Calvinistas na América do Sul

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Contribuição à história das Igrejas Presbiterianas e Reformadas

Introdução
“Houve um presbiteriano que dialogou com intelectuais peruanos no começo do século passado: John Mackay. Já leu algo sobre ele?” Essa foi a pergunta que me foi feita por um professor da Universidad de Los Andes, em Santiago, Chile, quando visitei a instituição no dia 2 de julho de 2015. Ao saber que sou pastor presbiteriano, o acadêmico peruano radicado na capital chilena, Dr. Ricardo Daniel Cubas Ramattiocci, falou da estadia do Rev. John Mackay (1889-1983) em sua pátria. Foi surpreendente ouvir alguém que não é protestante falar sobre um ministro do evangelho. Isso não é comum. Mesmo entre os presbiterianos existe pouco conhecimento sobre o trabalho dos seus pares na América do Sul. Um simples exercício de reflexão nos ajuda a compreender o porquê disso. Quantos livros o leitor conhece que apresentam um histórico ou trazem informações relacionadas à Igreja Presbiteriana ou Reformada em países como Colômbia, Peru, Venezuela, Argentina e Chile? Arrisco dizer que, na melhor das hipóteses, serão raros os títulos lembrados. Mesmo a internet será de pouca serventia a esse respeito.

A experiência dos calvinistas em terras do continente americano remonta à época em que essa parte do globo era descrita como Novo Mundo. Reformados franceses estiveram envolvidos no projeto da França Antártica no Rio de Janeiro (1557-1558) e, décadas depois, reformados holandeses se estabeleceram no Nordeste brasileiro (1630-1654).1  Durante os séculos 17, 18 e 19, franceses, holandeses e britânicos se instalaram na região das Guianas motivados pelas mais distintas razões.2  Dentre eles, havia seguidores de Calvino.3  Devido às diversas circunstâncias políticas, as colônias desapareceram e, assim, os empreendimentos religiosos também (igrejas e escolas). Um caso excepcional é o de Suriname. Ali temos a mais antiga denominação protestante em atividade na América do Sul.

O estabelecimento definitivo do protestantismo no continente ocorreu no século 19. Deiros menciona as três “vias de ingresso”: (i) imigrantes, (ii) sociedades bíblicas e (iii) missionários.4 De fato, foi assim que o cristianismo evangélico fincou suas raízes. Atentemos para os seguintes exemplos. (I) A Igreja Presbiteriana na Argentina5 nasceu como uma igreja étnica, trasladada da Escócia para Buenos Aires há quase 200 anos, mas que hoje atua como qualquer outra denominação protestante, isto é, buscando novos convertidos. (II) O papel das sociedades bíblicas é bem ilustrado na pessoa de James Thomson (1788-1854). Enviado por duas agências, British and Foreign Bible Society e British and Foreign Schools Society, esse escocês veio à América do Sul para distribuir e promover a Bíblia, bem como para implantar o método educacional lancasteriano. De 1818 a 1825, Thomson iniciou a educação pública na Argentina, Chile e Peru, tendo divulgado a Bíblia nesses países e também no Uruguai, Equador e Colômbia. Nesse último ele organizou a Sociedade Bíblica (1825). Foi um grande defensor das colônias protestantes junto às autoridades governamentais.6  (III) No que se refere à chegada de missionários, o órgão mais atuante foi a Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos EUA. Criada em 1837, no transcurso do século 19 essa agência enviou obreiros (as) à África, Ásia, Oriente Médio e América Latina,7 sendo responsável pela implantação do presbiterianismo na Colômbia, Brasil, Chile e Venezuela.     

No presente texto ofereço uma visão panorâmica da presença de igrejas de tradição calvinista no continente sul-americano,8 registrando a contribuição de pastores e missionários brasileiros em alguns países. Mesmo reconhecendo nossas origens calvinistas na Europa e América do Norte, entendo que nossa compreensão da história ficará incompleta se desconhecermos o que ocorreu e o que está ocorrendo bem mais perto de nós, com os nossos vizinhos sul-americanos. O artigo termina apontando algumas questões dignas de reflexões futuras, principalmente se forem tratadas à luz da história do movimento reformado.

1. Igrejas originadas pelo estabelecimento de colônias estrangeiras

1.1    Suriname9

Antiga Guiana Holandesa, nesse país encontramos a mais antiga igreja reformada em atividade no continente sul-americano: a Hervormde Kerk van Suriname (Igreja Reformada de Suriname), fundada em 1668. Até meados do século 19, essa denominação restringia seus serviços aos colonizadores, havendo sido a igreja do Estado. Em todo o país existem menos de 10 congregações, com uma estimativa de centenas de membros/simpatizantes.

Na capital, existe a First Presbyterian Church of Paramaribo (FPCP). Sua origem remonta ao fim dos anos 70, quando o Rev. Geoffrey Donnan e sua família desembarcaram na cidade. De origem batista, essa família americana fundou a Open Door Bible Church, que, em 1988, assistida pela Orthodoxy Presbyterian Church (EUA), tornou-se a FPCP. Atualmente vinculada à Covenant Reformed Presbyterian Church, essa igreja é conservadora, reúne por volta de 50 pessoas e mantém uma escola fundada pelo Rev. Donnan em 1979, a Christian Liberty Academy (CLA). Essa instituição atende 352 alunos e tem sido um meio de propagação da cosmovisão cristã em Paramaribo. O pastor da FPCP, Rev. Asgar M. Hamid, é nativo e responde pela administração da CLA. Segundo seu relato, as principais dificuldades enfrentadas por sua igreja são a contínua rotatividade de membros (estrangeiros que vem a trabalho e depois regressam ao país de origem), o “hinduísmo-cristianizado” (convertidos do hinduísmo que conservam a mentalidade de sua antiga religião), o matriarcalismo familiar e o pentecostalismo que caracteriza a maioria das igrejas evangélicas.
Fora da capital, em Klein Powakka, entre os índios da etnia aruaque, existe uma congregação da Hersteld Hervormde Kerk (Igreja Reformada Restaurada, denominação holandesa). Essa igreja foi iniciada pela OPC e hoje está sob a direção da HHK.  

1.2 Argentina10
Iglesia Presbiteriana San Andrés (IPSA). Esse é o nome da Igreja Presbiteriana na Argentina. St Andrews está relacionado à Escócia. Foram os crentes da terra de John Knox que, ao migrarem para Buenos Aires e suas imediações, transplantaram sua fé e organizaram, em 1835, a St. Andrew’s Scotch Presbyterian Church.

Diferentemente dessa igreja étnica, os missionários americanos estiveram trabalhando, na época, para alcançar a população local. Entre 1823 e 1835, os presbiterianos Theophilus Parvin III e William Torrey, e o congregacional John Clark Brigham, atuaram em Buenos Aires como missionários da Junta Americana de Comissionados para Missões Estrangeiras e agentes da Sociedade Bíblica Americana. Posteriormente, de 1854 a 1858, residiu na cidade o Rev. Thomas L’Hombral, enviado pela Junta de Missões Estrangeiras da IP dos EUA para atender a comunidade francesa. Diante da inesperada atitude de L’Hombral, que demitiu-se, a Junta encerrou suas atividades na Argentina. Findava-se, então, o esforço norte-americano de estabelecer a Igreja Presbiteriana no país.

Com o insucesso da missão ianque, a presença de presbiterianos se restringiu ao grupo de colonos escoceses e seus descendentes na St. Andrew’s Scotch Presbyterian Church. Seu primeiro pastor foi o Rev. William Brown, que pastoreou a comunidade desde sua chegada (1826) até seu retorno à Escócia (1849) e fundou a St. Andrew’s Scotch School (1838), atual Escuela Escocesa San Andrés. Seu substituto foi o Rev. James Smith, que permaneceu na Argentina de 1850 a 1901. Ao longo dos anos, Smith deu assistência às congregações suburbanas que surgiram a partir da mudança de membros da capital para as imediações. Importante apoio chegou na pessoa do Rev. James Fleming, que, após 1883, assumiu a liderança. Em 1880, foi criada a revista Buenos Aires Scotch Church Magazine, hoje Revista San Andrés.

O período de Fleming (1883-1925) foi importante pelo início dos cultos em língua espanhola. Isso foi possível devido à chegada, em 1912, do Rev. José Felices. Espanhol, ordenado pelo Presbitério de Andaluzia, com estudos feitos em Aberdeen (Escócia), Felices mostrou-se um obreiro abnegado e desbravador. Ele e Fleming muito fizeram pela causa presbiteriana na Argentina. Pela primeira vez, a ênfase evangelística foi dada ao trabalho pastoral que até então se resumia ao serviço de assistência à comunidade escocesa. Em 1914, a St. Andrew’s Scotch Presbyterian Church respondia pelo cuidado de mais de 800 famílias, considerando a sede e as congregações. Os serviços em inglês eram realizados por Fleming e outros pastores escoceses e o ministério em espanhol por José Felices. Percebendo a necessidade de ampliar o trabalho junto à comunidade de fala hispânica, Felices criou, em 1920, a Junta Missionera.

O campo de Felices era a Grande Buenos Aires, mas ele também pregava em outras províncias e, quando necessário, em inglês. Infelizmente, com sua aposentadoria (1938) e morte (1941), os serviços em espanhol foram deixando de acontecer. A não continuidade desse ministério comprometeu o relacionamento entre a mãe escocesa e as filhas latinas. Sob o pastorado do Rev. Douglas W. Bruce, a Junta Misionera encerrou as atividades (1940). Insatisfeitas, pelo menos oito igrejas de fala espanhola se desligaram da St. Andrew’s Scotch Presbyterian Church – e, por conta disso, tiveram que desocupar os templos! -, unindo-se a outras denominações ou se mantendo independentes. Nos anos seguintes, algumas encerraram suas atividades. A única hispânica que, mesmo independente, não cortou relações com a mãe escocesa, foi a de Temperley. Esse vínculo tinha em vista o direito de continuar sendo identificada como igreja presbiteriana e o benefício do uso do templo. Segundo o Rev. Julio C. López, que responde hoje pelas igrejas de Belgrano e Quilmes, a existência de um presbitério talvez tivesse evitado esse delicado processo que impediu a integração da Scotch Presbyterian Church na vida nacional. Da maneira como agiu, “a Igreja Escocesa abriu mão do trabalho missionário”. 

