D) A PALAVRA E A SUA FORÇA CENTRÍPETA E CENTRÍFUGA
Na nova dispensação o Espírito continua atuando concedendo dons aos homens para ensinar e dirigir a Igreja na Palavra (1Co 12.11/Ef 4.4-6,11-14). A pregação é, entre outras coisas, uma arte. Por isso é que a homilética, disciplina que estuda a pregação, é “a ciência da qual a arte é a pregação e cujo produto é o sermão”.1 Como servo do texto o pregador deve entender a pregação como a arte2 de expor com fidelidade o texto bíblico3 aplicando-o às necessidades perenes do homem enfocando características próprias de nossa época.4 “Verdade e atualidade juntas fazem o pregador completo”, resumiu em 1877 o bispo Phillips Brooks (1835-1893).5
Dentro da visão Reformada, a Palavra de Deus ocupa o lugar central do Culto, visto que é por meio dela que Deus nos fala.6 Deus se dignou em revelar a Si mesmo como Palavra e por intermédio da Palavra: “No princípio era o Verbo” (Jo 1.1).7 A pregação sempre, independentemente de sua temática, deve ter como propósito, glorificar a Deus.8 O sermão como presente de Deus – proveio de Sua Palavra –, é oferecido com gratidão e humildade a Deus rogando a Sua bênção sobre a exposição da Palavra, para que a congregação seja edificada e vidas sejam transformadas. O sermão é um ato de culto a Deus que começa em nosso escritório e se estende em nossa existência e na de nossos ouvintes por meio de uma vida transformada pelo Espírito de Deus.
Todo o culto deve convergir para a pregação fiel da Palavra. Nenhum sermão substitui a Palavra. Por isso, o conectivo “e” pode representar uma visão distorcida do culto e consequentemente da Palavra. Nós não cultuamos e ouvimos a Palavra; nós não adoramos e ouvimos a exposição da Palavra. Antes, o culto se plenifica na Palavra de Deus. Tudo deve convergir e contribuir para a pregação: Deus falando ao Seu povo. É dentro desta perspectiva, inclusive, que sustento há mais de três décadas a organização do culto de forma temática, tendo como ponto unificador a Palavra, para onde tudo converge quer de forma centrípeta, quer de forma centrífuga.9 Mohler coloca a questão da pregação nestes termos:
“O que pensamos ser a pregação senão o ato central da adoração cristã? Na realidade, tudo mais no culto deve ser feito de modo a nos preparar para ouvir a pregação da Palavra, porque é nesse momento que Deus, com quem falamos e a quem adoramos, irá falar a nós por intermédio de sua eterna e perfeita Palavra”.10
A pregação nos conduz à Palavra que nos fala de seu Autor. Este encontro nos conduz à adoração. A nossa adoração se aperfeiçoa e se torna cada vez mais relevante à medida que mais conhecemos a Deus. John Stott (1921-2011) adverte-nos quanto à relação entre pregação e adoração:
“Nossa adoração é fraca porque nossos conhecimentos de Deus são fracos, e nossos conhecimentos de Deus são fracos porque a nossa pregação é fraca. Quando, porém, a Palavra de Deus é exposta na sua plenitude e a congregação começa a ter um vislumbre da glória do Deus vivo, todos se curvam em reverente temor solene e admiração jubilosa diante do seu trono. É a pregação que realiza isso – a proclamação da Palavra de Deus no poder do Espírito de Deus. É por isso que a pregação é incomparável e insubstituível”.11
E) A PALAVRA, O CULTO E AS NOSSAS EXPERIÊNCIAS
Uma das tarefas de grande importância para o ministro é a elaboração da ordem do culto. Elaborar cada elemento do culto com oração, inteligência e submissão, é uma tarefa por vezes árdua, porém, bastante gratificante. O ministro trabalhará com os recursos de que dispuser: a sua congregação conhece muitos hinos e/ou cânticos? Dispõe de gente talentosa para tocar instrumentos condizentes com o culto? Há bons grupos (corais, conjuntos, quartetos, etc.) que além de piedade, apresentam um cântico mais elaborado, com arte? Tudo isso envolve conscientização (a quem estamos prestando culto?), ensaios, compromisso, disposição de aperfeiçoamento e de enriquecimento de nossa hinologia. Quanto mais recursos tivermos, melhor condições teremos de cultuar a Deus com integridade e arte. Percebam então, que a sinceridade de nosso coração, o que é imprescindível, não deve se opor ao desejo de apresentar algo a Deus com o melhor que temos, visando glorificá-Lo e que a Sua Palavra seja melhor compreendida e eficaz na vida de todos nós que a ouvimos.
