A Bíblia e a prática da homossexualidade

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A palavra inglesa “homossexual” é derivada de duas palavras, a palavra grega homo, que significa “mesmo”, e a palavra latina sexus que significa “sexo”. “Homossexual”, portanto, significa atividade do mesmo sexo, homem com homem ou mulher com mulher. Na linguagem contemporânea, os homossexuais masculinos são frequentemente chamados de “gays” e as homossexuais femininas “lésbicas”. A palavra “homossexual” é de origem relativamente moderna, tendo sido cunhada pela primeira vez por volta de 1890. As traduções inglesas da Bíblia naturalmente não usam esse termo moderno. As Escrituras, entretanto, estão familiarizadas com a atividade do mesmo sexo, e em cada ocasião em que é referida a ela é condenada. O que se segue é um exame e avaliação das evidências bíblicas relevantes sobre o assunto.

ANTIGO TESTAMENTO

Levítico 18.22 e 20.13

A referência mais explícita e importante à homossexualidade no Antigo Testamento ocorre no Código de Santidade de Levítico. Levítico 18.22 afirma especificamente: Não te deitarás com um homem como se deita com uma mulher. Isso é abominável”. O mandamento é repetido em Levítico 20.13, com a prescrição da pena de morte para sua infração: O homem que se deitar com outro homem como se fosse uma mulher, ambos cometeram uma abominação, deverão morrer, e seu sangue cairá sobre eles”. Na passagem de Levítico 18, a menção da homossexualidade ocorre em contextos de imoralidade grosseira: o versículo anterior à proibição da homossexualidade em 18.22 proíbe o sacrifício de crianças e o versículo seguinte proíbe a zoofilia. Além disso, em ambas as passagens, a homossexualidade masculina é chamada de “abominação”. A palavra hebraica para “abominação”, תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah), significa um objeto de repulsa. É a condenação mais forte no Antigo Testamento por violações de uma natureza religiosa.

Objeção: Alguns argumentam que תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah), se refere ao ritual (ou seja, infrações do culto judaico) em oposição às violações morais que incumbem a todas as pessoas. Eles argumentam, por exemplo, que a proibição da homossexualidade em Levítico é análoga às proibições de comer carne de porco ou ter relações sexuais com uma mulher durante seu período menstrual. Se esses mandamentos perderam sua validade para nós hoje, por que a proibição da homossexualidade deveria ser mantida?

Resposta: O Antigo Testamento não coloca a homossexualidade na categoria de rituais ou infrações de culto. תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah) ocorre em Levítico apenas em 18.22, 26, 27, 29, 30 e 20.13, onde se refere à imoralidade grosseira dos cananeus. A tradução grega do termo na Septuaginta, βδελυγµα (bdelygma), também significa algo detestável, despertando a ira de Deus. Também é reservado para ofensas morais graves. Além disso, a mesma palavra para “abominação” ocorre em uma lista de pecados dos gentios nos Apócrifos Sabedoria de Salomão 12.23, o que indica que βδελυγμα (bdelygma), como תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah), é usado com referência às ofensas morais humanas, não às violações do culto judaico (Para mais exemplos, veja Dt 12.31; 18.9, 12; 20.18; 1Rs 14.24; 2Rs 16.3; 21:2; 2Cr 28.3; 33.2; 36.14; Is 44.19).

A tradição teológica reformada, em particular, diferencia entre as leis do culto e as leis morais no Antigo Testamento, as primeiras sendo cumpridas em Cristo, as últimas retendo sua força moral. Isso é evidente nas próprias Escrituras. Jesus, por exemplo, permitiu comer alimentos impuros (Mc 7), mas manteve o modelo heterossexual de criação (Mc 10.6-9). É igualmente significativo que, embora as proibições rituais no Antigo Testamento sejam frequentemente ignoradas ou violadas pela igreja primitiva, a proibição contra a homossexualidade nunca é questionada, mas repetida e mantida no Novo Testamento e na igreja primitiva.

OUTROS TEXTOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Além dessas proibições explícitas da homossexualidade, o Antigo Testamento descreve atos homossexuais em termos igualmente condenáveis.

Gênesis 19 e Juízes 19

Gênesis 19 e Juízes 19 descrevem tentativa de homossexualidade como de estupros. Gênesis 19.4-8 diz:

Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles. Saiu-lhes, então, Ló à porta, fechou-a após si e lhes disse: Rogo-vos, meus irmãos, que não façais mal; tenho duas filhas, virgens, eu vo-las trarei; tratai-as como vos parecer, porém nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a proteção de meu teto.

Similarmente, Juízes 19.22-24 diz:

Enquanto eles se alegravam, eis que os homens daquela cidade, filhos de Belial, cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Traze para fora o homem que entrou em tua casa, para que abusemos dele. O senhor da casa saiu a ter com eles e lhes disse: Não, irmãos meus, não façais semelhante mal; já que o homem está em minha casa, não façais tal loucura. Minha filha virgem e a concubina dele trarei para fora; humilhai-as e fazei delas o que melhor vos agrade; porém a este homem não façais semelhante loucura.

