O presente artigo objetiva apontar aquele papel que Michael Polanyi dá à ‘crença’ em sua obra “A Dimensão Tácita”. Como sugerira Polanyi, a obra é um “bom sumário” da sua posição, tendo em consideração os múltiplos desenvolvimentos que foi publicando desde a primeira edição do Personal Knowledge, a sua obra mais importante.”[1] O interesse pelo lugar em que a crença ocupa é despertado quando a epistemologia polanyiana inviabiliza a separação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito- o que torna necessária a função de ambos no processo do conhecimento.
Ao dar importância aos insights a fim de estabelecer um ponto de partida epistêmico, Polanyi sugere a necessidade de uma crença na obtenção de resultados positivos diante dos problemas objetivados pela ciência. Além disto, insere à ciência uma não-neutralidade nestes mesmos resultados. Neste ponto, a crença é o resultado lógico que se antepõe ao niilismo ou o acaso, bem como a continuidade da experiência científica. Conforme Polanyi,
[…] é impossível dar conta da natureza e da justificação do conhecimento por uma série de operações estritamente explícitas, sem invocar compromissos mais profundos. […] qualquer novo pensamento é visto como um compromisso existencial. […] tinha já mostrado que é absurda qualquer tentativa de conformar as crenças que aceitamos como verdadeiras, mas prova-se também ser absurda a pretensão existencial de escolher as nossas próprias crenças a partir do zero. O pensamento apenas pode viver com os fundamentos que adotarmos ao serviço de uma realidade a que nos submetemos.[2]
Para Polanyi, a Ciência é bem mais do que emprego de métodos científicos. A natureza da Ciência está mais ajustada à ideia de um conjunto de proposições baseadas em circunstância particulares de um amplo espectro da realidade. A natureza da ciência “se ajusta mais a de uma comunidade espiritual, a de um corpo de tradições adquiridas e legadas, ou a de uma disciplina auto-imposta em favor da busca de verdades objetivas e impessoais.”[3]
A noção básica de crença na epistemologia de Polanyi é proveniente do ponto estrutural de sua filosofia. A partir da sua interpretação do Gestalt, Polanyi rompe com a antiga tradição científica reducionista,[4] (e da própria noção de gestalt na psicologia) e constrói passo a passo uma estrutura conceitual complexa a partir de insights e generalizações sucessivas, em torno da concepção de conhecimento tácito.
Lage observa que a nova concepção que Polanyi dá ao gestalt torna-se fundamental para a sua teoria. Afirma que,
A psicologia Gestalt demonstra que podemos reconhecer uma fisionomia integrando a nossa percepção de particularidades, sem que sejamos capazes de identificar quais são estas particularidades. Mas, enquanto a Gestalt assume que a percepção de uma fisionomia ocorre pela equilibração espontânea das particularidades impressas na retina e no cérebro, Polanyi sugere ao contrário, que a Gestalt é o resultado de uma integração ou formatação ativa da experiência vivida em busca de conhecimento. E que reside o grande e indispensável poder do tácito na descoberta e consolidação do conhecimento.[5]
A noção que Palanyi atribui à gestalt rechaça a ‘crença’ na existência de um ideal de objetividade absoluta (herança da Revolução científica do século XVIII), paradoxalmente, onde se pressupõe a existência de uma neutralidade científica. Não seria tal objetividade uma crença que acabara por unir os cientistas entorno de um postulado fundacional?[6] Algum ponto desta crença, absolutizado, não negaria a existência de realidades morais, não demonstráveis como uma ciência exata?[7]Negando-o, não o levaria a um niilismo da mesma forma em que se poderia levar a uma epistemologia cujo fundamento fosse metafísico?[8]
O filósofo parece encetar que a fundamentação epistemológica na ciência depende de certa inclinação, escolha, acerca de qual tipo de crença o cientista decide se comprometer. Mas, sobre qual fundamento Polanyi se baseia ao criticar a objetividade da ciência?
