A perspectiva do pentateuco sobre o casamento

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Introdução:

Fala-se que a obra revela o artista. É pelo fruto que conhecemos a árvore. O trabalho árduo e dedicado de um profissional revela fortes traços de seu caráter e personalidade. Essas são verdades acerca da relação entre o criador e a natureza da criação. Verdades muito pertinentes às reflexões que serão expressas nesta obra.

A maestria nos detalhes do casamento fala muito sobre as habilidades do seu idealizador: Deus. E é sobre os fundamentos do mais profundo e mágico relacionamento entre seres humanos que discorreremos nas próximas seções.

Estes autores discorrerão a respeito dos fundamentos divinos para o matrimônio, lente essa que conduzirá os pensamentos teológicos, sociológicos, morais e éticos da relação contratual entre um homem e uma mulher ao longo dos séculos e eras, desde a criação da humanidade.

Abordaremos as exigências de Deus, os desvios do homem modificado pelos valores pecaminosos (pós-queda), a abordagem de Cristo e dos apóstolos a respeito do tema e os desdobramentos e efeitos da modernização nas relações maritais diacrônicas.

Concluiremos com um desafio às igrejas cristãs e um chamado à reflexão para aqueles que identificam Gênesis como o guia matrimonial para toda a humanidade em todos os tempos.

1.  Casamento no Pentateuco

Uma tentativa de definição teológica do casamento precisa, antes de tudo, analisar e considerar as propostas mosaicas inspiradas por Deus e registradas nos primeiros cinco livros da Bíblia hebraica: o Pentateuco. Segundo Andreas Köstenberger “os primeiros capítulos de Gênesis fornecem os parâmetros do plano divino para o casamento em todas as eras. ” . Para uma dissertação como essa, gostaríamos de começar apresentando algumas definições de casamento que partem de uma perspectiva bíblica e de uma leitura coerente dos textos do Antigo testamento.

Segundo Köstenberger:

“[Casamento é] um vínculo sagrado entre um homem e uma mulher, instituído por Deus e firmado diante dele (ainda que o casal não reconheça isso), consumado normalmente pela relação sexual. O casamento não é apenas um contrato bilateral entre dois indivíduos, mas também um vínculo sagrado entre marido e mulher. ”2

Segundo Stott:

“O casamento é uma aliança heterossexual exclusiva entre um homem e uma mulher, ordenada e selada por Deus, antecedida da permissão pública dos pais, consumada na união sexual, que resulta em uma parceria permanente e de apoio mútuo e que, normalmente é coroada pela dádiva de filhos”.3

Segundo Merkh:

“Casamento bíblico se define como o ato definitivo de deixar sua família de origem, estabelecer uma aliança com seu cônjuge diante de Deus, culminando na consumação física dessa união. ”4

Na opinião destes autores, baseando-se nas definições apresentadas acima, uma definição de casamento no Pentateuco seria: A união de um homem e uma mulher, baseados nos princípios divinos de estabelecimento de aliança entre o casal e Deus, sendo o resultado dessa aliança, o relacionamento único e permanente entre o casal, após terem deixado seus familiares e consumado a união por meio do relacionamento sexual.

Porém, Köstenberger afirma que “apesar de se tratar de um tema importante nas Escrituras, não é o enfoque principal da revelação divina. A prioridade dos dois Testamentos é mostrar como Deus trouxe a salvação em Jesus e por meio dele ”5. Percebemos então que, o casamento não busca a felicidade como finalidade, mas, através dele, revelamos ao mundo uma felicidade pré-existente em nós e gerada em Deus. O casamento precisa lembrar (entendendo-se as proporções) o harmonioso e equilibrado conceito de unidade na diversidade que nos remete ao Deus trino (Pai, Filho e Espírito Santo) a quem devemos representar aqui na Terra. Dave Harvey diz que “O casamento não diz respeito, primeiramente, a mim e ao meu cônjuge. Deus é a pessoa mais importante em um casamento. Esta união visa ao nosso bem, mas, em primeiro lugar, visa à glória de Deus.6

1.1. Deixar pai e mãe

Algo muito importante para uma definição correta de casamento é a real compreensão do significado de Gênesis 2.24. É quase um consenso entre os comentaristas que o v. 24 é um comentário editorial do próprio narrador, sendo o v.24 não uma continuação da declaração de Adão sobre Eva, mas sim uma “aplicação dos princípios do primeiro casamento a todos os casamentos.7 Então qual seria o significado pretendido pelo autor de Gênesis, uma vez que Adão e Eva não tinham pais e por isso esse conceito não poderia ser aplicado a eles?

