Em defesa do credobatismo reformado

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Uma discussão histórica

É possível defender o credobatismo – a prática do batismo exclusivo dos discípulos professos de Jesus Cristo – e ainda assim identificar-se como um cristão reformado?2
   
A julgar por um rápido exame das principais confissões e dos catecismos reformados dos séculos 16 e 17, aparentemente tal conciliação é impossível. As respostas reproduzidas abaixo do Catecismo de Heidelberg (1563) e do Breve Catecismo de Westminster (1647) são representativas do consenso majoritário da tradição reformada acerca da validade e da normatividade do batismo de crianças recém-nascidas de pais cristãos (i.e. pedobatismo).

“P.74: As crianças pequenas também devem ser batizadas?

Sim, elas devem, porque as crianças, assim como os adultos, estão incluídas na aliança e na igreja de Deus; e, desde que a redenção do pecado pelo sangue de Cristo e pelo Espírito Santo, o autor da fé, são prometidos a elas não menos quanto aos adultos, elas devem, portanto, ser batizadas, também ser admitidas na Igreja Cristã e ser distinguidas dos filhos dos incrédulos, como era feito no Antigo Testamento pela circuncisão, em lugar da qual o batismo foi instituído na nova aliança.” (Catecismo de Heidelberg)

“P.95: A quem o batismo deve ser ministrado?

O batismo não deve ser ministrado àqueles que estão fora da igreja visível enquanto eles não professarem sua fé em Cristo e obediência a ele, mas os filhos daqueles que são membros da igreja visível devem ser batizados.” (Breve Catecismo de Westminster)3,4,5

Apesar desse consenso majoritário, uma voz dissidente destaca-se pela sua fidelidade às doutrinas centrais da teologia reformada e sua defesa contundente do credobatismo: a Primeira e a Segunda Confissão de Fé Batistas de 1646 e 1677 (posteriormente reconhecida de maneira mais ampla em 1689). Redigidas pelos representantes batistas do puritanismo – o movimento dissidente da Igreja Anglicana fortemente influenciado pela teologia de João Calvino – tais confissões defendem unanimemente que:
“O batismo é uma ordenança do Novo Testamento, dada por Cristo, que deve ser dispensado a pessoas que professam a fé ou que são feitas discípulos; estas, depois da profissão de fé, devem ser batizadas e depois devem participar da Ceia do Senhor.”6
 
Em virtude de tal precedente, seria ao menos possível defender historicamente a convicção credobatista e reformada.
   
Contudo, ao divergir do consenso majoritário da tradição reformada pedobatista e da sua interpretação da continuidade dos sinais dos pactos entre a Antiga e a Nova Aliança, será que a posição credobatista defendida pelas confissões batistas citadas acima ainda pode ser considerada reformada? A verdade é que não existe uma resposta única a essa pergunta vinda da tradição reformada. Porém, é extremamente relevante notar a posição adotada pela Fraternidade Reformada Mundial (World Reformed Fellowship) – uma coalizão de centenas e milhares de cristãos, igrejas, denominações e organizações espalhadas por todo o mundo que subscrevem às doutrinas centrais da Reforma Protestante.

Em sua declaração de fé redigida em 31 de março de 2011 e ratificada na 4a Assembleia Geral em 26 de março de 2015 em São Paulo, a referida fraternidade procurou resumir os principais pontos de convergência doutrinária entre as confissões reformadas históricas. Dentre as confissões citadas estão os Trinta e Nove Artigos da Igreja Anglicana, a Confissão Belga (1561), a Confissão de Westminster (1648) e, inclusive, a Segunda Confissão Batista de Londres de 1689.8  Ou seja, tal reconhecimento, vindo de um grupo abrangente e representativo do cristianismo reformado mundial em pleno século 21, demonstra ao menos a legitimidade da credencial reformada dos credobatistas solidários às doutrinas da graça e aos cinco solas da Reforma Protestante.

Cremos que tal reconhecimento é correto por diversos motivos. Primeiro, os autores das primeiras confissões batistas reformadas, conforme já indicamos, eram adeptos do arcabouço doutrinário costumeiramente associado ao Calvinismo ou à tradição reformada. Logo, eles concordavam com os seus contemporâneos reformados de convicção pedobatista em boa parte das suas doutrinas cardeais referentes à soberania de Deus na salvação dos eleitos. Tal concordância pode ser vista ainda hoje em parcerias como The Gospel Coalition, uma coalizão de pastores e teólogos norte-americanos solidários às máximas da tradição reformada e oriundos de círculos tanto pedobatistas (Timothy Keller) como credobatistas (D.A. Carson e John Piper).

