Povo de Deus: quem são os evangélicos e por que eles importam

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Publicado em 2020 pela Geração Editorial, o livro Povo de Deus: quem são os evangélicos e por que eles importam,[1] do autor Juliano Spyer, é uma das mais recentes obras lançadas no Brasil cujo propósito é apresentar uma explicação das características e dos fatores sociológicos do crescimento e importância das igrejas evangélicas no Brasil. Fugindo do estilo técnico e acadêmico, comum em obras de sociologia da religião, Povo de Deus, finalista no Prêmio Jabuti de 2021, se apresenta como uma leitura fácil e didática para o público em geral. O livro procura afastar os preconceitos e estereótipos em torno desse segmento e chamar a atenção para o capital social e para a força cultural, econômica e política principalmente das denominações pentecostais, responsáveis por alavancar o crescimento do cristianismo evangélico no país.

O autor é mestre e doutor em antropologia pela University College London, e publicou, dentre outros, Mídias sociais no Brasil emergente (2018) e Conectado (2007). O objetivo declarado da obra é argumentar que os evangélicos se tornaram o elefante na sala dentro da realidade brasileira: o fenômeno de massas mais importante das últimas décadas que é tratado como se ele não estivesse ali. Isso porque, apesar da exposição controlada na mídia, os evangélicos geralmente são apresentados como fanáticos, conservadores ou intolerantes.

Em face dessa visão negativa, Spyer defende a popularização do entendimento comum entre sociólogos e antropólogos da religião segundo o qual o ingresso em uma igreja evangélica melhora as condições de vida dos brasileiros, por meio da mudança de hábitos que levam ao fim do alcoolismo e da violência doméstica, por exemplo. Além disso, fortalece a autoestima, promove a disciplina para o trabalho e o aumento do investimento familiar em educação e saúde, acarretando, consequentemente, a ascensão econômica.

Spyer enfatiza que o cristianismo evangélico reforça entre os mais vulneráveis os sentimentos de dignidade e respeito próprio, ao tempo em que apresenta aos jovens das comunidades carentes importante perspectiva de vida alternativa ao crime e uma porta de saída aos dependentes químicos e ex-criminosos. Em tom crítico, ele declara que “o crescimento do cristianismo evangélico no Brasil tem menos a ver com pastores oportunistas e carismáticos, e mais com a influência das igrejas de vida dos mais pobres” (Ibidem, p. 22). As igrejas evangélicas exercem, em sua leitura, um papel significativo de bem-estar social informal, ocupando espaços não raro abandonados pelo Poder Público. Em suas palavras, elas levam “para os moradores da periferia aquilo que não chega pelos serviços do Estado” (Ibidem, p. 38).

Embora o título da obra se refira aos evangélicos em geral, Spyer demonstra os problemas de uma visão genérica deste segmento cristão, visto não se tratar de um grupo homogêneo, mas social e doutrinariamente diverso, apesar dos pontos em comum. Por essa razão, o principal foco de seu exame são os pentecostais, ramificação do cristianismo evangélico mais numeroso no país que se distingue dos protestantes históricos e neopentecostais. Apesar de menosprezado como
“o primo pobre do interior”, o segmento pentecostal cresceu exponencialmente a par do seu ímpeto missional característico, levando a abertura de igrejas em localidades remotas e marginais.

Após rememorar as origens do movimento pentecostal no Brasil no início do século 20, com a fundação da Congregação Cristã e da Assembleia de Deus, que se espalharam principalmente pelas regiões periféricas das cidades, o autor enfatiza o caráter popular que tais organizações evangélicas assumiram na sociedade brasileira, com forte participação dos pobres e excluídos. Imbuído de uma moralidade ascética e sectária, de afastamento do “mundo”, o apelo do pentecostalismo vem de sua capacidade de reduzir o impacto da desigualdade em contextos de instabilidade econômica e violência urbana, proporcionando uma nova rede de relacionamentos e uma família estendida. Fazendo uso de diversas pesquisas, Spyer sustenta que o “povo de Deus”, nessa acepção pentecostal, é formado em sua maioria por pessoas de baixa renda, são predominantemente urbanos, jovens, do sexo feminino, negros ou pardos, e possuem menos escolaridade e salários mais baixos do que a média da população. Citando o livro de Marco Davi de Oliveira, lembra que o pentecostalismo é a religião mais negra do Brasil.