Provavelmente o que o autor quis dizer com deixar pai e mãe tem sentido se pensarmos em relação aos níveis de prioridade. Segundo Wenham: “No casamento, as prioridades do homem mudam. Antes suas principais obrigações eram para com seus pais: mas após o casamento, elas tornam a ser com sua esposa.8 A declaração de deixar pai e mãe em Gênesis faz sentido quando pensamos nessa inversão, pois o que antes era direcionado aos pais, agora é direcionado ao cônjuge. Cabe lembrar que a expressão de deixar pai e mãe não anula, de forma alguma, a responsabilidade dos filhos para com os pais, principalmente com a honra devida e a assistência quando necessária. “Essa declaração é a base para o ser humano abandonar todos os relacionamentos familiares prévios e dedicar lealdade à sua esposa.”9

Keller afirma:

“Seu casamento deve ser mais importante do que qualquer outra coisa. Nenhum ser humano deve receber mais do seu amor, energia, esforço e compromisso do que seu cônjuge. Deus pede que o homem deixe pai e mãe, por mais forte que tenha sido esse relacionamento, para formar uma nova união que deve ser uma força ainda mais importante e poderosa em sua vida. ”10

1.2. Unir-se à sua mulher

Após a declaração e ordem de deixar pai e mãe, o autor de Gênesis continua dizendo que não basta apenas o homem deixar os relacionamentos parentais, mas precisa também unir-se à sua mulher. O verbo דָּבַק (dabaq) significa “agarrar-se, grudar-se, apegar-se, seguir de perto, ficar. ”11 O uso desse verbo aparece em outros casos onde Israel é repetidamente chamado a “se achegar, juntar-se” ao Senhor (Dt 10.20; 11.22; 13.5). O uso do termo no contexto da aliança de Israel com o Senhor sugere que numa visão veterotestamentária, o casamento é visto como um tipo de aliança.12 Assim como a aliança com Deus exige fidelidade e adoração exclusiva, compreender o matrimônio como uma aliança com Deus e com o cônjuge deve nos conduzir a conclusão que este também exige fidelidade e dedicação exclusiva a Deus e ao próximo, tornando assim a união e a aliança, a base para a monogamia. Merrill afirma que “a mulher deve ser aquela que complementa o homem para que juntos sejam o que não podem ser sozinhos.13 Timothy Keller diz: “Em vários sentidos, a união conjugal é singular e constitui a relação mais profunda que pode existir entre dois seres humanos. ”14

O plano de Deus, desde o princípio foi este, um homem para uma mulher, um relacionamento com Deus, ambos para sempre. Cabe aqui a interação de Köstenberger sobre o assunto:

“Ainda que, sem dúvida, o Criador tivesse o direito e o poder para criar mais de uma mulher para o homem, Deus intencionalmente fez apenas Eva e revelou seu plano a Adão com as palavras: “Portanto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.”15

Apesar de este ser o plano divino, inúmeros homens de Deus não o seguiram. Um exemplo deste foi Abraão, que por duvidar da promessa de Deus, acabou por ir contra ao Seu projeto incial que visava a monogamia e a fildelidade à sua esposa, tendo então relações sexuais com a serva de sua mulher. Tenney, Packer e White resumem bem essa situação:

A Bíblia registra que Abraão seguiu o costume pagão de gerar filho que lhe fosse herdeiro por via de uma escrava, porque sua esposa era estéril. “Toma, pois, a minha serva”, rogou Sara ao marido, “e assim me edificarei com filhos por meio dela” (Gênesis 16:2). A escrava, Hagar, logo deu um filho a Abraão. Mais tarde, Sara também deu à luz um filho. A arrogância de Hagar afrontou Sara e levou-a a tratar Hagar com severidade. Quando Sara viu Ismael caçoando de seu próprio filho, achou que ela já havia suportado o suficiente. Exigiu que Abraão mandasse Hagar embora. Visto como Hagar lhe havia dado um filho, Abraão não podia vendê-la como escrava. Deu liberdade a Hagar e despediu-a com um presente (Gênesis 21:14; 25:6).16

A monogamia e a fidelidade ao matrimônio sempre estiveram nos planos de Deus, porém, por causa da incredulidade e infidelidade de alguns, esse plano não foi seguido a risca e resultou em consequências justas por causa do pecado, mesmo que elas não tivessem sido imediatas.

1.3.  Tornar-se uma só carne

Após declarar a necessidade de deixar pai e mãe, e de se unir com sua mulher, o autor conclui que isto leva diretamente ao ponto em que o casal se torna uma só carne. Tornar-se uma só carne aparentemente é um aspecto resultante da união e da troca de prioridades, como pode ser visto anteriormente nas implicações de deixar pai e mãe do v. 24.