Segundo, dois outros princípios da Reforma Protestante parecem substanciar a posição credobatista reformada. O primeiro é o famoso lema ecclesia reformata semper reformanda, isto é, “a Igreja reformada está sempre em reforma”.  Tal posicionamento revela que a reforma da Igreja não é um fato consumado e alcançado por uma determinada parcela ou por uma geração específica do povo de Deus. Por mais que sejamos devedores da reflexão, da devoção e da piedade dos teólogos de Heidelberg e Westminster nos séculos 16 e 17, não somos obrigados a afirmar que eles tenham interpretado todo o conselho de Deus perfeitamente. Aliás, eles mesmos defenderam um segundo princípio caríssimo à Reforma, o Sola Scriptura. Por mais válidos e importantes que sejam os credos, as confissões e os catecismos produzidos pela Igreja ao longo da sua rica história, elas são autoridades subordinadas à autoridade final das Escrituras Sagradas. Logo, se e quando julgarmos que tais documentos não foram fieis ao conselho pleno de Deus em sua Palavra, é dever nosso questioná-los à luz do testemunho claro da Bíblia.

No tocante à prática do batismo de crianças recém-nascidas e filhos de membros da Igreja, cremos que nossos antecessores responsáveis pelas confissões batistas do século 17 tomaram a decisão acertada ao divergirem do consenso reformado majoritário, como veremos em seguida.

Uma defesa bíblica10

Podemos resumir em quatro teses o padrão bíblico defendido pelos expoentes do credobatismo:11

1. As Escrituras Sagradas ordenam somente que os discípulos professos de Jesus Cristo sejam batizados.

Não existe um mandamento bíblico direto ou até mesmo indireto ordenando que cristãos batizem os seus filhos recém-nascidos. Curiosamente, todos os nossos irmãos reformados pedobatistas concordam com essa afirmação, apesar de atribuírem esse silêncio bíblico à continuidade entre os pactos do Antigo e do Novo Testamento e à correspondência dos ritos da circuncisão e do batismo nas águas. Contudo, esse é um “argumento do silêncio”, ou seja, ele pressupõe a própria conclusão que intenciona provar. Se tratássemos o silêncio das Escrituras como sendo comprovatório das práticas que desejamos defender, a lista poderia crescer para incluir muitas outras coisas sobre as quais a Bíblia não discursa diretamente.

Todavia, existe um mandamento bíblico direto e claro a respeito do batismo exclusivo de discípulos professos de Cristo. Nas palavras da Grande Comissão, Jesus ordenou aos seus discípulos: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (Mt 28.19)12 Algumas questões merecem especial consideração nesta ordem de Cristo.

Primeiro, o que Jesus ordenou que os seus discípulos fizessem?

Claramente, ele ordenou que eles fizessem novos discípulos de Cristo mediante a sua identificação pública com o Deus Triúno – Pai, Filho e Espírito Santo – por meio do batismo nas águas para uma vida de crescente obediência aos mandamentos de Cristo. Segundo, e mais importante, a quem se destina o batismo nessa ordem? Evidentemente, somente aos discípulos de Cristo. Das 261 ocorrências do termo “discípulo” no Novo Testamento, nenhuma delas se refere a um seguidor em potencial do Evangelho, mas a um seguidor comprometido com o senhorio de Cristo.13  Por fim, o que mais essa ordem subentende? À luz do seu antecedente histórico mais próximo no batismo de João Batista,14 podemos inferir legitimamente a continuação da prática do batismo exclusivo de discípulos convictos e convertidos, ou seja, pessoas arrependidas dos seus pecados e decididas a darem fruto de arrependimento mediante a resposta de fé à pregação da Palavra de Deus. Caso Jesus tivesse em mente a ampliação do batismo para os filhos recém-nascidos dos seus discípulos, seria esperado que ele incluísse uma instrução a esse respeito, o que ele não fez. Logo, concluímos que os apóstolos deveriam simplesmente praticar aquilo que tinham testemunhado em vida: batizar aqueles que se arrependiam dos seus pecados e criam no Senhor para segui-lo e viverem em obediência aos seus mandamentos, e nada mais.

Outra ordem clara a esse respeito encontra-se na conclusão do sermão do apóstolo Pedro em Jerusalém no dia de Pentecostes: “‘Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus, chamar.” (At 2.38-39) Novamente, faz-se necessário examinar alguns pontos-chave dessa ordem apostólica.

Primeiro, qual foi o significado do batismo na ordem de Pedro no dia de Pentecostes? Evidentemente, a submissão à pregação do Evangelho, mediante a identificação pública com Cristo no batismo para  o recebimento do perdão dos pecados e o dom do Espírito Santo. O que isso subentende? Ora, a necessidade antecedente de arrependimento dos pecados e fé na proclamação do Evangelho, sem os quais o batismo nas águas não faria sentido. Mais importante, a quem se destina a ordem e a promessa do batismo? Numa leitura simples do texto, ela não parece se aplicar indiscriminadamente a todos os filhos dos discípulos de Cristo, nem tampouco a todos os que apenas ouvirem o Evangelho, mas a todos a quem o Senhor chamar eficazmente dentre os ouvintes do Evangelho para a salvação, inclusive dentre os filhos dos discípulos de Cristo.15  Esse parece ser o referente mais plausível da promessa citada por Pedro ao final do seu sermão, ou seja, a promessa do profeta Joel de que todo aquele que invocasse o nome do Senhor, mediante o chamado eficaz e o convencimento soberano do Espírito Santo, seria salvo.16