A igreja de Temperley enfrentou anos de difícil peregrinação. Para sobreviver, contou com o auxílio de outros presbiterianos. Separando-se dos escoceses, vinculou-se ao Presbitério do Chile (1948) e, em meados da década de 50, organizou-se como Iglesia Presbiteriana Argentina. Os ministros que a IPB enviou para lecionar na Facultad Evangélica de Teología, em Buenos Aires, Revs. Aristeu de Oliveira Pires e Nelson Armando de Paula Bonilha, deram-lhe assistência pastoral (de 1958 a meados dos anos 60). Na década seguinte, a comunidade voltou ao seio da Scotch Presbyterian Church.

Após 1968, os laços entre a liderança na Escócia e a Scotch Presbyterian Church foram se estremecendo e passos rumo à nacionalização foram sendo dados.  Em 1981, o nome Scotch foi retirado (St. Andrew’s Presbyterian Church). Dois anos depois, aposentou-se o Rev. Gordon Morris, o último ministro escocês em atividade. O desenlace se aproximava. O prenúncio ocorreu quando, em 1987, após 161 anos desde que o pioneiro Brown iniciara seu ministério (1826), a St. Andrew’s Presbyterian Church passou a realizar cultos no vernáculo. Por meio de um plebiscito, decidiu-se cortar os vínculos com a Igreja da Escócia e unir-se à Igreja Presbiteriana Evangélica (EPC) dos EUA. Desligando-se dos escoceses e pactuando-se com os americanos, os gauchos organizaram a Iglesia Presbiteriana San Andrés (IPSA). O presbitério homônimo foi composto pelas igrejas Central, Belgrano, Olivos, Quilmes e Temperley. A Universidad de San Andrés tem vínculos com a IPSA, que nomeia parte do comitê diretor. De 1999 a 2001, outro obreiro enviado pela IPB colaborou com os presbiterianos argentinos: Rev. Evandro Pereira Borges Júnior. Ele e sua esposa, Waldete Borges, estiveram a cargo de uma congregação em La Plata.

Desde 2005, a IPSA é uma denominação independente. Composta por um Presbitério, dez igrejas, 14 pastores, 56 presbíteros e cerca de 1000 membros, está em busca de sua confessionalidade. No entanto, diversos desafios se apresentam: desfazer-se da imagem de igreja estrangeira; superar os males decorrentes do liberalismo teológico; moldar-se biblicamente (liturgia e eclesiologia); suprir a carência de pastores e vocacionados.

Registramos ainda a presença da Igreja Reformada na Argentina, estabelecida pelos holandeses desde o fim do século 19. A denominação tem por volta de 900 membros, em 11 igrejas e seis congregações. Os presbiterianos coreanos, que começaram a chegar nos anos 60,  mantém (sete igrejas).

1.3 Guiana11

Nessa ex-colônia da Inglaterra, com quase 1 milhão de habitantes, existem duas igrejas: Presbyterian Church of Guyana (PCG) e Guyana Presbyterian Church (GPC). As origens da PCG remontam ao século 18, quando escoceses começaram a migrar para a região. Em 1816, desembarcou o primeiro ministro, Rev. Archibald Browne. O reconhecimento da obra eclesiástica por parte da Church of Scotland ocorreu em 1837, vínculo que perdurou por mais de um século, sendo mantido até meados da década de 60, quando já havia um presbitério estabelecido em Guiana. A denominação se tornou autônoma da Church of Scotland em 1967. No fim do século passado, tinha 5600 membros distribuídos em 25 congregações. Quanto à GPC, trata-se de uma igreja fruto do esforço dos presbiterianos canadenses. O primeiro missionário foi o Rev. John Morton, que visitou o país em 1880. Seu presbitério foi organizado em 1945. Por muito tempo, a denominação era conhecida como Canadian Presbyterian Church in British Guyana. O nome atual foi adotado em 1961. Até recentemente, a denominação reunia 2500 membros em 44 comunidades.
Ambas, PCG e GPC, sofrem influências teológicas estranhas à fé reformada. Nas duas denominações, boa parte das igrejas não se diferencia das comunidades pentecostais.  
    
2. Igrejas estabelecidas por missionários

2.1 Colômbia12
Em 1855, desembarcou em Cartagena o Rev. Ramón Montsalvatge, presbiteriano, que veio a servir à Sociedade Bíblica Americana. Montsalvatge, um ex-frade capuchinho, era catalão e imediatamente começou a pregar o evangelho. Sabe-se que ele colaborou com o Rev. Henry Barrington Pratt (1832-1912), primeiro missionário enviado pela Igreja Presbiteriana dos EUA (PCUSA) para Colômbia.

Henry Pratt havia se formado no Seminário de Princeton em 1855. Sua ida para Colômbia – à época República de Nova Granada – foi uma resposta ao pedido feito pelo Coronel James Fraser à Junta de Missões Estrangeiras da IP dos EUA. Fraser era escocês e tinha chegado ao país integrando a Legião Britânica, para ajudar Simón Bolívar na luta pela independência contra os espanhóis. De origem presbiteriana, ele havia solicitado missionários à IP da Escócia. Não sendo atendido, escreveu aos americanos. Assim, em 08 de março de 1856, Pratt aportou no país. No dia 06 de agosto do mesmo ano, na capital Bogotá, Pratt começou a celebrar cultos em inglês, assistindo aos estrangeiros que ali residiam. Nessa fase inicial do seu ministério, o missionário contou com o apoio do Partido Liberal. Ademais, enquanto ia aprendendo a língua espanhola, Pratt distribuía Bíblias e folhetos evangélicos. Como era previsível, ele teve que enfrentar a oposição da Igreja Católica. A partir de setembro de 1859, os serviços religiosos passaram a ser feitos em língua castelhana.

Entre 1859 e 1862, três novos missionários chegaram para consolidar a obra presbiteriana: os Revs. Thomas Wallace, Samuel Sharpe e William McLaren. Com a chegada do primeiro, o Rev. Pratt pôde viajar para os Estados Unidos (1859) em busca de mais recursos para o campo. Em 1861, em Bogotá, foi organizada a 1ª Igreja Presbiteriana na Colômbia. Novas frentes foram abertas por outros obreiros, tais como o Rev. Paul Pitkin, que se dedicou à evangelização em Barranquilla e Medellín. Em 1869, agora vinculado à IP do Sul (PCUS), acompanhado da esposa e dos três filhos, Pratt regressa à Colômbia, passando a atuar em Barranquilla e, posteriormente, em Bucaramanga – onde fundou o jornal “La Prensa Evangélica” (1875) – e em El Socorro. No entanto, devido à difícil condição de saúde da esposa, o pioneiro presbiteriano teve que encerrar suas atividades no país em 1878, regressando aos EUA. A atuação de Pratt na Colômbia foi caracterizada pelo trabalho evangelístico, distribuição de literatura religiosa, educação pública e polêmica com o clero católico.

Até o começo do século 20, a Colômbia receberia outros missionários presbiterianos, mas o crescimento da igreja foi lento. Em 1916, existiam 27 obreiros americanos e 38 nacionais para cuidar de 14 igrejas, 398 comungantes e 8 escolas no país. Isso nos ajuda a entender porque somente em 1937 – 81 anos após o início do trabalho missionário – foi constituído o Sínodo da Igreja Presbiteriana. Após a organização do Sínodo, significativos avanços foram feitos. Em meados da década seguinte, havia 40 missionários fortemente envolvidos na educação de crianças e adultos, na coordenação de projetos agrícolas e no treinamento de líderes nativos. Boas escolas tinham sido estabelecidas em Bogotá, Medellín e em diversas cidades. Anos promissores nutriam os crentes de boas expectativas. Infelizmente, o cenário mudou drasticamente com a eclosão de “La Violencia”.
     
Esse período bastante crítico para todas as igrejas evangélicas no país (1948-1957) foi marcado por um sangrento conflito que deixou profundas marcas na sociedade colombiana. Basta lembrar que o grupo Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) se organizou após essa turbulenta fase que o país conheceu. Com a disputa de poder entre o Partido Liberal e o Partido Conservador, as igrejas protestantes sofreram cruel perseguição das forças envolvidas no conflito. A Igreja Católica contribuiu para isso, instigando ódio contra os “infiéis”. Mais de 25% dos templos evangélicos foram destruídos, 110 escolas foram fechadas, edifícios foram confiscados, crentes perderam seus bens, havendo mais de 70 assassinatos e também tortura e aprisionamento de tantos outros que sobreviveram. Esses anos testemunharam a fidelidade de muitos crentes ao Senhor, bem como o aumento expressivo de convertidos, a despeito das perdas materiais acumuladas pelas igrejas. Esse conturbado período terminou em 1957. Findado esse tempo de desordem e caos, os templos começaram a ser reconstruídos, escolas foram reabertas e a rotina foi retomada. Em 1959 a Igreja Presbiteriana da Colômbia se tornou independente da missão americana, em cumprimento ao Plano de Integração estabelecido em 1955. Nessa altura, a denominação tinha cerca de 18 mil membros, 23 igrejas e 17 escolas, sendo a mais influente delas o Colégio Americano.

No ano de 1982, sediado em Bogotá, foi criado o Seminário Presbiteriano da Grande Colômbia, que nasceu com o propósito de formar pastores não somente para o país, mas também para os vizinhos Venezuela e Equador. Nessa altura, anos 80, já era evidente que o liberalismo teológico, o humanismo e a Teologia da Libertação tinham se tornado fortes influências no seio da denominação.  

O presbiterianismo na Colômbia se dividiu em 1993. Um grupo continuou a usar o antigo nome, Igreja Presbiteriana da Colômbia (Sínodo Presbiteriano), e o outro formou a Igreja Presbiteriana Reformada da Colômbia (Sínodo Reformado). Ambos professam os Documentos de Westminster como padrão doutrinário, não obstante ordenarem mulheres ao pastorado e serem membros do Concílio Mundial de Igrejas (WCC). Existem outros grupos presbiterianos no país, menores em número de membros em relação aos dois acima referidos: Igreja Presbiteriana Cumberland (de origem americana), Igreja Evangélica Reformada da Colômbia (missão coreana) e a Igreja Presbiteriana Betânia da Reforma. Estima-se que todos os seguimentos reúnam por volta de 15 mil presbiterianos.

2.2 Chile13
O estabelecimento do protestantismo no Chile se deve ao trabalho do Rev. David Trumbull (1819-1889). Ele foi enviado ao país pelas Sociedade Evangélica Estrangeira, Sociedade Americana de Amigos dos Marinheiros e Sociedade Bíblica Americana. Sua ida foi uma resposta à solicitação dos imigrantes de fala inglesa de Valparaíso para que um pastor lhes fosse designado, a fim de que atendesse a eles e pregasse aos nativos. Trumbull, que era congregacional, havia se graduado na Universidade de Yale (1842) e no Seminário de Princeton (1845).

