A perspectiva de Paulo sobre a ceia do Senhor – parte 2

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3. Os princípios da correta celebração da ceia do Senhor

Paulo nos versos 17-22 tratou das implicações negativas geradas pela celebração distorcida da mesa do Senhor. Depois de resgatar a tradição da última ceia do Senhor com os seus discípulos, nos versos 26-32 o apóstolo descreve os princípios que devem nortear a verdadeira celebração da ceia do Senhor (kuriako.n dei/pnon).  Nesse trecho, tanto a tradição sobre a última ceia de Jesus Cristo, quanto os princípios apostólicos acerca da correta ministração eucarística se entrelaçam, formando assim uma instrução de caráter normativo para a igreja cristã em todas as épocas.

3.1 Anúncio da morte de Jesus

“Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor” (1Co 11.26a)   

Paulo indica que a correta ministração da Ceia exige a pregação acerca da morte do Senhor. Isto significa que todas as vezes que Igreja se reúne para celebrar a Ceia do Senhor ela deve testemunhar o caráter vicário da morte do Senhor. Assim como o anfitrião, nos termos da velha aliança, no banquete pascal, testemunhava a ação salvífica de Deus na história, o povo da nova aliança tinha que proclamar o significado da morte de Jesus. Em termo simples, “Paulo enfatiza que a celebração da Ceia do Senhor de fato ‘proclama’ todo o evangelho e oferece instrução e sustento durante a caminhada do já para o ainda não.”42

Em cada ceia a igreja é convocada a olhar para o passado, a fim de proclamar no presente, a base para o novo relacionamento com Deus através da morte de Jesus. Como bem expressa Ridderbos:

Esse versículo não se refere mais à tradição da Ceia, mas serve para conformar a admoestação anterior. Em concordância com a ordem da anamnese, o comer e beber da Ceia tem como ponto de partida a morte de Cristo e o povo de Corinto deve continuar ciente disso. Daí o indicativo: “anunciais”. Com estas palavras, o caráter da anamnese é mais bem descrito. Não se trata simplesmente de uma lembrança subjetiva, mas da manifestação ativa da continuidade e do significado presente da morte de Cristo. O termo ‘anunciais’ tem, desde modo, um significado profético e declarativo.43

Quando a morte de Jesus é proclamada, segundo as Escrituras, no contexto de uma celebração sacrificial, onde o pão e o vinho simbolizam e representam os benefícios da morte vicária de Cristo em favor do seu povo, tal anúncio se torna em implicação do modo correto de celebrar a ceia do Senhor. Desta forma, a Igreja é nutrida pelo anúncio profético do Evangelho e pela promessa de Jesus ao seu povo.

Cristo instituiu a Ceia como um “bem” permanente para a sua igreja. Esse é um benefício acrescentado a todos os outros benefícios para significar e selar essa morte. Isso permanecerá até o momento da volta de Cristo. Sua morte deve ser proclamada até que ele venha porque, nessa dispensação, a cruz é e continuará sendo a fonte e a causa das bênçãos, o centro da recordação da Igreja.44

Na perspectiva de Paulo, aqueles que visam reunir-se para melhor, devem se alimentar da proclamação do pão da vida, trazendo à memória por meio do anúncio profético do Evangelho a cruz de Jesus Cristo e o significado da sua morte. Por esse princípio da proclamação da morte do Senhor, a igreja reúne-se cada vez mais cônscia que “a ceia do Senhor enfoca a totalidade da pregação do evangelho a respeito do sacrifício de Cristo e põe a mesa com ele.”

3.2 Esperança na vinda de Jesus

“até que ele venha” (1 Co 11.26b)

A Ceia do Senhor é escatologicamente orientada. Com isto, o que se quer dizer é que a mesa do Senhor além do significado sacrificial que aponta para o sacrifício absoluto de Jesus em nosso lugar, também expressa o caráter escatológico da vinda do Reino de Deus. O estabelecimento do reino de Deus e a nova aliança estão indissoluvelmente ligadas no significado da Ceia do Senhor. Nesse sentido, Oscar Cullmann tem razão quando lembra que o culto cristão eucarístico “nos reconduz para trás, ao Crucificado e ao Ressuscitado, e nos transporta, em seguida para aquele que virá no fim dos tempos.”46 

A ênfase no direcionamento escatológico da ceia do Senhor é uma marca dos estudos contemporâneos sobre a teologia da eucaristia. Muitos estudiosos têm feito da dimensão escatológica da mesa do Senhor um fator decisivo para a determinação exegética do significado da Ceia. Essa ênfase escatológica é vista no labor interpretativo de Schweitzer. No entendimento dele,