Além do mais, ambos os mandamentos bíblicos diretos referentes ao batismo exclusivo de discípulos de Cristo citados acima estão ligados ao próprio significado do batismo, a saber, a união com Cristo em sua morte e ressurreição mediante um compromisso de fé.17  O comentário do próprio apóstolo Pedro nesse particular é bastante relevante: “… isso é representado pelo batismo que agora também salva vocês – não a remoção da sujeira do corpo, mas o compromisso de uma boa consciência diante de Deus – por meio da ressurreição de Jesus Cristo.” (1Pe 3.21) O que Pedro quis nos ensinar? Ora, que o batismo não tem eficácia própria para nos salvar por meio da lavagem externa com água.18  Na verdade, o batismo aponta para a nossa salvação “por meio da ressurreição de Jesus Cristo”, ou seja, mediante nossa identificação com o Cristo crucificado e ressurreto e a atuação do poder da ressurreição em nós. Mas, como isso é verificado publicamente? Mediante “o compromisso [apelo, súplica] de uma boa consciência diante de Deus” do próprio discípulo batizado.

Em suma, as Escrituras Sagradas ordenam somente que os discípulos professos de Jesus Cristo sejam batizados, o que é corroborado pelo próprio significado do batismo.

2. As Escrituras Sagradas relatam somente o batismo de discípulos professos de Jesus Cristo.

Todos os batismos relatados nas Escrituras são de discípulos professos de Cristo, por exemplo:

a. Os três mil convertidos em Pentecostes (At 2.41);
b. Os “homens e mulheres” convertidos em Samaria (At 8.12);
c. O eunuco etíope (At 8.36-38);
d. Os “muitos coríntios” (At 18.8);
e. Os discípulos de João Batista (At 19.5);
f. O apóstolo Paulo (At 22.16);
g. Gaio e Crispo em Corinto (1Co 1.14).

Curiosamente, os próprios defensores do pedobatismo aliancista reconhecem essa hegemonia bíblica, por exemplo:19
 
a. John Murray: “Não existe uma única instância explícita e comprovada de batismo infantil no Novo Testamento.”

b. Louis Berkhof: “O Novo Testamento não contém evidências diretas da prática do batismo infantil nos dias dos apóstolos.”

c. Charles Hodge: “Em todos os casos registrados da administração do batismo pelos apóstolos, a condição necessária era a profissão de fé do batizado.”

d. B.B. Warfield: “É verdade que não existe um único mandamento explícito no Novo Testamento para batizar infantes, um único registro do batismo de infantes, nem tampouco uma única inferência bíblica exigindo o batismo de infantes.”

e. Bryan Chapell: “Nós que reconhecemos o batismo de infantes temos que reconhecer que a ausência de exemplos claros de batismo infantil nas Escrituras é um forte argumento contra nossa posição.”

Contudo, e quanto aos batismos “domiciliares” ou “familiares” relatados no livro de Atos dos Apóstolos? Eles apontam para o batismo de todos os membros da casa, inclusive bebês que não podiam professar fé em Cristo? Cada um desses casos merece uma atenção à parte:

a. Na casa de Cornélio, a Bíblia diz somente que foram batizados os que ouviram a pregação de Pedro, arrependeram-se dos seus pecados e receberam o dom do Espírito Santo (At 10.44-48; 11.15-18);

b. Na casa de Lídia, diz somente que ela creu e que todos da sua casa foram batizados, sem citar a presença de marido, crianças ou bebês, tornando este um exemplo inconclusivo (At 16.14-15);

c. Na casa do carcereiro em Filipos, diz que todos os da casa que ouviram a Palavra, creram e se alegraram com ele também foram batizados, o que parece excluir crianças recém-nascidas incapazes de crer e alegrar-se com o líder da casa (At 16.31-34, esp. vv.31,34);

d. De forma semelhante, Crispo e os da sua casa, junto com muitos coríntios, creram e foram batizados (At 18.8);

e. Por último, os membros da casa de Estéfanas foram batizados, ou seja, todos os que creram e dedicaram-se ao serviço da igreja (1Co 1.16; 16.15).

Logo, todos os cinco exemplos citados consistem de conversões domiciliares que resultaram em batismos domiciliares, em cumprimento da promessa citada por Pedro no dia de Pentecostes.20 Salvo uma indicação clara da presença de crianças recém-nascidas e do batismo de infantes incapazes de professar fé em Cristo, não há como sustentar que o batismo familiar é justificável pela fé representativa do cabeça da família. Até porque, se todos da casa foram batizados somente com base na fé representativa do cabeça do lar (p.ex. o carcereiro de Filipos ou Crispo ou Estéfanas), como sustentam os pedobatistas aliancistas, então até os demais adultos da casa poderiam ser batizados sem professar fé em Cristo, o que nenhum pedobatista defende.21

3. As Escrituras Sagradas não trazem evidências convincentes da prática do batismo de infantes.

Defensores históricos e contemporâneos do pedobatismo aliancista costumam elencar outros textos além dos exemplos de batismos domiciliares tratados acima como suporte para a sua posição. Por exemplo, é comum entre esses irmãos associarem a promessa já referida de Pedro no dia de Pentecostes em Atos 2.38-39 com a promessa feita a Abraão em Gênesis 17.7-8. Como no contexto dessa passagem veterotestamentária a promessa feita a Abraão foi associada à exigência da circuncisão de todos os descendentes masculinos da família do patriarca,22  e como a promessa feita por Pedro foi associada ao batismo nas águas, deduz-se que um sinal deu lugar ao outro – no caso, a circuncisão deu lugar ao batismo – na sinalização dos herdeiros da promessa feita ao povo da aliança.

