Conhecendo aspectos da religião e cultura µrabe

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Aspecto religioso:

1 – O Islamismo no mundo árabe
As três maiores religiões monoteístas originam-se do Oriente Médio. A religião, nesta parte do mundo principalmente, ainda dirige as regras sociais. A maioria dos árabes são muçulmanos e regularmente estão em confronto com os cristãos e judeus. Os princípios dos muçulmanos são conhecidos pelos cinco pilares do Islamismo: O primeiro pilar é o “testemunho”, isto é uma declaração pública de fé para ser admitido na religião. A declaração é fundamental para o Islam: “Não existe deus, mas Deus, e Maomé é seu profeta (apóstolo)”. Essa frase é “gritada”, “proclamada”, “bramida” cinco vezes ao dia chamando os muçulmanos para oração. O “profeta” Maomé é considerado um “apóstolo”, sendo comparado com Jesus, para nós cristãos, e Moisés para os judeus. Maomé é o fundador da religião islâmica ocorrida no sétimo século. Seus ensinamentos estão registrados no Alcorão, considerado a palavra de Deus. Portanto, aquele que declara o “testemunho”, não está somente dizendo que é um verdadeiro muçulmano, mas também está declarando que não é cristão ou judeu. O significado desta declaração tem implicações mais profundas na cosmovisão islâmica, significa até mesmo morrer pela causa de “Allah” (Deus para os muçulmanos).

Outro pilar do Islam é a oração feita cinco vezes ao dia. Uma pessoa pode pôr um pequeno tapete voltado para Meca (cidade sagrada para os muçulmanos localizada na Arábia Saudita) e onde estiver orar. Eles oram nos lugares mais inacreditáveis: no shopping, na praça, na rua, etc. Porém acredita-se que tem poder a quantidade de vezes que isso ocorre, desta forma orar dentro da Mesquita é um fator motivador para eles. Antes da oração deve-se fazer o ritual de purificação que consiste em: lavar os pés, o rosto e as mãos. Finalmente, num ato de reverência (voltado para Meca), tocar a testa no chão por sete vezes (abaixando e levantando), recitando os versos do Alcorão. Realizando este ato sete vezes durante as cinco chamadas da oração, executou-se o ritual diário de oração. Assim o fazem para achar favor diante de Deus inclusive perdão dos pecados. Às sextas-feiras é para os muçulmanos o dia do descanso. Os sermões em cada Mesquita são feitos ao meio-dia, quando a maioria dos muçulmanos comparece para ouvir.  Mas, durante a semana a maioria dos muçulmanos não tem tempo ou motivação para cumprir este ritual. Em muitos países ocidentais a hora da oração é ignorada pela maioria dos fiéis.

Dar esmolas aos pobres é mais um pilar do Islã. Hoje em dia isso é feito de uma maneira formal. Alguns governos coletam as taxas das pessoas e distribuem o dinheiro para os pobres registrados. Devido à economia de alguns países árabes, o índice de pobreza tem aumentado bastante. Mesmo assim, a religião encoraja que ajudem os pobres, aqueles mendigos esquecidos.

O mais importante pilar do Islam é o Ramadan. Esse é o tempo quando os muçulmanos jejuam o dia todo até a chegada da noite. Os que praticam este ritual acordam cedo, antes da alvorada e comem uma grande refeição. Aliás, é a época do ano em que mais se come entre os muçulmanos, sendo bastante frequente alguns passarem mal tendo que ser socorridos em hospitais. Após o romper do dia, eles não podem mais comer, beber (nem mesmo engolir a saliva), fumar, e nem fazer sexo até o pôr do sol. No pôr do sol, após a oração, outra grande refeição é feita em família. À hora de quebrar o jejum é ouvida por todos pela Mesquita, pois é anunciado em alta voz do Muezzin (religioso que convoca os fiéis à oração). No momento que podem comer, eles comemoram festejando. No final do Ramadan eles fazem outra grande festa por cinco dias. Contudo, durante este período, mais pessoas vão às Mesquitas para orar e buscar ser um muçulmano fiel. No geral eles creem que se uma pessoa foi infiel durante todo ano anterior, e se mostrar religiosa durante o período do Ramadan, suas faltas e pecados anteriores serão perdoados.