Objeção: Apesar do significado claro dessas passagens, uma interpretação revisionista argumenta que o pecado descrito aqui não é de homossexualidade, mas de inospitalidade. A suposta inospitalidade consistia em Ló ter recebido e entretido dois estrangeiros cujas intenções poderiam ser hostis para com a comunidade (visto que Ló era estrangeiro), ou na inospitalidade dos homens da cidade para com os estranhos, ou em ambas. O verbo “saber”, argumenta-se, não carrega conotações sexuais em Gênesis 19 e Juízes 19, mas apenas a intenção de se familiarizar com os estranhos.

Resposta: Esta interpretação não é convincente. É altamente questionável, em primeiro lugar, se a inospitalidade fosse proibida como um pecado na Torá, e essa punição certamente não seria destruir uma cidade. Mais importante ainda, o contexto e o vocabulário em Gênesis 19 e Juízes 19 indicam claramente uma tentativa de agressão homossexual aos convidados, já que ambas as histórias indicam que os agressores ficaram (ou teriam ficado) satisfeitos com a entrega de mulheres para serem molestadas sexualmente. O verbo “saber” é uma tradução do hebraico יָדַ֖ע (yada), que em Gênesis 4.1, por exemplo, carrega conotações sexuais. Esse é o significado claro do verbo em Gênesis 19.8 em referência às “filhas que não conheceram um homem”; o contexto de Gênesis 19.5 também exige o significado de uma agressão (homo)sexual. Em Gênesis 19.7 Ló implora aos homens de Sodoma que não façam esta coisa perversa (תָּרֵֽעוּ׃, tareu). Essas observações negam vigorosamente a sugestão de que os homens simplesmente queriam se familiarizar com os estranhos. Finalmente, em Gênesis 19.13, o clamor de Deus contra Sodoma é tão grande que a cidade é destruída. Isto também é verdade na passagem de Juízes. Em Juízes 19.22, o verbo hebraico também é יָדַ֖ע (yada), novamente com conotações homossexuais. E no v.23 a ação é chamada (תָּרֵֽעוּ׃, tareu), “uma coisa perversa”.

Outras referências aos pecados de Sodoma frequentemente aludem ou mencionam o pecado da homossexualidade. Judas 7 castiga os sodomitas que “se entregaram à imoralidade sexual e perseguiram a concupiscência não natural” (Grego = “outra carne”). 2Pedro 2.7 se refere a Gênesis 19 com a expressão “lascívia”. A palavra grega para “lascívia”, ασελγεια (aselgeia), é um termo forte que descreve libertinagem, excessos sexuais e brutalidade. Em Ezequiel 16.46-50, Sodoma é citada como um modelo de corrupção moral, cujo pecado é chamado de “abominável”.

Textos extra-bíblicos também se referem ao pecado homossexual de Sodoma. O Testamento de Naftali 3.4-5, no Pseudoepígrafe, adverte para não “tornar-se como Sodoma que se desviou da ordem da natureza”. O filósofo judeu do primeiro século Filo (On Abraham 133-136) condena vigorosamente Sodoma, onde “os homens montavam machos sem respeito pela natureza sexual”. O historiador judeu Josefo (Antiguities of the Jews 1.200-201) fala dos “sodomitas… ultraje à beleza juvenil”, sobre os homens que Ló recebera sob seu teto. O ataque homossexual é mencionado em 3Macabeus 2.5, onde “o povo de Sodoma … era famoso por seus vícios”, e em Jubileus 16.6, que se refere à “poluição de Sodoma”.

Os pais da igreja, da mesma forma, consideravam a “ofensa dos sodomitas, como a dos homens de Gibeá (Jz 19.22) [como uma] exigência de conhecimento carnal dos convidados de um vizinho” (M. Pope, “Homosexuality”, Interpreter’s Dictionary of the Bible [Supl], 415). O descontentamento divino com Sodoma é assinalado por sua aniquilação, que, aliás, aparece em toda a tradição bíblica como o símbolo por excelência da vingança divina (por exemplo, Mt 10.15; 11.23-24; Lc 10.12; Rm 9.29, e em outros lugares em Filo e Josefo).

As tentativas de agressão homossexual, em Gênesis 19 e Juízes 19, não eram o limite dos pecados cometidos, obviamente, como indica o estupro subsequente das mulheres. No clima moral corrupto de Sodoma, no entanto, o estupro de mulheres era visto como o menor dos dois males em comparação com uma agressão homossexual.

Deuteronômio 22.5

Deuteronômio 22.5 também tem uma relação com o nosso assunto. O texto diz: “A mulher não deve usar nada que pertença a um homem, nem o homem deve vestir uma roupa de mulher; pois quem faz essas coisas é uma abominação (תוֹעֲבַ֛ת, tohahvath) ao Senhor seu Deus”. A menção ao travestismo e sua associação com “abominação” é provavelmente uma referência à inversão sexual (ver M. Pope, IDB [Supl], 416).