Estruturalmente, o livro encontra-se dividido em sete partes, com os seguintes títulos: 1) Noções fundamentais — sobre o que estamos falando; 2) Cristianismo e preconceito de classe; 3) Evangélicos na mídia e mídia evangélica;
4) Consequências positivas do cristianismo evangélico; 5) A religião mais negra do Brasil; 6) Reciclagem de almas — traficantes e cristianismo; e, 7) A esquerda e os evangélicos. Contém, ainda, uma seção conclusiva denominada: “A instrumentalização da fé: igrejas no poder”. Todo esse conteúdo se desenvolve ao longo de quarenta e oito capítulos.

Cuida-se, portanto, de uma pesquisa de fôlego, na qual o autor se esforça para apresentar uma espécie de manual para a compreensão sociológica do movimento evangélico no país, tentando ao máximo desfazer os preconceitos e rótulos midiáticos em torno desse segmento social. Para tanto, Spyer se vale de uma considerável base teórica de pesquisa, ao colacionar importantes dados e citações de referências nacionais e internacionais em torno do assunto.es dados e citações de referências nacionais e internacionais em torno do assunto.

Inegavelmente, Povo de Deus traz ao cenário um tema que merece ser debatido com maturidade, dada a relevância social que os evangélicos passaram a exercer nas últimas décadas dentro do contexto sociopolítico nacional, com especial relevo para as disputas políticas.[2] Ao problematizar a questão, o livro contribui para afastar espantalhos e desfazer rótulos impregnados no imaginário de boa parte da população.

A abordagem de Juliano Spyer acerca do perfil e poder social dos pentecostais encontra ressonância em muitos outros estudiosos do tema. Em obra na qual apresenta um panorama global do pentecostalismo, por exemplo, Allan Anderson mostra como os pentecostais em muitas partes estão promovendo engajamento social. Segundo ele, no mundo inteiro, pentecostais estão hoje envolvidos de maneiras práticas, cuidando dos pobres e necessitados, aqueles muitas vezes “indesejados” pela sociedade geral. Anderson afirma que as congregações pentecostais também “oferecem serviços de assistência social para famílias necessitadas, doentes, pessoas que sofreram abusos e idosos, além de proporcionarem modelos de ação e pais substitutos para crianças”[3]. Ele cita o envolvimento de alguns pentecostais na luta contra o apartheid na África do Sul, e iniciativas de igrejas que formam sociedades funerárias, programas de alfabetização infantil, educação de adultos e assistência financeira para membros carentes. Afinal, como explica Joel Robbins, o pentecostalismo é “um impulsionador poderoso de mudanças culturais radicai”.[4]

O sociólogo David Martin, citado por Spyer, observou o impacto social dos pentecostais na América Latina, num contexto de desigualdade, violência familiar e prostituição. Com referência às dificuldades que as famílias pobres no Brasil enfrentam, atingidas pela força da “cultura do machismo, bebida, conquista social e carnaval”[5], ele destaca: “É uma competição entre a casa e a rua, e o que restaura a casa é a descontinuidade e a transformação interior oferecidas por uma fé exigente e disciplinada com limites firmes”[6].

Exemplos claros desse envolvimento social são os laureados com o Prêmio Nobel da Paz em 2018 e 2019, Denis Mukwege e Abiy Ahmed Ali, respectivamente, ambos cristãos pentecostais. No Congo, um país marcado por conflitos e desigualdades, o médico Denis Mukwege criou o Hospital de Panzi e a Cidade da Alegria[7], uma organização administrada pelas Igrejas Pentecostais na África Central, passando a atuar em nome da saúde e da dignidade de mulheres vítimas de violência sexual. Enquanto isso, como primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed foi responsável por conduzir um processo de pacificação entre o seu país e a Eritreia, após décadas de impasse político e dois anos de violência que custaram mais de oitenta mil vidas.

Como contraponto, julgo oportuno destacar que o reconhecimento das contribuições sociais pentecostais não significa ignorar os erros e omissões de parte dessas igrejas com as questões de natureza social. Tanto a influência da teologia da prosperidade neopentecostal quanto o legalismo sectário que leva ao afastamento do “mundo” remanescem como fatores que devem ser objeto de discussão. Os exemplos de engajamento social e atos de misericórdia no nível público não escondem o fato de que muitos líderes deste segmento ainda mantêm uma visão estreita e individualista, às vezes com total desprezo às ações sociais. Os exemplos contemporâneos da atuação comunitária dos pentecostais simplesmente mostram a nova face desse segmento religioso global, assim como torna evidente a sua capacidade de promover mudanças expressivas com base no seu DNA espiritual de comunhão e serviço.