O último pilar do Islam é a peregrinação à Meca. Meca é a cidade onde nasceu o islamismo. Cada muçulmano é encorajado a fazer esta peregrinação pelo menos uma vez na vida. Após a peregrinação consideram que todos os pecados do passado se tornam esquecidos (perdoados) por Deus (Allah). A maioria dos muçulmanos espera até envelhecer para ir à Meca, assim pecados de longos anos seriam apagados. O “Paraíso” é um prêmio para todos os que morrem pelo caminho à Meca.

Outro ensinamento que toma lugar de todos esses é a “santa jihad” (“guerra santa”). É a luta contra os inimigos do Islam. Se a pessoa morre em combate, então todos os pecados são perdoados dando acesso direto para o céu. O Paraíso para um muçulmano é um lugar eterno e repleto de desejos carnais (moças virgens para deleite dos homens), com oportunidade de comer, beber e divertir-se para sempre. Os “crentes” do Islam não obtêm acesso direto para o céu, mas tem que sofrer um período de “purgatório” antes da entrada para a felicidade eterna, exceto quando morto na “guerra santa”. O prazer em “ver a Deus”, não é parte do Paraíso muçulmano, apesar de acreditarem no Juízo Final.

 2 – O cristianismo no mundo árabe
Acredita-se que os cristãos do mundo árabe são descendentes da Igreja primitiva. Eles são aqueles que têm sobrevivido há séculos de perseguições. Hoje em dia eles são um pequeno percentual no mundo árabe, mas não uma comunidade pouco notada. A maioria dos países árabes tem leis especiais para os cristãos dando-lhes liberdade de praticarem sua religião de forma limitada. Com certeza, não com evangelismos ou proselitismo (persuadindo as pessoas a se converterem a nova fé). A maioria dos árabes cristãos não tem o mesmo status social, ou oportunidades, no mundo de trabalho e negócios como os demais muçulmanos. Existe uma perseguição no mínimo psicológica para com os cristãos que vivem nestes países.

A maioria dos árabes cristãos provem de Igrejas orientais, como: no Egito (Igreja Cóptica); na Palestina, Jordânia e Síria (Igreja Ortodoxa Grega). Podemos encontrar também as comunidades armênias e as Igrejas católicas romanas. Caso um cristão resolva converter-se ao islamismo terá todo apoio da comunidade islâmica local e “ascenderá socialmente”, mas caso um muçulmano resolva converter-se ao cristianismo é banido do convívio familiar e é socialmente discriminado, a ponto de correr risco de morte.

3 – A diversidade religiosa entre árabes e israelenses
Em Israel, por exemplo, são considerados judeus aqueles que aderem à religião do Antigo Testamento, incluindo os “puros” descendentes de Abraão (por raça), reconhecidos como os “verdadeiros” judeus. Contudo, todos os que possuem cidadania no país são considerados israelitas (árabes e judeus). Já os etíopes negros convertidos, são uma mistura étnica racial e são adoradores do Deus de Abraão. Também neste país encontramos os sionistas (grupo político tendente à remoção dos não judeus da Palestina), buscam o desenvolvimento de Israel como uma grande nação. Os árabes palestinos que vivem no lado israelense são considerados cidadãos de segunda classe. E claro, os palestinos são opositores do sionismo, uma vez que também se consideram filho de Abraão através do primogênito Ismael. Os muçulmanos conquistaram a fama de violentos, por lutarem muitas vezes com táticas terroristas. Eles sentem-se politicamente desamparados e sua imagem é ruim para a maioria dos que vivem no mundo ocidental. Porém, a maioria da população árabe não é envolvida com nenhum tipo de violência e querem a paz tão “almejada” por todos. Mas, podemos caracterizar que ambos os lados são muito vingativos. Todo sangue derramado no Oriente Médio não é jamais esquecido. Isso faz com que a solução para esta permanente crise política torne- se ainda mais complicada.