O comentarista bíblico Wenham aponta que:

 “Tornar-se uma só carne” não significa apenas união sexual que consuma o casamento, ou a geração de filhos, ou até mesmo o envolvimento espiritual e emocional que está envolvido, embora todos estes estejam envolvidos no conceito. […]17

Tornar-se uma só carne traz a ideia de se estabelecer um grau de parentesco e para Wenham, “este grau de parentesco estabelecido pelo casamento não termina com a morte ou com o divórcio. ”18

A última cláusula da prescrição divina para o casamento bíblico parece apresentar o resultado das duas primeiras. “Deixar” e “unir” culminam na consumação física do relacionamento.19 Deus sempre quis que a união fosse permanente, por isso o “tornar-se uma só carne”. Tornar um o que antes era dois, para que, numa perspectiva terrena, nunca voltem a ser dois.20Deus tencionava que o casamento fosse uma relação permanente. Devia ser uma entrega pactual única de duas pessoas que excluíam todas as demais de sua intimidade.”21

Além do aspecto físico da união, representado pela união sexual do casal, esta frase possui também um possível aspecto simbólico. Não é de objetivo dessa dissertação percorrer pelas implicações e paralelos usados em todo o antigo testamento com relação ao matrimônio, mas Tenney, Packer e White apresentam o lado simbólico desta união, em relação a Deus e seu povo:

“O casamento simbolizava a união entre Deus e seu povo. Israel era chamada de esposa do Senhor, e o próprio Senhor disse: “não obstante eu os haver desposado” (Jeremias 31:32; cf. Isaías 54:5). Os profetas declararam que a nação havia cometido “prostituição” e “adultério” quando ela se voltou de Deus para os ídolos (Números 25:1-2; Juízes 2:17; Jeremias 3:20; Ezequiel 16:17; Oseias 1:2). Disseram que Deus havia repudiado sua esposa infiel (Isaías 50:1; Jeremias 3:8) ao enviar ele os israelitas para o cativeiro. Não obstante, Deus teve compaixão de sua “esposa”,  Israel,  e chamou-a de volta para ser fiel (Isaías 54). Como o noivo se alegra na sua noiva (Isaías 62:4-5), assim o Senhor se delicia em fazer de Israel o “povo santo”, seus remidos (Isaías 62:12).”22

Tornar-se uma só carne significa deixar de serem dois, para tornarem-se um, é quando o casal passa do status divisível do relacionamento para o status indivisível do relacionamento, representando assim o relacionamento de Deus com o seu povo, de fidelidade, exclusividade e compromisso. Tornar-se uma só carne leva em conta o aspecto da união sexual do casal, mas também leva em conta a união deste com Deus.

Ralph Smith em sua Teologia do Antigo Testamento afirma: “A esposa era considerada extensão do próprio marido. Ela fazia parte de sua pessoa, de modo que marido e esposa constituíam uma só unidade legal.”23

2.  Distorções do Casamento

Após a queda do homem no pecado, registrada em Gn 3, podemos dizer que “a rendição de Adão e Eva a Satanás foi completa, assim como foi completo o seu pecado contra Deus.”24 Após o pecado de Adão e Eva toda a criação sofreu as consequências, o pecado permeou todas as esferas da criação e da sociedade, inclusive o casamento. Por causa do pecado, a concepção divina de casamento foi deturpada e distorções apareceram. A soberania mediada que Deus confiou ao homem e o Seu domínio sobre a humanidade estavam manchados pelo caráter pecador do homem.

2.1.  Poligamia (como a Poligamia é destrutiva ao povo no Pentateuco)

 “Se a monogamia é ordem de Deus para o casamento, por que temos a impressão de que ele aprovou a poligamia? ” 25 Muitos homens de Deus foram polígamos, incluindo, Abraão, Moisés, Davi e Salomão, porém, em lugar algum das escrituras vemos Deus tratando a poligamia como algo aceitável. Segundo Merrill, “o fato de que a poligamia fosse comumente praticada no tempo do Antigo Testamento não a sancionava; ao contrário, ela foi motivo de séria ruptura na vida familiar, social e religiosa dos israelitas.26

Quando Deus estabeleceu o casamento estabeleceu-o como um relacionamento monogâmico. Embora não O vejamos claramente punindo as ações poligâmicas ou declarando verbalmente a sua ira contra os polígamos, podemos notar que em diversas vezes, nos profetas, Deus chama o povo de Israel de adúlteros e o acusa de prostituição, apesar de estarem “casados” com Deus. Se na relação entre Deus e Israel, Deus diz que o povo é um povo polígamo espiritual, e essa é uma das causas do exilio, logo podemos concluir que da mesma forma que Deus condenou a poligamia do povo em seu relacionamento com Ele, misturando-se com as culturas, casando-se com estrangeiros e esquecendo se de Deus, a poligamia no casamento também é condenável e não permitida por Deus.