Tocando em outro ponto de grande efervescência, devemos dizer que nem tudo que fazemos para a glória de Deus é adequado ao culto público. Acredito piamente que quando escrevo este texto estou glorificando a Deus no propósito de compreender e transmitir o sentido bíblico-reformado da arte; no entanto, isso não significa que posso levar meu computador para o período de culto público e ali começar a elaborar um texto e dizer que estou cultuando a Deus. A questão aqui não é entre o sagrado e o profano, mas, entre o público e o privado.
A dicotomia entre “arte cristã” e a “arte pagã” tem contribuído para que os cristãos muitas vezes se distanciem das expressões artísticas, rotulando-as precipitadamente de pagãs, sem o devido critério. Por outro lado, e isto é o mais grave, com o nome de arte cristã tem-se pretendido criar um suposto isolacionismo cultural que, na realidade tem sido, em geral, de baixíssima qualidade e, o pior: supostamente para a glória de Deus. Muitas vezes em nome de uma “arte cristã” estamos patrocinando uma “reserva de mercado”, onde a sensatez e o senso crítico não têm vez, visto que neste caso, o que conta é o sentimento, como se este, por si só estivesse acima de qualquer juízo de valor. Horton alerta-nos quanto a isso: “Se vamos escrever literatura ‘cristã’ e criar obras de arte e música distintamente ‘cristãs’, deverá ser feito de modo tão plenamente persuasivo intelectualmente e artisticamente que os que não são cristãos ficarão impressionados por sua integridade – mesmo que eles discordem”.12
Sem nenhuma ingenuidade, devemos frisar que a literatura, a música e a arte em geral, com uma cosmovisão notadamente cristã, tenderão a enfrentar os preconceitos próprios de quem tem uma cosmovisão diferente. Não há imparcialidade nem de cá, nem de lá. E nisto, não há nenhum elogio. Contudo, o esforço por apresentar algo de alto nível, independentemente de sua aceitação entre os de cosmovisão diferente da nossa, deve arder em nosso coração, nortear o nosso pensamento e impulsionar as nossas mãos.
No campo musical, por exemplo, temos também uma limitação da amplitude da experiência cristã, dando a impressão que temos apenas vitórias, conquistas e sucesso. Cantamos com muita frequência um amontoado de clichês repetitivos e fáceis de decorar, reproduzindo sempre a mesma experiência.13
Os cânticos devem ser centrados em Deus,14 sendo a expressão de uma experiência com Deus,14 “porque é certo que jamais agradarão a Deus os louvores que não procedam desta fonte de amor”.15 É natural que com o tempo, os hinos/cânticos passem a fazer parte de nossa história de vida: Eles, sem dúvida, retratam verdades bíblicas; contudo, estas verdades, cridas por nós, assumem um significado subjetivo quando são vivenciadas, muitas vezes – ainda que não exclusivamente –, em nossas crises, angústias e mesmo júbilo. Deste modo, assim como há textos das Escrituras marcantes, que falam de modo especial à nossa experiência de vida, há hinos que realçam momentos de nossa comunhão com Deus e, também, às vezes a dura realidade cotidiana. Se vocês pararem por um instante para refletir sobre isso certamente se lembrarão de hinos/cânticos que estiveram associados à sua conversão, a momentos alegres e dolorosos, à determinadas épocas de sua vida: infância, mocidade ou mesmo à atualidade. Obviamente, a nossa experiência não esgota o sentido dos hinos, mas, sem dúvida, elas resignificam a mensagem. De passagem, podemos entender também, que a letra que cantamos é fundamental na compreensão, fixação e expressão do nosso louvor.
