Sempre que acontece alguma coisa envolvendo união entre pessoas do mesmo sexo, crianças vítimas de violência sexual (a ponto de suas vidas serem ceifadas), ou quando estamos diante de um currículo escolar com disciplinas envolvendo a sexualidade das nossas crianças, pensamos: IDEOLOGIA DE GÊNERO. Sim, não estamos errados. Mas, ainda não temos 1/3 de compreensão a respeito dos danos que este estilo de vida (muito mais forte e sistematizado do que uma bandeira de representatividade) pode causar à estrutura da nossa família.
Trata-se de um projeto que tem por fim promover uma “reeducação sexual” às nossas crianças. Aquela ideia que sempre cultivamos de que a infância não é o momento para falar a respeito de sexo, tendo em vista que o desenvolvimento das sinapses[1] de nossos filhos ainda não está em fase propícia para tais ensinamentos – cabendo aos pais nutrir seus filhos com carinho, disciplina, educação intelectual, brincadeiras e afins – está perdendo força para uma revolução de gênero.
Não é um termo de teoria da conspiração, ou um superexagero pejorativo: eles mesmos declaram isso com orgulho. As cabeças que estão conduzindo este projeto a nível global estão empenhadas em orientar as famílias e fincar suas bases na escola, para que nossas crianças tenham suas mentes (ainda não plenamente desenvolvidas) moldadas para acreditar que a androginia[2] é algo absolutamente normal.
Lembrar das sinapses, nos remete à plasticidade do cérebro: as experiências que a criança vive são as que vão definir seu modo de pensar, sua inteligência emocional, e suas preferências – é exatamente por isso que a Ideologia de Gênero aplicada às crianças é um trunfo contra a Tradição Cristã: moldar o pensamento para torna-lo comum e aceitável num futuro próximo.
“Após o período de desenvolvimento inicial, o cérebro ainda pode se modificar, e na verdade, o faz constantemente em resposta à experiência e aos estímulos aos quais está exposto. Chamamos essa característica de Plasticidade cerebral, a capacidade de constante remodelação, não só da função mas de sua estrutura influenciada pela experiência e que se estende ao longo da vida.”[3]
Os neurônios mais fortes são aqueles moldados pelas experiências mais marcantes: infundir a questão do gênero livre às crianças, diariamente: nos desenhos, aulas, nas crianças adotadas por casais homossexuais: este é o planejamento (que já está correndo, a ser efetivado a todo o vapor). Um exemplo de educação global para compreensão de gênero, podemos encontrar no documentário da National Geographic, que ensina como as famílias devem falar sobre gênero com as crianças. Primeiro, como eles subvertem uma situação normal em extremamente problemática:
“Quando as crianças pequenas aprendem a falar, a maioria declara uma identidade de gênero, menino ou menina, que se alinha com seu sexo biológico. No entanto, à medida que algumas crianças crescem, a identidade não é tão clara. Por volta dos dois anos, as crianças tornam-se conscientes do diferencial físico entre meninos e meninas. Aos quatro anos, a maioria das crianças tem um senso estável de identidade de gênero. Durante esse mesmo período da vida, as crianças aprendem o comportamento do papel de gênero – isto é, fazendo estereotipadas “coisas que os meninos fazem” ou “coisas que as garotas fazem” quando escolhem brinquedos, roupas, atividades, amigos.”[4]
Basicamente, é o processo de problematização a serviço da ideologia de gênero: transmitir aos pais a ideia de que brincar de boneca ou de agente secreto são atos “estereotipados”. Os pais devem mudar os padrões de instrução de suas crianças, em prol da revolução de gênero – uma bandeira política que foi subvertida em necessidade mundial.