O Gestalt polanyiano sugere um outro ponto de partida na epistemologia. Neste, sujeito e objeto não podem ser pensados separados um do outro. Na verdade, em sua estrutura conceitual epistêmica, Polanyi considera que o conhecimento possui dois aspectos: o Tácito e o Explícito, isto é, o prático e o intelectual. Ora, um problema epistêmico exige de um cientista tanto a atitude intelectual de observação quanto as suas habilidades práticas para o teste (verificação). Assim, quando Polanyi afirma que “a Gestalt é o resultado de uma integração ou formatação ativa da experiência vivida em busca de um conhecimento”, ele também afirma que não se pode perceber os objetos por inferência de suas partes já conhecidas. Pois, “conhecemos mais do que conseguimos dizer. Este fato parece óbvio; mas não é fácil dizer exatamente o que é que significa.”[9] Doutro modo, como explicaríamos a percepção que temos de um objeto completo, mesmo quando suas partes estão ausentes? Ou as palavras que falamos ao interlocutor e confiar que elas apontam-lhe a ideia mesma que lhe desejamos transmitir?[10]
Polanyi insere à sua noção de Gestal[11]t uma dimensão de conhecimento cujo processo implica num constante descobrir e confiar.[12]Quando o sujeito, em sua percepção, executa uma determinada ação, cria uma integração tácita de sensações sobre o objeto percebido. Este confere ao sujeito um significado que ele não tinha anteriormente. Todavia, se lhe for focada, das realidades da percepção alguma particularidade do objeto, a sua mensagem será inadequada ao conhecimento do sujeito. Isto porque, segundo Webb, Polanyi acreditava que “na raiz de todo o conhecimento existe uma correspondência entre estrutura da compreensão e a estrutura do ente compreensivo que constitui seu objeto”. E que, “atentar focalmente para as partes pode equivaler a perder o todo de que elas são parte integrante.” [13] Noutros termos: conhecedor e conhecimento são inseparáveis, ao mesmo tempo em que o conhecimento avança a partir do subsídio pessoal do conhecedor. Um conhecimento que fosse inteiramente explícito é, para Polanyi, um conhecimento inconcebível.
Todavia, Polanyi conserva a noção bem definida de que o conhecimento pessoal não torna a descoberta científica em um conjunto de palpites subjetivos. Enquanto o conhecimento explícito é aquele formal, intelectual, o conhecimento tácito é difícil de até mesmo ser articulado na linguagem formal. Este se trata daquele conhecimento intangível, impessoal e intransferível, pois é focado na experiência individual, só podendo ser transmitido pela vivência (e não é à toa que Polanyi emprega apropriadamente o termo “habitar, interiorizar” para este conhecimento).
A epistemologia polanyiana baseia-se, então, no que o próprio filósofo chama de “Dimensão Tácita”. Esta epistemologia considera que o conhecimento é superior àquela capacidade que o sujeito tem de expressá-lo. O conhecimento tácito aponta a existência de uma certa inespecificidade no processo de apreensão do saber. E não somente isto, mas este conhecimento tácito, ou “poder tácito”, bifurca-se em dois modos operacionais: proximal e distal. Ambos têm uma relação que, além de funcional, é também semântica (pois o distal é quem confere significado ao proximal): 1) conhecimento proximal: elementos subsidiários conhecidos tacitamente; 2) conhecimento distal: entidade externa, que é apreendida.
Deste modo, o conhecimento tácito pode ser identificado como “o entendimento da entidade abrangente constituída pelo termo proximal e pelo distal.” [14] Saiani resume bem a analogia empregada por Polanyi ao explicar a relação existente entre os dois termos em sua teoria. Segundo Saiani,
[…] os mecanismos fisiológicos de percepção sensorial são teleologicamente orientados para uma coerência intelectual. Eventos corporais dos quais não podemos tomar consciência focalmente por meio da introspecção são utilizados de modo subsidiário na estruturação de um objeto integrado na percepção focal. Portanto, quando vemos um objeto contra um fundo, executamos um ato mental, em termo do qual o todo funciona de modo subsidiário. alguns dos indícios que utilizamos na percepção não são notados, e não podem sê-lo. No entanto, uma vez que participam, de modo subsidiário, na estruturação de um objeto integrado, podemos dizer que “sabemos mais do que podemos relatar.[15]
Os termos distal e proximal mantêm relação de reciprocidade semântica. Tal reciprocidade é importante, pois, uma vez que o distal confere significado ao proximal, a percepção não assume significado particular todas as vezes em que o sujeito busca conhecer dado objeto num determinado aspecto da realidade.
É por isto que se pode afirmar que,
qualquer coisa servindo como subsidiária deixa de fazê-lo quando a ela é dirigida atenção focal. Ela se torna outra coisa, desprovida do significado que tinha enquanto funcionava como subsidiária. Assim, os subsidiários são- por essa razão, e não por não podermos encontrá-los- essencialmente não especificáveis. podemos então distinguir dois tipos de não-especificáveis dos subsidiários. Um tipo é devido à dificuldade em reconstituir os subsidiários- uma dificuldade comum mas não universal; o outro tipo se deve a um senso de privação que é logicamente necessário e, em princípio, absoluto.[16]
O que fazer, então, quando o cientista incorre ao conhecimento focal sob o risco de se perder a semântica de todo o conhecimento em processo? Se focalizar os particulares perderá o todo, uma vez que só o focal é um conhecimento explícito. Logo, é de natureza inerente ao cientista a crença em alguma premissa, ao menos, como ponto de partida à sua descoberta. Significa dizer, então, que o conhecimento tácito é pré-reflexivo e o seu processo cognitivo está envolto não só na experiência direta com o objeto ou ação, mas incorporado até às suas afetividades pessoais[17]Ou seja, a exigência da eliminação total de subjetividade do conhecimento jamais poderá ser realizada. Todavia, insistir na supressão da subjetividade do cientista fundamenta a pressuposição de que pode existir um conhecimento a parte do conhecedor- o que seria incongruente.[18]
A crítica de Polanyi à objetividade científica reside na impossibilidade de, no conhecimento tácito, o sujeito poder ter acesso a qualquer tipo de descoberta valendo-se apenas da ‘atenção focal’. A plena objetividade oferece ao cientista a ilusão de que, ao debruçar-se sobre o objeto de sua pesquisa, logra êxito ao perfazer o seu caminho metódico e apontar-lhe falhas em seu sistema. Porém, “o risco que de modo muito particular corremos quando confiamos em qualquer conhecimento explicitamente formulado é compensado pela peculiar oportunidade que nos é ofertada pelo conhecimento explícito de refletir sobre ele criticamente” [19] (Talvez Polanyi tivesse em mente a tradição racionalista da epistemologia, quando Kant estima tanto o conhecimento explícito quanto a sua justificação alcançável pelo próprio método evidente).