Lloyd-Jones, fazendo eco a Agostinho e a Calvino, acentua: “Sempre nos compete lembrar-nos de que não devemos concentrar-nos só em cantar a melodia. No momento em que fazemos isso, já nos afastamos da instrução do apóstolo (Ef 5.19). As palavras vêm em primeiro lugar – elas são mais importantes que a melodia. Naturalmente, as palavras e a melodia devem vir juntas, consorciadas e fundidas para darem expressão ao nosso louvor. Mas não há nada que seja tão fatal como entoar a melodia somente, sem dar atenção às palavras”.16
O meditar nos feitos de Deus é um imperativo ao louvor. O salmista louva a Deus considerando o seu livramento: “Bendito seja o Senhor, porque me ouviu as vozes súplices! O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, nele fui socorrido; por isso, o meu coração exulta, e com o meu cântico o louvarei” (Sl 28.6-7). “Quando Deus esparge alegria em nossos corações, o resultado deve ser que nossos lábios se abram para entoar seus louvores”.17 Em outro lugar, Calvino nos estimula ao louvor: “Visto que o salmista mais adiante (Sl 33) trata das obras portentosas de Deus, e particularmente da preservação da Igreja, não causa surpresa que ele exorte os justos a cantarem um cântico novo, isto é, um cântico raro e selecionado. Quanto mais atenta e diligentemente os crentes consideram as obras de Deus, mas eles se aplicarão aos seus louvores”.18
F) A RELEVÂNCIA DOS CÂNTICOS NA VIVÊNCIA REFORMADA
De forma ilustrativa, vemos que Calvino, considerando a complexidade e a riqueza da experiência cristã, entendia que “os salmos constituem uma expressão muito apropriada da fé reformada”,19 e que “tudo quanto nos serve de encorajamento, ao nos pormos a buscar a Deus em oração, nos é ensinado neste livro (Salmos)”.20 Portanto, no Livro de Salmos temos um guia seguro para a edificação da Igreja que pode cantá-lo sem correr o risco de proferir heresias melodiosas.21 Calvino considerava os Salmos como “Uma Anatomia de Todas as Partes da Alma”.22
Um estudante francês refugiado, que visitou a Igreja de Calvino em Estrasburgo (1545), descreveu emocionado o que viu:
“Todos cantam, homens e mulheres, e é um belo espetáculo. Cada um tem um livro de cânticos nas mãos. (…) Olhando para esse pequeno grupo de exilados, chorei, não de tristeza, mas de alegria, por ouvi-los todos cantando tão sinceramente, enquanto cantavam agradecendo a Deus por tê-los levado a um lugar onde seu nome é glorificado”.23
Os salmos tiveram um papel extremamente marcante na formação espiritual dos Reformados, constituindo-se também, em uma de suas grandes demonstrações de fé. Schaff resume: “A introdução do Saltério na língua vernácula foi um dos mais importantes feitos, e o começo de um longo e heroico capítulo na história do culto e da vida cristã. O Saltério ocupa um lugar tão importante na Igreja Reformada como os hinos entre os Luteranos.24 Ele foi a fonte de conforto e força para a Igreja dos Huguenotes do Deserto, e para os Covenanters25 presbiterianos da Escócia, nos dias de amargo sofrimento e perseguição”.26
Em 7 de julho de 1553, Calvino escreve mais uma carta aos “prisioneiros de Lyon” que aguardavam a sua condenação por terem aderido à Reforma Protestante. Esta ele dirige em especial a dois deles: Denis Peloquin de Blois e Louis de Marsac. A certa altura, diz:
“Meus irmãos (…), estejam certos de que Deus, que se manifesta em tempos de necessidade e aperfeiçoa Sua força em nossa fraqueza, não vos deixará desprovidos daquilo que poderosamente glorificará o Seu nome. (…) E como você sabe, temos resistido firmemente as abominações do Papado, a menos que nós renunciássemos o Filho de Deus, que nos comprou para Si mesmo pelo precioso preço. Medite, igualmente, naquela glória celestial e imortalidade para as quais nós somos chamados, e é certo de alcançar pela Cruz –– por infâmia e morte. De fato, para a razão humana é estranho que os filhos de Deus sejam tão intensamente afligidos, enquanto os ímpios divertem-se em prazeres; porém, ainda mais, que os escravos de Satanás esmaguem-nos sob seus pés, como