Como conclui Norman Geisler:

A permissão de Deus para a poligamia não mais prova que ele a tenha prescrito, da mesma forma que sua permissão para o divórcio não indica que ele o deseja. O que Jesus disse sobre o divórcio também é verdadeiro em relação à poligamia: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos permitiu [não mandou] se divorciar da vossa mulher; mas não foi assim desde o princípio Deus” (Mt 19.8).27

Nunca foi intenção de Deus que os homens de seu povo tivessem mais de uma esposa, e podemos ver isso nas próprias consequências que o povo sofreu por causa desse pecado. Köstenberger aborda de forma contundente este ponto:

Apesar de ser evidente, portanto, que expoentes na história de Israel, (alguns considerados piedosos e outros, ímpios) foram polígamos, o AT comunica inequivocamente que a prática de ter várias mulheres era um desvio  do plano de Deus para o casamento. Esse fato é expresso não apenas em versículos bíblicos que proíbem a poligamia de forma inequívoca (cf. Dt 17.17; Lc 18.18), mas também em função do pecado e da desordem em geral produzidos na vida das pessoas envolvidas nessa prática.”28

2.2.  Imoralidade Sexual

Outra perversão do casamento é o advento da imoralidade sexual em meio ao povo escolhido de Deus. Imoralidade sexual é um conceito um tanto quanto abrangente e por isso será abordada em duas categorias específicas, a homossexualidade e a infidelidade conjugal.

O problema da imoralidade sexual é que:

“A imoralidade sexual encabeça diversas listas de pecados citadas na Bíblia (Marcos 7:21; Romanos 1:24-27; 1 Coríntios 6:9; Gálatas 5:19; Efésios 5:5). Todo pecado sexual desfigura a imagem de Deus’ no homem. Deus advertiu que destruiria toda sociedade que permitisse a continuação de tal pecado (Levítico 18:24-29).”29

Smith defende que “a violação do casamento de alguma outra pessoa pelo adultério é proibida no sétimo mandamento.”30 Logo, os que praticassem a imoralidade já estariam descumprindo um preceito divino. Feito estas considerações, partamos para alguns pontos específicos dos desdobramentos da imoralidade sexual no casamento do pentateuco.

2.2.1. Homossexualidade

A homossexualidade é claramente condenada por Deus em Levítico 18, mas antes mesmo de se tornar parte da Lei, Deus já havia condenado uma cidade inteira onde essa prática era normal entre os habitantes (cf. Gn 19).

 “O homossexualismo era associado com as culturas pagãs da época. A maioria das culturas do oriente médio antigo, contemporâneas de Israel consideravam o homossexualismo, assim como outras práticas, tais como o incesto e a bestialidade como algo antinatural, mas não como crime capital.31

Köstenberger vê a heterossexualidade como sendo um componente inequívoco do plano do Criador para o casamento, logo, a homossexualidade seria uma antítese do padrão divino.32 Ele argumenta que Deus ordenou e esperava do primeiro casal que frutificassem e enchessem a Terra com filhos (Gn 1.28), exercendo assim domínio sobre a criação, representando o criador.33 Podemos citar ainda a impossibilidade de complementariedade (homem como cabeça e mulher como ajudadora idônea). A homossexualidade é condenada por Deus de forma veemente, sendo à esta aplicada a pena de morte. Ela, muitas vezes também não preserva outros aspectos do casamento bíblico como a monogamia, fidelidade e durabilidade.34
 
2.2.2. Infidelidade Conjugal

Dentre as diversas distorções causadas pelo pecado nos relacionamentos matrimoniais e familiares, outro aspecto que foi colocado em cheque foi a fidelidade conjugal. Desde o princípio, no primeiro casamento, Deus estipulou que um homem se unisse a uma mulher, e que esta união era indivisível, como poderia o homem, estando unido, sendo um e não mais dois, tornar-se uma só carne com outra pessoa, uma vez que ele já é uma só carne com sua esposa?