Deuteronômio 23.17-18

Deuteronômio 23.17-18 também é um texto relevante:

Não haverá dentre as filhas de Israel quem se prostitua no serviço do templo, nem dentre os filhos de Israel (קְדֵשָׁ֖ה, kahdesh) haverá quem o faça;  Não trarás o salário da prostituta (זוֹנָ֜ה, zohnach) nem o aluguel do sodomita [cão] (כֶּ֗לֶב, kehlev) para a casa do Senhor teu Deus por qualquer voto, porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis (תוֹעֲבַ֛ת, tohahvath) ao Senhor teu Deus [Versão King James].

Objeção: Às vezes, é sugerido que este texto não se refere à homossexualidade, mas apenas que proíbe os israelitas de participarem de cultos cananeus de fertilidade.

Resposta: A tradição rabínica concordou que Deuteronômio 23.17 se referia à sodomia passiva (Babylonian Talmud, Tractate Sanhedrin 54a-54b), embora as opiniões variassem se era punível com a morte. Deuteronômio 23.17-18 deve ser lido em conjunto com 1Reis 14.24; 15.12; 22.46 e 2Reis 23.7, todos os quais aludem à presença de prostituição cúltica, incluindo a prostituição masculina, em Jerusalém nos séculos IX, VIII e VII a.C. Esses textos, junto com 1Reis 15.13, sugerem que a rainha-mãe mantinha um culto da fertilidade à deusa Asherah no templo de Jerusalém (ver S. Ackerman, “The Queen Mother and the Cult of Ancient Israel,” JBL 112/3 (1993) 385-401). Os seguintes pontos são dignos de menção em conexão com esta evidência. Primeiro, visto que a adoração no templo em Israel era limitada a homens, prostitutas de culto masculino ou “cães” teriam que se referir a práticas de culto homossexual. Segundo, embora as práticas homossexuais fossem obviamente inférteis, a cópula homossexual (junto com a cópula heterossexual), era aparentemente crido com efeito mágico de fertilidade. Finalmente, e mais importante, o esforço de reforma associado ao Rei Josias (e Deuteronômio é geralmente associado a essa reforma) exterminou vigorosa e sistematicamente essas práticas de culto sexual.

NOTA I – HOMOSSEXUALIDADE E A ORDEM DA CRIAÇÃO

O argumento de que a homossexualidade é uma orientação ou estilo de vida concedida por Deus, como é comumente afirmado hoje, não pode ser considerado à parte da referência à ordem da criação em Gênesis 1-2. Gênesis 1.26 afirma que a humanidade foi criada à imagem de Deus e que o ser homem e mulher refletem essa imagem. Frequentemente se ouve hoje o argumento de que um ato sexual é moral na medida em que expressa afeição verdadeira entre indivíduos que consentem e lhes dá prazer. Este, entretanto, não é um argumento bíblico nem moral, pois como tal pode ser usado para justificar, além da homossexualidade, adultério, sexo grupal, sexo com crianças e até mesmo sexo com animais. Ele define uma pessoa humana simplesmente como um ser consciente, o que leva a um tipo de amor desencarnado, enquanto a imagem de Deus que se expressa na masculinidade e a feminilidade pressupõe distinção e continuidade do eu, da natureza sexual e da atividade moral. O apóstolo Paulo, como veremos, de fato apela a esse desígnio na criação quando discute a aberração da homossexualidade em Romanos 1.26-27.

Deus criou a raça humana não em uniformidade, mas em sexos complementares, masculino e feminino, cuja união é descrita como “uma só carne”. A união heterossexual, protegida e preservada conforme a aliança do casamento, não é simplesmente uma escolha humana ou uma variedade de união sexual entre muitas, mas uma ordem da criação. É uma vocação sagrada no sentido de que somente esta forma de união permite à humanidade cumprir o mandamento de Deus de “ser fecundo e se multiplicar” (Gn 1.28). Macho e fêmea encontram assim sua mútua realização, bem como sua função procriadora, em seu oposto complementar, um ensinamento que é reafirmado no Novo Testamento em Mateus 19.5; Marcos 10.6-8; e 1Coríntios 11.7,9.

Frequentemente é observado que Jesus não fez nenhum pronunciamento sobre a homossexualidade. Isto é inferido que a homossexualidade não era, portanto, uma preocupação moral para nosso Senhor. Deve-se notar, no entanto, que sobre a questão do casamento em Marcos 10, Jesus corrigiu a política liberal de divórcio da tradição dos anciãos, que apelava para a Torá (Dt 24.1,3), citando o desígnio e propósito de Deus para o casamento entre um homem e uma mulher em Gênesis 1-2. Se, de acordo com Marcos 10.6-12, a única alternativa ao casamento heterossexual fiel que Jesus permitia era o celibato, quão provável é que ele teria aceitado o casamento homossexual, que foi inequivocamente repudiado no Antigo Testamento e no judaísmo?

NOTA II – ATITUDES CULTURAIS EM RELAÇÃO À HOMOSSEXUALIDADE NO ANTIGO ORIENTE

Frequentemente, afirma-se que os ensinos éticos da Bíblia, e especificamente o ensino sobre a homossexualidade, são culturalmente condicionados, ou seja, que foram influenciados pela(s) cultura(s) em que os israelitas e os primeiros cristãos viveram e, portanto, não podem ser considerados absolutos para nosso dia. As evidências a seguir dissipam essa noção no caso da homossexualidade.