Recém-ordenado, desembarcou em Valparaíso no dia 25 de dezembro de 1845. Além do serviço pastoral e da capelania, Trumbull estendeu seu raio de atuação à imprensa – editou jornais em inglês e em espanhol -, à defesa dos direitos civis – casamento e cemitério para acatólicos – e à educação secular – fundou a Escuela Popular de Valparaíso (atual Colegio Presbiteriano David Trumbull). Devido à sua iniciativa, foi organizada a Sociedade Bíblica de Valparaíso (1861). A vinda do Rev. Nataniel Gilbert, que se instalou em Santiago (1862), foi um significativo reforço. Após 1866, mais missionários chegaram. Dois deles foram o Rev. Alejandro Merwin, que se uniu a Gilbert, e o Rev. Sylvanus Sayre, que foi para Talca. Nessa fase foram organizadas a Primera Iglesia Evangélica Chilena, em Santiago (1868), e a Iglesia Evangélica Chilena, em Valparaíso (1869). Importantes acontecimentos se deram nos anos seguintes. Em 1871 foi ordenado o primeiro pastor chileno: José Manuel Ibáñez Guzmán. Pouco tempo depois, sucedeu algo inusitado, a saber, a transferência de toda a obra da Sociedade Evangélica Estrangeira (SEE), com seus pregadores e campos, para a Junta de Missões da Igreja Presbiteriana dos EUA. Isso se deu em 1873, devido às dificuldades financeiras enfrentadas pela SEE. Digno de nota é que, com exceção de Trumbull e Gilbert, congregacionais, os demais missionários que tinham sido enviados eram presbiterianos. Surgia, assim, a Iglesia Presbiteriana de Chile (IPCh). A Primera Iglesia Evangélica Chilena passou a ser Primera Iglesia Presbiteriana e a Iglesia Evangélica Chilena se tornou Iglesia Presbiteriana de Valparaíso. No transcurso dessa década foram alcançadas as cidades de Concepción, Copiapó e Tocopilla. O Presbitério do Chile – formado pelas igrejas de Santiago, Valparaíso e Concepción e ligado ao Sínodo de Nova Iorque – foi organizado em 1883, mesmo ano em que o Seminário Presbiteriano foi aberto. Em resumo, falecido o missionário pioneiro (1889), os alicerces estavam lançados. A multifacetada atuação de Trumbull no país, como pastor, polemista, defensor dos direitos civis e educador, deu-lhe notoriedade e respeito, fazendo com que obtivesse a cidadania chilena. Sua vinculação à maçonaria, sendo inclusive Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja de Massachussets no Chile (1876-1889), também contribuiu para o êxito de suas conquistas.

Até meados da década de 20, o crescimento da denominação foi lento, porém contínuo. As estatísticas para o ano de 1930 mostram 24 comunidades (igrejas e congregações), 31 missionários, 14 pastores chilenos e 1392 membros comungantes. Havia igrejas no norte (Tocopilla e Copiapó) e na região central (Santiago, Valparaíso, Viña del Mar, Rancagua, Curicó, Concepción e Chillán). Foram organizadas a Liga Feminina Evangélica (1923), a Federação da Juventude Presbiteriana (1932) e, mais tarde, a Federação de Homens Presbiterianos (1950).
 
Entre 1925 e 1940, a Igreja Presbiteriana do Chile (IPCh) experimentou uma fase de estagnação. O liberalismo teológico abraçado pela maioria dos missionários, atitudes corporativistas tomadas por uma parcela deles, diferenças culturais com os nativos, baixo salário dos pastores nacionais e divergências relacionadas à administração do campo fizeram com que o referido período fosse marcado pela frieza espiritual. Esse foi o cenário que fomentou a era dos cismas no presbiterianismo chileno (1944-1972). Em 1944, um grupo se desligou da IPCh e fundou a Iglesia Presbiteriana Nacional de Chile (IPNA). Os efeitos da controvérsia modernista-fundamentalista, o desejo de uma igreja menos dependente do exterior, a maçonaria e, principalmente, o surgimento do Grupo de Acción Evangélica (1941) – movimento de valorização da ortodoxia bíblica, em oposição ao crescente liberalismo -, foram os fatores que deram origem à IPNA. A ala mais conservadora entre os missionários se uniu à nova igreja, ficando na IPCh os menos conservadores e liberais. Com a divisão, a IPCh sofreu uma considerável baixa: 6 igrejas e 900 membros. Mais do que numérica, a perda foi qualitativa. A grande maioria dos membros que saíram era constituída pelos mais ativos, mais dedicados e também mais fiéis na contribuição financeira. Infelizmente, a organização da IPNA não esgotou os problemas existentes e, em 1960, foi organizada a Iglesia Presbiteriana Fundamentalista Bíblica (IPFB), oriunda da IPNA e que se ligou ao movimento de Carl McIntire. Mais recentemente, no ano 2000, 6 pastores foram expulsos da IPNA por motivos doutrinários. Eles organizaram a Iglesia Presbiteriana Filadélfia.

A IPCh se tornou autônoma em 1964, quando se desligou da missão americana e organizou o Sínodo Presbiteriano. Na época liderada por Horacio González Contesse (1903-1988), principal nome da denominação na segunda metade do século 20, a independência eclesiástica era um anseio de grande parte dos pastores e presbíteros chilenos. O processo de saída dos americanos havia começado na década de 50 e se estendeu até os anos 70. Através da COEMAR (Comissão de Missões e Relações Ecumênicas), órgão da igreja americana, fora decidido o envio de ministros brasileiros para assumir as igrejas cujo pastorado estava vago, haja vista que o reduzido número de obreiros nativos. Foi nesse contexto que a primeira leva de pastores da IPB desembarcou no país. De meados da década de 50 até 1967, por lá trabalharam Anísio Saldiba, Rubem Alberto de Souza, Nephtali Vieira Júnior, Odayr Olivetti, João Emerick de Souza e Sílvio Pedrozo. Vale lembrar que o primitivo Seminário teve vida curta (1883-1898). Sem uma casa de profetas, os poucos candidatos da IPCh eram enviados para seminários de outras denominações. Recorreu-se, também, à ordenação de presbíteros regentes ao sagrado ministério. Em meio a essas condições, a denominação não conseguiu retomar o crescimento. Pelo contrário, continuou se dividindo. Alguns pastores entraram em conflito com Horacio G. Contesse e se desligaram da IPCh, contabilizando mais dois rachas: em 1968 saíram a 3ª IP de Santiago, que passou a se chamar Iglesia Evangélica Presbiteriana “La Unión Cristiana”, e a Iglesia Presbiteriana de Talca; maior e mais prejudicial foi a dissidência que resultou, em 1972, na Iglesia Evangélica Presbiteriana (IEPCh). Essa denominação, em anos recentes, contou com pastores da IP Independente do Brasil em seus quadros (Celso Cézar Machado, Jefferson Caldeira e Valdecir Fornel).

Nas últimas décadas do século, a estagnação se manteve e a IPCh deu sinais de cansaço e declínio. Segundo o Rev. Odayr Olivetti, que foi missionário em Concepción e Santiago (1961-1965), “a principal causa da estagnação do presbiterianismo chileno e das divisões é a mortal influência do modernismo teológico que impregnou o Sínodo de Nova Iorque, ao qual pertencia o Presbitério do Chile”. O fato é que, por mais que tenham existido homens e mulheres comprometidos com Deus, igrejas sofreram com a diminuição de membros e muitos filhos de crentes não conheceram ao Senhor, deixando a igreja. Um dado que ilustra esse difícil período é que, na capital do país, se passaram 47 anos sem que fosse organizada uma igreja. Essa situação de decadência fez com que, no fim dos anos 90, alguns líderes e membros se reunissem semanalmente para orar e discutir o futuro da denominação. Disso resultou uma proposta ao Sínodo, a fim de que a IPCh pudesse reencontrar o caminho do crescimento. Foi definido um plano de ação, embrião do atual “2025: 50 iglesias y 50 pastores”. O plano reconhecia a necessidade de pastores de tempo integral, da plantação de novas igrejas e da criação de um seminário teológico. Decidiu-se, então, contar com a ajuda de pastores brasileiros.

Era essa a situação da IPCh quando o Rev. Rosther Guimarães Lopes, o primeiro deles, chegou ao país em 2001. O bom trabalho por ele realizado à frente da Iglesia Presbiteriana Cristo Mi Pastor fez com que, rapidamente, outros brasileiros fossem para o Chile. Desde então, pelo despertamento da liderança nativa, pela contribuição dos pastores da IPB e devido à boa preparação ministerial de uma nova safra de pastores chilenos, a denominação tem passado por um processo de revitalização. Com a criação do Seminário Presbiteriano José Manuel Ibáñez Guzmán em 2001, a mão de obra nacional tem sido capacitada. Outros têm-se formado em Seminários da IPB. A IPCh tem vivido um novo tempo. Voltou a sonhar. Nos últimos 10 anos foram organizadas três igrejas em Santiago e uma em Temuco, havendo 10 congregações em funcionamento. Os pastores enviados pela IPB que atuaram ou têm atuado nessa fase são: Rosther Guimarães Lopes, Gidélcio Ferreira Lola, Leandro de Almeida Pinheiro, Fábio Bezerra Lima, João Marcos Rocha, Cleto Nunes de Souza, Pedro Nunes Lino, Samuel Santos Bezerra, Danillo Scarpelli Dourado, João Petrecelli, Amós Cavalcanti Pereira Farinha, Rolando Antonio Zapata Rojas, Marcelo Rocha, Ronaldo Roque Dourado (missionário da APMT), Heiler Maciel, Geovane Martins (evangelista), Marcone Bezerra Carvalho e Rui Pereira Lima.

Existem outras denominações presbiterianas no Chile. São elas: Iglesia Presbiteriana Unión Coreana (1979) e Iglesia Presbiteriana Coreana (1982), ambas voltadas para os imigrantes e descendentes coreanos; Iglesia Presbiteriana de América (IPA), que conta com um pastor egresso da IPB, Egimar Ribeiro Oliveira; e a Iglesia Presbiteriana Bíblica, surgida em 2002, dissidência da IPFB. Acredita-se que todos os presbiterianos do país reúnam em torno de 5 mil pessoas.

