios de la Literatura Reformada, 1974, p. 11.
29Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 20.
30Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 76.
31Vejam-se: João Calvino, As Institutas, II.2.16-17,27; II.3.4. “Graça comum é o termo aplicado àquelas bênçãos gerais que Deus comunica a todos os homens e mulheres, indistintamente, como Lhe apraz, não só a seu próprio povo, mas a todos os homens e mulheres, segundo o Seu beneplácito. Ou, de outra forma, graça comum significa aquelas operações gerais do Espírito Santo nas quais, sem renovar o coração, Ele exerce influência moral por meio da qual o pecado é restringido, a ordem é preservada na vida social e a justiça civil é promovida” (D. Martyn Lloyd-Jones, Deus o Espírito Santo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1998, p. 36).
32Veja-se: Abraham Kuyper, Calvinismo, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 152. Quanto a esta diversidade, é extremamente ilustrativa a obra: Georges Duby; Michel Laclotte, coords. História Artística da Europa: A Idade Média, 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002, 2 Vols.
33Veja-se: Stephen Farhing, Tudo sobre Arte, Rio de Janeiro: Sextante, 2011, p. 8.
34Quanto a este ponto, li posteriormente: “Se o homem modifica a sua atitude radical perante a vida, começará por manifestar o novo temperamento na criação artística e em suas emanações ideológicas” (José Ortega y Gasset, A Desumanização da Arte,  6. ed. São Paulo: Cortez, 2008, p. 69).
35Veja-se: Hannah Arendt, A Condição Humana,  11. ed. revista. Rio de Janeiro: Forense, 2011 (2ª tiragem), p. 216-217.
36“A beleza não precisa de razões pragmáticas para ter valor” (Francis A. Schaeffer,  Poluição e Morte do Homem, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 63-64).
37Devo esta observação a Horner. Veja-se: Grant Horner, Glorificando a Deus na Cultura Literária e Artística: In: John MacAr-thur, ed. ger., Pense Biblicamente!: recuperando a visão cristã do mundo, São Paulo: Hagnos, 2005, especialmente, p. 521.
38Veja-se: Anthony A. Hoekema, Criados à Imagem de Deus, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 86.
39Palavra derivada do grego Μουσεῖον (“templo das musas”). Os museus modernos surgiram apenas no século XVII.
Veja-se o instrutivo artigo em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu (consulta feita em 03.11.2013). Para uma abordagem mais ampla: Marlene Suano, O que é Museu, São Paulo: Brasiliense, 1986 (Esta pequena e esgotadíssima obra, pode ser lida em http://pt.scribd.com/doc/33202840/O-que-e-museu-Marlene-Suano-Colecao-Primeiros-Passos). (consulta feita em 03.11.2013); Letícia Julião, Apontamentos sobre a história do Museu (http://www.museus.gov.br/sbm/downloads/cadernodiretrizes_segundaparte.pdf) (consulta feita em 17.04.2012).
40Vejam-se: E.H. Gombrich, A História da Arte, 16. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999, p. 15; R.G. Collingwood, Los Principios Del Arte, México: Fondo de Cultura Econômica, © 1960, 3ª reimpressão, 1993, p. 15-16. Para uma introdução à questão da filosofia da arte envolvendo o uso da palavra grega, vejam-se: Arte: In: José Ferrater Mora, Dicionário de Filosofia. São Paulo: Edições Loyola, 2001, Vol. 1, p. 199-202; Arte: In: André Lalande, Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia, São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 88-90; Susan L. Feagin, Estética: In: Roberto Audi, dir. Dicionário de Filosofia de Cambridge, São Paulo: Paulus, 2006, p. 292-293; Arte: In: Nicola Abbagna
no, Dicionário de Filosofia, 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982, p. 77-78. Para uma abordagem mais completa e didática, veja-se: Warren E. Steinkraus, Philosophy of Art, Beverly Hills: Benziger, 1974, 210p.