Na Mesopotâmia, os textos legais praticamente ignoram os atos homossexuais;

Entre os hititas, aparentemente não havia proibição de atos homossexuais;

Em Ugarite, não há informações disponíveis sobre o assunto;

No Egito, a pederastia (homens adultos que mantêm relações sexuais com meninos) foi reprovada, mas, por outro lado, a homossexualidade evidentemente não foi proscrita;

Na Grécia, a homossexualidade era, via de regra, vista (e promovida) como uma forma superior de sexualidade (por exemplo, o Simpósio de Platão).

Em Roma, a norma grega foi adotada e levada a extremos mais decadentes, embora o ideal estoico de monogamia tentasse contrabalançar a degeneração moral generalizada.

Como esta revisão indica, o Antigo Oriente era ambivalente ou permissivo em relação à questão da homossexualidade, e às vezes afirmava isso. A posição bíblica sobre a homossexualidade não reflete as normas culturais, mas na maioria das vezes se opõe a elas. É, portanto, errado afirmar que a posição da Bíblia sobre esta questão é culturalmente determinada.

NOVO TESTAMENTO

 I Coríntios 6.9-10

O texto mais antigo do Novo Testamento sobre homossexualidade é I Coríntios 6.9-10:

Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.

Dois termos do texto acima merecem atenção. O primeiro é µαλακοι (malakoi), que o NRSV traduz como “prostitutos masculinos”. A denotação de µαλακοι (malakoi) na literatura grega é “suave”, como as vestimentas macias usadas por pessoas exigentes (Lc 7.25). Pode, no entanto, carregar uma conotação, como aqui, de pessoas “suaves” ou parceiros homossexuais passivos, especificamente “homens e meninos que se permitem ser maltratados homossexualmente” (Bauer, Arndt, Gingrich, A Greek-English Lexicon, 489 [incluindo uma lista de referências na literatura grega secular onde µαλακοι (malakoi) carrega o mesmo significado]). O recente Dicionário Exegético do Novo Testamento (2.381) define µαλακοι (malakoi) em 1Coríntios 6.9 como “exemplos repreensíveis de homossexualidade passiva”. A tradução deste termo na Vulgata latina, mollis, carrega um sentido correspondente. A presença de πορνοι (pornoi, fornicação) e µοιχοι (moichoi, adultério) nesta passagem indica claramente que µαλακοι (malakoi) deve ser entendido no sentido de imoralidade sexual.

O segundo termo é αρσενοκοιται (arsenokoitai), que o NRSV traduz, “sodomitas”, um termo derivado da infâmia da Sodomia descrita em Gênesis 19. Embora esta seja a primeira ocorrência do termo na literatura grega, não pode haver dúvida sobre seu significado. Uma palavra composta, αρσενοκοιται (arsenokoitai) significa “(homens) indo para a cama (ou copulando) com homens”.

Objeção: Às vezes, argumenta-se que os dois termos acima condenam apenas a pederastia, ou seja, o sexo entre um homem adulto e um “garoto de programa”, ao invés da homossexualidade entre adultos consentidos.

Resposta: Vários estudiosos argumentaram de forma convincente que Paulo cunhou αρσενοκοιται (arsenokoitai) a partir da presença de duas palavras adjacentes em Levítico 20.13 (αρσενος κοιτην, arsenos koiten; ver D. Malick, “The Condemnation of Homosexuality in I Corinthians 6:9”, Biblioteca Sacra 150 [1993] 479-492). Levítico 20.13, deve-se lembrar, é a proibição mais forte da homossexualidade no Antigo Testamento. Se, como parece provável, o apóstolo Paulo tem este texto em mente ao utilizar αρσενοκοιται (arsenokoitai) em 1Coríntios 6.9, então o termo não pode ser limitado simplesmente à prática grega de pederastia, como John Boswell e outros argumentam, mas deve ser visto como uma condenação abrangente da homossexualidade (como em Lv 20.13), incluindo o consentimento de relacionamentos homossexuais adultos. Consequentemente, Bauer, Arndt e Gingrich (p. 109) definem corretamente o termo como “um homossexual masculino, pederasta, sodomita”, como fazem Liddell, Scott e Jones no definitivo Greek-English Lexicon (p. 246). O Dicionário Exegético do Novo Testamento (1.158) define o termo como “referindo-se a um homem que se envolve em atividade sexual com homens ou meninos”.

O termo aparece novamente no Novo Testamento em 1Timóteo 1.10, onde é pareado com πορνοι (pornoi, fornicadores), estabelecendo novamente uma prática sexual ilícita. Um século depois de Paulo (cerca de 155 d.C.), αρσενοκοιται (arsenokoitai) foi usado por Policarpo, bispo de Esmirna, em sua epístola aos Filipenses (5.3) alertando os jovens “para se isolarem da concupiscência do mundo”. Policarpo então cita 1Coríntios 6.9, e se refere aos comportamentos descritos ali como “iniquidade” (ατοπα, atopa). A Vulgata latina traduz αρσενοκοιται (arsenokoitai) como masculorum concubitores, que, de acordo com o Novo Dicionário Latino de Cassell, significa “deitar juntos ou a cópula de homens”. Cassell inclui passagens de Cícero e Virgílio onde carrega o mesmo sentido.