2.3 Brasil14
No dia 12 de agosto de 1859, o patriarca do presbiterianismo nacional, Rev. Ashbel Green Simonton, desembarcou no Rio de Janeiro. Antes dele, um compatriota seu, Rev. James Cooley Fletcher, havia dado assistência religiosa a norte-americanos e europeus na mesma cidade.

Simonton pertencia à Igreja Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos (PCUSA). Anos depois, em 1869, George Nash Morton e Edward Lane, pastores da Igreja Presbiteriana do Sul dos Estados Unidos (PCUS), instalaram-se na região de Campinas. Os missionários dessas duas igrejas, com os pastores brasileiros por eles ordenados, uniram-se e organizaram o Sínodo Presbiteriano em 1888.

Como sabemos, a Igreja Presbiteriana do Brasil não é a única denominação presbiteriana em nosso país. Conheçamos, portanto, um pouco das demais igrejas que compõem o quadro de presbiterianos e reformados no Brasil.15

Igreja Presbiteriana Independente. Organizada em 1903 e sem vinculação com igrejas estrangeiras, o movimento nacionalista foi liderado pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira, que entrou em conflito com o Sínodo da IPB em torno das questões missionária, educacional e maçônica. Após o Congresso do Panamá (1916), a IPI aproximou-se da IPB e das outras igrejas evangélicas. A denominação possui, desde 1957, seu Supremo Concílio, que atualmente congrega 17 sínodos; um seminário em São Paulo; um órgão oficial, o jornal O Estandarte, fundado em 1893 e que circula até hoje. Nos anos 80, a IPI passou a contar com o trabalho dos missionários estrangeiros. Ordena mulheres ao diaconato, presbiterato e pastorado.

Igreja Presbiteriana Conservadora.
Fundada em 1940 pelos membros da Liga Conservadora, grupo que, sob a liderança do Rev. Bento Ferraz, saiu da IPI. Sua Assembleia Geral é composta por dois sínodos, que reúnem oito presbitérios. Possui um seminário em Riacho Grande, no município de São Bernardo do Campo (SP). Seu órgão oficial é O Presbiteriano Conservador (1940). Por alguns anos foi filiada à Aliança Latino-Americana de Igrejas Cristãs e à Confederação de Igrejas Evangélicas Fundamentalistas do Brasil. Com cerca de cem igrejas e congregações, a IPC está presente em dez estados da federação. Sua sede funciona em São Paulo.

Igreja Presbiteriana Fundamentalista.
Na década de 1950, Israel Furtado Gueiros, pastor da 1ª Igreja Presbiteriana de Recife, ligado ao Concílio Internacional de Igrejas Cristãs, liderou uma campanha contra o Seminário Presbiteriano do Norte sob a acusação de liberalismo teológico. Gueiros fundou outro seminário e foi deposto pelo Presbitério de Pernambuco em julho de 1956. Em 21 de setembro do mesmo ano, a IPFB foi organizada com quatro igrejas locais, que formaram um presbitério. A pequena denominação tem igrejas no Nordeste, na Amazônia e uma no sul do país. Há alguns anos, a igreja-mãe de Recife retornou à IPB. A denominação mantém relações com a Bible Presbyterian Church (EUA), dela recebendo apoio. 

Igreja Presbiteriana Renovada. Em meados dos anos 60 e 70, a influência do pentecostalismo fez com que pastores e seus respectivos rebanhos saíssem de suas denominações. Em 1968, um grupo oriundo da IPB organizou a Igreja Cristã Presbiteriana, em Cianorte, Paraná. Por sua vez, em 1972, um segmento separou-se da IPI para formar a Igreja Presbiteriana Independente Renovada, em Assis, São Paulo. Em 1975, os dois grupos se uniram, criando a Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil. A IPRB tem dois seminários, uma editora e, em 2013, contava com 52 presbitérios e 142 mil membros. Ordena diaconisas.

Igreja Presbiteriana Unida. A origem da IPU remonta à década de 70, quando ministros que discordaram da administração do Rev. Boanerges Ribeiro (1966-1978) deixaram a IPB. Surgiram, então, dois grupos dissidentes. Em 1974, membros do Presbitério de São Paulo criaram a Aliança de Igrejas Reformadas. Em 1978, foi criada a Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas (FENIP), em Atibaia (SP). Em 1983, na cidade de Vitória (ES), a FENIP adotou o nome de Igreja Presbiteriana Unida do Brasil. Essa igreja, como pode se depreender dos seus Princípios de Fé e Ordem, adota uma postura teológica liberal e pluralista. Ordena mulheres ao diaconato, presbiterato e pastorado.

Igrejas Reformadas do Brasil.
Trata-se de uma federação que reúne crentes reformados procedentes do Canadá e da Holanda, que iniciaram atividades separadas em nosso país nos anos 70. Os canadenses se estabeleceram em Pernambuco e Alagoas; os holandeses, no Paraná. No ano 2000, os dois grupos se uniram e adotaram o nome de Igrejas Reformadas do Brasil. Ao todo, entre igrejas e congregações, são 20 comunidades espalhadas pelos estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Ceará, Minas, Rio de Janeiro e Paraná. Possui um seminário, conta com pastores estrangeiros e nacionais e atua diretamente na evangelização dos brasileiros.

Igrejas Evangélicas Reformadas no Brasil
. Federação de igrejas formadas por imigrantes holandeses. A primeira comunidade foi estabelecida em 1911 na cidade Carambeí (PR). Por algum tempo, essa igreja esteve ligada ao Presbitério das Igrejas Reformadas na Argentina. 10 igrejas atualmente compõem essa federação (8 no Paraná e 2 em São Paulo).

Presbiterianos coreanos e outros.
Registramos também a existência, em alguns lugares do Brasil, de igrejas formadas pelos imigrantes coreanos e seus descendentes. Ora funcionando de maneira independente, ora integradas, elas reúnem em torno de dois mil membros. Outro caso a ser lembrado é o que diz respeito a congregações específicas que professam a fé reformada, como a Comunidade Cristã de Maringá, no Paraná, e a Igreja Presbiteriana de Cumberland, em Mata de São João (BA).

No último censo do IBGE (2010), o número de presbiterianos foi contado em 921.209. Passados cinco anos e levando-se em consideração outras denominações reformadas, talvez a cifra alcance hoje 1 milhão de fiéis.     

2.4 Venezuela16

A obra na Venezuela tem ligações históricas com a Colômbia. Em 1886, Heráclito Osuna, após ter vivido muitos anos em Bogotá, regressou à sua pátria. Por motivos políticos, ele tinha fugido para o país vizinho. Ali, por meio do Rev. Henry Barrington Pratt, Osuna e sua família se converteram, tornaram-se membros da IP de Bogotá, sendo ele ordenado presbítero (1878). Com a mudança de governo na Venezuela, a família deixou a Colômbia e se instalou em Caracas. Logo o lar deles se transformou em uma pequena congregação. Como a esposa e as filhas eram educadoras, a família Osuna fundou, em 1896, a primeira escola protestante da Venezuela: o Colégio Americano. Essa instituição, que foi assumida pela missão presbiteriana em 1921, introduziu várias inovações no sistema educacional do país. Ademais, suas dependências serviram para o funcionamento de classes de escola dominical e para a realização de cultos. Foi essa situação que o Rev. Theodore Strong Pond (1838-1923) e sua esposa Julia (1846-1922) encontraram quando se estabeleceram na cidade em 1897.

O casal Pond vinha da Colômbia, onde vivia desde 1890. Rev. Theodore era um experiente missionário, que havia servido por 21 anos na Síria antes de desembarcar na América do Sul. Bem preparados academicamente, americanos, Theodore (que havia se doutorado na Universidade de Berlim) e Julia (especialista na criação de indústrias caseiras) estavam familiarizados com a língua e a cultura locais. A iniciativa de mudar-se para a Venezuela foi uma decisão deles, sendo posteriormente apoiada pela Junta de Missões da IP dos EUA. Junto com a família Osuna e outros crentes, Theodore e Julia organizaram a primeira igreja (Iglesia Presbiteriana El Redentor) em 1900, a qual conseguiu seu templo em 1912. Atenção especial foi dada à obra educativa, sendo consolidado o Colégio Americano e inaugurado um instituto bíblico para preparar a mão de obra nacional. Theodore também fundou uma editora, tendo em vista a publicação de literatura religiosa. Por sua vez, Julia liderou as irmãs venezuelanas em obras de ação social, saúde pública e evangelização. Ela organizou o grupo “As mulheres da Bíblia”. Como missionários, Theodore e Julia trabalharam sozinhos até 1912, quando o segundo casal chegou (Frederick F. Darley e Mary W. Darley). O primeiro pastor venezuelano, Rev. Benjamín Roldán, foi ordenado em 1915. Outros dois ministros foram ordenados por Theodore: Andrés Key e Carlos Nash. Com a saída dos missionários pioneiros (1921), o instituto bíblico foi fechado. A denominação ficou desprovida na área da educação teológica.

No transcurso das décadas, os desafios para o crescimento da Igreja Presbiteriana em solo venezuelano foram grandes. Um deles foi o contexto sociopolítico da nação. De 1908 a 1935, o país foi dirigido pelo ditador Juan Vicente Gómez. A repressão à liberdade civil caracterizou seu governo. Após Gómez, a Venezuela experimentou uma fase de instabilidade política. O período de 1936 a 1958 ficou marcado por golpes de estado, disputas partidárias e revoltas militares, o que culminou com outra ditadura, a de Pérez Jiménez (1952-1958). Além disso, os protestantes tiveram que enfrentar a oposição do clero romano. Essas dificuldades fizeram com que a Junta Missionária considerasse a possibilidade de encerrar o trabalho na Venezuela. Com poucos missionários, recursos financeiros escassos e tendo que sobreviver em um ambiente conturbado, a obra presbiteriana ficou, até meados da década de 50, restrita à capital e suas imediações. O Presbitério da Venezuela, que fora organizado em 1946 com 3 pastores nacionais, três presbíteros e 5 missionários, contava, em 1952, com 7 igrejas (4 em Caracas, 1 em Guarenas, 1 em Santa Bárbara e 1 em Barlovento) e 450 membros.