Talvez possamos apresentar alguns possíveis motivos para a infidelidade, porém nenhum deles é justificável, uma vez que a aliança não deve ser rompida, nem a ela devemos adicionar outra pessoa. Possíveis motivos como esterilidade da esposa, falta de satisfação sexual, cobiça, tempos de guerra (o período longe da esposa levava os soldados a procurarem satisfazer-se com outras mulheres) e muitos outros são desculpas e aberturas para pecar, desde a queda do homem no Éden. Porém, estes só revelam a pecaminosidade do coração do homem e sua insubmissão à vontade de Deus. Segundo Köstenberger:

[…] O livro de Gênesis registra diversos episódios que beiraram o adultério e teriam chegado às vias de fato se Deus não houvesse intervido, como Abimeleque e Sara (Gn 20.2-18) e José e a esposa de Potifar (Gn 39.7-12). Como Todos  esses relatos mostram, nem sempre o ideal divino de fidelidade no casamento foi mantido  no tempo do AT.35

Apesar de muitos casos de adultério aparecerem nas narrativas bíblicas, o Pentateuco deixa claro que o padrão de Deus nunca mudou e o próprio decálogo proibia claramente o adultério (Êx 20.14). Deus esperava que seu povo fosse fiel a Ele e ao cônjuge deixando bem claro seu desprazer quando isso não acontecia.36

2.2.3 Divórcio e Novo Casamento

Se pudéssemos escolher um tema para definir como o mais polêmico dentre todos os assuntos que tangem o casamento, certamente este tema seria o divórcio e o novo casamento. Existe certo consenso entre os comentaristas bíblicos e historiadores do oriente médio antigo que o divórcio (repúdio) era uma prática recorrente na sociedade.37

 Conforme observado por Tenney, Packer e White:

A lei de Moisés permitia que um homem repudiasse sua mulher quando “ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela” (Deuteronômio 24:1). O objetivo primário desta legislação era impedi-lo de tomá-la de novo depois que ela se houvesse casado com outro homem; isto teria sido “abominação perante o Senhor” (Deuteronômio 24:4).38

A grande questão gira em torno do motivo pelo qual o divórcio era permitido, se ele de fato era permitido, ou apenas regulamentado. Para alguns comentaristas como Kalland:  “O divórcio não deveria ocorrer por qualquer capricho, mas era preciso demonstrar que existia algo indecente em sua esposa, e que ela era culpada por isso. Sobre as questões de indecência, possivelmente refira-se a algo impuro, conforme relatado em Dt 23.9.” . Um debate grandioso foi estabelecido sobre as possíveis interpretações de “coisa indecente”,40 pois apenas se o marido pudesse acusar com veracidade sua esposa de ter cometido algo indecente , é que ele poderia “dar entrada” no divórcio. Um significado plausível é o expresso por J. A. Thompsom:

A primeira condição era que depois do casamento o homem descobrisse em sua esposa alguma coisa indecente (lit. “nudez de algo”). O sentido desta expressão não é claro, mas podemos conjecturar exposição indecente ou conduta desapropriada para uma mulher. Certamente não pode significar adultério, pois isto acarretava pena de morte.41

Conforme a definição apresentada, caso a mulher agisse com conduta desapropriada ou que não condissesse com seu status matrimonial, e que não estivesse envolvida em adultério, então era possível pela lei, o repúdio. A mulher, porém, não tinha permissão para se divorciar do marido em situação alguma.

Embora a lei de Moisés permitisse ao homem divorciar-se da esposa, esta não tinha permissão para divorciar-se do marido por motivo algum. Muitas mulheres provavelmente escaparam de circunstâncias desagradáveis sem o termo de divórcio (cf. Juízes 19:2). Legalmente a esposa estava sujeita ao marido enquanto ambos vivessem ou até que ele a repudiasse. Se fosse dado à mulher um certificado de divórcio, ela podia casar-se de novo com qualquer homem, exceto com um sacerdote (Levítico 21:7, 14; Ezequiel 44:22).42

Em Deuteronômio 24.1-4, não vemos nenhuma ordem para o divórcio, nem nenhum encorajamento para o mesmo, pois este nunca foi da vontade de Deus. Desde o princípio, no Éden, Deus havia estabelecido uma união matrimonial para toda a vida.

Aparentemente a intenção desta lei é de aplicar certas restrições na já existente prática de divórcio. Se o divórcio fosse tão fácil de ser conseguido, então ele poderia se tornar um pretexto para uma forma “legal” de adultério.43

A luz de uma teologia bíblica maior, podemos ver que Deus odeia o divórcio e  o chamou de violência (Ml 2.16), e em caso de divórcio o marido não poderia recasar com a divorciada, pois este seria um pretexto para o adultério. Apesar de todas as acusações anacrônicas infundadas sobre um suposto machismo nos tempos bíblicos, “o resultado final desta lei seria a exaltação do status da mulher”,44 uma vez que a protege do descaso e maus tratos por parte do marido, criando uma barreira social e teológica para um abandono infundado por parte do seu cônjuge. O divórcio nunca foi, não é e nunca será vontade de Deus, porém por causa do pecado e da organização social da época, leis para a questão do divórcio foram estipuladas.