Como visto, o conhecimento só pode ser plenamente alcançado quando subsume ao sujeito todo o dado da realidade apresentada a ele. A semântica da realidade só se dá quando o conhecimento distal confere significado ao proximal. Na prática, Polanyi emprega o nome para esta função recíproca de ‘indwelling‘; isto é, “habitação”, “interiorização”. Esta noção de ‘Indwelling’ exclui qualquer separação de conhecimento em teórico e prático, exatas e humanas, moral e física. Volta-se aqui, àquilo que já nos fora apresentado: trata-se do conhecimento que se possui em ato, quando não se pode traduzir por regras explícitas.
Indwelling compromete o sujeito não só em seu acesso imediato ao conhecimento explícito; insinua-lhe que o conhecimento está para além do objeto científico. Conforme Saiani, “Polanyi utiliza o termo indwell para indicar a forma como percebemos o significado conjunto dos dois termos na percepção de um objeto através de suas características particulares, sem que elas sejam objeto de nossa atenção de uma maneira focal.” [20] E, não é à toa que em sua filosofia, Polanyi considera que
Conhecer faz-se por interiorização, por mecanismos integradores e de reorganização na mente de quem conhece. Conhecer (compreender) a mente do outro implica ser de algum modo capaz de viver (partilhar) aquilo que o outro vive ou viveu. Compreender uma mente terceira passa assim por um processo íntimo de partilha de ideias e de vivências. […] Polanyi chamar-lhe-ia porventura uma chamada, uma vocação, uma intimação (“intimation”) pessoal.[21]
Ora, um cego habita a sua bengala quando sente de modo focal aquilo que está em sua ponta, e não naquilo que está no corpo dela.[22] Da mesma forma, habitamos, inerentemente, todas as ferramentas intelectuais oferecidas por um referencial interpretativo todas as vezes em que nos dispomos a uma nova descoberta. Não é, portanto, possível que haja um tipo de conhecimento que seja livre de nossa interpretação pessoal.[23] Isto significa que, para Polanyi, o processo inerentemente do conhecimento não é idêntico ao conhecimento explícito aportado por ele.
Deste modo, segue que todo o conhecimento tem, antes de ser explícito, uma dimensão tácita. Tal conhecimento tácito não está estruturado no objeto externo à consciência do sujeito, mas está estruturado nesta mesma. É por isto que não pode haver um conhecimento que seja absolutamente objetivo, isto é, não pode haver um conhecimento sem conhecer. Grosso modo, o produto cognitivo está inerentemente infuso no processo cognitivo subjetivo. Afirmar que a epistemologia polanyiana tende à subjetividade é não entender o modo como o conhecimento tácito não isenta a mente de consciência. A crítica é facilmente desfeita na explicação de Webb:
[…] o que Polanyi quer dizer é que o conhecimento é objetivo: trata-se de um processo consciente. Ele é orientado a um polo objetivo, mas jamais consegue objetivar de maneira tão completa a ponto de restar apenas um objeto. Ou, em outras palavras, não há nenhuma forma de fazer que o desempenho das operações pelas quais investigamos, compreendemos e sabemos seja transformado em algo além de uma formulação- pois é a isso que se resume a exigência de que o conhecer se torne totalmente explícito e objetivo.[24]
Precisamente neste ponto é que se encontra o princípio central da teoria polanyiana: é fato que, para o filósofo, o processo de conhecer possui, necessariamente, uma dimensão tácita como polo objetivo. Todavia, este polo objetivo não implica que, no processo do conhecer a atenção focal supere a subsidiária ensejando um conhecimento universal. Apenas quando damos atenção focal a determinado objeto, pode-nos parecer que a subjetividade se debruça sobre o polo objetivo. Todavia, durante o processo, a percepção subsidiária continua tácita e acrítica. Portanto,
Tanto a ação focal quanto a atenção subsidiária são plenamente conscientes. A diferença está no fato de a atenção subsidiária consistir na experiência de desempenhar verdadeiramente o processo de conhecimento, ao passo que, a atenção focal se concentra no objeto ao qual o processo diz respeito. Ou seja, a subsidiária consiste na experiência imediata; a focal, naquela sobre a qual a atenção se debruça por meio das (isto é, pela reflexão sobre) operações e instrumentos, dos quais alguns podem até mesmo ocupar a posição focal.[25]