Nessa década foi estabelecido o “Plano Quinquenal”, visando a autonomia administrativa e a independência econômica da IP da Venezuela. Em 5 anos, a denominação deveria caminhar com as próprias pernas. Dentre as medidas tomadas, registramos: o fortalecimento das igrejas e congregações existentes; a conscientização dos crentes sobre seu papel na igreja e na sociedade; a edificação de 3 templos; a criação do jornal El presbiteriano; e a anexação do Presbitério da Venezuela ao Sínodo da Colômbia. Nessa mesma época, os Revs. John Sinclair e Robert Seel se envolveram com os jovens, a fim de prepará-los para testemunhar sua fé no ambiente universitário. Em 1955, três estudantes que haviam estudado no Seminário de Matanzas, em Cuba, regressaram ao país. Outros foram enviados para estudar no Brasil (Claudio González e Juan Chipamo) e Estados Unidos (Edgar Moros Ruano). Essa fase de nacionalização da obra presbiteriana coincidiu com um cenário político agitado e tenso na vida da nação. Nos últimos meses de 1957, estudantes universitários, sindicalistas e setores das Forças Aéreas e da Marinha se levantaram contra a ditadura vigente. Com a queda de Pérez Jiménez, o processo democrático foi instaurado (Quarta República: 1958-1998). Um missionário que testemunhou esse tempo, escreveu: “Também se viram mudanças notáveis na vida da Igreja Presbiteriana da Venezuela”.

Uma das novidades foi a decisão de receber “obreiros fraternais”, isto é, ministros presbiterianos de outros países convidados para pastorear igrejas locais. Um deles foi o Rev. Joás Dias de Araújo (1938-2003), pastor da IPB.
Ele e sua esposa Josefina Maria Homem de Mello viveram em Maracaibo, a 700 km de Caracas, durante 4 anos (1962-1965). Joás assumiu o pastorado da pequena igreja. O casal foi bem recebido e se integrou rapidamente à congregação. “Encontramos na Venezuela uma igreja estruturada aos moldes da IP da América do Norte… nela havia diaconisas, presbíteras e, mais tarde, pastoras. A atuação das mulheres era muito forte. O ministério feminino fazia a diferença na liderança da igreja. Naquela época, não havia nenhum pastor de nacionalidade venezuelana. A IPV exercitava o dízimo”, relata a irmã Josefina Araújo. Na década de 90, outros dois pastores brasileiros trabalharam na Venezuela. O Rev. Humberto Arisa de Oliveira, hoje missionário da APMT na Itália, atuou, de 1994 a 2002, em Uracoa, Caracas e Guarenas. De 1999 a 2001, o Rev. Marcos Martins pastoreou em Maracaibo e organizou a IP de San Francisco.  

A partir dos anos 60, a denominação contou com pastores da Colômbia, Guatemala, Costa Rica, Porto Rico, Chile e Brasil. A desvinculação entre a IPV e a missão estrangeira aconteceu em 1961. Quanto à presença dos missionários americanos no campo, os últimos permaneceram até 2002 (um casal) e 2003 (uma missionária). Aspecto digno de menção na história da IPV é o envolvimento dos membros na vida da igreja.  

No que se refere à teologia, sobretudo dos anos 60 em diante, a IPV vem sendo atingida pelo liberalismo. Em 1972 foi aprovada a ordenação de mulheres ao pastorado. A teologia da libertação, o esquerdismo político e o pentecostalismo ocasionaram a perda de muitos membros nas décadas de 70 e 80. Em 1983, a Iglesia Presbiteriana El Redentor, a mais antiga, desligou-se e se manteve independente da denominação até bem recentemente.

Atualmente a IPV conta com 2 presbitérios (Ocidental e Central), 1 sínodo, 18 pastores(as), 12 igrejas, 5 congregações, 2 colégios em Caracas (Americano e Luz y Vida) e cerca de 800 membros. Essa pequena denominação continua enfrentando grandes lutas. Ela tenta sobreviver, manter-se de pé diante dos problemas internos (identidade, incapacidade de reação, recursos limitados, etc.) e externos (Chavismo vigente desde 1999). Segundo o pastor Edgar M. Ruano, o maior desafio que a IPV tem “é o de levantar a voz profética e crítica, apontando o mal da polarização que vive nosso país nesses momentos de violência e intolerância, de guerra econômica e psicológica que aterroriza nosso povo”.

Existe outra denominação que se apresenta como herdeira da tradição calvinista. É a Iglesia Reformada en Venezuela (IRV), que tem vínculos com a Igreja Reformada da Holanda e, diferentemente da IPV, é conservadora em sua teologia e ação. Essa pequena denominação se originou na década de 80 e tem congregações em Barquisimeto, Quíbor, Acarigua e Maracaibo, que reúnem por volta de 350 membros.         

2.5 Peru17
O pioneiro esforço para o estabelecimento da fé reformada foi empreendido pela Free Church of Scotland (Igreja Livre da Escócia), em três frentes: educativa, eclesiástica e social. Em 1916, o Rev. John Alexander Mackay desembarcou em Lima. Ele e sua esposa, Janes Logan, fundaram o Colegio Anglo Peruano (hoje Colegio San Andrés). Formado pela The University of Aberdeen, Mackay já tinha feito estudos de pós-graduação nos EUA e em Madrid, Espanha. Após se doutorar no Peru (Universidad de San Marcos, 1919), passou a lecionar na referida instituição, vindo a gozar de grande prestígio junto à sociedade limenha. A atividade eclesiástica, caracterizada pela evangelização direta, foi iniciada na Cordilheira dos Andes, em Cajamarca, região norte do país, pelo Rev. Calvin Mackay e sua esposa, Raquel. O casal se instalou ali em 1921. Além da pregação, foram desenvolvidos ministérios nas áreas educativa (escola) e hospitalar (clínica). Esse último esteve sob a responsabilidade da médica-missionária Sarah MacDougall, cujo ministério (1922-1955) será para sempre lembrado na cidade (seu nome foi dado a uma escola e a uma das ruas). A obra prosperou, e Cajamarca se tornou a base da missão. Por sua vez, em Moyobamba – e depois em Lamas -, as enfermeiras Annie Soper e Rhoda Gould doaram-se ao trabalho social na selva peruana.

Nos anos seguintes, os missionários da Free Church of Scotland alcançaram outros pontos do território andino. Assim, em 1963, foi organizada a Igreja Evangélica Presbiteriana do Peru (IEPP). Os poucos pastores nativos eram formados no Seminário Evangélico de Lima (SEL) ou eram leigos ordenados. Fato importante é que, em 1977, a Igreja Reformada da Holanda passou a ajudar a IEPP, investindo financeiramente na educação teológica e também enviando missionários.

A segunda investida dos presbiterianos no Peru foi feita pelos missionários americanos. Em 1937, o Rev. Alonzo David Hitchcock e sua esposa, Bessie L. Hitchcock, instalaram-se em Ayacucho, na Cordilheira dos Andes, no sul do país. Eles foram enviados pela Junta Independente de Missões Presbiterianas Estrangeiras (IBPFM, em inglês) e permaneceram na região até 1945. A IBPFM havia sido criada em 1933 e, após 1937, passou a pertencer à Bible Presbyterian Church. A missão americana priorizou a evangelização dos Quéchuas, e desenvolveu um importante trabalho de tradução da Bíblia, tendo também produzido um hinário na língua quéchua. Devido à forte oposição da Igreja Católica em Ayacucho, entre 1942 e 1943, a base missionária foi transferida para Huanta, onde funcionou um Instituto Bíblico. Nos anos e décadas seguintes, com a chegada de novos obreiros, o evangelho alcançou as cidades de Huancavelica, Abancay, Cuzco e diversos povoados nas margens do Rio Apurímac. Vale mencionar que a área de atuação desses obreiros era indígena, rural e de difícil acesso, o que requeria grande esforço de comunicação entre eles, situação que ensejou a criação da Rádio Cultural Amauta, nos anos 60. Essa missão deu origem à Igreja Presbiteriana Nacional do Peru (IPNP), organizada em 1971.

Na década de 80, foram iniciadas conversações para a unificação das duas igrejas, IEPP e IPNP. O sonho acalentado por muitos virou realidade em janeiro de 1995, com a criação da Iglesia Evangélica Presbiteriana y Reformada en el Perú (IEPRP), que, em 1997, tinha 136 igrejas e por volta de 15 mil membros. A existência dessa denominação é um testemunho da graça de Deus sobre todos que labutaram e enfrentaram inúmeros desafios no país, tais como: a diversidade do território peruano; a oposição da Igreja Católica; a evangelização em duas línguas (espanhol e quéchua); as diferenças entre as missões escocesa e americana; a proibição, por parte do governo, do ingresso de novos missionários em meados dos anos 70 e 80; o terrorismo do grupo Sendero Luminoso; e a dificuldade de preparar teologicamente a mão de obra nacional.

Ainda existem missionários estrangeiros em atuação. Nos dias de hoje, trabalham no Peru obreiros (as) da Presbyterian Church in America (PCA), Presbyterian Church (PCUSA), Free Church of Scotland (FCS), Gereformeerde Zendingsbond – GZB (Liga Missionária Reformada, da Holanda), presbiterianos coreanos e um casal da IPB (Jairo I. Rodrigues e Kênia Oliveira de S. Rodrigues). Dois pastores peruanos, Revs. Josué Yupangui Jaurengui e Elmer Victor Laura Quiñones, estão vinculados à Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT).
    
2.6 Paraguai18
O primeiro esforço de evangelização feito pelos calvinistas aconteceu no início do século 20. Por volta de 1909, o presbiteriano escocês James Hannen atuou entre os povos guaranis, tendo recebido apoio da Iglesia Presbiteriana San Andrés (Argentina). Nada se conhece dos frutos de seu ministério, mas ele esteve ali por algum tempo.

Existem duas Igrejas Presbiterianas no país: a Iglesia Presbiteriana en el Paraguay (IPP), missão brasileira, e a Iglesia Presbiteriana y Reformada en el Paraguay (IPRP), missão coreana.

A IPP é filha da Igreja Presbiteriana do Brasil. Em 14 de julho de 1968, uma comitiva da JME visitou a cidade de Concepción. Ali foi realizado o primeiro culto em nome da JME/IPB, ocorrido na casa de Teófilo Dominguez. O Rev. Odayr Olivetti pregou a mensagem “Deus quer falar com você”, baseada em Apocalipse 3.20. Quanto ao primeiro missionário, foi escolhido o seminarista Evandro Luiz da Silva. Ao ouvir seu sermão de prova, alguns meses após a visita ao Paraguai, o Rev. Odayr, que lecionava no Seminário Presbiteriano do Sul (SPS), concluiu: “o homem é esse!”. Assim, ao longo do último ano de estudos (1969), Evandro levantou recursos visitando nossas igrejas e foi algumas vezes a Concepción para se familiarizar com o campo.