De volta à abordagem de Spyer, ainda que o autor caminhe bem ao apresentar esse aspecto social das igrejas pentecostais, o título da obra não condiz com o seu teor. Se por um lado as igrejas pentecostais e carismáticas representam em maior número a população evangélica no país, por outro, em termos sociológicos, o povo e Deus, dentro da realidade brasileira, não é sinônimo de pentecostalismo. Conquanto isso não seja dito na obra, e ainda que Spyer tenha trabalhado para deixar transparecer os distintivos da fé pentecostal em relação às igrejas tradicionais, o título induz a outra ideia.

Em minha percepção, o ponto sensível da obra reside na tentativa de fundamentação e direcionamento ideológico para a aproximação — notadamente política — com os grupos evangélicos. Aliás, o autor registra que uma das motivações para escrever o livro foi perceber o voto evangélico no resultado da eleição presidencial de 2018. Para tanto, após criticar o histórico afastamento dos políticos e partidos de esquerda em relação a este segmento, Spyer deixa transparecer o interesse nada velado de que esse alinhamento ocorra. O autor mostra preocupação com o capital político que esse segmento representa, especialmente quando a força evangélica é instrumentalizada para projetos de poder.

No capítulo 45 declara: “No centro da instrumentalização da fé com finalidades políticas está a Frente Parlamentar Evangélica (FPE) no Congresso Nacional, que hoje é composta de 120 parlamentares ativos, um recorde desde sua fundação em 2002 quando eram 59 deputados” (p. 196). Tal instrumentalização da fé com finalidade eleitoral, prossegue Spyer, “se dá a partir do argumento de que a igreja e o plano evangelizador de Deus correm perigo” (p. 190). Na medida em que elegem políticos a partir dessas pautas conservadores, Spyer diz que os próprios evangélicos residentes em regiões carentes são afetados pelas políticas:

[…] mesmo quando não são eles as vítimas da política, a defesa de posições conservadoras moralmente leva evangélicos, que geralmente são negros ou pardos pobres, a eleger candidatos que se alinham às forças mais conservadoras, tradicionais e elitistas do país, como a bancada da bala e do agronegócio. E o fortalecimento desse conservadorismo se volta contra os mesmos negros e pardos pobres, via defesa do maior uso da força policial em bairros periféricos, ou indiretamente, por esses representantes eleitos não dedicarem a mesma energia e atenção a temas que afetam a desigualmente no país, como o combate à corrupção (p. 195-6).

Segundo o autor, existe em curso no Brasil um projeto de poder que segue um caminho parecido com o dos grupos evangélicos dos Estados Unidos, com ênfase em valores conservadores, família tradicional e liberdade religiosa. Para mudar esse panorama, Spyer convoca os eleitores a saírem da zona de conforto, e “considerar as consequências perversas da infiltração do cristianismo evangélico no governo” (p. 208), conforme se percebe, conforme aduz, no lema do governo federal: “Deus acima de todos”.

Apesar do tom de crítica às posturas evangélicas conservadoras em relação à agenda climática, com pouca atuação na defesa dos direitos indígenas, combate ao desmatamento e desprezo pela ciência, conclui o capítulo 48 quase como uma mensagem de esperança para esse segmento religioso. Isso porque, apesar da
teologia da libertação surgida da igreja Católica — que apontou para ideias de que era possível transformar o mundo combatendo as injustiças sociais e agindo sobre o Estado — tenha perdido apelo “diante do projeto protestante historicamente individualista”, parece ser possível hoje uma participação da religião evangélica alinhada com pautas progressistas. A resposta cultural seria, para o autor, o pentecostalismo, por causa de suas origens e de diversas características que o habilitam a promover a mudança social. Com efeito, a perspectiva é que o pentecostalismo continue a se expandir e se torne ainda mais importante no futuro, e é por isso que devemos olhar para esse fenômeno com a devida atenção.