Neste ponto, o sujeito se vê obrigado a depositar a sua confiança no objeto subsidiário, na esperança de lograr êxito em suas pressuposições focais. Trata-se de uma esperança teleológica, de correr o risco de estar errado.[26]
Polanyi consegue generalizar no ambiente da ciência o que já afirmara para a percepção. Há certos aspectos do conhecimento científico que são reduzidos a integrações focais de indícios subsidiários “habitados”. E, tal habitação não difere o cientista de outro homem na percepção que lhe exige destreza.[27]Prosch salienta que a sutil distinção entre a sociedade científica e a sociedade comum, consiste no fato daquela adquirir um tipo mais sofisticado de percepção, onde “habita” muitos indícios subsidiários. Estes são frutos da aceitação geral (implícita ou explícita) da comunidade científica, a qual pertence o cientista, suas habilidades tácitas, bem como, a sua teoria é aceita. [28]
Ora, o processo do conhecimento subsidiário carrega consigo o peso de uma esperança teleológica repleta de crenças arriscadas. Isto porque a crença ocupa papel importante na descoberta científica. A ciência não trabalha com dados ditos já conhecidos. A menos que se obtenha progresso, um conhecimento subsidiário será sempre um convite à descoberta.[29] E é precisamente neste ponto que Polanyi claramente se distingue da maioria dos filósofos, cuja herança da autonomia da razão perfaz.
Desde Descartes, a tradição filosófica insinuou que se deve alcançar alguma plausibilidade de verdade mediante a dúvida ou, a falsificação. Polanyi considera incongruente começar a busca pela descoberta mediante a sua negação. A história das ciências demonstrou que as descobertas, em sua maioria, teve sucesso por motivos particulares dos cientistas. Dado o complexo processo do conhecimento subsidiário, que de modo inespecífico, mas não inconsciente, não oferece ao cientista uma completa certeza do objeto analisado. Isto faz com que, aquilo que existe como subsidiário se manifeste como um elemento da imaginação do cientista a busca pela solução do problema. Á esta solução denominamos: descoberta. Ou seja,
Sem essa disposição para confiar na própria capacidade de reflexão e juízos críticos, todo o investigador estaria incapacitado, ninguém conseguiria sequer dar o primeiro passo no caminho rumo ao descobrimento. Do mesmo modo ninguém jamais conseguiria se submeter ao amor pela verdade que convida a busca desse caminho e que agiliza e orienta a mente durante a viagem.[30]
Infere-se que, mais uma vez, o cientista corre o risco de errar em seus juízos. Porém, não corre mais o risco de ajuizar sempre sobre o mesmo objeto e acreditar que sabe dele tudo o quanto poderia saber. Não seria isto manter uma atitude de contradição, além de ser logicamente inconcebível? As relações lógicas, oriundas de um dado fenomênico, não serão abertas à novas perspectivas da realidade. As ciências precisam das descobertas, exatamente o papel pessoal do cientista. E, por mais paradoxal que possa parecer, é a ânsia pelo êxito que leva o cientista à descoberta. É nesta ânsia que a objetividade científica é almejada.
Qualquer exigência de uma objetividade pura poria fim a confiança fundamental que existe entre o cientista e o conhecimento verdadeiro.[31] Neste caso, Polanyi considera que o cientista está mais preocupado com a descoberta científica do que, necessariamente, com a sua comprovação ou refutação. Pois a questão de ou em uma descoberta científica impõe-se sobre o interesse do cientista de tal forma que este parece “prever” a importância ainda oculta da questão a ser solucionada. O cientista acredita ser capaz de resolver o problema e, antecipa-lhe a solução, ainda que não lhe tenha sido possível perfazer o caminho até ela (insight). Trata-se, pois, do conhecimento tácito presente. O insight do cientista sugere que, se todo o conhecimento fosse explícito, toda a sua busca por comprovação seria inútil.