3. O conceito de Casamento no NT e implicações Práticas

O Novo Testamento não traz nenhuma novidade nem contradiz a doutrina sobre casamento apresentada no Antigo Testamento. Em Jesus, em Paulo e nos apóstolos (Pedro) o casamento é defendido como o Gênesis o define: aliança heterossexual, monogâmica e permanente.

“Os pronunciamentos mais importantes de Jesus a respeito desse assunto foram feitos quando alguns fariseus lhe perguntaram sua opinião sobre o divórcio (Mt 19.3). Fica evidente que Jesus não considerava o casamento uma simples instituição ou convenção social. Antes, de acordo com Jesus, o casamento é o compromisso sagrado entre um homem e uma mulher instituído por Deus e firmado diante dele.”45

Warren Wiersbe diz que, ao ser questionado, Jesus não vai às especificações do Deuteronômio para defender sua posição. Antes, volta ao Gênesis, reafirmando aquilo que Deus fez quando instituiu o primeiro casamento segundo o Seu ideal. Ele conclui dizendo que, em um casamento erguido sob esses ideais apresentados por Deus não precisará preocupar-se com o divórcio.46

Pedro, em sua primeira carta, passa rapidamente pelo tema afirmando a importância do cuidado do homem e da consideração pela mulher com a “parte mais frágil” em paralelo com instruções às mulheres quanto à submissão respeitosa aos seus maridos, mesmo sendo eles incrédulos (1Pe 3.1-7).47 

A abordagem mais completa dos escritos de Paulo sobre casamento se encontra em Efésios.

“Ele vincula as metáforas da cabeça e do corpo com um quadro sobre a igreja que a apresenta como noiva e esposa de Cristo, o qual é o noivo e marido dela. Assim como marido e mulher se tornam “uma carne” (um corpo só) no relacionamento marital, assim também Cristo e a igreja são um no Espírito.”48

Marshall afirma que, em Efésios, Paulo cita Gênesis 2.24 “como autoridade bíblica para que o marido seja unido a sua esposa pelo amor, mas extrapola o texto bíblico e vê nele um quadro de Cristo, que deixa o seu Pai para tomar a igreja como a sua noiva.49

Como podemos ver, nenhum outro ensino é dado no Novo Testamento que já não tenha sido usado como padrão no Pentateuco. Porém, a obra de Cristo e o trabalho regenerador e consolador do Espírito Santo possibilitam que, de uma forma graciosa, os pecadores e seus pecados possam ser guiados a uma atitude de regeneração dentro do casamento, tendo a cruz como ponto de partida.

4. O casamento pós-moderno e a igreja

Reflexo de uma sociedade egoísta, egocêntrica e relativa, mais ainda, da pós-modernidade, o casamento tem enfrentado a cada dia novas batalhas que impedem seu início (aos solteiros) e sua permanência (aos casados). Pesquisas nacionais e internacionais mostram a queda do número de casamentos e o crescimento dos casos de divórcios, o que reflete a busca incessante pela realização e conquistas pessoais a despeito da família e da constituição de um lar.

No Brasil, as separações cresceram cerca de 20% nos últimos 10 anos. Além das separações, o número de pessoas que dizem viver em união consensual, sem ter casado no civil ou religioso, aumentou 28,6%.50 Sobre esse último tópico, Timothy Keller, pastor em Nova York, uma das culturas mais relativizadas no mundo, afirma:

Em vez de ser um modo de encontrar sentido na abnegação, em abrir mão das liberalidades individuais, e no compromisso com os deveres do matrimônio e da família, o casamento foi redefinido como a forma de encontrar satisfação emocional e sexual e plena satisfação pessoal.”51

Os números sobre divórcios são ainda mais alarmantes. No Brasil o número cresceu 75% nos últimos cinco anos, aponta o IBGE.52 Nos Estados Unidos da América, o índice de divórcios quase dobrou desde a década de 1960.53 Mais significativo ainda é o fato de que 72% dos adultos norte-americanos eram casados na década de 1960, enquanto, em 2008, apenas 50% o eram.54

Os números só refletem uma diminuição nas apostas dos novos jovens no matrimônio. Em diversos casos o casamento é almejado mas, após a estabilidade financeira e emocional e, se trouxer insatisfações, não será tão difícil descartá-lo. As dificuldades e visões distorcidas a respeito do casamento não estão apenas na cultura secular, dia após dia, a igreja tem importado esses valores que permeiam a sociedade para a mente das crianças e adolescentes, que crescem em um ambiente altamente tecnológico, permeado pelo senso de sucesso, de independência e liberdade de responsabilidades.