“Todos os filhos precisam de oportunidade para explorar diferentes papéis de gênero e estilos de brincadeiras. Certifique-se de que o ambiente do seu filho pequeno reflete a diversidade de papéis e oportunidades de gênero para todos. Para alguns jovens, identificar como outro gênero pode ser temporário; para outros não é. Algumas crianças que são incompatíveis com o gênero na infância crescem para se tornar adultos transgêneros (persistentemente se identificando com um gênero diferente do sexo que lhes foi atribuído no nascimento), e outras não.”[5]
O grau de periculosidade desta metodologia é tão gravoso quando nos damos conta de tudo o que constitui o processo de formação cerebral das crianças, sendo este período denominado como primeira infância. É um terreno fértil para incentivar práticas homossexuais de maneira lúdica, com um viés neoconstrutivista:
“De acordo com o Construtivismo o que interessa é a pergunta e não a resposta. Na tenra idade, quando os alunos mais necessitam de direcionamento e de respostas às questões a serem compreendidas, concedesse-lhes uma autonomia indevida para que pesquisem o que ainda não têm capacidade de entendimento […]”[6]
Diferente do Construtivismo clássico, que incentiva a ausência direcionamento puro, esta nova modalidade se disfarça de neutralidade, mas direciona o pensamento das crianças às diferentes modalidades de gênero. Isto porque o cérebro está numa fase potencialmente moldável:
“A primeira infância compreende a fase dos 0 aos 6 anos e é um período crucial no qual ocorre o desenvolvimento de estruturas e circuitos cerebrais, bem como a aquisição de capacidades fundamentais que permitirão o aprimoramento de habilidades futuras mais complexas.”[7]
A atrocidade cometida contra a vida do pequeno Rhuan Maykon nos deixa perplexos, de fato – a criança foi vítima de um homicídio qualificado, lesão corporal gravíssima, tortura, ocultação e destruição de cadáver[8]: ou seja, a violência utilizada a serviço da ideologia de gênero – duas mulheres, segundo noticiários[9], capazes de retirar o pênis do garoto sob a justificativa de que ele se sentia como uma menina: ato este que ceifou uma vida incapaz de decidir sobre si mesma, portanto, não apta para defender sua própria dignidade em razão da idade, força e fragilidade, perante duas (prováveis[10]) criminosas, que agiram em prol de uma crença: a de que sexo pode ser mudado como trocamos de roupa[11]. Afim de consolidar a revolução de gênero, a violência é um instrumento permitido, e violência acarreta desordem. A lei que conhecemos hoje, está sujeita a ser trocada por uma imposição degenerativa no sentido sexual. No âmbito da doutrina transexual, isto não é irregular, muito menos reprovável, inclusive. A desordem se apresenta como remédio a todos os limites criados pela Religião, pela lei e a tradição. Rousas Rushdoony nos lembra que a revolução de gênero também considera a violência como válida para expansão de seus ideais:
“A lei e a moralidade sugerem disciplina e tradição; sugerem raízes profundas e sérias responsabilidades, ao passo que uma cultura degenerescente anseia pela antítese da ordem e até mesmo acolhe a violência como um antídoto. Ela deseja o sangue pulsante do nascimento e o mundo antirracional do selvagem incorrupto, porque acredita que o homem primitivo esteve, de algum modo, antes e para além da lei, alheia à moralidade, à religião e à responsabilidade.”[12]
Mas não podemos empreender indignação apenas em casos visivelmente danosos à dignidade de nossas crianças. Se os pais não tornarem-se adeptos ao progressismo sexual, ou se as crianças não forem introduzidas a tais temas nas escolas, há violações silenciosas: no programa de TV, nos canais do YouTube e nos brinquedos – e a depender do consumo, desregrado, não supervisionado, nossos filhos não precisam sofrer ataques físicos, diante de um muito maior que poderá já ser efetivado: o de suas mentes. Basta observar como eles tratam sobre o tema:
“Enquanto a identidade de gênero tipicamente se torna na primeira infância, a orientação sexual – que se refere à pessoa que se apaixona ou a quem é atraída – se torna evidente mais tarde. Pesquisas sugerem que, assim como a identidade de gênero, a orientação sexual não pode ser mudada […] Quando seu filho revela uma identidade para você, responda de maneira afirmativa e solidária.”[13]
O ativismo LGBT não está interessado em crianças com os órgãos decepados a sangue frio. Nem que elas sejam mortas, já que isso vai acabar frustrando o planejamento do alcance ideológico. Não é simples convencer a mentalidade dos adultos, que já estão com suas vidas e ideias estabelecidas, e com os seus neurônios já formatados. O que interessa são seres em fase de formação. As crianças são os potenciais para a revolução.
“A revolução é a verdadeira religião de muitos homens modernos; e é intensa sua expectativa em relação à salvação por meio da revolução. Conversas com radicais em campi levaram-me a concluir, certa feita, que a fé deles poderia ser adequadamente descrita mediante a paródia de um antigo hino: “Há uma fonte com sangue irrigada, Extraído das veias burguesas; E a sociedade, sob ela inundada, Ver-se-á limpa das manchas culposas”[14]
Interessante que a ideologia de gênero, na perspectiva de Rushdoony, é tratada como fruto de uma política severa em favor da pornografia – ela é a mãe de todas as perversões sexuais, sustentada em uma liberdade absoluta, através da despersonalização do sexo:
“Mediante sua despersonalização do sexo, e por tratar mulheres e homens como meros objetos para serem usados com vistas à gratificação sexual, a pornografia incansavelmente prossegue em direção a usos e abusos maiores e mais bizarros. A despersonalização não se interrompe: ela opera progressivamente para despir as pessoas de toda dignidade e reduzi-las a brinquedos desamparados e subservientes de um aspirante a deus.”[15]
Destarte, nos importa atentar para pontos importantes: 1) como a família tem acompanhado o desenvolvimento de suas crianças; 2) como as organizações internacionais como a Trans Gender Europe estão tratando do assunto e se tais conteúdos estão chegando direta e indiretamente em nossos veículos de comunicação; 3) não cair no discurso ideológico que tenta nos fazer sentir culpados por um bullying contra homossexuais que não foi provado.