Em janeiro de 1970, já ordenado, Evandro e sua esposa Maria de Lourdes se instalaram na cidade. Sua atuação foi caracterizada pelo pioneirismo. Ao longo dos quatro anos de residência no país, ele plantou a igreja de Concepción e iniciou as congregações de Belén e Kilómetro 15. Nessa última houve a conversão de um curandeiro e toda sua casa. Dessa família sairiam os dois primeiros pastores paraguaios. Como estratégia de evangelização, o Rev. Evandro usou o futebol e envolveu-se grandemente com o escotismo, fato que lhe abriu portas na sociedade. Sua esposa desenvolveu trabalho de artesanato com as mulheres da região, e também se utilizou da música.

Para substituir o Rev. Evandro, a JME enviou o Rev. Silas Augusto Tscherne (1974-1978). Com ele a obra em Concepción foi consolidada, as congregações de Belén e Kilómetro 15 foram atendidas, foi aberta mais uma congregação (Hugua Ribas) e houve assistência a uma colônia brasileira em Yby Yaú. Após o Rev. Silas, assumiu o campo o Rev. Sebastião Silvestre (1979-1980). Em seu ministério, foram ordenados os primeiros presbíteros e diáconos. De 1981 a 1983, a igreja não contou com qualquer missionário residente, período durante o qual o Presb. Juan Andrés Erben cuidou dos trabalhos na sede e nas congregações. O Rev. Esdras Eller, pastor em Ponta Porã (MS), deu assistência pastoral.

A partir de 1984, foi iniciada uma nova fase: a participação dos paraguaios na liderança da missão. Em janeiro desse ano, foi ordenado ao sagrado ministério, pelo Presbitério de Dourados (MS), após cursar o bacharelado em teologia no SPS, Buenaventura Giménez López. Até 1987, o Rev. Buenaventura pastoreou a igreja e as congregações de Concepción. Em 1984 e 1985, ele foi auxiliado pelo Rev. Daniel dos Santos. No segundo semestre de 1987, o Rev. Buenaventura se mudou para San Lorenzo, nas imediações da capital, iniciando em seguida (1988) a obra presbiteriana. Nesse mesmo ano, com a ordenação do segundo pastor paraguaio (1987), Rev. Eulogio Giménez López, irmão do Rev. Buenaventura, que também fez seu curso teológico no SPS, um significativo reforço foi agregado à missão. Ele passou a cooperar com Buenaventura em San Lorenzo. No final do ano seguinte (1989), ele assumiu a liderança nessa localidade, uma vez que Buenaventura iniciou a plantação de uma igreja na capital Asunción. 

Em 2007, a missão no Paraguai ganhou autonomia. A semente lançada em 1968 pela JME cresceu e resultou na Iglesia Presbiteriana en el Paraguay (IPP), organizada pela Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT). Deus usou os presbiterianos brasileiros para que o evangelho alcançasse os paraguaios e permitiu que o referido campo fosse uma escola para IPB e vários de seus missionários. Atualmente a IPP conta com 5 igrejas (Concepción, San Lorenzo, Colonia 25 de Abril, Asunción e Santa Rita), 3 congregacões (Belén, Hugua Ribas e Pedro Juan Caballero) e cerca de 250 membros maiores.

Outra denominação presbiteriana no país é a Iglesia Presbiteriana y Reformada en el Paraguay (IPRP), que está ligada à Korean Presbyterian Church of America (EUA). Suas origens remontam à década de 70, quando imigrantes coreanos estabelecidos em Asunción passaram a realizar cultos tendo em vista a preservação de sua fé. O nome Iglesia Presbiteriana y Reformada en el Paraguay foi adotado em 1993. A IPRP tem cerca de 2500 membros (coreanos e paraguaios), 21 igrejas e mantém o Seminário Presbiteriano Reformado del Paraguay.

2.7 Bolívia19
O estabelecimento de missões presbiterianas remonta à década de 80, quando coreanos e brasileiros iniciaram atividades nesse país que tem mais da metade de sua população composta por indígenas de diferentes etnias.
Em 1982, no contexto da celebração do primeiro centenário do presbiterianismo na Coreia, uma das principais denominações enviou o Rev. Eun Shil Chung. No ano seguinte, outro missionário desembarcou em solo boliviano, Rev. Chong-Moo Park. No transcurso dos anos, com a chegada de mais obreiros asiáticos, a obra evangelística foi estendida a outras regiões. Contudo, devido às dissensões, hoje existem várias denominações presbiterianas: Iglesia Evangélica Presbiteriana en Bolivia, Iglesia Evangélica Presbiteriana Boliviana,  Iglesia Presbiteriana Coreana, Iglesia Evangélica Presbiteriana, dentre outras. Ao todo, são mais de 50 comunidades locais, estando a maioria delas sediada nas cidades de Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra. Nessa última, a mais populosa do país, a missão iniciada pelo Rev. Eun Shil Chung estabeleceu sua base. Ali existe uma igreja que congrega mais de 1000 membros, um seminário teológico e a Universidad Cristiana de Bolivia (UCEBOL), organizada em 1990, que atualmente oferece 11 cursos de graduação e dois de mestrado. 

A investida brasileira começou em 1988, em Cochabamba, através do Rev. João Carlos de Paula Mota. Esse missionário permaneceu no país até 2002 e, sob sua liderança, a missão da IPB conseguiu bons frutos, chegando a ordenar pastores nativos e a organizar, em 1998, o Presbitério da Bolívia (PBOL). Infelizmente, nos últimos tempos, o crescimento não se manteve e, nesse momento, a Iglesia Presbiteriana en Bolivia experimenta uma fase difícil. Segundo o Rev. Geraldo Batista Neto, que desde janeiro de 2012 responde pela IP de Puerto Suárez, a obra da IPB no país pode ser dividida em antes e depois dos pastores João Mota e Joel Veríssimo. “Na época desses homens, o presbiterianismo na Bolívia era mais forte, tínhamos pastores presbiterianos bolivianos e chegou-se até a formar um presbitério… hoje se resume a duas igrejas (P. Suárez e Quillacollo), dois pastores nativos e 120 membros.”

Além do esforço da IPB, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil mantém um missionário no sul do país. O Rev. Eliézer de Lima Pinheiro desembarcou na cidade de Tarija em janeiro de 2012. Ele dirige uma congregação que reúne cerca de 40 pessoas. Seu ministério tem enfatizado o treinamento de jovens (em evangelização e liderança eclesiástica) e o desenvolvimento de ações sociais (conscientização acerca das drogas, sexo e bebida; trabalho com crianças carentes; orientação familiar; apoio a mães solteiras e a adolescentes grávidas). Para ele e sua família, os grandes desafios são o catolicismo – que se mescla às tradições locais -, a pobreza que caracteriza o lugar e o preconceito para com a causa evangélica. 

Na capital, La Paz, existem pelo menos quatro igrejas, que não possuem vínculos entre si: IP Coreana, IP Dios es Amor, Iglesia Presbiteriana Independente Luz y Verdad e Iglesia Presbiteriana Biblica. Essa última, com mais de 100 membros, é uma comunidade ligada à Iglesia Presbiteriana Fundamentalista Biblica do Chile. Sua origem remonta aos anos 70, quando o Rev. Abdon Quisbert deu início às atividades. Desde 1993, a igreja é pastoreada por seu filho, o Rev. David E. Quisbert.
Estima-se que todos os grupos presbiterianos no país reúnam por volta de 5 mil membros.

3. Igrejas que estão por ser estabelecidas
3.1 Equador20

Ao longo do século 20, presbiterianos norte-americanos participaram de projetos interdenominacionais ou cooperativos, tais como La Voz de los Andes, Misión Andina Unida Indígena e Iglesia Evangélica Unida del Ecuador. Contudo, foi somente na década de 90 que houve um esforço para se implantar a Igreja Presbiteriana/Reformada em solo equatoriano.  

A partir de 1991, missionários da Presbyterian Church in America (PCA) começaram a trabalhar no país. Desse ministério resultou a organização do Presbitério da Iglesia Reformada Presbiteriana del Ecuador (IRPE), atualmente composto pelas igrejas San Marcos, San Pablo e Palabra Viva, todas na capital, Quito. A IRPE também possui uma congregação em Mondayacu, na região amazônica. Infelizmente, com a saída dos americanos, essas igrejas têm enfrentado dificuldades para se manter.

Na mesma década, após 1995, começaram a desembarcar no Equador os missionários holandeses. Enviados pela Zending Gereformeerde Gemeenten (Missão das Igrejas Reformadas), eles formaram a Misión Holandesa Maranatha (MHM) e estão presentes nas cidades de Guayaquil, Portoviejo, Machala e Quevedo. Segundo o pastor Jan-Henry Seppenwoolde, a atuação dos obreiros da MHM acontece em lugares muito pobres, nos quais o analfabetismo e as drogas são os maiores desafios. Por conta desse contexto, a obra desenvolvida pelos reformados europeus abrange trabalho eclesiástico e projetos de ação social.

Esses dois grupos (IRPE e MHM) constituem as principais iniciativas de implantação da fé reformada no Equador. Fora essas, existem comunidades de persuasão calvinista que funcionam de maneira independente. 

Em Quito: Iglesia Reformada Unida Luz de Vida, vinculada à United Presbyterian Church, dos EUA; Iglesia Cristo Vive, outrora integrante do Presbitério da IRPE; Iglesia Reformada de La Gracia; Iglesia Cristo Redentor; em Guayaquil: Iglesia Reformada Presbiteriana Gracia Eterna; Iglesia Betania, comunidade bilíngue (espanhol e quéchua).

Na cidade de Loja, ao sul do país, existe uma congregação liderada pelo pastor Oswaldo Luna Delgado, ex-padre da Igreja Católica. Essa pequena igreja recebe apoio da Primera Iglesia Presbiteriana Reformada Conservadora, de Rivera (Uruguai), e da Orthodoxy Presbyterian Church (OPC), dos EUA.

Além das igrejas, a fé reformada têm sido promovida pelo Centro Reformado de Estudios Teológicos (CRETE). Essa instituição, que trabalha em parceria com o Miami International Seminary (MINTS), oferece cursos de graduação e pós-graduação. Sediado em Quito, o CRETE tem por volta de 60 alunos e mantém um programa de educação a distância, ora recebendo alunos na sede, ora enviando professores às demais regiões do país. Esse centro de ensino tem cultivado boas relações com a Misión Holandesa Maranatha e tem contado com o apoio de obreiros estrangeiros. O casal canadense Fred & Arlene Jonkman, missionários da Free Reformed Church of North America, tem dado importante ajuda à casa.