Romanos 1.26-27

A condenação mais inequívoca da homossexualidade no Novo Testamento ocorre em Romanos 1.26-27:

Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; (χρησις, chresis = “relações” ou “funções”, especialmente de relações sexuais), semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro (ou divagação).

Objeção: Algumas vezes é sugerido que esta passagem não é uma condenação da homossexualidade per se, mas de pessoas que “trocam” sua orientação heterossexual natural por atos homossexuais.

Resposta: Essa visão projeta erroneamente o conceito moderno de orientação da personalidade nas Escrituras. O apóstolo Paulo não aborda as origens, motivações ou gratificações da homossexualidade, incluindo o conceito moderno de “orientação sexual”. Os argumentos de tais causas, quaisquer que sejam seus méritos biológicos, psicológicos ou sociológicos, seriam simplesmente vistos pelo apóstolo como outras manifestações do poder do pecado para confundir e cegar o pensamento humano (Rm 1.28). A proscrição aqui, como em todas as Escrituras, refere-se apenas a atos homossexuais.

Romanos 1.26-27 na verdade amplia a condenação bíblica da homossexualidade para incluir a prática do lesbianismo. Em Romanos 1.26-27, a homossexualidade é citada não porque seja pior do que outros pecados, mas porque ilustra o problema da idolatria em 1.18-32. Assim como os gentios “trocaram” a verdade de Deus pela mentira e adoraram a criação em vez do Criador, o lesbianismo e a homossexualidade “trocam” um relacionamento natural por um não natural. Em outras palavras, idolatria e homossexualidade representam rebelião teológica e moral contra Deus. A falha em adorar e glorificar a Deus resulta em idolatria, e a falha em encontrar a satisfação sexual de alguém no sexo oposto resulta em homossexualidade. Idolatria e homossexualidade resultam inevitavelmente em uma inversão ou se voltando contra o eu para uma realização que Deus pretendia que o outro realizasse. O resultado é a alienação de Deus.

Essas “relações não naturais” (παρα ϕυσιν, para phusin) carregam o sentido de algo contrário à ordem da natureza evidenciado por seu uso novamente na analogia da oliveira em Romanos 11. Lá, Paulo escreve que os gentios “foram cortados de seu tronco natural (κατα ϕυσιν, kata phusin) da oliveira selvagem e enxertados na oliveira cultivada não natural (παρα ϕυσιν, para phusin)” (Rm 11.24). Não surpreendentemente, παρα ϕυσιν (para phusin) passa a ser usado para homossexualidade por vários escritores gregos subsequentes (ver Atenágoras [13]; Filo [On Abraham 135-136, On Special Laws 3.39 preserva uma repreensão mordaz da pederastia como a “busca do prazer não natural”, Την παρα ϕυσιν ηδονην διωκει]; Plutarco [Dialogue on Love 751-752]; Dio Crisóstomo [Discourse 7.135, 151-152]; Josefo [Against Apion 2.199, 273, 275]; e o the Testament of Naphtali [3: 3 -4]).

NOTA III – POR QUE AS REFERÊNCIAS À HOMOSSEXUALIDADE SÃO RELATIVAMENTE RARAS NA BÍBLIA?

A frequência (ou raridade) de uma declaração não é necessariamente uma indicação de sua importância. Os votos de casamento, para dar apenas um exemplo, são ditos apenas uma vez, mas poucos vão querer argumentar a partir disso que eles são de pouca importância. No entanto, costuma-se argumentar que, como a homossexualidade é mencionada com pouca frequência na Bíblia, ela era relativamente sem importância e deveria ser considerada assim hoje.

Esta é uma conclusão injustificada. Por um lado, a tradição hebraica mostrou reticência e moderação no que diz respeito a referências sexuais explícitas. Sempre que possível, empregava eufemismos (por exemplo, o verbo “saber”) para evitar referências à genitália e a atos genitais. Essa mesma reticência se aplica a atos de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo.

Em segundo lugar, e mais importante, a atividade do mesmo sexo estava em óbvia variação em relação ao desígnio da criação, em que macho e fêmea se tornam “uma só carne”, tanto no prazer quanto na procriação. A escassez de referências, em outras palavras, é exatamente o que esperaríamos em uma tradição que universalmente afirmava o caráter divino da heterossexualidade e deplorava os desvios dessa norma. Outros atos que o Antigo Testamento considerava deploráveis ​​(por exemplo, sacrifício de crianças) não são mencionados com mais frequência do que a homossexualidade. Este mesmo argumento, incidentalmente, se aplica à menção relativamente rara da homossexualidade em obras de referência modernas. Para citar apenas dois exemplos. A New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, volume quinze (1912; volumes suplementares, 1955), não contém nenhuma menção sobre o assunto da homossexualidade. Mais uma vez, na Enciclopédia da Igreja Primitiva – dois volumes – da Oxford University Press (1992!) não contém nenhuma menção sobre o assunto. Certamente poucos argumentarão que a omissão do assunto nessas obras se deve ao fato de que a homossexualidade é amplamente aceita ou de pouca importância moral. A resposta, ao contrário, é que foi considerado evidente que a tradição judaico-cristã sempre e em toda parte condenou a prática da homossexualidade. Portanto, o ponto não precisava ser restabelecido ou elaborado. A razão pela qual a homossexualidade está em discussão hoje não é porque as Escrituras não são claras sobre o assunto, mas porque as práticas sexuais modernas mudaram radicalmente.