Em primeiro lugar, o final triunfalista de Spyer revela um erro de fundamentação e direcionamento sociológico aos grupos pentecostais, que vincula pobreza e marginalidade com política progressista e teologia da libertação. Isso é comum principalmente em autores que fazem uma avaliação remota, como é o caso de Harvey Cox[8] e outro autores[9], ao ligar o crescimento do pentecostalismo na América Latina com o progressismo teológico, nos moldes da teologia da libertação. Ocorre que a atuação solidária e o cuidado com o pobre adotados pelas comunidades pentecostais não se confundem com ideologia ou ação política. Aceitar que o pentecostalismo endosse essa perspectiva teológica em razão da sua trajetória e preocupação com os excluídos sociais, que formam boa parte dessa comunidade cristã, equivale a aceitar a enganosa ideia de que se preocupar com a pobreza e as desigualdades são marcas exclusivas dessa corrente teológica. Não existe, afinal, um monopólio político-ideológico sobre o cuidado com os vulneráveis.

Não bastasse isso, o pentecostalismo foi e continua sendo majoritariamente conservador nos costumes e em sua teologia. A sua contribuição no enfrentamento da pobreza, do racismo e da opressão é feita não em nome de uma agenda ideológica ou de um princípio político. Como expressou o sociólogo francês Jean-Paul Willaime, “o pentecostalismo dá a voz direta ao homem ‘simples’ convertido, um acesso direto à linguagem de Deus, revela uma democracia da expressão”[10]. Ele diz: “Se a teologia da libertação era uma teologia ‘para os pobres’, o pentecostalismo é uma teologia ‘dos pobres’”. Por isso, o pentecostalismo não possui causas sociais, não arvora bandeiras identitárias, de defesa das minorias ou de combate ao pecado estrutural, mas todas essas preocupações são vistas na prática como reflexo de uma forma de vida comunitária simples[11].

Em segundo lugar, ressalvado o aspecto sociológico apresentado, a proposta da obra de Juliano Spyer parece contradizer a sua própria crítica à instrumentalização da fé (pelos assim chamados “neoconservadores”), pois, a par de uma leitura acurada do livro, ao que tudo indica, há uma tentativa de se levar à instrumentação da fé do povo de Deus para o viés progressista. Afinal, além da descrição sociológica de quem seja o povo de Deus, há certa proposta implícita de como esse povo deveria ser em termos políticos, razão pela qual deveriam os partidos políticos se preocuparem com essa gente.
No fundo, abaixo da ponta do iceberg, encontra-se a antiga discussão que move a política, acerca do poder dos grupos sociais, que em nossos dias se resume em essência às estratégias para vencer as eleições. A preocupação com esse aspecto, pelo autor, parece ser a “cereja do bolo” na parte 7 — “A esquerda e os evangélicos”. Ali, Spyer lembra que em 2016, Hilary Clinton perdeu as eleições americanas para Donald Trump, principalmente porque durante a campanha não teria se comunicado adequadamente com todos os grupos sociais. Enquanto isso, no Brasil, em 2018, foi eleito o primeiro bispo evangélico para o cargo de Governador do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, vencendo no segundo turno o então deputado estadual do PSOL Marcelo Freixo. Isso ocorreu porque Freixo teria arrogantemente se distanciado do eleitor pobre e evangélico. Apesar do seu discurso ter incluído denominações históricas como batistas, metodistas e presbiterianas, acabou deixando de lado os evangélicos pobres, que compõe o maior grupo eleitoral naquele estado e no Brasil, citando o sociólogo Roberto Dutra.

Realçando o erro estratégico eleitoral da esquerda em relação aos evangélicos, Spyer cita um trecho da entrevista do pastor Henrique Vieira, ligado ao PSOL e ao candidato derrotado, Marcelo Freixo: “Nessa experiência evangélica [neopentecostal], que cresce de maneira vertiginosa no Brasil hoje, nós temos que perceber com muita humildade, e captar os dispositivos progressistas que existem [dentro dessas igrejas]”. Segundo Vieira, é preciso capturar as características e condições de vida e compreender a teologia de empoderamento dessas pessoas. Apesar de tema polêmico dentro de ambientes de esquerda, por ver no fenômeno neopentecostal uma versão religiosa da ideologia neoliberal (p. 168), afirma que em vez de rechaçar o movimento deveriam reinterpretar o seu sentido. Com efeito, para acabar com a dificuldade de comunicação entre grupos progressistas e grupos evangélicos, é necessário, segundo afirma, desfazer os preconceitos existentes e promover diálogo com a base evangélica, em vez de alianças de ocasião com a cúpula das organizações religiosas, sob o entendimento de que tais apoios não conduzem a um tipo de voto evangélico em massa.