3.2 Uruguai21 
A obra calvinista no Uruguai é o mais recente esforço empreendido no continente. Trata-se, ao lado da Guiana Francesa, da nação mais secularizada da América do Sul. Quatro entre dez uruguaios são ateus ou agnósticos. Outro desafio é o desconhecimento da população acerca da fé reformada, pois é a primeira vez que a Igreja Presbiteriana se apresenta à sociedade. Existem duas pequenas igrejas no país: a 1ª Iglesia Presbiteriana Reformada Ortodoxa (IPRO), em Rivera, na fronteira com o Brasil, organizada em 2005 e pastoreada pelo Rev. Gustavo Mello Guimarães; e a Iglesia Presbiteriana del Uruguay, na capital, Montevidéu, organizada nesse ano pelo Rev. Mauricio Lopes Rolim Jr., missionário da APMT, que, desde 2009, atua entre os uruguaios. Além dessas comunidades, existem congregações nas seguintes cidades: Montevidéu, inaugurada em outubro de 2015 e dirigida pelos Revs. Mark Richline (Orthodoxy Presbyterian Church) e Ray Call (Presbyterian Church in America); Rivera e Salto, sob os cuidados da IPRO; e Mercedes, da missão brasileira. Fato digno de menção é que os obreiros dessas quatro denominações se ajudam mutuamente e sonham com uma única denominação no país. O Rev. Mauricio informa que, concomitantemente ao crescimento da irreligiosidade, portas estão se abrindo. “O maior desafio é a falta de obreiros e recursos. O Brasil, pela proximidade física e cultural e pela forte herança reformada da IPB muito pode fazer pelo Uruguai.”

3.3 Guiana Francesa22 
Nesse departamento ultramarino da pátria de Calvino existe uma congregação da Église Protestante Unie, cujo nome reflete o processo de união ocorrido em 2013 entre a Église Réformée de France e a Église Évangélique Luthérienne de France. Funcionando nas imediações de Cayenne (Remire-Montjoly) desde 1997, essa igreja foi criada para atender os franceses (egressos da Europa) estabelecidos na região e dá assistência a 40 famílias. Atualmente pastoreada pelo Rev. Dominique Calla, ministro luterano, trata-se de uma denominação liberal e ecumênica, que há tempos se afastou dos princípios da Palavra de Deus. Um exemplo disso é o fato de seus pastores terem a permissão para invocar a bênção de Deus sobre a união de pessoas do mesmo sexo, sob a alegação de que o casamento não é um sacramento. Como acontece na França, a Guiana Francesa se constitui em um campo missionário.  
    
Considerações finais
Em suma, vimos neste artigo que, em alguns países, a Igreja Presbiteriana ou Reformada está consolidada e, em outros, está em processo de consolidação. A Guiana Francesa se constitui uma exceção. Ao observar o testemunho da fé reformada na América do Sul, destaco alguns aspectos dignos de futuras pesquisas:

1. O continente tem sido alvo do esforço de calvinistas procedentes de várias partes do mundo, que por aqui têm desembarcado por distintas razões: escoceses em Guiana, Argentina e Peru; holandeses em Suriname, Brasil e Argentina; norte-americanos na Colômbia, Brasil, Chile, Venezuela, Peru, Suriname, Equador e Uruguai; canadenses em Guiana; coreanos no Paraguai e Bolívia. Isso faz com que as igrejas reformadas na América do Sul constituam uma interessante amostragem do calvinismo no mundo.

 2. Em alguns países, conflitos ocasionaram o surgimento de novas denominações. Por um lado, constatamos cismas decorrentes de divergências entre estrangeiros e nacionais: Igreja Presbiteriana Independente (Brasil) e Iglesia Presbiteriana Nacional (Chile); por outro lado, temos dissensões ocorridas entre os nativos: Igreja Presbiteriana Conservadora (Brasil); Iglesia Presbiteriana Reformada (Colômbia); Iglesia Presbiteriana Fundamentalista e Iglesia Evangélica Presbiteriana (Chile); ou entre os próprios missionários: Iglesia Evangélica Presbiteriana e Iglesia Presbiteriana Coreana (Bolívia). Vê-se, portanto, que, lamentavelmente, o denominacionalismo tem estado associado à presença dos reformados no continente.  

3. No Brasil, Peru e Uruguai, temos bons exemplos de cooperação. Como sabemos, os obreiros das antigas igrejas presbiterianas do Norte e do Sul trabalharam juntos, sendo fundamentais no desenvolvimento da Igreja Presbiteriana do Brasil. Outro bom exemplo foi o ministério do Rev. Frans Leonard Schalkwijk na IPB. Oriundo da Igreja Evangélica Reformada, ele serviu no Paraná e em Pernambuco. No Peru, duas denominações (Iglesia Evangélica Presbiteriana, de origem escocesa, e Iglesia Presbiteriana Nacional, de origem americana), que durante décadas existiram de forma independente, uniram-se e formaram, após 12 anos de conversações, um só corpo: a Iglesia Evangélica Presbiteriana y Reformada en el Perú, organizada em 1995. Por sua vez, no Uruguai, os ministros das quatro denominações em atividade no país (Iglesia Presbiteriana Reformada Ortodoxa, Igreja Presbiteriana do Brasil, Orthodoxy Presbyterian Church e Presbyterian Church in America) se ajudam mutuamente e sonham com a organização de uma única igreja presbiteriana em solo nacional.

4. O investimento na obra educativa é visível e considerável. Os calvinistas mantêm ou participam/participaram da administração de diversas instituições de ensino: Brasil – vários colégios e a Universidade Presbiteriana Mackenzie; Argentina – St Andrew’s Scots School e Universidad de San Andrés; Suriname – Christian Liberty Academy; Colômbia – Colegio Americano de Bogotá e Corporación Universitaria Reformada; Venezuela – Colegio Internacional de Caracas; Chile – Colegio Presbiteriano David Trumbull; Peru – Colegio San Andrés Anglo Peruano; Paraguai – Colegio Presbiteriano Cerritos e Instituto Presbiteriano Paraguay-Brasil; Bolívia – Universidad Cristiana de Bolivia; Guiana – Berbice High School (fundada por presbiterianos canadenses).23

5. O Brasil foi o único país que recebeu missionários das duas principais denominações norte-americanas (PCUSA e PCUS).24 Teria esse fato contribuído para o crescimento ou perfil doutrinário da Igreja Presbiteriana do Brasil em comparação com a obra em outros países?25 Não dispomos de um estudo que aponte as razões pelas quais o presbiterianismo se desenvolveu no Brasil – e, no contexto da América Latina, no México – e se manteve estagnado em outras áreas que foram evangelizadas na mesma época e por missionários procedentes de uma das duas referidas denominações. 

6. Não podemos deixar de mencionar três realidades que, por fugirem do escopo do nosso texto, não foram abordadas: 1. A influência do calvinismo no continente sul-americano não se restringe às igrejas presbiterianas ou reformadas. Em vários lugares, existem irmãos batistas, congregacionais ou mesmo de outras igrejas que abraçam e propagam a fé reformada; 2. Em anos recentes, instituições de ensino teológico têm propagado a teologia calvinista e alcançado pessoas de diferentes nacionalidades. No ano 2000, foi criado o MINTS (Miami International Seminary), presente em 25 países. Sediada na Colômbia e voltada para o mundo hispânico, encontramos a Universidad Seminario Reformado Latinoamericano (USRL), um sólido empreendimento apoiado por irmãos dos EUA. Mais recentemente, em Santiago, Chile, foi inaugurado o Centro Latinoamericano de Estudios Reformados (CLER), que conta com a colaboração de professores do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, da Igreja Presbiteriana do Brasil;26 3. Além das igrejas e instituições teológicas, outro organismo que tem contribuído para a disseminação do calvinismo no continente é a Confraternidad Latinoamericana de Iglesias Reformadas (CLIR), braço da World Reformed Fellowship. A CLIR reúne denominações presbiterianas e reformadas, criando oportunidades de trabalho conjunto e divulgando literatura teológica de qualidade ao público em geral.27