diríamos, e triunfem sobre nós. Contudo, temos meios de confortar-nos em todas as nossas misérias, buscando aquela solução feliz que está prometida para nós, que Ele não apenas nos libertará mediante Seus anjos, mas pessoalmente enxugará as lágrimas de nossos olhos.27 E, assim, temos todo o direito de desprezar o orgulho desses pobres homens cegos, que para a própria ruína levantam seu ódio contra o céu; e, apesar de não estar neste momento em suas condições, nem por isso deixamos de lutar junto com vocês em oração, com ansiedade e suave compaixão, como companheiros, percebendo que agradou a nosso Pai celeste, em Sua bondade infinita, unir-nos em um só corpo sob Seu Filho, nossa cabeça. Pelo que eu lhe suplicarei que possa garantir a vocês essa graça; que Ele os conserve sob Sua proteção e lhes dê tal segurança disso que possam estar aptos a desprezar tudo o que é deste mundo. Meus irmãos os saúdam mui afetuosamente, e assim também muitos outros. –– Seu irmão, João Calvino”.28
Louis de Marsac, na prisão, responde-lhe: “Senhor e irmão, eu não posso expressar o grande conforto que recebi… da carta que você enviou para meu irmão Denis Peloquin que passou-a a um de nossos irmãos que estavam numa cela abobadada acima de mim, e leu-a para mim em voz alta, porque eu não pude lê-la por mim mesmo, sendo incapaz de ver qualquer coisa em meu calabouço. Então, eu lhe peço que persevere nos ajudando com semelhante consolação, pois isso nos convida a chorar e orar”.29
Posteriormente, Louis de Marsac, Etienne Gravot de Gyen, e Marsac, primo de Louis serão condenados à morte, sendo queimados: Morreram cantando um hino. Aliás, o canto em meio às chamas tornou-se um testemunho fervoroso da fé calvinista na França.
Do mesmo modo, Leith comenta que,
“O cântico dos salmos contribuiu para moldar o caráter e a piedade reformada e sua influência dificilmente poderia ser superestimada. Os salmos eram as orações do povo na liturgia de Calvino. Por meio deles, os adoradores respondiam à Palavra de Deus e afirmavam sua confiança, gratidão e lealdade a Deus”.30
“O cântico de salmos tornou-se essencial para a piedade calvinista. Os protestantes franceses, ao serem levados para a prisão ou para a fogueira, cantavam salmos com tanta veemência que foi proibido por lei cantar salmos e aqueles que persistiam tinham sua língua cortada. O salmo 68 era a Marselhesa huguenote”.31
Na França, em diversas ocasiões os protestantes foram atacados enquanto prestavam culto a Deus, orando, lendo a Palavra e cantando salmos. Depois de narrar algumas dessas perseguições, Baird constata: “A Liturgia do protestantismo francês foi banhada com o sangue de seus mártires”.32
Do mesmo modo, no Brasil, quando os calvinistas franceses Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon não negaram à sua fé diante de Ni-colas Durand de Villegaignon (1510-1571), foram presos.33 Jean Crespin registra: “Entretanto, os condenados consolavam-se e regozijavam-se em suas ca-deias, orando e cantando, com extraordinário fervor, salmos e louvores a Deus”.34
Na manhã de sexta-feira, 9 de fevereiro de 1558, quando Jean du-Bourdel, o autor da Confissão de Fé,35 ia sendo conduzido ao rochedo para ser executado, acompanhado por Villegaignon e seu pajem, narra Crespin: “Ao passar junto da prisão em que estavam os seus companheiros, gritou-lhes em alta voz que tivessem coragem, pois iam ser logo libertados desta vida miserável. E, caminhando para a morte, entoava salmos e louvores a Deus, o que causava grande espanto a Villegaignon e ao carrasco”.36
Quanto aos cânticos, devemos observar, contudo, que os hinos da Igreja não precisam estar limitados ao Livro de Salmos, mesmo reconhecendo o seu indiscutível valor como Palavra inspirada de Deus; além disso, deve ser observado, que muitos dos salmos refletem de modo evidente, a expressão de fé de servos de Deus na Antiga Aliança, que ainda não se plenificara em Cristo, Aquele que selou a Nova Aliança com o Seu próprio sangue. Os salmos, portanto, devem ser cantados inclusivamente, não exclusivamente.