Em escala global, a questão da ideologia de gênero possui um caráter pornográfico, e tem como guia norteador a promoção da liberdade absoluta, já que todos os limites que exercitamos, tanto para crianças quanto para os adultos, passa a ser considerado como um problema. O certo é errado e o errado torna-se correto, graças ao processo de subversão caçando as demarcações:
“A liberdade absoluta é, com efeito, a tese dos defensores conscientes e conscientes da pornografia. Entretanto, não é a liberdade absoluta que promoveu ou pode promover a liberdade humana, mas sim a liberdade civil. Ora, a liberdade civil, embora não proceda do Estado, é administrada pelo Estado […]. A liberdade civil impõe restrições mútuas a fim de promover liberdades mútuas. Essas restrições são impostas sobre o indivíduo e sobre todas as instituições – igreja, Estado, escola, família, indústria, trabalho – e tudo o mais.”[16]
O processo de Ideologia de Gênero é uma das expressões de tal restrição tratada por Rushdoony. Portanto, a base do discurso é a liberdade absoluta, e a prática consiste em amordaçar a Igreja, destituir o poder das famílias e formatar o cérebro dos infantes ao bel prazer dos militantes homossexuais – fazendo com que os pequenos acreditem que é normal sentir-se desvinculado do seu sexo natural, por que “o gênero é algo diferente e amplo” e que sejam induzidos a sempre escolher por um gênero da lista aberta que eles utilizam para registrar novas pseudomodalidades de gênero.
Esta situação me faz lembrar da nova modalidade de heresia, cunhada por Brendan O’Neill – conhecido por desafiar a militância trans e a patrulha identitária. Ele observa que o comportamento de grupos militantes pró LGBTismo e pró Feminismo são a nova Inquisição: todos aqueles que forem contrários à sua agenda, estão no Index, são os novos hereges.
“Existe uma espécie de zelo religioso na proteção da transgeneridade contra a crítica, a negação ou a blasfêmia. A palavra “transfobia” é usada para demonizar a ideia de que homens não podem se tornar mulheres. O objeto da luta contra a transfobia não é acabar com a discriminação contra transexuais – é silenciar as opiniões que agora são consideradas inaceitáveis, é transformar certas convicções em heresias. “Transfobia” é, na verdade, um novo termo para blasfêmia. Acusar uma pessoa de “transfóbica”, é acusá-la de ter pecado ou proferido calúnias na nova ortodoxia segundo a qual o gênero é fluido, alguns homens têm cérebro de mulher, o binarismo é um mito, e assim por diante. Não se engane: transfóbico significa herege.”[17]
A tradição cristã, os limites, a bioética, a psicologia – tudo aquilo que reforce o fato de que não há viabilidade existencial em “superalimentar” grupos militantes, constituem a nova heresia. A heresia a ser combatida também é timbrada pelo Judiciário. O Supremo Tribunal Federal é o novo Clero Romano – e pessoas que decidem se opor e apontar os erros da propagação LGBTista e Feminisna, pelo bem das nossas crianças e das nossas relações como pessoas humanas, são os hereges.
Portanto, esta que vos escreve também é uma herege. Conforme aponta O’Neill, sou uma TER (trans-exclusionary radical)[18], uma radical “trans-intolerante”, por ser mulher e por decidir tecer críticas contra as ambições dos movimentos progressistas – o que faz de mim tão herege quanto as bruxas.
“Assim como o medo e a fúria medievais dedicados às bruxas eram impulsionados pelo desejo da Igreja de erradicar a heresia, descobrir e punir o pensamento não ortodoxo, as listas negras e os ataques […] hoje são impulsionados pela intolerância do establishment contra aqueles que se opõem à nova religião da fluidez de gênero. Especialmente entre as mulheres.”[19]
Se o judiciário entender que o que estou dissertando aqui for crime de ódio (previsão da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26, aonde não ficou transparente o que há de ser considerado como “crime de ódio” – podendo qualquer oposição ser fulminada pela patrulha fortalecida pelo arbitrium iudicis) deverei ser alcançada pelas mesmas previsões punitivas elencadas para aqueles que cometem crimes de Racismo.