 4 – A superstição islâmica
Os muçulmanos acreditam fortemente em demônios chamados “jinn” (gênio). O Alcorão e as “Mil e uma noites” falam muito em demônios. Os árabes originários de todas as seitas islâmicas têm uma concepção de que o mundo está cheio de seres espirituais. Isto é visto nas práticas cotidianas. Eles também acreditavam que os demônios se escondiam em cavernas protegendo os tesouros enterrados. Existem incontáveis estórias (contos) de pessoas que viram demônios à noite fazendo muitas coisas. Isso não é considerado brincadeira para eles, e muitos idosos ficam ofendidos se os contos forem tidos como meras estórias. Os muçulmanos proferem o nome de Allah (Deus) antes de entrarem nas casas, nos cômodos, no carro, antes de comer, beber, ou realizar alguma tarefa. Assim, eles o fazem protegendo-se contra os espíritos (“jinns”), o que já se tornou em hábito cultural rotineiro (e com pouco sentido para os mais jovens).

O derramamento de sangue também é concebido como redenção e forma de proteção dos maus espíritos contra pessoas ou coisas. O carneiro pode ser morto pela compra de um novo carro ou aquisição de uma casa, também em festas de casamento para proteção do novo casal, etc. Eles acreditam que cada momento é vulnerável, por isso proferem palavras de bênção todo tempo, exemplo: na hora da refeição dizem “sarten”, que quer dizer “saúde dobrada” pra você.  Desta maneira, cumprimentar as pessoas também tem sido um ato supersticioso, pois um demônio por ciúmes poderá destruir pessoas e/ou objetos que elas possuem. Portanto, após o cumprimento formal deve-se mencionar o nome de Deus (Allah) como prevenção de um possível desastre contra esta vida. Se o cumprimento foi feito erradamente (fora dos padrões culturais religiosos) pode acontecer um mal-entendido entre as partes, achando que foi proferida uma maldição. Por isso, recomenda-se não cumprimentar admirando pessoas ou coisas (eles pensam que o espírito de inveja irá atrair grande destruição). Também é importante não cumprimentar com a mão esquerda, ato considerado impuro em alguns países.

Para os muçulmanos recitar os versos do Alcorão funciona como amuleto. Antigamente, líderes religiosos encorajavam as pessoas a rasgarem os versos do Alcorão e misturá-lo na água, depois beberem acreditando no poder curativo. O próprio Alcorão menciona o uso de encantos. Encantadores são pagos para jogar maldições sobre outra pessoa. Palavras de maldições são aprendidas pelas crianças todos os dias, e são pronunciadas como se houvesse muito poder na solução de problemas, uma vez que “lançam” sobre outros para livrarem-se do mal. Caso a pessoa que recebeu a maldição descubra o proferidor da mesma, a vingança sobre ele será levada a sério, pois foi o originador de problemas. Uma magia que é plenamente aceita pela maioria é ter um pequeno pedaço do verso do Alcorão ao redor do pescoço junto com um adorno ou jóia. É comum ver os cristãos nominais usando o crucifixo como forma de “proteção” destes maus espíritos.

Outra prática ocultista comum é o das mulheres lerem a vida das pessoas através da borra de café que acabou de ser bebido. A maneira delas praticarem esta adivinhação é emborcando o copo sobre o pires deixando cair os grãos de café do fundo, passando então a ler o futuro daquela pessoa. Vale lembrar que o café servido é sempre o turco (com pó), para tomá-lo é necessário primeiro deixar o pó decantar (ou seja, descer até o fundo), por isso é importante não beber o líquido até o fim. O Islamismo folclórico ensina que cada pessoa tem um espírito bom do lado direito do ombro, que o conscientiza para a prática do bem, e um espírito mal do lado esquerdo para tentá-lo ao pecado. Allah (Deus) não é parte do islamismo folclórico, mas os pedidos de ajuda são feitos aos “homens santos do islam” já mortos (seus mártires), ou através das manipulações de espíritos bons e maus. Nunca, jamais colocam o Livro Sagrado (Alcorão) no chão. Para eles todo respeito deve ser dado ao Livro, uma vez que suas palavras foram dadas do céu ao profeta Maomé.