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1A. W. Blackwood, The Fine Art of Preaching, New York: The Macmillan Company, 1946, p. 25. Aqui não pretendo comparar a arte à pregação, como nos adverte Rookmaaker: “A arte não deve ser comparada à pregação. Mesmo a melhor obra de arte ainda seria uma pregação ruim” (H.R. Rookmaaker, A Arte não precisa de justificativa, Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 38).
2Aliás, Calvino, respondendo a uma possível pergunta referente à possibilidade de Paulo estar con-denando a sabedoria de palavras como algo que se acha em oposição a Cristo (1Co 1.17), diz: “…. Paulo não seria tão irracional que condenasse como algo fora de propósito aquelas artes, as quais, sem a menor dúvida, são esplêndidos dons de Deus, dons estes que poderíamos chamar de instrumentos para auxiliarem os homens no desempenho de suas atividades no-bres. Portanto, não há nada de irreligioso nessas artes, pois são detentoras de ciência sau-dável, e estão subordinados a princípios verdadeiros; e visto que são úteis e adequáveis às atividades gerais da sociedade humana, é indubitável que sua origem está no Espírito. Além do mais, a utilidade que é derivada e experienciada delas não deve ser atribuída a ninguém, senão a Deus. Portanto, o que Paulo diz aqui não deve ser considerado como um desdouro das artes, como se estas estivessem agindo contra a religião” (João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 1.17), p. 53-54).
Dargan (1852-1930) comentando sobre o trabalho de Calvino como exegeta e expositor das Escri-turas, atesta a sua arte: “Na pregação de Calvino o método expositivo dos pregadores da Re-forma encontrou ênfase. Seus comentários eram frutos de sua pregação e aula, e seus ser-mões eram comentários ampliados e aplicados. (…) (O seu estilo) mostra-nos como o co-mentarista obteve o melhor do pregador. Contudo os seus sermões não eram meros comen-tários. Ali temos uma agilidade de percepção, uma firmeza no posicionamento, um poder de expressão que aliados fazem o pensamento da Escritura marcar e produzir sua impressão sem o auxílio da arte do orador” (Edwin C. Dargan, A History of Preaching, Grand Rapids, Mi.: Baker Book House, 1954, Vol. 1, p. 449). Para um estudo sobre a pregação de Calvino: método, estilo e mensagem, bem como sua influência sobre os pregadores de fala inglesa, ver: T.H.L. Parker, The Oracles of God: An Introduction to the Preaching of John Calvin, Cambridge, England: James Clarke & Co. 1947, (2002) Reprinted, 175p.