Percebe-se, portanto, a preocupação do autor não somente com o estereótipo dos evangélicos, mas sobretudo com a forma equivocada com que os grupos progressistas tratam eleitoralmente o povo de Deus. Além do conteúdo explícito do livro, o autor deixa duas mensagens bem subentendidas para o leitor. Primeiro, que os evangélicos pentecostais se encontram em uma situação de marginalidade e pobreza, cujas características de vulnerabilidade se identificam com a esquerda política. Segundo, para conquistar esse público, ante o poder do voto evangélico, faz-se necessária uma nova abordagem de aproximação e diálogo, que identifique elementos supostamente progressistas dentro de suas práticas, reinterpretando sua teologia à luz da visão política de esquerda.

Sendo assim, concluo a presente resenha crítica afirmando que o livro Povo de Deus: quem são os evangélicos e por que eles importam, do autor Juliano Spyer, possui a virtude de trazer à discussão o perfil desse segmento religioso no Brasil, com ênfase para o pentecostalismo e seu perfil marginal. A quebra de preconceitos é importante para a estabilidade social e para o fortalecimento da democracia. Por outro lado, a abordagem ideológica conferida pelo autor ao longo da sua obra, como forma de estratégia intelectual de apreensão dos interesses dos evangélicos, para os fins da esquerda política, leva a um tipo de instrumentalização da fé que ele mesmo critica. Se é certo que a fé religiosa não deve servir de capital político e exercício de poder por supostos conservadores, é certo também que não pode ser instrumento de qualquer outro espectro político, notadamente da esquerda.

Finalizo ressaltando ao público evangélico, em especial, os riscos teológicos e democráticos em todo tipo de idolatria política, que se manifesta através das ideologias que prometem salvação e esperança fora do Cristo, o Salvador. Enfatizo, ainda, o necessário cuidado que se deve ter com as tentativas de sequestro o cooptação dos interesses da comunidade evangélica, seja mediante convites e acordos abertos ou por meio de empreendimentos velados que escondem interesses inconfessos. Fica a lembrança do erro de Josué e do povo de Israel que inocentemente foram enganados com o discurso ardiloso e com a estratégia astuciosa dos gibeonitas, ao se apresentarem com roupas e sapatos velhos, odres rotos e pães bolorentos (Js 9).

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[1] SPYER, Juliano. Povo de Deus: quem são os evangélicos e por que eles importam (São Paulo: Geração Editorial, 2020).

[2] NASCIMENTO, Valmir. Entre a fé e a política: participação dos evangélicos no processo político-eleitoral — Reflexões sobre legitimidade, abuso de poder e ética cristã na esfera pública (Rio de Janeiro: CPAD, 2018).

[3] ANDERSON, Allan H. Uma introdução ao pentecostalismo: cristianismo carismático mundial (São Paulo: Edições Loyola, 2020), p. 306.

[4] Apud ANDERSON, 2020, p. 290.

[5] Apud MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa história é a nossa história (Rio de Janeiro: CPAD, 2016), posição1894.

[6] Apud MENZIES, 2016, posição1894.

[7] Documentário disponível na Netflix com o nome City of joy — onde vive a esperança.

[8] COX, Harvey. O futuro da fé (São Paulo: Paulus, 2015), p. 185.

[9] Cf. WILKINSON, Michael; STUDEBAKER, Steven M. A liberatig spirit: pentecostals and social action in North America (Eugene, Oregon: Pickwick Publications, 2010).

[10]  O enfraquecimento do protestantismo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2101200115.htm. Acesso em 31/03/2022.

[11]  Gutierres Siqueira captou essa realidade com as seguintes palavras: “O pentecostalismo ajudou a quebrar o pecado estrutural de muitos preconceituosos não com um discurso ressentido ou com uma revolta revolucionária, mas com o poder do Espírito, aquele que é derramado sobre toda carne, isto é, sobre todo tipo de pessoas. O Espírito Santo é doador, é gracioso e quebra as cadeias da injustiça enquanto exalta a pessoa de Cristo na vida do crente em Deus”. SIQUEIRA, Gutierres; TERRA, Kenner. Autoridade bíblica e experiência no Espírito (São Paulo, Thomas Nelson Brasil, 2020), p. 239.

 

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