Todavia, como já foi assinalado anteriormente, a promessa feita por Pedro em Atos 2.39 diz respeito claramente à concessão do Espírito Santo aos que respondessem ao chamado de Deus no Evangelho mediante o arrependimento e a fé.23  Logo, os recipientes da promessa foram apenas aqueles a quem Deus chamou eficazmente dentre os primeiros ouvintes, seus filhos e os que ainda viriam de longe – todos os que também se arrependessem e cressem no Evangelho.24 Como o texto parece deixar claro, somente foram batizados os que, de fato, creram e se arrependeram e perseveraram na comunhão dos santos.25 Por todas essas razões, constata-se que o referente mais próximo e plausível da promessa citada por Pedro em seu sermão de Pentecostes não é a promessa feita por Deus a Abraão em Gênesis 17, mas aquela feita pelo profeta Joel e mencionada explicitamente pelo apóstolo logo na abertura da sua pregação.26
 
É costumeiro também ouvir defesas do pedobatismo aliancista pautadas na bênção conferida por Jesus às crianças que lhe foram apresentadas. (Mc 10.13-16) Segundo essa linha de raciocínio, quando Jesus conferiu a sua bênção sobre aquelas crianças, ele sinalizou para os seus discípulos a inclusão delas na comunidade da aliança do Novo Testamento, tal qual a inclusão dos descendentes biológicos de Abraão na comunidade da aliança no Antigo Testamento. Portanto, se as crianças foram assim admitidas no Antigo Testamento e sinalizadas pelo rito da circuncisão, o mesmo deveria aplicar-se para os filhos dos discípulos de Cristo por meio do batismo nas águas a partir do Novo Testamento.

Em resposta, precisamos notar que não há indicação alguma na passagem citada acima de que os pais dessas crianças eram exclusivamente judeus piedosos e, portanto, praticantes da circuncisão. Aliás, isso é muito improvável à luz da natureza mista das multidões que costumavam seguir Jesus. Logo, a associação sugerida pelos defensores do pedobatismo entre a bênção de Jesus sobre as crianças e a bênção de Abraão sobre seus descendentes é implausível. Segundo, não há indicação alguma nas palavras de Jesus de que essas crianças, pelo simples fato de serem crianças, foram admitidas como membros do reino de Deus e, por conseguinte, da Igreja. Aliás, é bastante improvável que esse seja o caso, pois, do contrário, existiriam duas maneiras de entrar no reino de Deus nos evangelhos: uma por nascimento natural e outra por nascimento espiritual. Além do mais, o fato de Jesus receber as crianças, orar por elas e abençoá-las não indica que elas eram membros do reino de Deus ou sequer foram batizadas. Afinal de contas, por que os discípulos proibiriam o acesso delas a Jesus se essa fosse sua convicção e prática habitual? Por fim, precisamos notar que o foco da passagem está no recebimento do reino de Deus “como uma criança”, ou seja, de maneira simples, dependente e humilde, o que deve ser o caso com todo verdadeiro discípulo de Cristo.27  Essa foi a intenção original desse ensino de Jesus Cristo, que em nenhum momento cita a prática do batismo em associação com a sua bênção proferida sobre aquelas crianças.28

Outra evidência neotestamentária citada a favor do pedobatismo é a referência de Paulo à “santificação” dos filhos de um cônjuge crente em 1 Coríntios 7.14. Segundo nossos irmãos pedobatistas, o fato de Paulo declarar os filhos de um cônjuge crente “santos” mesmo que o outro cônjuge não partilhe da mesma fé no Evangelho parece sinalizar a inclusão desses filhos na comunidade da aliança – a Igreja – e, por isso, passíveis do recebimento do sinal do batismo nas águas ainda recém-nascidos. A dificuldade com esse raciocínio, porém, é que Paulo também refere-se ao cônjuge descrente como sendo “santificado” por meio da sua esposa crente. (1Co 7.14a) Logo, se os filhos “santos” podem ser recipientes do sinal do batismo somente pela fé representativa da sua mãe, o mesmo não deveria ser dito do cônjuge incrédulo “santificado”? Será que ele pode ser batizado à parte de uma profissão de fé somente com base na fé representativa da sua esposa? É evidente que não. O que Paulo provavelmente tinha em mente é que o cônjuge e filhos descrentes são “santificados” pela influência abençoadora do testemunho cristão do cônjuge convertido e não devem ser desprezados, apesar da Lei Mosaica exigir a emancipação de cônjuges e filhos incrédulos.29
   