Paulo toma como seu ponto de partida a concepção cristã primitiva da ‘Refeição do Senhor’ como uma antecipação da mesa de comunhão com Cristo na Festa Messiânica, e que é deste ponto de vista que Paulo interpreta as palavras de Jesus na Ceia acerca do comer e beber seu corpo e sangue.47

Com base nessa ênfase escatológica, a teologia da esperança inverte o viés interpretativo de Schweitzer. Enquanto Schweitzer reconhecia as expectativas escatológicas já realizadas, a teologia da esperança qualifica a ceia como uma antecipação proléptica do Reino futuro. Nesse sentido, a ceia é um sacramento antecipatório da comunidade messiânica.  Segundo Pannenberg: “A última santa ceia de Jesus antes de sua paixão deu continuidade à sua prática anterior de refeições, pelo fato de que também lá a ceia, pela participação de Jesus, já se tornou antecipação, em forma de sinal, do senhorio vindouro de Deus.”48 

Para fazermos justiça com o texto bíblico, e sobretudo, para que se participe corretamente da mesa do Senhor é preciso levar em conta o sentido escatológico da Ceia, sem, contudo, perder de vista que a vinda do Reino não compete com o significado sacrificial da mesa do Senhor. O significado da morte expiatória de Jesus em nada diminui o cumprimento escatológico realizado e a orientação escatológica manifesta. A correta participação da mesa do Senhor requer que o coração do povo da aliança recorde a morte vicária de Jesus, proclame no presente o significado da sua morte, sem perder de vista a expectativa da sua volta. Desta forma, a Ceia coordena passado, presente e futuro.

 Em todos os relatos, tanto no de Paulo, como nos relatos sinóticos, o elemento escatológico está conectado indissoluvelmente ao significado sacrificial da Ceia.  Hendriksen lembra acertadamente que “a comunhão não somente aponta para o passado, para o que Cristo fez, mas também para adiante, para o que ele ainda vai significar para nós.”49  Deve-se lembrar que pão e vinho, no contexto da refeição sacrificial, estão sempre acompanhadas pela maravilhosa promessa de Cristo: “em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até àquele dia em que o hei de beber, novo, no reino.” (Mc 14.25).

A Ceia do Senhor, portanto, é a refeição da redenção, o cálice da salvação, o pão da Igreja porque se fundamenta na morte de Cristo. Mas é assim apenas durante o tempo interino entre o cumprimento que já começou e a consumação que se espera. Jesus dá aos seus discípulos seu corpo e seu sangue como alimento para o caminho que ainda está à frente. Com isso, ele os envia no caminho da História com pão suficiente para que possam viver, mas todo esse comer e beber é feito somente em antecipação da nova terra e do novo vinho, isto é, da plenitude da alegria.50

Que doce consolo recebemos do nosso Redentor! Sua morte é a base da nova aliança. Essa aliança persistirá pela eternidade. Assim, aguardamos pelo dia onde cearemos com ele sem lágrimas e sem a tristeza do pecado no coração, num céus e terra restaurados. Aleluia!

3.3 Cuidado para não comer indignamente a ceia do Senhor

Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor.  (1 Co 11.27)

Paulo alerta a Igreja de Corinto sobre o risco do comer “indigno” (avnaxi,wj). O que ele tinha em mente ao falar da indignidade diante da mesa do Senhor? O que é ser réu do corpo e do sangue de Jesus Cristo? 

Recorrendo mais uma vez ao sentido sacrificial da Ceia do Senhor, a noção de indignidade tem a ver com o desprezo pelo sacrifício que Cristo fez, bem como pelas palavras da instituição do rito da ceia, e em decorrência disso, o desprezo do outro irmão. Deve-se ter em mente que o desprezo pelo outro, antes de tudo, era o desprezo à lei de Deus e o Evangelho de Jesus. O comer indigno não é descaso do rito pelo rito, mas da mesa do Senhor pelo que ela representa, e pela memória que ao redor dela é proclamada.

Evidentemente que a noção de indignidade não pode remeter a uma construção meritória da participação da mesa do Senhor por meio de boas obras. Se tal padrão de dignidade fosse requerido, ninguém poderia participar da mesa do Senhor.

