Hoje estamos revendo uma entrevista dada anteriormente à Kingdom People com Gerald McDermott, professor de religião e filosofia no Roanoke College em Salem, Virginia. Seu novo livro é intitulado de Grandes Teólogos (veja minha resenha aqui.)
Ele também é autor dos livros 12 sinais da verdadeira espiritualidade: O Deus visível; e God’s Rivals: Why Has God allowed Different Religions? Insights from the Bible and the Early Church.
Trevian Wax: Seu novo livro traz o perfil de onze teólogos através da história cristã. Por que estes teólogos são (muitos dos quais viveram há mais de mil anos) relevantes para o cristianismo hoje?
Gerald McDermott: Deixe-me tentar responder esta questão com uma ilustração. Suponha que você saiba que existe uma grande mulher de Deus em sua igreja que tem lido a Bíblia e teologia por quarenta anos. Ela não apenas tem profundo conhecimento das Escrituras e de como interpretá-la na vida e na cultura, mas também anda em santidade. As pessoas frequentemente notam sua humildade e amor.
E se você fosse tomar a seguinte decisão: “Vou construir minha própria teologia (a qual é, lembre-se, sua visão de Deus) por mim mesmo, simplesmente lendo a Bíblia e livros de teologia”.
Isto não seria estranho, uma vez que se tem uma teóloga piedosa em seu meio? Na verdade, isto não parece ilustrar um orgulho pecaminoso? Isso traz à mente o alerta de Provérbios: “os loucos desprezam a sabedoria e a instrução” (1:7b).
Ignorar as mentes grandiosas e piedosas da igreja que têm ruminado sobre Deus por milhares de anos – agora que temos toda sua contribuição por meio de livros e da internet – parece ser um tipo de arrogância e presunção. Essa postura ignora o lembrete bíblico de que existe sabedoria na “multidão de conselheiros” (Pv 11:14).
Ela também se esquece de outra observação bíblica de que aprender de outras mentes piedosas e comparar nossos pensamentos com elas é como o “ferro que afia ferro” (Pv 27:17), tornando nosso pensamento a respeito de Deus mais nítido e mais claro. O resultado será um conhecimento mais profundo de Deus, o qual Jesus disse que é “vida eterna” (Jo 17:3).
Trevin Wax: Por que você escolheu esses teólogos em particular?
Gerald McDermott: Geralmente, esses são os onze que considero que tiveram maior influência na história do pensamento cristão.
– O modo de ler de Orígenes moldou a interpretação da Bíblia nos 1500 anos seguintes.
– Atanásio salvou a igreja de se degenerar em uma pequena seita da filosofia grega.
– Agostinho foi provavelmente o teólogo mais influente de todos – seja do ocidente como do oriente – ensinando-nos, por exemplo, o significado da graça.
– Tomás de Aquino foi declarado pela Igreja Católica seu principal doutor (mestre). Ele nos mostrou como a fé se relaciona com a razão e qual é o sentido de “sacramento”.
– Os esforços de Lutero para reformar a Igreja Católica foi o principal estímulo para o surgimento do Protestantismo.
– Calvino foi o primeiro e maior mestre da segunda maior tradição Protestante, o movimento Reformado.
– Edwards foi o maior pensador religioso a agraciar o continente americano e também o principal pensador cristão sobre a questão de como Deus se relaciona com a beleza.
– Friedrich Schleiermacher foi o pai da teologia liberal.
– John Henry Newman foi o grande reformador da Igreja da Inglaterra que de modo célebre se tornou católico e nos mostrou como a doutrina se desenvolve através do tempo.
– Karl Barth foi o mais influente de todos os teólogos do século 20.
– Von Balthasar, um contemporâneo de Barth, está rapidamente se tornando o mais importante teólogo católico para este novo século.
Trevin Wax: Estou curioso sobre o raciocínio por trás de algumas de suas escolhas, especialmente John Henry Newman e Hans Urs von Balthasar, uma vez que eu provavelmente teria indicado escolhido Basílio, o Grande ou Irineu.
Gerald McDermott: Basílio e Irineu são grandes mentes e tiveram enorme influência sobre nosso pensamento. Mas, como digo na introdução do livro, quis manter a lista a mais ou menos dez teólogos e me limitar àqueles com maior influência.
Balthasar é uma estrela em ascensão na teologia católica e está se tornando o teólogo mais influente entres os pensadores católicos do século 20. Newman é meu personagem favorito, não apenas porque foi anglicano (como eu também sou), mas também por conta de sua jornada do evangelicalismo à Alta Igreja. Também acho que nunca paro de aprender com ele, diferente de tantos outros que parecem repetir o que já foi dito.
Trevin Wax: Como aprendemos com os pontos fortes de cada um desses teólogos enquanto evitamos seus pontos fracos?
Gerald McDermott: Lendo mais do que um ou dois teólogos. Esta é a glória da Grande Tradição. Ao lê-la através dos séculos, não nos limitando a um ou dois pensadores ou a um ou dois períodos (tais como os dias atuais e a Reforma), nosso conhecimento e sabedoria se tornam mais equilibrados. Vemos as fraquezas de um período comparando com outros períodos.
Trevin Wax: Dos onze que você escolheu, qual é o seu favorito?
Gerald McDermott: Edwards.
Trevin Wax: Por quê?
Gerald McDermott: Eu passei a maior parte de minha vida acadêmica lendo e escrevendo a respeito dele (estou escrevendo meu quinto livro dedicado ao seu conjunto de obras). Ele combinou a vontade do intelecto com a paixão por Deus melhor do que qualquer outro na América.
Trevin Wax: Uma mensagem que surge de modo muito clara ao longo do seu livro é que a teologia possui consequências, tanto positivas quanto negativas. Cada um desses grandes teólogos teve suas fraquezas. Quais são algumas das infelizes consequências de suas fraquezas?
Gerald McDermott: Bem, começarei com Edwards, que se opôs ao comércio de escravos mesmo tendo escravos. Ele nos lembra que nenhum teólogo está inteiramente certo. Enquanto seu próprio filho e seu principal discípulo (Samuel Hopkins) eram líderes no movimento abolicionista, ele mesmo não conseguia estar completamente convencido quanto a isso.
Também houve grandes influenciadores negativos, tal como Schleiermacher. Eu incluo o pai da teologia liberal porque cristãos ortodoxos precisam aprender sobre o que se deve estar alerta. Ele é um exemplo de como não fazer teologia.
Trevin Wax: Como podemos ser bons teólogos?
Gerald McDermott: Mergulhando na Grande Tradição. Precisamos ser humildes e aprender das grandes mentes e corações que têm gastado milhares de anos (coletivamente) meditando na Palavra de Deus, ouvir a voz de Deus e aprender uns com os outros. Se orgulhosamente pensarmos que podemos fazê-lo por conta própria ou simplesmente com os mais recentes livros dos escritores contemporâneos, inevitavelmente iremos nos perder.
Traduzido por Tiago Silva e revisado por Jonathan Silveira.
Fonte: The Gospel Coalition
Muito interessante.Concordo que devemos aprender com as grandes Teólogos do passado, mas, vejo que muitos da nossa ‚poca atual podem sim, contribuir para nossa teologia.
BASTATE RELAVANTE é DIFERENTE E CLARO SEMPRE UM BáLSAMO PARA NOSSAS ALMAS !!!!!!