O Brasil caminha para consagrar a nova demonologia: “a transformação de um grupo inteiro de pessoas – os críticos à ideologia trans – em demônios.”[20]. Apenas a disposição para exercitar a apologética independente das circunstâncias, a coragem para não envergar diante da ameaça transvestida de lei (esta transmutação é real, diferente da que criticamos aqui) é que poderá nos manter de pé para conservar a sanidade mental de nossos filhos, mulheres, homens e crianças.
Para saber mais como está a situação brasileira sobre ideologia de gênero, recomendo o vídeo dos Advogados Thiago Rafael Vieira e Jean Marques Regina, em que tratam sobre as consequências de legislações que favoreçam as práticas homossexuais e os resultados de sua disseminação intelectual – você pode assisti-lo clicando aqui.
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[1] “Conexões entre os neurônios. O cérebro é um órgão de alta complexidade, fundamentalmente composto pelos neurônios e por uma extensa rede de prolongamentos desses, que formam circuitos conectando as diversas regiões cerebrais por meio de impulsos elétricos.” Veja mais em VIDIGAL, Fundação Maria Cecília de Souto. Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem – Estudo I. Acervo virtual – Disponível em: < https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/o-impacto-do-desenvolvimento-na-pi-sobre-a-aprendizagem/ >
[2] Falei sobre a Androginia em outro artigo, publicado na Revista Teologia Brasileira, aonde você pode encontra-lo: < http://161.35.55.174/a-ingerencia-feminista-e-seus-frutos-na-sociedade/ >
[3] VIDIGAL, Fundação Maria Cecília de Souto. Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem – Estudo I. Acervo virtual – Disponível em: < https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/o-impacto-do-desenvolvimento-na-pi-sobre-a-aprendizagem/ >
[4] SPECIAL SINGLE TOPIC ISSUE: Featuring: I Am Nine Years Old – Gender Revolution Guide. Disponível em: < https://www.nationalgeographic.com/pdf/gender-revolution-guide.pdf >
[5] SPECIAL SINGLE TOPIC ISSUE: Featuring: I Am Nine Years Old – Gender Revolution Guide. Disponível em: < https://www.nationalgeographic.com/pdf/gender-revolution-guide.pdf >
[6] PORTELA, Francisco Solano. O que estão ensinando aos nossos filhos. São Paulo: Editora Fiel, 2017. p. 63
[7] VIDIGAL, Fundação Maria Cecília de Souto. Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem – Estudo I. Acervo virtual – Disponível em: < https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/o-impacto-do-desenvolvimento-na-pi-sobre-a-aprendizagem/ >
[8] Mãe e companheira que esquartejaram Rhuan Maycon, de 9 anos, viram rés na justiça do DF. Disponível em: < https://g1.globo.com/df/distrito-federal/post/2019/06/25/mae-e-companheira-que-esquartejaram-rhuan-maycon-de-9-anos-viram-res-na-justica-do-df.ghtml > Acesso em 25/06/2019
[9] https://istoe.com.br/esquartejado-pela-mae-rhuan-teve-penis-cortado-ha-um-ano/
[10] Prováveis porque ainda não tiveram uma sentença condenatória transitada em julgado.
[11] https://youtu.be/iDJ94X4ww38
[12] RUSHDOONY, Rousas John. A Política da Pornografia. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2018. p. 38 e 39
[13] SPECIAL SINGLE TOPIC ISSUE: Featuring: I Am Nine Years Old – Gender Revolution Guide. Disponível em: < https://www.nationalgeographic.com/pdf/gender-revolution-guide.pdf >
[14] RUSHDOONY, Rousas John. A Política da Pornografia. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2018. p. 51
[15] RUSHDOONY, Rousas John. A Política da Pornografia. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2018. p. 108
[16] Ibdem, p. 180
[17] O’NEILL, Brendan. Manifesto pela heresia: Brendan O’Neill desafia a militância trans e a patrulha identitária. Disponível em: < https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/manifesto-pela-heresia-brendan-oneill-desafia-a-militancia-trans-e-a-patrulha-identitaria/ > Acesso em 27/06/2019
[18] Ibdem
[19] Ibdem
[20] Ibdem
Muito bom artigo!
Parabéns pelo ótimo artigo!
Muito bom artigo! Parabéns pela clareza apologética e principalmente pela coragem de se posicionar em relação a um assunto tão polêmico.