41A nossa palavra arte vêm do latim ars e artis, que traduz o grego τέχνη (habilidade, ofício), significando habilidade, profissão e, arte. Pode ser definida como “conjunto de preceitos e regras para fazer bem qualquer coisa” (Caldas Aulete). Na Idade Média era comum a palavra ser associada a “engano” e “fraude”, bem como, a expressão “sem arte” significar o mesmo que “sem engano”, “honestamente”. O uso da palavra associando-a às “Belas”, daí “belas-artes” (nobres artes) é um emprego tardio imitando o francês. Do termo latino são derivados outros, tais como: arteiro (“enganoso”, “traidor”, “astuto”, “ardiloso”); artesão, artesanato, artista, enartar (espanhol que significa enganar), inerte, (sem capacidade, sem talento, inativo); artefato (“feito com arte”), artífice, artesanal, artifício, artificial, artimanha (artifício para enganar). Na linguagem popular era comum dizer-se de uma criança, digamos, criativamente agitada, ser “arteira”.
 42Possivelmente o que Gombrich fala a respeito de um mural descoberto do terceiro século da Era Cristã na cidade chamada Du-ra-Europos, que servia para decorar a parede da sinagoga, se aplicaria ao meu texto: “Não se trata, em absoluto, de uma grande obra de arte, mas constitui um interessante documento do século III d.C.”. À frente: “O artista não era, por certo, muito habilido-so, e isso explica seus métodos simples” (E.H. Gombrich, A História da Arte, 16. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999, p. 127). Agora, nem por isso, o mural deixou de ser um documento interessante. (Veja-se: https://www.google.com.br/search?q=dura+europos&hl=pt-BR&prmd=imvnsb&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=H76NT_ObDYuRgQfM6LGDDg&sqi=2&ved=0CCUQsAQ&biw=1182&bih=846) (consulta feita em 17.04.2012).
43Veja-se: E.H. Gombrich, A História da Arte, 16. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999, p. 32-33. Numa perspectiva distinta, porém, complementar, escreveu Panofsky (1892-1968): “Se escrevo a um amigo, convidando-o para jantar, minha carta é, em primeiro lugar, uma comunicação. Porém, quanto mais eu deslocar a ênfase para a forma do meu escrito, tanto mais ele se tornará uma obra de caligrafia;  e quanto mais eu enfatizar a forma de minha linguagem (poderia até chegar a convidá-lo por meio de um soneto), mais a carta se converterá em uma obra de literatura ou poesia” (Erwin Panofsky,  Significados nas Artes Visuais,  São Paulo: Perspectiva, 2011, p. 32). À frente: “Vimos, todos, com nossos próprios olhos, os utensílios e fetiches das tribos africanas serem transferidos dos museus de etnologia para as exposições de arte” (Erwin Panofsky, Significados nas Artes Visuais, p. 33).
44Cf. Georges Duby; Michel Laclotte, coords. História Artística da Europa: A Idade Média, 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002, Tomo I, p. 17. Para uma avaliação mais detalhada da questão, veja-se: R.G. Collingwood, Los Principios Del Arte, México: Fondo de Cultura Econômica, © 1960, 3ª reimpressão, 1993, p. 15-16.
45Vejam a situação paradoxal na qual me encontro: Se falo ou escrevo e vocês não me entendem é porque sou obscuro, inatingí-vel, falta-me didática. Se não entendo uma obra de arte, além de me sentir humilhado,  sou taxado de ignorante, falta-me sensibilidade. Dias depois me senti aliviado lendo a obra de José Ortega y Gasset. Senti-me mais humano (José Ortega y Gasset, A Desumanização da Arte,  6. ed. São Paulo: Cortez, 2008). Creio que gradativamente se perdeu a dimensão de que a arte é um discurso que visa ser compreendido por todos que desejarem entendê-lo. A arte não pode ser apenas para o artista, mas, para o público em geral. Lembro-me que há uns 20 anos um importante Jornal de São Paulo passou a publicar mensalmente, se não me engano, um caderno com resenhas de obras/edições lançadas recentemente. A impressão que tinha ao ler aquelas resenhas é que o resenhista escrevia para os seus colegas do jardim de Academo, da Academia, não para o público que desejava entender e avaliar o que estava sendo publicado. No mês seguinte, podia aguardar; teria a resposta de outro erudito com uma resenha ainda mais complexa para evidenciar o seu grau mais profundo de obscuridade comunicativa. Fico imaginando se eles não se divertiam entre si na sala do grêmio dos intelectuais, num saboroso jogo de ping-pong  acadêmico, se vangloriando de suas peripércias linguística onde estariam de fora os seus esforçados, porém, ignorantes leitores.