Se deve excluir toda a ideia de que por mérito ou direito legal a pessoa teria que, ou seria capaz de, tornar-se ‘digna’ de comer o pão. A ideia, na verdade, é de comer e beber de modo inadequado ou impróprio, de modo que não condiz e não está em concordância com o ato em si. Trata-se de uma questão de respeito pelo verdadeiro caráter daquilo que é chamado pão e cálice do Senhor.51

Na perspectiva escatológica da teologia contemporânea, sobretudo na teologia da esperança, a noção de ceia aberta tem impacto direto sobre o conceito de indignidade diante da mesa do Senhor. De acordo com Moltmann, nenhuma pessoa é virtualmente indigna de participar da eucaristia, quando o seu significado escatológico é devidamente compreendido. Para Moltmann ceia de Cristo é aberta a todos e todas. Para ele, “toda comunhão de mesa pode, por isso, ser celebrada como um antegozo do grande banquete dos povos (Is 25,6ss.) e do comer e beber no Reino de Deus (Mt 22,1s).”52  Em termos simples, entende-se que o Crucificado não apenas cumpriu o culto sacrificial da religião judaica, antes ele crucificou a própria ideia de culto sacrificial. Desta forma, é impossível sustentar a ideia de culto ou profanidade mundana, pois o reino de Jesus já trouxe o grande banquete messiânico, aberto para todos os povos, para dentro da história como antecipação do reino futuro. No dizer de Moltmann a Igreja celebra a morte de Jesus como uma festa.

Nesse

“culto se preserva e presentifica aquilo que parece ter valor eterno, a saber, a entrega absoluta de Cristo. Paradoxalmente o especial é reprimido e destruído. No sentido que o véu templo foi rompido, a cruz de Cristo encerrou o culto.”53

Desta forma, por meio de uma complexa abstração, Moltmann afirma que a Ceia, quando vista do ponto de vista escatológico, e à luz da própria prática comensal de Jesus Cristo, indica a abertura escatológica da mesa eucarística para fora do templo. Como Jesus comeu com todos e todas, inclusive publicamos e pecadores, o culto eucarístico da Igreja messiânica não deve ser confessionalmente restrito, mas sempre aberto a todos e todas.

“A comunhão de refeição com Cristo segue o convite do próprio Cristo e não um dogma cristológico. Pois se trata de uma refeição do Senhor e não de um evento organizado por uma igreja ou confissão. A igreja deve sua vida ao Senhor e sua comunhão, à ceia dele, e não vice-versa. O convite do Senhor dirige-se a todos. Se uma igreja limitasse a abertura de seu convite por conta própria, faria da ceia do Senhor uma ceia da igreja e colocaria no centro não a comunhão com ele, mas sua própria comunhão. Por isso frisamos por meio da expressão “ceia do Senhor” a primazia do Senhor sobre a sua Igreja e questionamos qualquer ceia da Igreja confessionalmente restrita.”54

Apesar do teor altamente especulativo da teologia de Moltmann sobre a ceia do Senhor, ela possui implicações e desafios concretos em relação à prática eucarística da igreja. A visão eucarística de Moltmann é vista como uma contribuição para a abertura ecumênica da mesa do Senhor, e ao mesmo reduz o ato eucarístico ao mesmo nível da ação em prol dos necessitados. Para ele, “anunciar aos pobres o evangelho, curar enfermos, acolher os desprezados, libertar os cativos e comer e beber junto aos famintos é a festa de Cristo na história de Deus com o mundo.”55 

Embora, em parte, possamos concordar com Moltmann quanto ao caráter escatológico da mesa do Senhor, as ilações que ele toma das comensalidades de Jesus estão sujeitas a muitas dificuldades hermenêuticas e exegéticas. A maior dificuldade de Moltmann consiste em desconsiderar que a atitude divisória dos coríntios foi a concretização de uma apostasia que se deu primeiro na mente deles quando se apartaram do mandamento de Cristo e de Paulo quanto ao significado sacrificial da mesa do Senhor.

Basta lembrar que o comer indigno a que Paulo se refere é a atitude divisória e egoísta dos coríntios em colocar de lado os princípios gerais do Evangelho quanto à mesa do Senhor – apenas esse motivo já prejudica a noção de ceia aberta, e não confessional, proposta por Moltmann. Além do mais, o erro dos coríntios era exatamente tratar a mesa do Senhor no mesmo pé de igualdade com outras comensalidades, ou seja, era a falta de conformidade com o padrão de fé, no sentido de desprezo pela tradição da última ceia, por parte deles, que gestava o comportamento indigno. A ceia do Senhor nesse sentido não é confessionalmente aberta, antes requer conformidade com um padrão de fé fixo. Quebrar esse padrão é o mesmo que transformar a ceia numa mesa de juízo com Deus.