Uma terceira razão para a escassez do assunto se relaciona ao ambiente étnico em que os escritos bíblicos surgiram e ao qual foram endereçados. Um padrão geral pode ser observado. Onde os autores bíblicos escreviam para judeus que viviam em um ambiente judaico, as referências à homossexualidade são relativamente raras. A razão para isso é porque a homossexualidade era (e ainda é) um fenômeno raro na sociedade judaica e, portanto, representava poucos problemas. O padrão muda, no entanto, quando os autores judaico-cristãos começaram a se dirigir a seus colegas na diáspora helenística, onde a homossexualidade era amplamente praticada e onde ameaçava a pureza da fé e da vida. Isso explica o número muito maior de condenações da homossexualidade nos livros extra-bíblicos dos Pseudoepígrafes durante o período intertestamentário, que em geral eram dirigidas às comunidades de fé na Diáspora (por exemplo, Pseudo-Focilídeos 3; Oráculos Sibilinos 2.73; 3.185; 3.596; 4.34; 2Enoque 34.2; Jubileus 13.18; 16.5-6; 20.5; 3Macabeus 2.5; Pseudo-Fhilo 8.2; 45.1-6; e nos Testamentos de Naftali 3.5; Isaac 5.27; e Jacó 7.19-20). Cada uma dessas referências proíbe e condena expressamente a prática da homossexualidade.

Um padrão semelhante é evidente no Novo Testamento. Assim, Jesus, que se mudou para um meio predominantemente judeu, não fez nenhuma referência à homossexualidade, enquanto Paulo, que ministrou em um meio helenístico, faz referência específica a ela em lugares óbvios como Corinto e Roma. Esse padrão persiste nos livros extra-bíblicos dos apócrifos do Novo Testamento. O Apocalipse de Pedro (32), por exemplo, que provavelmente surgiu no Egito na primeira metade do segundo século, contém a seguinte passagem: “Não há descanso da tortura, [para aqueles] que contaminaram seus corpos, comportando-se como mulheres. E as mulheres com eles, essas eram as que se comportavam como um homem com uma mulher”.

Uma pesquisa das evidências bíblicas e extra-bíblicas a respeito da homossexualidade resulta em uma condenação massiva e irrestrita dessa prática. Richard Hays resume corretamente a evidência assim: “Todo texto cristão pertinente do período pré-Constantiniano… adota um julgamento negativo incessantemente sobre a prática homossexual, e esta tradição é enfaticamente levada adiante por todos os principais escritores cristãos dos séculos IV e V” (“A Response to John Boswell’s Exegesis of Romans 1”, JRE 14/1 (1986) 202).

 NOTA IV – HOMOSSEXUALIDADE E IDOLATRIA

Junto com o aumento das referências à homossexualidade em obras bíblicas e extra-bíblicas direcionadas à diáspora, há uma tendência semelhante nas mesmas obras de se referir à homossexualidade em conjunto com a idolatria. Este é, como vimos, o caso em Romanos 1.18-32, e é mais frequentemente o caso nos textos citados acima. A idolatria era considerada a maior ameaça à tradição judaico-cristã. A menção da homossexualidade em conjunto com a idolatria, portanto, indica sua seriedade como uma ofensa moral aos olhos daquela tradição.

NOTA V – ORIENTAÇÃO HOMOSSEXUAL E RESPONSABILIDADE MORAL

Muitos homossexuais afirmam não ter consciência de terem escolhido a homossexualidade. Uma conclusão às vezes tirada disso é que o indivíduo não tem capacidade de escolher a orientação sexual e, portanto, a orientação sexual está além das prescrições morais, incluindo as das Escrituras. “Orientação sexual”, como observado anteriormente, é um conceito moderno que é alheio às Escrituras. Os textos bíblicos e extra-bíblicos citados acima referem-se apenas a práticas sexuais. O evangelho não aborda o pecado no nível da criação, mas no nível da redenção. Ou seja, a Escritura não dá respostas conclusivas sobre porquê as coisas são do jeito que são no mundo, mas fala de sua transformação pelo poder de Deus. Assim, embora os seres humanos não escolham o estado em que nascem, eles têm uma escolha sobre como responderão ao seu estado. Consequentemente, uma predisposição ou orientação para um determinado curso de ação não produz um “direito” de fazê-lo, nem justifica agir de acordo com ele. O estado atual da pesquisa comportamental indica que a orientação sexual é mais uma função do desenvolvimento psicossocial pós-natal do que da constituição biológica. O comportamento sexual humano é o produto de uma rede de fatores que interagem [entre si] e a escolha humana não pode ser eliminada como um deles.