 Dave Harvey diz que:

“É evidente que vivemos numa época em que as pessoas dão ao casamento o significado que desejam. Sem qualquer fonte de autoridade, o casamento segue a cultura […] não importa aonde esta vá. É por isso que a Bíblia é tão importante. Como Palavra de Deus, ela enche o casamento de significado eterno e glorioso. Também fala com autoridade a respeito do que o casamento deve ser. A Bíblia é tanto o padrão avaliador para o casamento como a chave para nos unirmos em casamento… A Bíblia é o alicerce para um casamento próspero.”55

E esse é o desafio da igreja: encarar a Bíblia como o único alicerce capaz de sustentar o casamento. Pastores e líderes precisam ensinar às suas ovelhas a viverem no mundo de forma que sejam espelho e padrão para uma sociedade que vem “descartando de forma negligente os absolutos morais que sempre foram honrados, em uma questão após a outra.”56

Conclusão

Este artigo tenta reafirmar as questões afirmadas por Deus no Éden, quando deu ao primeiro casal uma comissão para que O representassem em nosso mundo.

A aliança eterna, sacrificial e pactual do casamento teve e tem suas mais profundas raízes em Deus, que é rico em amor e graça e nos convida a sermos como Ele é, aprendendo a conceber esses atributos em nossos casamentos e famílias.
Vimos que Deus reprova qualquer depravação ou distorção do modelo criado por Ele para os relacionamentos entre um homem e uma mulher pelo resto de suas vidas (Hb 13.4); e vimos também que a prática do pecado que leva à quebra das instruções dadas por Ele para essa união indissoluta trará juízo e condenação àqueles que as desconsideraram ao longo da história da humanidade.

Consideramos a defesa de Jesus e dos autores bíblicos ao matrimônio e o quão profundo é o mistério que envolve a reunião de dois corpos complementares desde a criação.

Foi perceptível também o colapso moral pelo qual passa o casamento e a influência que isso tem trazido para as nossas igrejas, identificando a necessidade do combate do modelo da atual sociedade, retomando as especificações dadas por Deus no Gênesis.

Desde o Gênesis até Apocalipse, Deus planejou e desejou que o homem e a mulher vivessem um para o outro e ambos para a glória dEle. Um casamento segundo Deus tem por objetivo principal espelhar e espalhar a glória de Deus por meio do relacionamento do casal, um relacionamento que prioriza a santidade e tem por resultado da obediência a Deus, a felicidade indizível de se viver como Ele quer.

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WIERSBE, Warren W., Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento: Vol. 1. Santo André: Geográfica Editora, 2006.