Finalmente, podemos mencionar brevemente a referência às crianças em Éfeso citadas por Paulo em sua carta àquela igreja. (Ef 6.1-3) Diz-se que, por terem sido citadas por Paulo, o apóstolo provavelmente as considerava membros da Igreja pelo simples fato de pertencerem a lares cristãos e, por conseguinte, tais crianças teriam recebido o sinal do batismo nas águas. Contudo, é necessário notar que Paulo menciona tais crianças como parte da companhia dos “santos” endereçados por ele e salvos pela graça de Jesus Cristo mediante a resposta de fé ao Evangelho.30  Além do mais, é inconcebível imaginar Paulo instruindo crianças recém-nascidas e supostamente batizadas a obedecerem aos seus pais no Senhor.

4. As Escrituras Sagradas não ensinam a correspondência exata entre o rito da circuncisão no Antigo Testamento e a ordenança do batismo nas águas no Novo Testamento.

De acordo com os nossos irmãos pedobatistas, o batismo representa no Novo Testamento exatamente o que a circuncisão representou no Antigo Testamento, a saber, a inclusão ou admissão de alguém à comunidade da aliança.31  Contudo, não existe um único texto bíblico que defenda tal correspondência. Aliás, o único texto na Bíblia que menciona circuncisão e batismo simultaneamente parece ensinar exatamente o contrário.

Em Colossenses 2.11-12, Paulo diz: “Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne. Isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.” Segundo a interpretação pedobatista aliancista, o fato de Paulo mencionar o rito da circuncisão e o rito do batismo no mesmo argumento aponta para a correspondência exata entre esses sinais. De acordo com esse raciocínio, por um lado, a circuncisão física apontava para a circuncisão espiritual do coração.32  Por outro lado, Paulo parece dizer que o batismo nas águas também aponta para uma circuncisão interna e espiritual. Logo, como ambos os ritos apontam para as mesmas coisas, eles são exatamente correspondentes e devem ser aplicados aos mesmos grupos, inclusive a crianças recém-nascidas.

Contudo, na passagem destacada, é importante notar que Paulo sequer cita a circuncisão física externa, mas uma circuncisão interna espiritual realizada por Cristo e não por mãos humanas. (Cl 2.11) Portanto, não há como traçar um paralelo claro entre o rito externo da circuncisão e o batismo nas águas a partir dessa única passagem. Além do mais, de acordo com as palavras de Paulo, a circuncisão espiritual operada por Cristo é evidenciada por dois outros marcos externos: o batismo e a fé do batizado, o que evidentemente exclui infantes recém-nascidos. (Cl 2.12)

Outro texto de Paulo citado em favor da correlação entre a circuncisão física e o batismo nas águas é Romanos 4.11-12: “Assim ele [Abraão] recebeu a circuncisão como sinal, como selo da justiça que ele tinha pela fé, quando ainda não fora circuncidado. Portanto, ele é o pai de todos os que creem, sem terem sido circuncidados, a fim de que a justiça fosse creditada também a eles; e é igualmente o pai dos circuncisos que não somente são circuncisos, mas também andam nos passos da fé que teve nosso pai Abraão antes de passar pela circuncisão.” Argumenta-se que, se a circuncisão representou a justiça que Abraão tinha pela fé, a circuncisão representaria o mesmo para os seus descendentes biológicos, circuncidados antes de exercerem a fé. Logo, o mesmo poderia ser dito de crianças recém-nascidas de filhos cristãos e batizadas como sinal de uma justiça a ser recebida pela fé.

Além da ausência completa de uma referência clara e direta ao batismo nas águas nessa passagem, pelo menos duas outras dificuldades surgem nessa linha de raciocínio. Primeiro, o texto não fala do rito da circuncisão em geral, mas tão somente da circuncisão individual de Abraão, o que impossibilita uma dedução generalizada do significado da circuncisão para todos os herdeiros do patriarca de Israel. Segundo, o texto não fala da justificação potencial e futura de Abraão, mas da justificação pela fé de Abraão antecedente ao ato da circuncisão. Logo, se um paralelo for traçado a partir desse texto entre a circuncisão e o batismo, ele favorece a posição credobatista mais do que a pedobatista.

