Bem-aventurados os pacificadores!

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A violência no mundo está cada vez mais insana e descontrolada. Guerra e terrorismo no Iraque. Crise e barbárie no Líbano. Um cartunista faz um desenho na Dinamarca e isso vira desculpa para matar cerca de 50 cristãos na Nigéria. Alguns jogam a culpa dessas mortes sobre a religião islâmica. Ouvi de um cristão ex-muçulmano: “O verdadeiro islamismo é violento. No Alcorão existem mais de 50 versos que encorajam a matar.” Um argumento parecido poderia ser elaborado contra a Bíblia; para tanto não faltariam versículos sangrentos como: “Babilônia, você será destruída! Feliz aquele que fizer com você o que você fez conosco – aquele que pegar suas crianças e esmagá-las contra as pedras!” (Salmo 137.8-9).

Também não faltaria embasamento histórico. Ao longo de 2 mil anos, quantos assassinatos não foram cometidos em nome da Bíblia, desde os tempos mais antigos, passando pelas cruzadas, pela Reforma, pela Inquisição até chegarmos aos dias de hoje? Na África não faltam exemplos. Cristãos ortodoxos perseguem e torturam pentecostais na Eritréia. Na Nigéria, mencionada acima, muitos cristãos respondem fogo com fogo e vingam-se assassinando muçulmanos. Creio que a causa da violência está na desigualdade brutal, na intolerância e no descaso pelo próximo. Bíblia e Alcorão são apenas válvulas de escape.

Por outro lado, há cristãos e muçulmanos buscando paz. Um exemplo é a rainha jordaniana. Assisti a um programa em que ela disse: “Essa guerra não é do islamismo contra o cristianismo, do ocidente contra o oriente. Ela é dos extremistas contra os moderados. Existem extremistas cristãos e islâmicos, e o maior medo deles é que os moderados se unam. Se quisermos vencer essa guerra, é isso que devemos fazer”.

Por um lado, é triste notar que radical e extremo viraram sinônimos de violência. Cristianismo radical deveria significar exatamente o oposto: extremo amor ao próximo. De qualquer forma, concordo com a rainha em um ponto: só venceremos essa guerra através da união de cristãos e muçulmanos que verdadeiramente buscam a paz. A desunião entre os dois grupos é o grande obstáculo a ser vencido. Na maioria dos países em que a guerra é acirrada, cada grupo vive isolado no seu próprio gueto comunitário. Muitos cristãos vêem muçulmanos como a ameaça do outro lado da cerca e vice-versa.

Propor essa união não significa que devemos abrir mão de nossa fé. Muito pelo contrário, significa que precisamos exercê-la. Afinal, Cristo nos mandou amar o próximo. Como amá-lo se o enxergo como ameaça e tenho medo de estar junto dele? Se preferimos ficar imóveis, testemunhando esse massacre, a nos unirmos com alguém de outra religião, traímos o Espírito de Cristo. Creio em Jesus como único caminho para a salvação. Creio no Reino dos Céus. Mas, se não trabalharmos para acabar com essa onda de violência, muitos homens explodirão nas ruas antes de terem a chance de alcançar o Caminho para o Reino. Considerando o presente caos no mundo, a prioridade da Igreja é uma só: paz! Que deixemos preconceitos de lado e estejamos dispostos a pagar o preço necessário para alcançá-la.

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