Aspecto social:

1 – Relacionamentos
Uma grande família é muito importante para a sociedade árabe. O individualismo não é princípio central nesta cultura. Há exemplo dos beduínos, cada pessoa está ligada a sua própria tribo. A extensa família está sempre junta em ocasiões especiais, ou em momentos de crise. Nos casamentos e funerais é normal que todos da família sejam convidados. Se alguém de uma tribo ou membro da família está com problemas, todos irão buscar recursos a fim de ajudar esta pessoa. Os casamentos geralmente são celebrados em três dias (dependendo do recurso familiar) e usualmente ocorre um período pós-casamento, quando o casal recebe novamente os convidados (parentes). Quanto aos funerais leva o dia todo o serviço religioso. No enterro um jantar é servido para todos os que velam em casa, seguido de três dias para receberem os pêsames. É esperado que todos os parentes venham consolar a família do morto.  Formaturas, batismos e qualquer outra ocasião especial, também são honrados pelos membros das famílias. As férias são ocupadas com interesses familiares.

Num passado não remoto, na casa de um muçulmano e de um cristão conservador, os homens e mulheres moravam em cômodos separados uns dos outros. Um visitante homem sentava-se num ambiente longe das mulheres. Às vezes esta situação era flexível tratando-se de parentes próximos, ou amigos bem íntimos. Cada casa possuía um cômodo especial para quando homens fossem convidados para uma visita, e, as mulheres que os acompanham podiam sentar-se na cozinha onde a esposa normalmente ficava preparando tudo para os convidados. Isso era bem típico, mesmo se tratando de famílias que moravam nas cidades. Principalmente os homens solteiros e as mulheres eram entretidos separadamente. O estilo ocidental de namoro não é muito praticado no mundo árabe. Alguns jovens casais são tentados a começar o namoro quando estão nas Universidades. Geralmente isso é realizado fora de casa, e sem o conhecimento dos pais. A principal frustração para estes relacionamentos é que quase raramente chegam ao casamento. Outro problema comum é que a maioria dos homens não tem uma situação financeira condizente, ou ainda são suficientemente maduros para o casamento após o período colegial. O pai da moça, por exemplo, colocará pressão para que o casamento seja por motivos financeiros e não por motivos emocionais. Depois do noivado, o “relacionamento” pode começar com a aprovação de todos, isso é normal até os dias de hoje. Alguns jovens de classes mais abastadas são tremendamente influenciados por padrões ocidentais a “curtirem-se”, mas a maioria deles o faz entre grupos de namorados. É muito perigoso para um homem estrangeiro buscar envolvimento romântico com uma moça árabe sem ter a aprovação da família, isso é grande desonra pra família. Ainda que a moça não tenha ultrapassado nenhum limite da decência, e que todas as possíveis acusações não sejam comprovadas publicamente, caso ela tenha descumprido o código de honra familiar, alguns familiares não serão tolerantes para com ela. Histórias de mortes pela família ainda são ouvidas nestes casos.

Quanto aos vizinhos, tem um provérbio árabe que diz: “Pegue seu vizinho diante de sua casa.” É costume para os árabes visitarem seus vizinhos em ocasiões especiais. Também é completamente comum as vizinhas (mulheres) visitarem-se regularmente. Os vizinhos olham as casas uns dos outros quando os donos não estão. Com certeza, se um vizinho não confia no outro esse “próximo” relacionamento pode ser facilmente destruído. Confiança é a maior característica para um bom fundamento na amizade. A confiança é ganha trazendo a pessoa para dentro da casa e a conhecendo melhor, contudo, caso a pessoa planeje um crime poderá usar estes mesmos meios de aproximação. A reputação de todos deve ser testemunhada no local em que se vive. Portanto, antes de um jovem pedir em noivado uma moça, ele investigará sobre ela e sua família entre os vizinhos mais próximos, até de tomar sua decisão. Os estrangeiros precisam de mais tempo para cultivar as amizades entre seus vizinhos, porque não tem ninguém que dê bom testemunho sobre eles.