3“Toda pregação genuína é pregação expositiva” (John Stott, Eu Creio na Pregação, São Pau-lo: Editora Vida, 2003, p. 133). Do mesmo modo: “Um sermão sempre deve ser expositivo” (David M. Lloyd-Jones, Pregação & Pregadores, São Paulo: Fiel, 1984, p. 52). “Se somos servos da Pala-vra, nossa pregação deve ser verdadeiramente expositiva” (R. Albert Mohler, Jr., A Primazia da Pregação: In: R. Albert Mohler, Jr., et. al. Apascenta o meu rebanho: um apaixonado apelo em favor da pregação, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 31). “Eu defino pregação expositiva como aquele estilo de pregação cristã que tem como propósito central a apresentação e a aplicação do texto da Bíblia. Todos os demais pontos e interesses estão subordinados à tarefa central de apresentar o texto bíblico. Sendo a Palavra de Deus, o texto da Escritura tem o direito de estabelecer tanto o conteúdo quanto a estrutura do sermão” (R. Albert Mohler Jr., Pregar com a cultura em mente: In: Mark Dever, ed., A Pregação da Cruz, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 64). “Há uma regra prescrita para todos os servos de Deus: não tragam suas próprias invenções, mas simplesmente entreguem, como que de mão a mão, o que receberam de Deus” (John Calvin, Commentaries on the Book of the Prophet Jeremiah and Lamentations, Grand Rapids, MI.: Baker, 1996, (Calvin’s Commentaries, IX/1), (Jr 1.9-10), p. 43).
4“A pregação de hoje deve ser feita em uma linguagem de comunicação social; caso contrário, haverá um obstáculo ao entendimento” (Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bíblia, Viço-sa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 63).
5Phillips Brooks, Lectures on Preaching, 2. ed. Grand Rapids, MI.: Baker Book House, 1978, p. 220. Veja-se também: Walter L. Liefeld, Exposição do Novo Testamento: do texto ao sermão, São Paulo: Vida Nova, 1985, p. 22.
6Vejam-se: Segunda Confissão Helvética, XXIII, § 5.220; Confissão de Westminster, 21.5; João Cal-vino, As Institutas, IV.1.5.
7“No princípio, não era a música, nem o teatro. Deus identifica seu Filho, que é Deus, com a Palavra. Isso é tremendamente importante” (John Piper, O Lugar da Pregação na Adoração: In: Fé para Hoje, São José dos Campos, SP., Fiel, nº 11, 2001, p. 20).
8“Um dos objetivos do sermão, sem dúvida, o mais elevado, deve ser a adoração de Deus e a exaltação do seu nome” (Walter L. Liefeld, Exposição do Novo Testamento: do texto ao sermão, São Paulo: Vida Nova, 1985, p. 22).
9Hermisten M.P. Costa, Teologia do Culto, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1987, p. 35-36. Para minha agradável surpresa pude ler em Stott: “Depois de o texto ter revelado seu segredo, e depois de ter ficado claro o tema principal do sermão, o culto todo deve ser planejado em seu redor” (John Stott, Eu Creio na Pregação, São Paulo: Editora Vida, 2003, p. 243).
10R. Albert Mohler, Jr., A Primazia da Pregação: In: R. Albert Mohler, Jr., et. al. Apascenta o meu re-banho: um apaixonado apelo em favor da pregação, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 25.
11John Stott, Eu Creio na Pregação, São Paulo: Editora Vida, 2003, p. 89.
12Michael S. Horton, O Cristianismo e a Cultura, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 89.
13Ver: Michael S. Horton, O Cristianismo e a Cultura, p. 108.
14“Numa cultura de programas de entrevistas de televisão, é muito mais fácil falar de nós mesmos, e assim os ‘cânticos de louvor’ refletem esse foco autobiográfico (centrado no homem) sobre mim e as minhas experiências, minha decisão, minha obediência, minha feli-cidade, e assim por diante” (Michael S. Horton, O Cristianismo e a Cultura, São Paulo: Editora Cul-tura Cristã, 1998, p. 74).
15João Calvino, As Institutas, III.20.20.
16D.M. Lloyd-Jones, Cantando ao Senhor, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2003, p. 42. “O canto cristão não deve ser uma repetição enfadonha” (D.M. Lloyd-Jones, Cantando ao Senhor, p. 41). Veja-se também: David Martyn Lloyd-Jones, Uma Nação sob a Ira de Deus: estu-dos em Isaías 5, 2. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2004, p. 66-67.
17João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 28.7), p. 608.