Mas, em que consiste a incongruência dos cientistas quando primam apenas pela existência do conhecimento explícito? Ora, o paradoxo de Menon, proposto por Platão, lida com o absurdo da busca pelo conhecimento. Como alguém pode procurar por aquilo que não sabe o que procura? Caso não se sabe, como o procura? Se não se sabe o que se deve buscar, por que se espera encontrar. Mas, se todo o conhecimento é explícito, não podemos conhecer ou buscar a sua solução. A conclusão é que ele só pode ser tácito. O problema que se apresenta ante o cientista é uma espécie de “apreensão antecipatória”. Ou melhor, a solução que antecede à procura.[32]
O que se sugere é que, o cientista, ao portar-se diante do problema, já traz consigo um certo bojo pressuposicional de soluções. Tal pressuposição é o esboço daquele compromisso oriundo do conhecimento tácito, cujo problema evocou. Ao cientista não resta outra opção, além de projetar a visão que adquiriu mediante o ato de “habitar” os indícios subsidiários. Ou, como bem explicou Lage,
A formulação do problema cientifico pode parecer corriqueiro, mas traz em si esta contradição. O argumento de Polanyi, a partir da premissa de que o conhecimento tácito é parte central do conhecimento, é o de que podemos sim (1) saber o que procuramos e (2) ter uma ideia do que mais queremos saber. O tipo de conhecimento tácito que soluciona o paradoxo é uma pista, uma sugestão de algo oculto que pode vir a ser descoberto.[33]
Polanyi entende que toda pesquisa científica começa com a descoberta de um problema cuja a solução pareça ser promissora ao cientista. E, mais uma vez: é o conhecimento tácito quem dirigirá o cientista na formulação desse problema. O cientista considerará o problema como ‘bom’ se lhe sugerir uma coerência em particularidades ainda não inteiramente apreendidas e se lhe for original ou, se outros não veem as possibilidades de compreensão que ele antecipou. Trata-se de uma visão de ordem pessoal e não compartilhada, pois envolve a “convicção íntima daquele que a detém. É esta convicção no processo do conhecimento objetivo que o cientista espera que qualquer pessoa chegue a mesma percepção a qual chegou, utilizando-se do mesmo equipamento que ele.
Ora, o que isto significa, senão que, os cientistas se envolvem e assumem compromissos com o ‘indeterminado’ baseados em sentimentos internos de que este envolvimento compromissado vai valer a pena e eventualmente trazer as respostas esperadas? Tal intenção é, segundo Saiani,
uma decorrência de nossa crença em uma visão que acreditamos ter estabelecido contato com a realidade. Não há garantia, é claro, de que alguém veja aquilo que vemos, mas não existem regras que assegurem, explicitamente, que fizemos contato com a realidade: “nossa convicção de que este contato ocorreu é fiduciária, assim como são as convicções de outras pessoas procurando avaliar a nossa visão. […] essa intenção genuinamente universal é que faz com que a realidade, sendo sustentada com responsabilidade e honestidade, possa ser chamada de conhecimento, “pois aquilo que sustentamos com a intenção universal de que seja verdadeiro, sustentamos que seja conhecimento […].”[34]
Ora, afirmar que o conhecimento é tácito e, portanto, pessoal, não torna a epistemologia polanyiana em uma filosofia da subjetividade. É certo que aquilo que é acreditado como conhecimento por alguém não poderá ser tido como conhecimento. Todavia, Polanyi deixou claro que o “conhecimento tácito” é pessoal; não subjetivo. O conhecimento tácito evoca sempre um compromisso, uma escolha pessoal, procurando e aceitando alguma coisa que se acredita.
Por sua vez, o conhecimento subjetivo faz parte da natureza de uma condição à qual a pessoa se submete. Polanyi apresenta-nos, então, o conhecimento pessoal como aquele que transcende a disjunção entre o objetivo e o subjetivo.[35]Assim, o cientista está comprometido e coagido a procurar pela verdade; estabelecer a crença última, a qual não se pode demonstrar.
A distinção que Polanyi faz entre pessoal e subjetivo enceta o fato que a ciência, no fim das contas, é feita por homens comprometidos (inevitavelmente) com uma visão da realidade, na qual acreditam haver riquezas ocultas.[36] A Gestalt, segundo Polanyi é ferramenta útil capaz de encetar a multidimensionalidade tácita do conhecimento humano. Não abandona a objetividade científica, tampouco dá lugar à subjetividade ou sacrifica a realidade, apenas enfrente a realidade sob uma nova dimensão- mas não pura racionalidade objetiva.
A realidade exige do cientista uma visão epistemológica que combine fatores tanto objetivos como subjetivos. Saber e ser, “compromisso” com uma verdade absoluta (ainda que aparentemente subjetiva ou inexistente), são elementos, segundo o filósofo, inerentes ao cientista. Se o cientista deseja que a sua descoberta adquira valor de verdade, assumirá, antes de tudo, que ela lhe é de cunho pessoal, portanto, de caráter fiduciário.
A crença dirigida pela dimensão tácita estabelece a base para o conhecimento, como explica David K. Naugle:
A fé é sempre a base do conhecimento, porém, ao buscar o conhecimento. A fé é sempre colocada em teste, mas somente dentro dos limites que a própria fé proporciona. Assim, ao se valer desta tese, Polanyi afirma que a menos que uma pessoa primeiro creia, ela não conhecerá ou entenderá. Crença é a chave para o conhecimento e é um componente crítico da dimensão tácita. Fé é o centro unificador de cada pessoa e, como decorrência do componente pessoal, está inextrincavelmente ligada a cada ato de conhecer.[37]
Assim, a dimensão tácita submete o conhecimento pessoal não apenas à natureza fiduciária, mas é capaz de desafiar à própria natureza da fé a busca por sua compreensão. Tal busca se dá “numa espécie de diálogo crítico” (NAUGLE, p.251).