2 – Hospitalidade
Para se compreender o povo árabe temos que voltar no tempo. Abel e Caim: um era pastor de ovelhas e outro agricultor. Por anos muitos árabes viveram assim: agricultores ou pastores de ovelhas. Os agricultores se desenvolveram dentro de comunidades e vilas, e os pastores com tribos beduínas. Com isso encontramos algumas similaridades e diferenças culturais no comportamento deles. Além disso, o clima e a terra (semidesértica e desértica) afetam o comportamento desse povo. A característica mais excelente dos árabes é a generosidade hospitaleira. Isso é um traço muito honrável nesta cultura, e que ajuda na necessidade de sobrevivência no deserto. Sem compartilhar as necessidades básicas, o morador do deserto teria morrido gerações passadas. Era absolutamente proibido de privar qualquer um de água, sendo amigo ou inimigo. Também o pão não podia ser jogado fora, ou cair no chão, ou ainda ser usado de uma “forma vergonhosa”.

Exibir generosidade sempre foi uma exigência absoluta para um verdadeiro árabe, como parte de sua herança cultural. A maioria das pessoas vivia em pequenas vilas ou tribos, e a distância entre os membros da família e dos amigos era grande, mas é desnecessário dizer, que os visitantes quando chegavam às casas estavam cansados, famintos e sedentos. Hoje em dia é fácil dirigir até a casa do hospedeiro, portanto, em geral o que hospeda tem toda responsabilidade com as despesas.  O hospedeiro também deve se empenhar imensamente para que seu hóspede se sinta em casa, isso ainda é resultado de antigas tradições culturais. Estranhos sempre carregam com eles um senso de mistério. Os árabes sempre honravam os estranhos por motivos de curiosidade. O estranho poderia ser um poderoso aliado, um anjo ou um demônio. A generosidade neste caso pode ser inimiga, ou só alguém que eles gostariam de conhecer. Quem sabe? Eles são pessoas muito inquisitivas (curiosos). De qualquer maneira, honrar um estrangeiro também é para ele um comando divino.

Quando uma pessoa entrava em uma casa árabe, ou tenda beduína, ela tinha que tirar os sapatos. Pois se assumia que todos os sapatos foram pisados em estercos, por isso eram imundos. As solas dos sapatos nunca podiam ser apontadas para outras pessoas, pois era insulto direto (uma afronta). Também cruzar as pernas e expor a sola do sapato, e até os pés se não estiverem limpos era considerado ofensa grave. Hoje em dia essa tradição praticamente terminou, somente tiram os sapatos quando querem manter a casa limpa.

O Senhor Jesus contou uma parábola sobre quando fossemos numa festa, nunca procurar os melhores lugares (Lc 14.7-11). Numa festa beduína, um assento perto do noivo é o lugar de mais honra, o que significa que esta pessoa é muito importante. Com isso, o novo convidado deverá ser confiável o suficiente para ganhar um lugar honrável diante de todos. Logo que um visitante chega, algo para beber deve ser imediatamente trazido, sem perguntar nada antes. Isso mostrará se o visitante é amigo bem-vindo ou não. A pessoa que recusa a primeira bebida significa que ela tem um problema com o hospedador. Tradicionalmente, um golinho de café num copo bem pequeno é servido com a mão direita, para a mão direita do convidado. O chá não é um costume tradicional. Eles tomam chá pela influência inglesa durante o imperialismo, mas é bem conveniente, principalmente no frio. No verão serve-se bebida bem gelada, seguido do chá, frutas, vegetais e/ou doces típicos. Em alguns casos, tantos para os estrangeiros como para os visitantes distantes, é comum servir o almoço para honrar o visitante. Quando toda refeição é finalmente terminada, o café turco é oferecido simbolizando que o hospedador cumpriu sua obrigação de hospitalidade para com o visitante. Significa também, que finalizou ali a tarefa de alimentá-lo. Então, após o café nada mais será oferecido entendendo que é hora do visitante ir embora.