_________________________________________
1KÖSTENBERGER, Andreas J., JONES, David W., Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 28.
2KÖSTENBERGER, ibid., p. 82 Não é apenas um contrato feito por um periodo limitado […], mas sim um vinculo sagrado caracterizado pela permanência, sacralidade, intimidade, mutualidade e exclusividade
3STOTT, John. Marriage and Divorce, involvement: Social and Sexual Relationships in the Modern World. Vol.2 Old Tappan: Revell, 1984, p. 163.
4MERKH David J., Deus e sua família: O manual do fabricante do lar. Atibaia, 2015, Apostila da disciplina: Teologia Bíblica da Família no mestrado do SBPV, p. 232.
5KÖSTENBERGER., op. cit., p27
6HARVEY, Dave.  Quando pecadores dizem sim. São José dos Campos: Editora Fiel, 2009, p. 23
7WENHAM, Gordon J. Word Biblical Commentary: Genesis 1-15. Waco, Texas: Word Books, publisher, 1987, p. 70
8WENHAM, ibid., p. 71
9
HOUSE, Paul R., Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2005, p. 78
10KELLER, Timothy; KELLER, Kathy. O significado do casamento. São Paulo: Vida Nova, 2012, p.153
11HARRIS, R. L., ARCHER, G. L., WALTKE, B. K. Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody press. 1999, p.177
12WENHAM, op. cit., p. 71
13ROSS, Allen P., Creation & Blessing, Grand Rapids: Baker, 1988, p. 126-27
14KELLER, Timothy; KELLER, Kathy. O significado do casamento. São Paulo: Vida Nova, 2012, p.101
15KÖSTENBERGER; JONES., op.cit., p. 37
16TENNEY, Merrill, C., PACKER, J. I., WHITE, William. Vida Cotidiana Nos Tempos Bíblicos. Florida: Editora Vida, 1993, p. 50
17WENHAM, op. cit., p. 71
18Wenham argumenta que em outros textos onde o uso de “carne da minha carne e osso dos meus ossos”(Gn 2.23) aparece fora do contexto do casamento, significa um grau de parentesco comprovado por um relacionamento consanguíneo (como no exemplo de Labão e Jacó em Gn 29.14). Se a expressão da qual deriva “tornar-se uma só carne” é aplicada também para um tipo de relação que não é possível de se desfazer nem pela morte, nem pela separação, como a relação de parentesco familiar consanguíneo, O comentarista bíblico conclui que o casamento, da mesma forma é indissolúvel. Esta interpretação do comentarista não é, necessariamente, a compreensão destes autores, porém, é digna de menção e discussão.
19O que este autor quer dizer com “perspectiva terrena” é o casamento no âmbito ainda neste mundo, uma vez que na eternidade “… as pessoas não se casam nem são dadas em casamento; mas são como os anjos no céu. ” (Mt 22.30).
20TENNEY; PACKER; WHITE, op. cit., p.43
21TENNEY; PACKER; WHITE, ibid., p. 46,47
22SMITH, Ralph L., Teologia do Antigo Testamento: História, Método e Mensagem. São Paulo: Vida Nova, 200, p. 242
23FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007, p.440
24GEISLER, Norman L., Ética Cristã: opções e questões contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 358.
25MERRILL, Eugene H. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Shedd Publicações, 2009, p.190
26GEISLER, op. cit., p. 359
27KÖSTENBERGER, op. cit., p. 37, 38
28TENNEY; PACKER; WHITE, op. cit., p. 52
29SMITH, op. cit., p. 241
30BARRY, J. D., HEISER, M. S., CUSTIS, M., MAGNUM, D., & WHITEHEAD, M. M. Faithlife Study Bible (Lv 18.22). Bellingham, WA: Logos Bible Software, 2012. 
31KÖSTENBERGER, op. cit., p. 40, 204
32Idem.
33Idem.
34KÖSTENBERGER, op. cit., p. 39
35Cf. KÖSTENBERGER, p. 40
36Cf. VAUX, Roland de., Instituições de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2004, p.57-59.
37TENNEY; PACKER; WHITE, op. cit., p. 52
38KALLAND, Ear S., The Expositor’s Bible Commentary, v. 3. Grand Rapids: The Zondervan Corporation, 1992, p. 145,146
39A Nova Versão Internacional (NVI) traduz por “Algo que ele reprova”, creio que essa tradução leve a discussão para um patamar não desejado, uma vez que coloca sobre responsabilidade das percepções e desejos do marido a situação do divórcio, tornando este uma questão relativa e não objetiva
40THOMPSON, J. A., Deuteronômio: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982, p. 233
41TENNEY; PACKER; WHITE, op. cit., p. 53
42CRAIGIE, Peter C., The New International Commentary on the Old Testament: The book of Deuteronomy. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 1976, p. 305
43THOMPSON, op. cit., p. 235
44KÖSTENBERGER, op. cit., p. 72
45WIERSBE, Warren W., Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento: Vol. 1. Santo André: Geográfica Editora, 2006, p. 89
46KÖSTENBERGER, op. cit., p.72
47GUNDRY, Robert H., Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 515
48MARSHALL, Howard I., Teologia do Novo Testamento: diversos testemunhos, um só evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2007, p.337
49ULTIMO SEGUNDO,  Censo 2010 separações crescem cerca de 20 em dez anos no brasil, Disponivel em: < http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2012-04-27/censo-2010-separacoes-crescem-cerca-de-20-em-dez-anos-no-brasil.html > Acesso em 23 de  junho de 2015
50KELLER, op. cit., p. 35
518TABELIONATO. Numero de divórcios no Brasil cresce 75% em cinco anos, aponta IBGE Disponivel em: < http://www.8tabelionato.com.br/?p=311 > Acesso em: 22 de Junho de 2015
52Enquanto 77% dos primeiros casamentos, em 1970, estavam intactos, hoje apenas 61% estão (The Marriage Index, p. 5). Em outras palavras, hoje cerca de 45% dos casamentos terminam em separação ou divórcio (The State of Our Unions, p. 78). Cf. KELLER, p. 27
53The Decline of Marriage and the Rise of New Families (Pew Research Center Report, November 18, 2010). Acessado em http://pewsocialtrends.org/2010/11/18/the-decline-of-marriage-and-rise-of-new-families/2/. Cf. Idem
54HARVEY op. cit., p. 20
55VEITH, Gene E. Jr., Tempos Pós-modernos: Uma avaliação cristã do pensamento e da cultura da nossa época. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p.11

SUGESTÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR:

KELLER, Timothy. KELLER, Kathy. O significado do casamento. São Paulo: Vida Nova.

2 COMENTÁRIOS

  1. Deixo meu parabéns aos autores R“mulo e Pedro. De maneira simples e objetiva, este texto nos leva a refletir sobre este tema tão importante e a buscar obedecer a Deus, segundo a Sua Palavra.

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