18João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 33.3), p. 58.
19John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real, 1997, p. 336.
20João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 1, p. 34.
21Ver: João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, p. 35-36.
22João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, p. 33.
23Apud T. George, Teologia dos Reformadores, São Paulo: Vida Nova, 1994, p. 181. Vejam-se tam-bém: John T. McNeill, The History and Character of Calvinism, New York: Oxford University Press, 1954, p. 147; Philip Schaff; David S. Schaff, History of the Christian Church, Peabody, Massachu-setts: Hendrickson Publishers, 1996, Vol. VIII, p. 373.
24Lutero foi o criador do primeiro hinário alemão (1524), e, depois, também elaborou o Hinário de Wittenberg (1529). Ele pode ser considerado o fundador da hinologia alemã e o grande difusor da música na Igreja. Lutero compôs 36 hinos e várias melodias, as quais adaptou aos hinos.
25Presbiterianos escoceses que lutaram contra o estabelecimento do sistema episcopal de governo na Igreja da Escócia. Sustentavam a manutenção do presbiterianismo, conforme fora acordado pelos Parlamentos da Escócia e Inglaterra, respectivamente em 1638 e 1649.
26Philip Schaff, History of the Christian Church, Vol. VIII, p. 374.
27Comentando o salmo 56.8, Calvino assim se expressou: “…. Se Deus concede tal honra às lá-grimas de seus santos (lembrar-se delas), então pode ele contabilizar cada gota do sangue que eles derramaram. Os tiranos podem queimar sua carne e seus ossos, mas seu sangue continua a clamar em altos brados por vingança; e as eras intervenientes jamais poderão apagar o que foi escrito no registro divino das memórias” (João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 2, (Sl 56.8), p. 501).
28John Calvin, To the Prisoners of Lyons, “Letters,” John Calvin Collection, (CD-ROM), (Albany, OR: Ages Software, 1998), nº 320.
29In: To the Prisoners of Lyons, “Letters,” John Calvin Collection, (CD-ROM), nº 320. Calvino atendeu à solicitação e, em 22/08/1553, escreveu-lhes novamente (Veja-se: John Calvin, To Denis Peloquin and Louis de Marsache, “Letters,” John Calvin Collection, (CD-ROM), nº 323).
30John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real, 1997, p. 301. Ver alguns exemplos significativos em: Charles W. Baird, A Liturgia Reformada: Ensaio histórico, Santa Bárbara D’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 67ss.
31John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real, 1997, p. 299. Foi o próprio Calvino que adaptou a melodia de um dos corais de Greiter ao Salmo 68. (Cf. Henriqueta R.F. Braga, Contribuição da Reforma ao Desenvolvimento Musical: In: Bill H. Ichter, org. A Música Sacra e Sua História, Rio de Janeiro: JUERP., 1976, p. 77). O hino de Lutero baseado no Salmo 46 foi chamado por H. Heine (1797-1856) de “Marselhesa da Reforma” (Cf. W.J.R.T., Hymnology: In: Rev. John McClintock; James Strong, eds. Cyclopedia of Biblical, Theologi-cal and Ecclesiastical Literature, (CD-ROM), (Rio, WI., Ages Software, 2000), Vol. 4, p. 130).
32Charles W. Baird, A Liturgia Reformada: Ensaio histórico, p. 65.
33O alfaiate André Lafon terminou por ser persuadido a retratar-se. Foi poupado. Permaneceu então preso na fortaleza “como alfaiate do almirante e de toda sua gente” (Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, Rio de Janeiro: Typo-Lith, Pimenta de Mello & C., 1917, p. 81).
34Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, p. 74. Ver também: Jean de Léry, Viagem à Terra do Brasil, 3. ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes, (1960), p. 245.
35Elaborada entre 04/01/1558 e 09/02/1558. Ver: Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, Rio de Janeiro: Typo-Lith, Pimenta de Mello & C., 1917, p. 63-64.
36Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, Rio de Janeiro: Typo-Lith, Pimenta de Mello & C., 1917, p. 77.