Durante a visita o hospedador nunca dará a entender que está cansado do convidado, e quando o hóspede disser que é hora de partir o hospedador deverá insistir para que ele fique (mesmo querendo que ele vá). O hospedador deverá dizer que ainda é cedo, não importa a hora. É uma tradição insistir para que o visitante fique um pouco mais, e uma mera formalidade cultural. A atitude do hospedador deve ser de reconhecimento para com o convidado que se dispôs e se sacrificou para ir até ele, e agora também fará o mesmo sacrifício ao retornar para sua casa. Portanto, o hospedeiro nunca deve dar sinais que a visita foi inconveniente ou que o contrariou (ainda que assim o seja). Quando este hospedador vier à sua casa irá esperar o mesmo tratamento que lhe proporcionou anteriormente. Outra coisa, o visitante não deverá ser visto pelo hospedador como um mendigo, ou como aquele que veio somente para tirar vantagens de sua hospitalidade, portanto, deve-se recusar inicialmente tudo que lhe for oferecido para comer. Finalmente o hospedador irá insistir só então é educado aceitar o que lhe foi oferecido, exceto em casos de mais intimidade com o hospedador. Nunca devemos esquecer que comida é fator social importante, negar alimentar-se na casa de qualquer pessoa pode parecer no mínimo suspeito para quem lhe recebe em casa.

Considerações finais
Na atualidade, os árabes trabalham em geral com atividades comerciais e turismo. Alguns países, no entanto, são grandes exportadores de petróleo para Europa. Muitos costumes ocidentais foram assimilados por eles, especialmente na globalização. Devemos ter em mente, que apesar da singularidade da cultura árabe, os tempos mudaram após terem acesso à internet e diversos canais de TV do Ocidente. Mas, falarmos de cultura árabe também é algo complexo. Por exemplo: os egípcios são africanos, considerados árabes na cultura, língua e religião. Assim como sírios, libaneses e outros com a mesma similaridade, mas são de diversas “raças” diferentes.  O mais importante, no entanto, é o que os une em língua e costumes – a religião islâmica! Onde quer que tenha um muçulmano, não importa sua origem, será considerado “irmão” para outro de sua fé – ainda que discordem teologicamente das interpretações do Alcorão. Podemos dizer que o Islamismo casou grande impacto histórico e uniu vários povos em torno de si, para além das dimensões geográficas de onde se originou. Inclusive, no aspecto político eram divididos em clãs, nômades, e em constante guerra entre si. O monoteísmo islâmico e a figura central de Maomé foram os fatores fundamentais de agregação dessas tribos através da fé em Allah. Sua extensão hoje atinge o mundo todo. Estão presentes na política, economia, e diversas áreas de influência nas sociedades mais distintas do Ocidente. A cosmovisão islâmica os impulsiona a expandir sua religião a todos os povos do planeta, mesmo que para alguns seja necessário o uso da violência.

1 COMENTÁRIO

  1. Excelente Texto. É descrito os costumes  rabes de forma clara e sucinta, em geral. Bem importante também as consideraçäes finais, atentando sobre a globalização como causadora da alteração de costumes tradicionais.

  2. O texto est  muito bem construído, com claras e inteligentes observaçäes.
    parabéns a autora do texto supramencionado, que possa nos brindar com outras consideraçäes tão ricas e pertinentes.
    Att. Marcio.

  3. AS ESCRITURAS SAGRADAS CONTA QUE DEUS AMOU O MUNDO DE TAL MANEIRA QUE ENVIOU O SEU FILHO JESUS! PARA A SALVAÇÃO DE TODO A QUELE QUE NELE CRER JESUS CRISTO O FILHO DE DEUS É A éNICA PORTA PELO QUAL O HOMEM PODE SER SALVO, O SACRIFÍCIO DE JESUS CRISTO NA CRUZ A SUA MORTE NOS DA A CERTEZA QUE ESTAMOS LIVRE DO PECADO, O SANGUE QUE FOI DERRAMANDO DE UM HOMEM INOCENTE PARA A SALVAÇÃO DE TODOS OS QUE CRER.

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