Quaisquer que sejam as causas principais da homossexualidade, a igreja não deve cair no erro de pensar na homossexualidade como um comportamento ao qual não se pode resistir. “Deve ficar bem claro que quem genuinamente lida com essa inversão não é necessariamente dado a práticas homossexuais, e pode exercer um controle cuidadoso sobre seus impulsos físicos como o heterossexual” (Derrick Sherwin Bailey, Homosexuality and the Western Christian Tradition [Londres: Archon Books, 1975], p. xi). Esta declaração salutar foi escrita por um estudioso que defendia as causas homossexuais. Ser humano significa ser capaz de fazer escolhas morais. O evangelho não faz exigências morais que os crentes não possam cumprir, e isso inclui as proibições bíblicas contra as práticas homossexuais.

O evangelho garante perdão e graça aos crentes enquanto lutam contra o pecado. Paulo estabelece os fundamentos para essa esperança imediatamente após a menção da homossexualidade em 1Coríntios 6.9, “E isso é o que alguns de vocês costumavam ser. Mas vocês foram lavados, vocês foram santificados, vocês foram justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”. Em 1Coríntios 10.13 Paulo declara: “Nenhuma prova te sobreveio que não seja comum a todos. Deus é fiel e não permitirá que você seja testado além de suas forças, mas com a prova também providenciará a saída para que você seja capaz de suportá-la”. Novamente, em Gálatas 5.1, Paulo fala de liberdade cristã como recebendo a graciosa palavra de justificação de Deus, e de uma subsequente confiança no poder do Espírito Santo e resistência às obras da carne.

Conclusão

Sem falha, fontes bíblicas e extra-bíblicas condenam a prática da homossexualidade. Não há nenhum texto na literatura judaico-cristã de Levítico a Constantino que o justifique. Isso deveria ser uma evidência suficiente e convincente contra a aceitação da prática da homossexualidade como um presente de Deus ou como um estilo de vida alternativo e moralmente justificável. As igrejas, particularmente aquelas cujas tradições credais assentem à autoridade das Escrituras, devem dar todo o peso à posição das Escrituras sobre este assunto, tanto em seus ensinos quanto na ordem de suas vidas. A evidência acima argumenta que a igreja não pode ordenar a prática declarada homossexuais aos ofícios do ministério e manter fidelidade às Escrituras e aos credos.

Ao mesmo tempo, o evangelho requer amor e compreensão às pessoas de estilo de vida homossexual e a oferta de toda ajuda disponível para aqueles que desejam. Pessoas de inclinação homossexual que escolhem permanecer celibatárias e resistir às suas tentações através da fé, oração e abstinência têm todo o direito aos sacramentos e ofícios da igreja, incluindo a ordenação, que estão abertos a todos os outros pecadores que, pela graça de Deus, lutam contra pecado e entrega sua vida à transformação do evangelho.

Breve Resumo do Artigo de Edwards

Antigo Testamento

1. Levítico 18.22, 20.13. A referência mais explícita e importante à homossexualidade no AT ocorre no código de santidade de Levítico. Alguns argumentam que as proibições contra a homossexualidade são infrações cúlticas análogas a comer carne de porco e que perderam sua validade para nós hoje. No entanto, o AT não coloca a homossexualidade na categoria de rituais ou infrações de culto. É significativo que embora as proibições rituais no AT sejam frequentemente ignoradas ou violadas pela igreja primitiva, a proibição contra a homossexualidade nunca é questionada, mas repetida e mantida no NT e na igreja primitiva.

2. Gênesis 19 e Juízes 19. Ambos condenam abertamente os atos homossexuais. Embora alguns sugiram que Gênesis 19 e Juízes 19 tratam da inospitalidade, essa interpretação não é convincente. O verbo usado, “saber”, carrega claramente conotações sexuais. Referências ao pecado de Sodoma da prática homossexual são mencionadas no NT, em obras extra-bíblicas e nos pais da igreja.

3. Deuteronômio 22:5. A condenação do travestismo é uma referência à inversão sexual.

4. Deuteronômio 23.17-18. Prostituição homossexual em templos é condenada.

Nota I: Homossexualidade e a Ordem da Criação. Alguns argumentam que a homossexualidade é uma orientação dada por Deus e, portanto, é moral se proporciona prazer. Este não é um argumento bíblico ou moral, pois como tal pode ser usado para justificar, além da homossexualidade, o adultério, o sexo em grupo, o sexo com crianças e até mesmo o sexo com animais. Em vez disso, a Escritura ensina que Deus criou a raça humana não em uniformidade, mas de sexos complementares, masculino e feminino, cuja união é descrita como “uma só carne”. A união heterossexual, protegida e preservada conforme a aliança do casamento, não é simplesmente uma escolha humana ou uma variedade de união sexual entre muitas, mas uma ordem da criação.

Nota II: Atitudes culturais em relação à homossexualidade no Antigo Oriente. Frequentemente, afirma-se que os ensinos éticos da Bíblia, e especificamente o ensino sobre a homossexualidade, são culturalmente condicionados, ou seja, foram influenciados pela (s) cultura (s) em que os israelitas e os primeiros cristãos viveram e, portanto, não podem ser considerados absolutos para nossa dia. No entanto, o Antigo Oriente era ambivalente ou permissivo em relação à questão da homossexualidade e às vezes afirmava isso. A posição bíblica sobre a homossexualidade não reflete as normas culturais, mas na maioria das vezes se opõe a elas.