É fato, portanto, que a dimensão tácita e a natureza fiduciária na epistemologia polanyiana deixam explícito que a busca pela verdade realiza-se de maneira circular. Naugle afirma que esta característica epistemológica em Polanyi põe o cientista em posição de humildade ou assume-se o risco. Todavia, primeiramente, o cientista não será “engolido” no subjetivismo; concomitantemente, tal movimento circular, notado pelo cientista, o obriga a buscar um ponto de referência fora do processo ao qual se submete. Esta circularidade posiciona o cientista entre a objetividade e a subjetividade.
Na verdade, o problema real vem quando os pensadores tentam abordar essa realidade objetiva com pura objetividade. Aqueles que abraçam a perspectiva científica e seu corolário do distanciamento pessoal enfrentam o que Polanyi chama de “dilema objetivista”, isto é, a exigência de abandonar um compromisso para chegar a um compromisso! “ A pessoa que reflete é então pega em um conflito insolúvel entre a exigência de uma impessoalidade que desacreditaria todo compromisso e um desejo de tomar uma decisão que a faz se comprometer novamente (NAUGLE, p.252).
Não há outra maneira mais sincera de superar este círculo epistêmico, senão, considerar que o conhecimento é precedido pela crença (uma vez que ela é intencionalmente circular). Infere-se, portanto, que até mesmo a decisão é de caráter epistêmico submisso. Logo, nenhum conhecimento é objetivamente neutro.
Resta concluir, como Polanyi, que se sabemos mais do que podemos dizer, devemo-nos cuidar para não dizer mais do que podemos saber. Isto significa tomar sempre uma posição epistêmica frente às próprias limitações na descoberta de um objeto que se apresenta e se esconde sucessivamente ao cientista. Enfim, as coisas nunca serão conhecidas de forma objetiva e exaustivamente. Portanto, “as pessoas acriticamente aceitam e se identificam com suas pressuposições como seu contexto inarticulado para a vida”, explica Naugle (p.252). Diante de suas limitações, as pessoas sempre se inclinarão aos seus compromissos intelectuais mais tácitos.
REFERÊNCIAS:
GOMES, Davi Charles. Ciência, Fé e Sociedade: Relembrando Michael Polanyi. Edição Eletrônica. Mogi das Cruzes: Editora Refúgio, 2006.
WEBB, Eugene. Filósofos da consciência: Polanyi, Lonergan, Voegelin, Ricoeur, Girard, Kierkegaard. São Paulo: É Realizações, 2013.
NAUGLE, David K. Cosmovisão: a história de um conceito. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2017.
POLANYI, M. A dimensão tácita. Inovatec: Portugal, 2010.
____________. A Lógica da Liberdade: reflexões e réplicas. Rio de Janeiro, Topbooks, 2003.
____________. Personal kowledge: towards a post-critical philosophy. Chicago, the University of Chicago Press, 1998.
____________. Science, Faith and Society. Chicago: University of Chicago Press, 1964.
POLANYI, Michael. O estudo do homem. Trad. de Eduardo Beira. Minho: Universidade do Minho, 2009.
POLANY, M. e PROSCH, H. Meaning. The University of Chicago Press, 1977.
PROSCH, H. Michael Polanyi: A critical exposition. Strate University of New York, 1986.
SAIANI,C. O valor do conhecimento tácito: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004.
NOTAS:
[1] POLANYI, M. A dimensão tácita. Inovatec: Portugal, 2010, p.6, 2010.
[2]Idem, p.10.
[3]POLANYI, Michael. Science, Faith and Society. Chicago: University of Chicago Press, 1964.
[4] WEBB, Eugene. Filósofos da consciência: Polanyi, Lonergan, Voegelin, Ricoeur, Girard, Kierkegaard. São Paulo: É Realizações, 2013, pp.66-72.
[5]LAGE, A. L. O conhecimento tácito em Michael Polanyi. p.2, Disponível em: <www.academia.edu/4266866/O_CONHECIMENTO_TÁCITO_em_Michael_Polanyi_ Acesso em: 29, jan. 2019.. p.2
[6] WEBB, Eugene. Filósofos da consciência: Polanyi, Lonergan, Voegelin, Ricoeur, Girard, Kierkegaard. São Paulo: É Realizações, 2013, pp.69,70: “Na ciência, contudo, a verdadeira criatividade e a verdadeira descoberta não vêm da metodologia positivista, mas da crença fundamental do cientista em que a realidade é objetivamente conhecível ainda que o processo de seu conhecimento não possa ser completamente explicitado”.