Embora Moltmann tenha buscado romper com a confessionalidade diante da mesa do Senhor, na prática ele não conseguiu. Ao dizer que a festa do reino de Deus segue um padrão diacônico “fixo” de acolhimento ao pobre e o necessitado, Moltmann recorreu a uma fórmula “fixa” pela qual a festa do governo de Deus se manifesta na história.  Nesse sentido, a ideia que Moltmann tem da mesa do Senhor serve apenas para “transformar a Ceia num simples repasto fraternal, um ágape”56  – atitude esta que não apenas diminuiu o significado evangélico da mesa do Senhor, como também a anula. Certamente não podemos ir à mesa do Senhor desprezando o pobre, mas não podemos pensar que a ajuda ao pobre é a mesa do Senhor.

Diante de tudo que foi levantado, cremos que se faz mais justiça ao texto bíblico quando o conceito de indignidade é reconhecido como falta de santidade diante da mesa do Senhor, tanto por causa da embriaguez, por causa do descuido com os pobres e sobretudo por causa do descuido com a ordenança do Senhor. “Portanto, qualquer um que não respeite a santidade da comunhão nessa mesa, será réu do corpo e do sangue de Cristo, isto é, pecará contra o sacrifício feito por ele.”57 
 
3.4 Requer autoexame e discernimento

Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.   Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.    (1 Co 11.28-30)

Diante da mesa do Senhor se requer o autoexame e o discernimento. Assim como na questão do conceito de indignidade, também existe um intenso debate sobre o significado do autoexame e do discernimento, bem como as implicações que dela decorrem.

João Calvino defendeu que tanto o autoexame como o discernimento são exigências impostergáveis para participar corretamente da mesa do Senhor.  No dizer de Calvino: “O Senhor não permite que todos tomem parte na Ceia, mas somente aqueles que sejam capazes de discernir o corpo e o sangue do Senhor, que podem examinar suas consciências, que podem anunciar a morte do Senhor e avaliar sua virtude.”58 

O puritano Thomas Watson observou com exatidão que a,

palavra grega para examinar, dokimazo, é uma metáfora tomada do ourives que, curiosamente, testa seus metais. Assim, antes de virmos à mesa do Senhor, temos de fazer em nós mesmos um exame perscrutador e crítico pela Palavra.59

Essa noção de autoexame gerou algumas implicações. Calvino entendeu que por causa da exigência do autoexame e do discernimento as crianças ficaram impedidas de tomar parte da mesa do Senhor. Para ele, “a ordenança de Cristo as proíbe de participarem da Ceia do Senhor, porque ainda não são capazes de conhecer ou de celebrar a memória da morte de Cristo.”60  

Apesar da posição de Calvino gozar de grande influência, sobretudo na tradição reformada confessional, o lugar da criança diante da mesa do Senhor tem sido amplamente debatido. Novas perspectivas que visam incluir os pequenos na comunhão estão sendo construídas.

Embora a prática da pedocomunhão (infantes e crianças pequenas que comungem antes ou à parte de uma crível profissão de fé), por longo tempo tenha permanecido confinada aos ortodoxos orientais, tem adquirido certa concorrência em igrejas liberais e círculos protestantes da ‘alta igreja’ (com algumas pequenas exceções entre alguns quadrantes conservadores reformados.)61

No Brasil, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPI) resolveu na Assembleia Geral do ano de 2007 resolveu incluir as crianças na mesa da comunhão. Qual foi o referencial exegético que a IPI usou para adotar essa visão? Um dos poucos ensaios exegéticos disponíveis é um texto produzido pelo teólogo Fernando Bortolleto, onde ele afirma que o problema da igreja de Corinto era conduta indigna diante da mesa do Senhor. Nesse sentido, a requisição de autoexame e discernimento não eram princípios gerais, mas uma correção específica para um problema sociológico entre ricos e pobres na igreja de Corinto. Para Bortolleto,

“O apelo ao autoexame, v.28, somente poderá ser bem compreendido se estiver relacionado com a participação de todos no Corpo de Cristo. Não se trata de um exame intimista e individualista, mas de um exame em função da situação absurda, de negação da dimensão comunitária. E a dimensão comunitária é fundamental, pois todos devem começar e participar juntos (v.33).”62

Nessa perspectiva, o intérprete deveria pressupor que as crianças faziam parte do reino de Deus e da comunidade da nova aliança. Logo, o texto tem mais a falar contra a indisciplina dos adultos, do que sobre um impedimento das crianças – que em tese seria uma inferência não razoável – do ponto de vista da interpretação sociológica da passagem. Para ele, a única forma de impedimento seria a disciplina formal.