Por último, o silêncio de Paulo quanto à correspondência entre a circuncisão e o batismo é gritante nos momentos em que seria muito oportuno traçar tal correspondência. Por três vezes em suas cartas, o apóstolo relativiza o rito da circuncisão à luz de uma realidade superior:

“A circuncisão não significa nada, e a incircuncisão também nada é; o que importa é obedecer aos mandamentos de Deus.” (1Co 7.19)
“Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a fé que atua pelo amor.” (Gl 5.6)
“De nada vale ser circuncidado ou não. O que importa é ser uma nova criação.” (Gl 6.15)

Notavelmente, em nenhuma dessas ocorrências Paulo correlaciona o rito da circuncisão ao rito do batismo nas águas. Nas duas últimas referências citadas da sua carta aos Gálatas, seria extremamente oportuno traçar tal correspondência à luz da polêmica do apóstolo contra os judaizantes que assediavam os cristãos gentios a submeterem-se à circuncisão. Caso Paulo cresse na correspondência exata entre a circuncisão e o batismo, quão mais simples e direta teria sido sua resposta ao dizer aos gálatas que eles não precisavam ser circuncidados visto que já tinham sido batizados nas águas. O fato dele não argumentar dessa forma não só depõe contra tal correspondência, como também demonstra qual é o sinal verdadeiro e exclusivo de admissão de uma pessoa à comunidade da aliança no Novo Testamento: o novo nascimento e a fé em Cristo para uma nova vida de amor e obediência ao Senhor.
   
Em virtude da falta de evidências satisfatórias, portanto, o máximo que podemos afirmar é que tanto a circuncisão como o batismo representavam ritos de admissão na comunidade da aliança do Antigo e do Novo Testamento respectivamente. Todavia, nem por isso, eles são ritos análogos ou exatamente correspondentes.

Em suma, por um lado, as Escrituras Sagradas ordenam somente que os discípulos professos de Jesus Cristo sejam batizados e relatam somente o batismo de discípulos professos de Jesus Cristo. Por outro lado, a Bíblia não traz evidências convincentes para a prática do batismo de infantes recém-nascidos, nem tampouco reconhece a correspondência exata entre o rito da circuncisão no Antigo Testamento e a ordenança do batismo nas águas no Novo Testamento. Portanto, a Igreja não pode batizar quem quer que seja, de qualquer idade ou condição, sem que antes esta pessoa demonstre sinais suficientes de que é um discípulo de Jesus, arrependido dos seus pecados e crente no Evangelho para uma vida de submissão e lealdade exclusiva ao senhorio de Cristo. Nesse particular, os autores das primeiras confissões batistas reformadas foram mais fieis ao conselho de Deus nas Escrituras Sagradas do que os autores dos catecismos de Heidelberg e de Westminster.

Um esclarecimento teológico
   
Por fim, é necessário tratar aqui de um equívoco comum cometido por cristãos reformados de convicção pedobatista em relação aos seus irmãos credobatistas. É costumeiro ouvir daqueles irmãos que a tradição pedobatista enfatiza a soberania de Deus no chamado de uma criança recém-nascida consagrada como membro da comunidade da aliança, enquanto que os adeptos do credobatismo enfatizam a resposta voluntária do ser humano no batismo por profissão pública de fé. Nas entrelinhas de comentários dessa natureza observa-se a tendência de contrapor a crença na soberania de Deus na salvação à prática do credobatismo e de defender o pedobatismo como sendo mais coerente com e fiel às doutrinas reformadas históricas.
   
Precisamos reconhecer que, atualmente, a maioria dos praticantes e defensores do credobatismo não se identifica com a teologia calvinista, nem tampouco se alinha com o posicionamento doutrinário das primeiras confissões batistas reformadas. É verdade, a maioria dos credobatistas hoje rechaçaria a soberania de Deus na eleição e na salvação dos cristãos! Contudo, como já defendemos ao longo deste ensaio com base em argumentos históricos, bíblicos e teológicos, isso não significa que a crença na soberania de Deus e a prática do batismo por profissão de fé sejam contraditórias e irreconciliáveis.
  
Dentro do campo reformado, portanto, o que distingue irmãos pedobatistas e credobatistas não é a convicção maior de um da soberania de Deus e de outro da responsabilidade humana. A verdade é que ambos os grupos enfatizam as duas coisas no tocante ao batismo. Ambos concordam que Deus é soberano na consagração de um cristão nas águas do batismo. Contudo, enquanto os pedobatistas defendem a responsabilidade e a iniciativa dos pais cristãos ao batizarem os seus filhos, os credobatistas defendem a responsabilidade e a iniciativa individual de cada filho ao buscar o batismo nas águas. Ou seja, enquanto o primeiro grupo enfatiza a fé dos pais, o segundo grupo enfatiza a fé dos filhos e de cada indivíduo que professa Cristo como seu Senhor e Salvador. Em outras palavras, um não enfatiza mais do que o outro a soberania de Deus, nem tampouco o exercício da fé no ato do batismo.
   
Em suma, por todas as razões expostas, é possível sim ser um credobatista reformado. Mais que isso, cremos que seja a posição preferível para os que desejam honrar suas raízes protestantes e reformadas em consonância com a autoridade final das Escrituras Sagradas.