Referências Bibliográficas

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1Existe uma tese de doutorado que analisa o aspecto missiológico da experiência dos franceses no Rio de Janeiro e a dos holandeses no Nordeste: Elias dos Santos Medeiros, The Reformers’ commitment to the propagation of the gospel to all nations from 1555 to 1654 (Jackson, MS: Reformed Theological Seminary, 2009). Para um tratamento mais amplo sobre os holandeses no Brasil, ver: Frans Leonard Schalkwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês: 1630-1654 (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004). 
2Cf. Eduardo Hoornaert, História do Cristianismo na América Latina e no Caribe (São Paulo: Paulus, 1994), p. 259-265.
3Cf. Cornelio Hegeman, El origen y el desarrollo de las iglesias y las misiones presbiterianas y reformadas en América Latina y el Caribe: 1528-1916 (Miami, FL: Miami International Seminary, 2006), p. 58-91. 
4Cf. Pablo Deiros, Protestantismo en América Latina: ayer, hoy y mañana (Nashville, TN: Editorial Caribe, 1997), p. 24-31.
5Oficialmente Iglesia Presbiteriana San Andrés.
6Cf. http://www.jamesdiegothomson.com/. Acesso em 29 de outubro de 2015. Este site é riquíssimo e disponibiliza as cartas que Thomson escreveu de diversos lugares do mundo.
7Ver Frederick J. Heuser, Jr., A Guide to Foreign Missionary Manuscripts in the Presbyterian Historical Society (Westport, CT: Greenwood Press, 1988), p. 3-81.
8Por uma questão de escopo minha atenção neste artigo se restringe aos calvinistas na América do Sul, quer sejam reformados (como são conhecidos na Europa continental) ou presbiterianos (como são conhecidos nos países anglo-saxônicos). Para uma descrição da presença de protestantes no continente, ver: Arturo Piedra, Evangelização Protestante na América Latina: Análise das razões que justificaram e promoveram a expansão protestante (1830-1960). Volumes 1 e 2 (São Leopoldo: Editora Sinodal & CLAI, 2006); Jean-Pierre Bastian, O protestantismo na América Latina, em Historia Liberationis: 500 anos de história da igreja na América Latina / Enrique Dussel organizador (São Paulo: Edições Paulinas / CEHILA, 1992), p. 467-513; Jean-Pierre Bastian, Protestantismos y modernidade latino-americana: Historia de umas minorias religiosas activas em América Latina (México: Fondo de Cultura Económica, 1994); Martin N. Dreher, Protestantismos na América Meridional, em 500 anos de Brasil e Igreja na América Meridional / Martin N. Dreher organizador (Porto Alegre: EST Edições & CEHILA, 2002), p. 115-138; e Pablo Alberto Deiros, Historia del Cristianismo en América Latina (Buenos Aires, Argentina: Fraternidad Teologica Latinoamericana, 1992), p. 585-616.
9Cf. Asgar M. Hamid, An introduction to the ministry in Suriname (3 págs). Material não publicado; Cornelio Hegeman, El origen… p. 62 e p. 81-91; Jan van Raalte, El protestantismo y la esclavitud en Surinam, em Historia General de la Iglesia en America Latina. Tomo IV – Caribe (España: Ediciones Sigueme & Universidad de Quintana Roo, 1995), p. 193-199; correspondência eletrônica com Asgar M. Hamid. Após ter concluído nosso artigo, tomamos conhecimento de uma tese doutoral que traz importantes informações sobre a presença protestante no país: Jan M. W. Schalkwijk, Ontwikkeling van de zending in het Zuid-Caribisch gebied: in het bijzonder onder de Hindostanen / 1850-1980 [Desenvolvimento da missão no sul do Caribe: especialmente entre os Hindustânis / 1850-1980], (Den Haag: Amrit, 2011, 704 p.).
10Cf. Cornelio Hegeman, El origen… p. 160-161 e 164-165; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches: a global history (Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books, 2012), p. 383-385; Geraldo Oberman, Historia de las Iglesias Reformadas en Argentina (3 págs.). Material não publicado; Júlio C. López, Historia de los presbiterianos en Argentina (5 págs.). Material não publicado; Martin Scharenberg, Historia de los presbiterianos coreanos en Argentina (6 págs.); Theophilus Parvin III y John Clark Brighan (7 págs.) e Vida del Rev. Thomas L’Hombral (8 págs.). Materiais não publicados; Pablo Alberto Deiros, Historia del Cristianismo en América Latina… p. 628- 629; William D. Grant, El Reverendo José Felices: su obra misionera en castellano (4 págs.). Material não publicado; correspondência eletrônica com Júlio C. López e Martin Scharenberg.
11James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 371; Robert Benedetto  & Donald K. McKim, Historical Dictionary of the Reformed Churches (Lanham, Toronto and Plymouth: UK: Scarecrow Press; Second Edition, 2009), p. 80-82; The Encyclopedia of Caribbean Religions – Volume 2: M-Z (United States of America: University of Illinois Press; 2013), p. 701.
12Cf. Cornelio Hegeman, El origen… p. 165-168 e 200-201; Frank L. Arnold, Latin America and the Caribbean. In: A history of Presbyterian Missions: 1944-2007 (Louisville: Geneva Press, 2008), p. 176-177; Frederick J. Heuser, Jr., A Guide to Foreign Missionary Manuscripts… p. 58-60; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 395-397; John Sinclair, El protestantismo en Colombia y Venezuela en la epoca de las nuevas republicas. In: Historia General de la Iglesia en America Latina – VII: Colombia y Venezuela (Salamanca: CEHILA & Ediciones Sígueme, 1981), p. 501-507; 590-593; e 639-646. 
13Cf. Cornelio Hegeman, El origen… p. 181-186; Frank L. Arnold, Latin America and the Caribbean. In: A history of Presbyterian Missions: 1944-2007 (Louisville: Geneva Press, 2008), p. 175-176; Frederick J. Heuser, Jr., A Guide to Foreign Missionary Manuscripts… p. 56-57; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 385-388; Jae-Kuen Yoo Lee, Historia de la Iglesia Presbiteriana en Chile (Monografia. Santiago: Seminario Teologico Reformado, 2004); Jean Baptiste August Kessler Jr., A study of the older Protestant Missions and Churches in Peru and Chile (Goes, The Netherlands: Oosterbaan & Le Cointre N.V., 1967), p. 52-86 e 331-344; John McLean, Historia de la Iglesia Presbiteriana en Chile (Santiago: Ediciones de Artes Gráficas, 1954).
14Cf. Émile Léonard, O presbiterianismo brasileiro e suas experiências eclesiásticas (Brasília: Monergismo, 2014); Frank L. Arnold, Latin America and the Caribbean. In: A history of Presbyterian Missions: 1944-2007 (Louisville: Geneva Press, 2008), p. 167-175; IPB: Alderi Souza de Matos, Uma igreja peregrina: História da Igreja Presbiteriana do Brasil de 1959 a 2009 (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009); Júlio Andrade Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil. Volumes I e II (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992); IPI: Gerson Correia de Lacerda, O presbiterianismo brasileiro. In: A Tradição Reformada: uma maneira de ser a comunidade cristã (São Paulo: Pendão Real, 1997); Éber Ferreira Silveira Lima, A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e o Pentecostalismo: Estudo de um caso e pistas pastorais. In: Na força do Espírito – Os pentecostais na América Latina: Um desafio às igrejas históricas. São Paulo (São Paulo: AEPRAL, Pendão Real & Ciências da Religião, 1996); IPC: João Alves dos Santos, A questão doutrinária: os fatos que levaram à formação da Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil (Campinas: Luz Para o Caminho, 2011); correspondência eletrônica com Ricardo França e Frans Leonard Schalkwijk. 
15Existe bastante material sobre a história da IPB na internet. Recomendamos os textos de autoria do Dr. Alderi Souza de Matos. Cf. http://www.mackenzie.br/6922.html. 
16Cf. C. Arthur Phillips, Historia de la Iglesia Presbiteriana en Venezuela (Mérida: Editorial Diakonía, 2001); Cornelio Hegeman, El origen… p. 188-189; Frank L. Arnold, Latin America and the Caribbean. In: A history of Presbyterian Missions: 1944-2007 (Louisville: Geneva Press, 2008), p. 177-178; Frederick J. Heuser, Jr., A Guide to Foreign Missionary Manuscripts… p. 68-69; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 397-399; John H. Sinclair, Los protestantismos de la Costa del Pacifico y de Venezuela. In: Protestantismo y Politica en America Latina y el Caribe (Lima: CEHILA, 1996), p. 61-71; John H. Sinclair,  Ramón, María and Their Neighbors: Stories from rural Venezuela in the 1950 (Roseville, MN: Edição do autor, 2012); Roberto E. Seel, Jornada venezolana: Una crónica personal de servicio misionero en la Iglesia Presbiteriana de Venezuela: 1952-1978 (Mérida: Gráficas El Portatítulo, 2013); William Read, Victor Monterroso e Harmon Johnson, O crescimento da igreja na América Latina (São Paulo: Mundo Cristão, s.d.), p. 158-159; correspondência eletrônica com Elisa Muñoz de Bulmes, Berla Andrade, Josefina Maria Homem de Mello, Humberto Arisa de Oliveira e Wilfredo Peña.  
17Cf. Cornelio Hegeman, El origen… p. 161-162; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 392-394; Pedro Merino Boyd, Historia de la Iglesia Presbiteriana en Perú. Material a ser publicado; Germán Santillana, Historia de la Iglesia Presbiteriana Nacional del Perú (s.l. / s.e. / 1986); correspondência eletrônica com Pedro Merino Boyd e Elmer Victor Lara.    
18Cf. Evandro Luiz da Silva, Nós plantamos, Deus abençoou e fez crescer (Campinas: edição do autor, 2005); Frank L. Arnold, Latin America and the Caribbean. In: A history of Presbyterian Missions: 1944-2007 (Louisville: Geneva Press, 2008), p. 179; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 389-391; Martin Scharenberg, La interesante vida del Rev. James Hannen (1 pág.). Material não publicado; correspondência eletrônica com Emma Erben de Castro e Buenaventura Giménez López. 
19Cf. Frank L. Arnold, Latin America and the Caribbean. In: A history of Presbyterian Missions: 1944-2007 (Louisville: Geneva Press, 2008), p. 180; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 391-392; correspondência eletrônica com Nice Ferreira, Geraldo Batista Neto e Eliezer de Lima Pinheiro.
20Cf. Frank L. Arnold, Latin America and the Caribbean. In: A history of Presbyterian Missions: 1944-2007 (Louisville: Geneva Press, 2008), p. 178-179; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 394-395; correspondência eletrônica com Luis Carlos Moreno, Jan Henry Seppenwoolde e Oswaldo Luna Delgado.
21Cf. James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 388-389; correspondência eletrônica com Mauricio Lopes Rolim Jr. e Gustavo Mello Guimarães.
22Correspondência eletrônica com Dominique Calla.
23A lista de instituições educacionais é muito maior. Colocamos as mais conhecidas.
24A observação diz respeito à América do Sul. Registramos que a Colômbia também recebeu missionários das duas igrejas (PCUSA e PCUS), mas por um tempo insignificante (1873-1878): Cf. Cornelio Hegeman, El origen… p. 200-201; James E. McGoldrick, Presbyterian and Reformed churches… p. 230. 
25Coincidência ou não, a Igreja Presbiteriana na Colômbia, Chile e Venezuela – países que receberam somente missionários da PCUSA – foi fortemente influenciada pelo liberalismo teológico e pela neo-ortodoxia.    
26Todas funcionam em sistema de módulos. O MINTS (www.mints.edu) e a USRL (http://universidad.seminariosrl.org) oferecem cursos de bacharelado, mestrado e doutorado; o CLER (http://cleredu.com/about.html) oferece mestrado em divindade. 
27http://www.clir.net.

2 COMENTÁRIOS

  1. parabéns pelo artigo, pela pesquisa de campo, temos pregado sistematicamente no livro de Atos na igreja presbiteriana aqui em Maceió da qual sou pastor, e vendo este artigo endossei no meu sermão como introdução expressando a força calvinista em solo sul-americano e a alegria que nos dar em ver a teologia reformada criando forças e tomando rumo em outros lugares, mesmo diante de tantos dissabores da igreja no contexto, social e politico, mas o Senhor mant‚m de p‚ seu povo seguindo para o encontro com o Rei. Deus abençoe, maravilhoso.

  2. Querido Miqueias, graça e paz. Perdoe a demora em interagir com você. Fazia tempo que eu não visitava esse site. Fico feliz que o artigo tenha sido útil. Louvado seja Deus. Um abraço e que o Senhor te abençoe. Marcone

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