Outros intérpretes que defendem a participação da criança na ceia do Senhor observam que nem mesmo a limitação intelectual da criança deveria ser levada em conta, desde que o elemento da fidúcia fosse levado em conta. Sobre isto, Shelton diz:

“Será que fé pessoal é basicamente uma questão de intelecto avançado ou idade cronológica? Penso que não. Ao contrário, a fé pessoal é uma questão de propósito, de fé, de confiança e de esperança de alguém. Em todos esses aspectos, as crianças são dificilmente excluídas, podendo até, em alguns sentidos, servirem de exemplo. E pode ser que em matéria de fé, as crianças nos precedam.”63

No horizonte da teologia da esperança o tema da participação das crianças é mencionado por Pannenberg. Como já foi colocado anteriormente, a ceia do Senhor é vista pela teologia da esperança dentro de um contexto escatológico. Por conseguinte, a mesa do Senhor deveria ser vista como um banquete messiânico aberto a todos e todas. Dito isto, para Pannenberg,

“apesar de toda característica inclusa o entendimento teológico é importante para a proclamação e doutrina da igreja sobre a ceia do Senhor, mas ele não constitui condição prévia para recebê-la. Isso possui relevância prática, p. ex., para a pergunta da comunhão com criança: Ela não é questionável tão logo uma criança fora capaz de captar a ideia de que Jesus está presente na celebração da ceia, por mais misterioso que isso possa permanecer para ela. Pela mesma razão a divergência na tradição doutrinária confessional via de regra não deveria constituir um impedimento para a admissão à comunhão, enquanto nela for buscada a presença de Cristo e se concordar com a vinculação na fé com os demais que participam da mesa do Senhor.”64

Diante da questão sobre a participação das crianças e sobre a exigência de autoexame e discernimento no ensino de Paulo, creio que se fará mais justiça ao texto quando tiramos o foco da questão do critério idade e passamos a olhar para o critério do discernimento. Em certo sentido as confissões de fé reformadas acompanham esse critério do autoexame, seguido do discernimento, tendo em vista que sua “ênfase não está na comunhão somente para os adultos, mas na comunhão somente para crentes professos.”65  Nesse caso, não se trata de impor uma idade limite, mas reconhecer que a exigência do autoexame requer a compreensão do significado bíblico da mesa do Senhor e a consciência sobre a gravidade do comer indigno.

Quando se considera o autoexame e o discernimento do significado sacrificial da ceia, como algo instituído por Cristo, e, como uma exigência para a correta participação da mesa do Senhor, faz-se justiça ao fato que “no ensino de Paulo, a admissão à Ceia requer discernimento, de forma a não comer e beber indignamente.”66  Ao mesmo tempo, também se faz justiça ao fato que mesa do Senhor não “requer o exame teológico preciso, mas a profissão de fé convincente.”67 

Outro viés que tem sido considerado na questão do autoexame e do discernimento tem a ver com o fulcro ético do Evangelho de Jesus Cristo, visto de uma perspectiva de baixo para cima.  A noção “de baixo para cima” funcionalmente tende a ver o agir de Jesus Cristo, em sua encarnação, como uma fonte de inspiração que determina em última instância o caminho do seguimento e a sua práxis. Quando essa noção é aplicada à teologia paulina, a noção sobre o discernimento do corpo de Cristo também é alterada. Um exemplo disso pode ser notado na visão de E.  Käsemann.