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1O presente estudo foi apresentado primeiramente no dia 04.06.2016 na Igreja Cristã Nova Vida – Catedral (Rio de Janeiro, RJ) como parte do curso “O Pentecostal Reformado”, ministrado em parceria com o Bispo Walter McAlister, com o apoio do Instituto Bispo Roberto McAlister de Estudos Cristãos. Para mais informações, acesse: www.ibrmec.com.br/opentecostalreformado.php
2Para outra resposta positiva a essa pergunta – com as devidas qualificações históricas próprias das tradições reformadas – confira o excelente artigo de Kevin DeYoung, “Is John Piper Really Reformed?” (“John Piper é realmente reformado?”) em https://blogs.thegospelcoalition.org/kevindeyoung/2013/11/07/is-john-piper-really-reformed/, acessado em 24.05.2016.
3Cf. Harmonia das Confissões Reformadas, organizada por Joel R. Beeke & Sinclair B. Ferguson; São Paulo: Cultura Cristã, 2006; p.213-214.
4Para um estudo perspicaz de como o pedobatismo aliancista defendido por Zuínglio e seus sucessores na Reforma Protestante representou uma ruptura com o entendimento histórico da união indissolúvel entre o sinal do batismo e a fé do batizando, confira o capítulo de Jonathan H. Rainbow, “‘Confessor Baptism’: the Baptismal Doctrine of the Early Anabaptists” em Believer’s Baptism: Sign of the New Covenant in Christ, editado por Thomas R. Schreiner & Shawn D. Wright (B&H Academic: Nashville, TN, 2006). Rainbow demonstra que a tradição medieval manteve tal união entre o batismo e a fé por meio do ensinamento da graça infusa pelo sacramento, que comunica a fé ao infante, enquanto Lutero revisou tal entendimento enfatizando o poder da Palavra de Deus proclamada no ato do batismo para despertar a fé no infante. Para resolver as tensões inerentes à doutrina da regeneração batismal, Zuínglio e os demais reformadores aliancistas mantiveram a prática do pedobatismo, mas descartam a sua teologia, cunhando o pedobatismo aliancista que abole a necessidade da fé do recém-nascido no ato batismal. Já os anabatistas mantiveram o entendimento histórico da união indissolúvel entre o batismo e a fé do batizando, mas descartaram a prática do batismo de recém-nascidos e decidiram pelo batismo por confissão própria.
5Para uma defesa da incompatibilidade entre a definição reformada e bíblica dos sacramentos e a prática do pedobatismo, confira o capítulo de Shawn D. Wright, “Baptism and the Logic of Reformed Paedobaptists” em Believer’s Baptism: Sign of the New Covenant in Christ, editado por Thomas R. Schreiner & Shawn D. Wright (B&H Academic: Nashville, TN, 2006).
6Henry Bettenson, ed. Documentos da Igreja Cristã. 5a edição. São Paulo: ASTE, 2007. p. 344-345.
7Para um resumo bastante acessível da diferença central entre a intrepretação pedobatista e credobatista da continuidade e descontinuidade entre os pactos do Antigo e do Novo Testamento, confira o capítulo de John Piper “Irmãos, exaltem o significado do batismo” em Irmãos, nós não somos profissionais, São Paulo: Shedd, 2009; p.143-152. Para um tratamento mais acadêmico e profundo do assunto, veja o ensaio de Stephen J. Wellum, “Baptism and the Relationship Between the Covenants” [Batismo e a Relação entre as Alianças], disponível em https://kingdomresources.files.wordpress.com/2007/08/wellum_baptindd.pdf, acessado em 24.05.2016.
8Confira http://wrfnet.org/about/statement-of-faith#.V0SkFza9jCc, acessado em 24.05.2016.
9O mais famoso credobatista reformado, o evangelista calvinista Charles Haddon Spurgeon, chegou à mesma conclusão, conforme ilustrado nas perguntas 76 e 77 do seu Catecismo Puritano de 1855, disponível em http://www.monergismo.com/textos/catecismos/Catecismo_Spurgeon.htm, acessado em 24.05.2016. “76. Pergunta. Quem pode ser batizado?
Resposta. Todos aqueles que realmente professam arrependimento (Atos 2:38; Mateus 3:6; Marcos 16:16; Atos 8:12, 36-37; Atos 10:47-48) para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo e nenhum outro.
77. Pergunta. Os filhinhos dos que se professam crentes devem ser batizados?
Resposta. Os filhinhos de tais crentes professos não devem ser batizados porque não há ordem nem exemplo nas Santas Escrituras para que sejam batizados (Êxodo 23:13; Provérbios 30:6).”
10Há excelentes defesas acadêmicas do batismo exclusivo de discípulos professos de Jesus Cristo. Apesar de ainda não ter sido traduzido para o português, recomendamos fortemente a leitura do clássico de Paul Jewett, Infant Baptism and the Covenant of Grace (Grand Rapids: Eerdmans, 1978) que traz tanto uma crítica contundente da prática do pedobatismo como uma defesa convincente do credobatismo a partir de uma leitura pactual das Escrituras Sagradas. Um volume mais recente que traz uma defesa do credobatismo do ponto de vista bíblico, histórico, teológico e até pastoral é o excelente volume editado por Thomas R. Schreiner e Shawn Wright, Believer’s Baptism: Sign of the New Covenant in Christ [Batismo de Crentes: Sinal da Nova Aliança em Cristo] (B&H Academic, 2006). A defesa bíblica apresentada no presente ensaio resume os pontos principais expostos pelos autores da obra supracitada, especialmente os capítulos de Andreas J. Kostenberger (“Baptism in the Gospels” [“Batismo nos Evangelhos”]), Robert H. Stein (“Baptism in Luke-Acts” [“Batismo em Lucas-Atos”]) e Thomas R. Schreiner (“Baptism in the Epistles: An Initiation Rite for Believers” [“Batismo nas Epístolas: Um Rito de Iniciação para Crentes”]).
11As seguintes teses seguem, em boa parte, a ordem do raciocínio de Matt Waymeyer em seu livro A Biblical Critique of Infant Baptism [Uma Crítica Bíblica ao Batismo Infantil] (Kress Christian Publications, 2008).
12Todas as referências bíblicas citadas provém da Nova Versão Internacional.
13Para alguns poucos exemplos representativos, cf. Lc 14.25-34; Jo 13.35; 15.8; At 11.26
14Curiosamente, os defensores do pedobatismo aliancista fazem pouco caso da proximidade histórica do batismo ordenado por Jesus ao batismo praticado por João Batista, optando por correlacionar a ordenança do batismo nas águas com a prática da circuncisão exigida por Deus de Abraão e seus descendentes séculos antes em Gn 17.12-14.
15cf. At 2.39b
16cp. Jl 2.32; At 2.21,39
17cf. Rm 6.3-7; Gl 3.27
18Contra os expoentes da doutrina da regeneração batismal.
19As citações abaixo (de minha tradução) com as devidas referências bibliográficas foram extraídas de Matt Waymeyer, A Biblical Critique of Infant Baptism [Uma Crítica Bíblica ao Batismo Infantil], p.14.
20cf. At 2.39
21Waymeyer, op. cit., p.22-23.
22cf. Gn 17.12-14
23cf. At 2.17,33,38-39; cp. Lc 24.49; At 1.4-5
24cf. At 2.39b
25cf. At 2.40-47
26cp. At 2.17-21; Jl 2.28-32
27cp. Mc 10.15; Mt 18.3
28Eu devo tais argumentos aos pontos apresentados por Waymeyer, op. cit., p.36-43.
29cf. Ex 34.11-16; Dt 7.1-5; Ne 13.23-30; Ed 10.1-17
30cf. Ef 1.1,13-14; 2.1-10
31Curiosamente, apesar de afirmar a correspondência exata entre os sinais da Antiga e da Nova Aliança, nenhuma família ou igreja de convicção pedobatista pratica isso consistentemente. Por exemplo, todo membro da família nuclear e todo servo ou empregado de um cristão deve ser batizado, independente da sua idade ou profissão de fé? Por que não, se todo membro masculino da casa de um hebreu – incluindo seus servos, e não somente seus filhos – deveria ser circuncidado? (cf. Gn 17.12-14) Além do mais, todo filho de um casal cristão, tendo sido batizado quando bebê, pode e deve batizar os seus filhos, independente da sua própria conversão pessoal ao Evangelho? Por que não, se todo descendente de Israel deveria circuncidar o seu filho, independente dele servir fielmente ao Deus de Israel?
32cf. Dt 10.16; 30.6
33Notavelmente, Paulo nesta referência não considera que a prática da circuncisão figurava mais entre os mandamentos a serem obedecidos pelos cristãos, o que depõe contra o raciocínio pedobatista de que a instituição permanente da circuncisão estabelecida na Antiga Aliança exigiria um rito exatamente correspondente na Nova Aliança, a saber, o batismo nas águas.