46H.R. Rookmaaker, A Arte não precisa de justificativa, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 15-16.
47E.H. Gombrich, Meditações sobre um Cavalinho de Pau e outros ensaios sobre a teoria da arte, São Paulo: EDUSP., 1999, p. 4.
48Como exercício reflexivo, sugiro a leitura de Ortega y Gasset (José Ortega y Gasset, A Desumanização da Arte,  6. ed. São Paulo: Cortez, 2008, p. 39-43).
 49Paul Cézanne, por exemplo, em seus quadros reproduziu dezenas de vezes O Monte de Sainte-Victoire em Provence, interior da França, onde vivia (Vejam-se: Stephen Farhing, Tudo sobre Arte, Rio de Janeiro: Sextante, 2011, p. 332; Fayga Ostrower, A Grandeza Humana: cinco séculos, cinco gênios da arte, Rio de Janeiro: Campus, 2003, p. 126; Fayga Ostrower, Universos da Arte: edição comemorativa Fayga Ostrower. 25. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 113-114). É muito sugestivo o trabalho feito por Erle Loran que percorreu esta região fotografando o que serviu de inspiração à arte de Cézanne (Erle Loran, Cézanne’s Composition, 3. ed. Berkeley: University of California Press, 1963).
50Veja-se, por exemplo, a afirmação de Schaeffer a respeito de alguns pintores dos séculos XIX-XX (Francis A. Schaeffer, Como Viveremos? São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 130).
51Foi anunciada a venda em um leilão em Nova Iorque (02/05/12) de um quadro de Munch, O Grito (1893), por um preço recor-de, cerca de 240 milhões de reais. (http://pt.euronews.com/2012/05/03/o-grito-de-munch-vendido-por-preco-recorde/) (Consulta feita em 03.11.13). 
52Edvard Munch, Arte e Natureza: In: H.B. Chipp, Teorias da Arte Moderna, 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999 (2ª tiragem), p. 112.
53
4 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem 6 e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20.4-6).
54Como por exemplo, Gombrich: “Na realidade, a Lei judaica proibiu a realização de imagens por temor à idolatria” (E.H. Gom-brich, A História da Arte, 16. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999, p. 127).
55H.G. Stigers, Arte, Artes: In: Merrill C. Tenney, org. ger., Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, Vol. 1, p. 513. Na mesma linha escreveu Schaeffer: “A Bíblia não proíbe a confecção de arte figurativa e sim sua adoração. Só Deus deve ser adorado. Portanto, o mandamento não é contra a arte, mas contra a adoração a qualquer coisa além de Deus e, especificamente, contra a adoração à arte. Adorar a arte é um erro; produzi-la, não” (Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 20). À frente: “Não é a existência da arte figurativa que é errada, mas o seu uso incorreto” (p. 30).
56Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio” (Jó 32.8). “Mas ninguém diz: Onde está Deus, que me fez, que inspira canções de louvor durante a noite, que nos ensina mais do que aos animais da terra e nos faz mais sábios do que as aves dos céus?” (Jó 35.10-11). “2 Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, 3 e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício, 4 para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze, 5 para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, para toda sorte de lavores. 6 Eis que lhe dei por companheiro Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã; e dei habilidade a todos os homens hábeis, para que me façam tudo o que tenho ordenado” (Ex 31.2-6). “31 e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artifício, 32 e para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze, 33 e para lapidação de pedras de engaste, e para entalho de madeira, e para toda sorte de lavores. 34 Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã. 35 Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do bordador em estofo azul, em púrpura, em carmesim e em linho fino, e a do tecelão, sim, toda sorte de obra e a elaborar desenhos” (Ex 35.31-35). “17 Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente. (…) 25 Então, o SENHOR desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais. 26 Porém, no arraial, ficaram dois homens; um se chamava Eldade, e o outro, Medade. Repousou sobre eles o Espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda; e profetizavam no arraial. 27 Então, correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial. 28 Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus escolhidos, respondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho. 29 Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito!” (Nm 11.17,25-29). “Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés impôs sobre ele as mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o SENHOR ordenara a Moisés” (Dt 34.9).
57Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo, São Paulo: Editora Os Puritanos, 2000, p. 26. “Deus quis que a vocação artística fosse exercida como um aproveitamento obediente e edificante de matérias, sons, formas, paisagens, palavras, gestos e outras coisas semelhantes que Ele colocou sob os cuidados dos homens e das mulheres” (C.G. Seerveld, Arte: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1988-1990, Vol. I, p. 121).
58Veja-se: Henry R. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 127-129.
 “…. A beleza não é produto de nossa própria fantasia, nem de nossa percepção subjetiva, mas tem uma existência objetiva, sendo ela mesma a expressão de uma perfeição Divina” (Abraham Kuyper, Calvinismo, São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 164).
60“Estou convencido de que uma das grandes fraquezas na pregação evangélica nos últimos anos é que nós perdemos de vista o fato bíblico de que o homem é maravilhoso. (…) O homem está realmente perdido, mas isso não significa que ele não é nada. Nós temos que resistir ao humanismo, mas classificar o homem como um zero não é o caminho certo para resistir a ele. Você pode enfatizar que o homem está totalmente perdido e ainda ter a resposta bíblica de que o homem é realmente grande. (…) Do ponto de vista bíblico, o homem está perdido, mas é grande” (Francis A. Schaeffer, Morte na Cidade, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 60,61).
61“Não é arrogância humana acreditar que seja a coroa, o alvo da criação. Ela o é, não apenas porque seja a última numa série ascendente, mas porque, pela sua natureza, foi estabelecidad para isso” (Emil Brunner, Dogmática: A Doutrina Cristã da Criação e da Redenção, São Paulo: Fonte Editorial, 2006, Vol. 2, p. 99).
62Jones explora com vivacidade a analogia do texto. Veja-se: D.M. Lloyd-Jones, O Caminho de Deus, não o nosso, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2003, p. 43-46.
63Prefácio de Calvino à tradução do Novo Testamento feita por Pierre Olivétan. In: Eduardo Galasso Faria, ed. João Calvino: Textos Escolhidos, São Paulo: Pendão Real, 2008, p. 14. W. Shakespeare, Hamlet, São Paulo: Abril Cultural, (Obras Primas), 1978, II.2.
 64“Feitura sua” quer dizer “o que é feito”, “obra”, “criação”, “obra-prima”, “obra de arte”, especialmente um produto poético. O nome da obra de Aristóteles (384-322 a.C.) que foi traduzida para o português com o título de “Poética”, em grego, intitula-se, “Arte poética”. Aliás, são estas as palavras com as quais Aristóteles inicia a sua obra. (Vejam-se entre outros: F.F. Bruce, The Epistle to the Ephesians, a Verse-by-verse Exposition, Londres: Pickering & Inglis, 1961, in loc; M. Barth, The Anchor Bible: Ephesians, Garden City, New York: Doubleday, 1974, Vol. I, in loc; William F. Arndt; F.W. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature, 2. ed. Chicago: University Press, 1979, p. 689; A Lexicon Abridged from Liddell and Scott’s Greek-English Lexicon, London: Clarendon Press, 1935, p. 568). Para um estudo mais detalhado do verbo “feitura sua” e de seus cognatos, vejam-se: H. Braun, In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Vol. VI, p. 458-484; C. F. Thiele, Trabalhar: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Vol. IV, p. 649-652.
 65“Criar” indica uma nova criação de Deus efetuada em Cristo (Mc 13.19; Rm 1.25; 1Co 11.9; Ef 2.10,15; 3.9; 4.24; Cl 1.16 (2 vezes); 3.10; 1Ts 4.3; Ap 4.11; 10.6). Nesta palavra, como bem observa Lenski, temos o equivalente ao verbo hebraico equivalente a “chamar à existência do nada” (R.C.H. Lenski, The Interpretation of St. Paul´s Epistles to the Ephesians, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1998, p. 425). Para um estudo mais detalhado, vejam-se: W. Foerster, In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Vol. III, p. 1000-1035; H.H. Esser, Criação: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Vol. I, p. 536-544.
66“Os seus caminhos são caminhos deliciosos [= belos, amáveis], e todas as suas veredas, paz” (Pv 3.17).
67Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 25.
68Cf. Michael S. Horton, O Cristianismo e a Cultura, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 75ss.

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