[7] POLANYI, M. A Lógica da Liberdade: reflexões e réplicas. Rio de Janeiro, Topbooks, 2003. pp.76-80.
[8] POLANYI, M. A dimensão tácita. Inovatec: Portugal, 2010, pp.116-117, 2010.
[9] POLANYI, M. A dimensão tácita. Inovatec: Portugal, 2010, pp.14.
[10] Idem, p.16: “[…] toda a definição de uma palavra que denota uma coisa externa deve, em última instância, confiar no apontar para tal coisa. […] A nossa mensagem deixou para trás algo que nós não queríamos dizer, e a recepção precisa de confiar que a pessoa para quem falamos irá descobrir aquilo que não fomos capazes de comunicar”.
[11] CARDOSO, L.; CARDOSO, P. Para uma revisão da teoria do conhecimento de Michael Polanyi. Revista Portuguesa de Pedagogia, Ano 41, n.1, 2007, 41-44, p.42,43. Disponível em: https://www.oei.es/historico/13109.htm>. Acesso em: 29, jan, 2019: “O autor […] parte da teoria da Gestalt que postula que os indivíduos podem conhecer a totalidade de determinado objeto através da interpretação que fazem dos seus detalhes particulares, ainda que não sejam capazes de, isoladamente, os identificar. Os estudos de Polanyi acerca do conhecimento partem deste pressuposto – o todo é maior do que a mera soma das partes – encarando a Teoria da Forma enquanto moldagem ativa, concretizada no processo de procura de conhecimento. Esta moldagem ou integração de características é considerada como o poder tácito através do qual todo o conhecimento pode ser descoberto e, posteriormente, considerado verdadeiro. Para Polanyi […], a Gestalt assenta, assim, numa lógica de pensamento tácito, facto que transforma a perspectiva da totalidade no sujeito”.
[12] Ibidem, p.17: “Digo que esta conformação ou integração corresponde ao importante e indispensável poder tácito pelo qual todo o conhecimento é descoberto e, uma vez descoberto, é acreditado como sendo verdadeiro.”
[13] WEBB, Eugene. Filósofos da consciência: Polanyi, Lonergan, Voegelin, Ricoeur, Girard, Kierkegaard. São Paulo: É Realizações, 2013, p.85.
[14]Idem. p.20.
[15]SAIANI, C. O valor do conhecimento tácito: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004, p55.
[16] POLANY, M. e PROSCH, H. Meaning. The University of Chicago Press, 1977. p.39
[17]WEBB, Eugene. Filósofos da consciência: Polanyi, Lonergan, Voegelin, Ricoeur, Girard, Kierkegaard. São Paulo: É Realizações, 2013, p.73: “independentemente do que o cientista é levado a crer, […], seu trabalho na verdade parte de uma questão que busca a ordem racional implícita, passando então a uma solução baseada na certeza fundamental de que a realidade é inteligível e conhecível. O processo do conhecimento tem início na experiência que insinua a possibilidade da compreensão e culmina na verificação desse entendimento por meio de seu cotejo com a experiência; no entanto, […] é a antecipação daquilo que é verdadeiramente inteligível o que constitui a força motriz de todo o processo.”
[18]Idem,p. 74.
[19] POLANYI, Michael. O estudo do homem. Trad. de Eduardo Beira. Minho: Universidade do Minho, 2009, p.15.
[20]SAIANI, C. O valor do conhecimento tácito: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004, p55.
[21] POLANYI, M. A dimensão tácita. Inovatec: Portugal, 2010 ,p.ix.
[22]Idem. pp.24, 25:: “[…] a usar uma vara para sentir o caminho, a consciência do seu impacto na mão vai se transformando no sentir da sua ponta a tocar os objetos que estamos a explorar. é assim que um esforço interpretativo transforma sensações sem sentidos em sensações com significado, e as coloca a alguma distância da sensação original. Tornamo-nos conscientes das sensações na mão em função do seu significado localizado na ponta da sonda ou da vara, a que estamos a atender. […] Podemos chamar-lhe o aspecto semântico do conhecer tácito.”
[23] PROSCH, H. Michael Polanyi: A critical exposition. Strate University of New York, 1986, p. 15.
[24]WEBB, Eugene. Filósofos da consciência: Polanyi, Lonergan, Voegelin, Ricoeur, Girard, Kierkegaard. São Paulo: É Realizações, 2013, p.76.
[25]Idem,p. 81.
[26]Ibidem, p.77:”Polanyi […] afirmou que seu principal objetivo ao escrever Personal Knowledge era “alcançar uma disposição mental em que pudesse me ater com firmeza ao que creio ser verdade, muito embora eu reconheça que pode se tratar aí de algo falso.” […] nosso conhecimento da realidade empírica e contingente jamais é uma certeza, mas uma questão de juízo. […] por meio de sua dimensão tácita, o processo de conhecer encontra-se inextricavelmente vinculado ao âmbito dos acontecimentos contingentes que buscamos conhecer. Polanyi também reconheceu quão necessária é a confiança fundamental na possibilidade de se desempenhar adequadamente as operações tácitas envolvidas no conhecimento.”