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SUGESTÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR:

5 COMENTÁRIOS

  1. Prezados irmãos,
    O coment rio de John McAlister fala a verdade.Não tem na Bíblia assunto sobre batismo de criançaa.O batismo foi feito para o pecador consciente do seu pecado ( original). Os demais pecado e tratado por I Jo.1:9>Batismo não tem nada haver com circuncisão.Lembrem-se dessas pedras Deus suscitar  filhos a Abraão.

  2. O artigo é bom, contudo há uma distorção no conceito de pedobatismo no pensamento do autor do artigo e que faz uma grande diferença no debate: no ponto 3. “As Escrituras Sagradas não trazem evidências convincentes da prática do batismo de infantes.” no quarto parágrafo o autor pressupõe uma afirmação que poucos pedobatistas afirmam: que há uma forma natural de entrar no reino de Deus. Isso significa, segundo o autor, que os pedobatistas crêem que os filhos batizados são salvos- falácia! Isso não é assim. A grande maioria dos pedobatistas não crê que o batismo salva seus filhos e que estes, ao serem batizados, entram no reino de Deus. Antes, o batismo de infantes marca sua participação na igreja visível, na assembleia do povo de Deus e a participação na influência e bênçãos dela (CFW capítulo XXV, parágrafo I e II). Reformados pedobatistas acreditam na distinção entre igreja visível e invisível: a admissão na igreja visível é segundo a profissão de fé acompanhada de evidências práticas (no caso de adultos) ou filiação de pais crentes (no caso de crianças incapazes de exercerem a fé); a admissão na invisível é segundo a eleição da graça em Cristo Jesus.

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