Novo Testamento

1. 1Coríntios 6.9-10. Às vezes, argumenta-se que essa passagem condena apenas a pederastia, em vez da homossexualidade entre adultos consentidos. No entanto, pesquisas indicam que o termo que Paulo usa é uma referência a Levítico 20.13, que contém a proibição mais forte da homossexualidade no Antigo Testamento. O Novo Testamento, os pais da igreja primitiva e a Vulgata latina usam o termo de maneira semelhante para se referir a atos homossexuais adultos.

2. Romanos 1.26-27. A condenação mais inequívoca da homossexualidade no NT ocorre aqui. No entanto, é sugerido que esta passagem não é uma condenação da homossexualidade em si, mas de pessoas heterossexuais se engajando em atos homossexuais contra sua natureza. Essa visão projeta erroneamente o conceito moderno de orientação da personalidade nas Escrituras. A proscrição aqui, como em toda a Escritura, refere-se apenas a atos homossexuais. Paulo liga a homossexualidade à idolatria. Idolatria e homossexualidade representam rebelião teológica e moral contra Deus

Nota III: Por que as referências à homossexualidade são relativamente infrequentes na indicação de sua importância. Os votos de casamento, por exemplo, são mencionados como reticências e restrições em relação a referências sexuais explícitas. Muitas vezes, além disso, a escassez de referências, é exatamente o que esperaríamos em uma tradição de heterossexualidade e deploráveis desvios dessa norma. Por último, as referências do ambiente judaico à homossexualidade são relativamente raras porque a homossexualidade era rara. O padrão muda, entretanto, quando os autores judaico-cristãos começaram a se dirigir a seus colegas na diáspora helenística, onde a homossexualidade era amplamente praticada.

Nota IV: Homossexualidade e Idolatria. A menção da homossexualidade em conjunto com a idolatria indica sua seriedade como uma ofensa moral aos olhos da tradição judaico-cristã.

Nota V: Orientação homossexual e responsabilidade moral. Muitos homossexuais afirmam não ter consciência de terem escolhido a homossexualidade, portanto, essa orientação está além das prescrições morais, incluindo as das Escrituras. O evangelho, entretanto, não aborda o pecado no nível da criação, mas no nível da redenção. O evangelho não faz exigências morais que os crentes não possam cumprir, e isso inclui as proibições bíblicas contra as práticas homossexuais. O evangelho garante aos crentes perdão e graça enquanto eles lutam contra o pecado.

Conclusão. Sem falta, fontes bíblicas e extra-bíblicas condenam a prática da homossexualidade. Não há nenhum texto na literatura judaico-cristã de Levítico a Constantino que apoie isso. As igrejas, particularmente aquelas cujas tradições credais assentem à autoridade das Escrituras, devem dar todo o peso à posição das Escrituras sobre este assunto, tanto em seus ensinos quanto na ordem de suas vidas. A igreja não pode ordenar homossexuais praticantes declarados aos ofícios do ministério e manter a fidelidade às Escrituras e aos credos. Ao mesmo tempo, o evangelho requer amor e compreensão das pessoas de estilo de vida homossexual e a oferta de toda ajuda disponível para aqueles que desejam. Pessoas de inclinação homossexual que escolhem permanecer celibatárias e resistir às suas tentações por meio da fé, oração e abstinência têm todo o direito aos sacramentos e ofícios da igreja.

Questões para discussão:

O que o Antigo Testamento diz sobre a prática homossexual? O que o Novo Testamento diz? As proibições da Bíblia contra a homossexualidade são um reflexo da cultura circundante?

Que argumentos você já ouviu que defendem a prática homossexual? Que respostas você pode oferecer a esses argumentos baseados nas Escrituras e na discussão do Dr. Edwards?

Como a prática homossexual afeta o relacionamento da pessoa com Deus? Se a prática homossexual é uma forma de idolatria, por que é crucial que a igreja continue a condenar a prática homossexual?

O que você e sua igreja podem fazer para ensinar a visão bíblica da prática homossexual? O que você e sua igreja podem fazer para ministrar às pessoas que lutam contra sua sexualidade?

Publicado originalmente em Theology Matters: A Publication of Presbyterians for Faith, Family and Ministry (Blacksburg, VA: Maio/Junho de 1995), p. 1-8.

Tradução: Eloize Carrenho Santos

Este comentário, acima de tudo, explora com cuidado o testemunho de Lucas sobre Jesus, nunca perdendo de vista o fato de que o que podemos inferir racionalmente sobre o próprio Lucas, ou seus leitores, é que o primeiro objetivo de Lucas é falar sobre Jesus.

Vez após outra o dr. Edwards expõe uma exegese firme que ajuda os leitores a aprenderem o texto da Escritura, produzindo ao mesmo tempo um conhecimento aprofundado e uma reverência agradecida.

Publicado por Shedd Publicações.

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