[27] PROSCH, H. Michael Polanyi: A critical exposition. Strate University of New York, 1986, p.90: ” […] a ciência é o resultado de uma integração semelhante à da percepção comum. Ela estabelece coerências até então desconhecidas na natureza. nosso reconhecimento dessas coerências é largamente baseado, assim como a percepção, em indícios dos quais não estamos focalmente conscientes sendo, na verdade, raramente identificáveis. As concepções correntes da ciência sobre a natureza das coisas sempre afetam nosso reconhecimento da coerência na natureza. Da visualização de um problema à decisão última sobre que dúvidas rejeitar, sempre temos em mente fatores de plausibilidade. é isso que significa dizer que, estritamente falando, qualquer ciência natural é uma expressão de julgamento pessoal.”
[28]Idem,p. 93
Cf.: POLANYI, M. A Lógica da Liberdade: reflexões e réplicas. Rio de Janeiro, Topbooks, 2003. pp. 37,53,56-57,65-66; Dimensão Tácita,2010, p.203.
[29]SAIANI, C. O valor do conhecimento tácito: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004, p59: “Polanyi […] via a “negociação” entre conhecimento tácito e explícito como inerente à própria lógica da descoberta”.
[30] WEBB, Eugene. Filósofos da consciência: Polanyi, Lonergan, Voegelin, Ricoeur, Girard, Kierkegaard. São Paulo: É Realizações, 2013, p.79.
[31]PROSCH, H. Michael Polanyi: A critical exposition. Strate University of New York, 1986, p.94: Ora, tem-se como exemplo Copérnico. Este, conforme Polanyi, “não estava tentando encontrar uma forma logicamente mais simples de descrever os fenômenos apresentados pelos céus. Sua teoria não era melhor do que a de Ptolomeu […]. Copérnico entendia que sua descoberta acarretava uma nova e mais verdadeira visão da realidade. Ele e seus seguidores rejeitaram continuamente a noção de que suas teorias eram somente novos dispositivos matemáticos para calcular as posições aparentes dos corpos celestes. Eles entendiam suas teorias como descrições reais de corpos reais.”
[32]POLANYI, M. A dimensão tácita. Inovatec: Portugal. 2010, pp.35-40: Polanyi examina como os cientistas efetivamente praticam a sua atividade. Segundo ele: “Se admitirmos ser possível termos um conhecimento tácito prévio sobre coisas ainda não descobertas, podermos conhecer um problema e ter certeza de que ele aponta para algo oculto além dele, podemos ainda ter a percepção das implicações ocultas de uma descoberta cientifica e nos sentirmos confiantes de que elas se comprovarão. Temos certeza disto porque ao contemplarmos a descoberta não estamos apenas olhando para ela em si, mas, de forma mais significativa, para uma pista da realidade da qual ela é uma manifestação. A busca pela descoberta é conduzida desde o inicio nesses termos; todo o tempo nós somos guiados pela sensação da presença de uma realidade oculta para a qual as nossas pistas apontam; e a descoberta que finaliza e satisfaz essa busca é ainda sustentada pela mesma visão. Ela reclama ter feito contato com a realidade: uma realidade que, sendo real, pode ainda revelar-se a olhos futuros em manifestações inesperadas indefinidamente”. […]“Chegamos aqui a nossas principais conclusões. Demonstramos que o conhecimento tácito pode ser o principal fator que justifica (1) um conhecimento válido do problema, (2) a capacidade do cientista de persegui-lo, guiado pelo senso de aproximação de sua solução, e (3) uma antecipação válida de implicações ainda não determinadas da descoberta à qual se chega ao final”.[…]“Esses compromissos com o indeterminado são necessariamente envolvidos no ato desconhecimento baseado na interiorização. Pois este ato depende da interiorização de particularidades que não estamos esperando e que, portanto, não somos capazes de especificar, e depende ainda de que esperemos que dessas particularidades não especificadas surja uma entidade abrangente que as conecte de um modo que não podemos definir. Esse tipo de conhecimento soluciona o paradoxo de Meno”.
[33]LAGE, A. L. O conhecimento tácito em Michael Polanyi. Disponível em:< www.acedemia.edu/4266866/O_CONHECIMENTO_TÁCITO_em_Michael_Polanyi> Acesso em: 29, jan, 2019.
[34]SAIANI, C. O valor do conhecimento tácito: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004, p62.
[35] POLANYI. M. Personal kowledge: towards a post-critical philosophy. Chicago, the University of Chicago Press, 1998. p. 302.
[36]SAIANI, C.O valor do conhecimento tácito: a epistemologia de Michael Polanyi na escola. São Paulo: Escrituras, 2004, p.64.
[37] NAUGLE, David K. Cosmovisão: a história de um conceito. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2017, p.251.