Para ele,

O corpo [de Cristo] é posto para servir e participa da glória do Senhor exaltado somente enquanto permanece seu instrumento na baixeza terrena. É isto que dá à Igreja unicidade e sentido escatológico. (…) A Igreja universal, da qual falava Paulo, se realiza somente enquanto permanecer na vida terrena de cada dia, sem fugir da baixeza que caracterizava o Senhor antes da ressurreição.68

Curiosamente essa noção cristológica, comum em círculos liberais, pode ser vista, ainda que em ecos, na literatura devocional disponível no Brasil. Nessa direção, o teólogo pentecostal Carlos Queiroz interpretou o discernimento paulino diante da Ceia do Senhor em categorias éticas, e virtualmente orientadas debaixo para cima. Segundo Carlos Queiroz:

Para Jesus Cristo, vale mais uma vida eticamente correta do que a oração corretamente confessada. Há muitos cristãos orando o Pai-Nosso sem o reconhecimento de que estão pondo muitas pessoas sob castigo da fome e da morte. É por causa de nosso egoísmo – comendo muito e deixando outras pessoas com fome –, que há muitos doentes e outros que morrem em nosso meio. Não discernir esta realidade, significa comer e beber juízo para si.69

Independente das aproximações que possam ser identificadas nos referencias teóricos elaborados pela teologia latino-americana, sobretudo a que se identifica com a missão integral no Brasil, nota-se na literatura evangélica devocional brasileira, uma noção do autoexame e o discernimento diante da ceia do Senhor, que focaliza apenas a dimensão ética, e muito em particular o problema da fome. Essa noção tenciona ser uma proposta contextual da mesa do Senhor aos dramas do pobre, do esquecido e do marginalizado.

Embora o contexto da igreja de corinto, comporte existência de irmãos pobres, isso não implica automaticamente que o discernimento que Paulo exige diante da mesa do Senhor seja “apenas” ético. Certamente existia um comportamento indevido uns com os outros. Mas, para que se faça justiça ao texto bíblico é preciso compreender que a perspectiva de Paulo sobre a Ceia exige o autoexame e o discernimento do corpo de Cristo (seja o significado sacrificial da Ceia no contexto da nova aliança, ou seja a unidade do corpo de Cristo enquanto igreja). Nesse sentido a questão do autoexame e do discernimento apontam, evidentemente, para uma apreensão e uma participação espiritual, por parte do crente, não do símbolo, mas da bênção significada; e a um pecado terrível e espiritual, não de um abuso ou profanação de símbolos exteriores, mas de um abuso e profanação de Cristo, que está presente nesses símbolos.70 

Deve-se reconhecer a necessidade contextualização da mensagem do Evangelho. Mas, é preciso ter cuidado com o afã de fazer justiça ao pobre, e não fazer justiça ao ensino do Evangelho. Isso para reconhecer que o Evangelho nos chama a dar pão ao pobre, mas dar pão ao pobre não é o Evangelho (Jo 6.27,51,68-69).

3.5 Julgar a si mesmo

Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo (1 Co 11.31-32)

Diante da mesa do Senhor, os coríntios deviriam considerar o “julgamento a si mesmo”. Deve-se notar que Paulo também se inclui na exortação. No dizer de Paulo, se os coríntios julgassem a si mesmos, eles não seriam julgados pelo Senhor.

O julgamento descrito por Paulo é o mesmo que disciplina. Essa disciplina, que vem do Senhor, visa livrar os crentes da condenação com o mundo. Para Talbot, deve-se entender o pensamento de Paulo da seguinte maneira: “Quando somos julgados por Deus, tornando-nos fracos e doentes, o que pode resultar em morte, é porque Deus está nos disciplinando para que não sejamos condenados junto com o restante do mundo”.71

Calvino, ao comentar essa passagem observou que Paulo fez uma aplicação dupla. Na primeira aplicação, Paulo chamou nossa atenção para o seguinte fato: Os ímpios, motivados por seus prazeres são preparados para o dia do juízo final. Nesse sentido, o “privilégio de ser arrancado das bordas da destruição, através dos castigos, pertencem aos crentes.”72  Na segunda aplicação, que Calvino observa é a seguinte: “que as disciplinas [divinas] são remédios dos quais os crentes necessitam, pois, do contrário, seriam também impelidos pelos castigos temporais.”73

Dito isto, além do autoexame e do discernimento, o correto participar da mesa do Senhor requer um julgamento de si mesmo visando a santidade. Assim como autoexame era uma exigência para a correta participação da Ceia do Senhor, o julgamento de si mesmo era uma atitude fundamental para os coríntios avaliarem seus pensamentos e condutas diante da mesa do Senhor. Prior observou com pertinência que ao ler essa passagem, “cada cristão tem a obrigação, não de atingir algum padrão moral ou espiritual de perfeição (imaginária ou de qualquer natureza), mas de buscar uma auto-avaliação rigorosa e honesta.”74

Aplicação

Paulo não estava dando conselhos de etiqueta sobre se posicionar diante da mesa do Senhor. O apóstolo expôs com clareza sobre o meio de graça que Deus estabeleceu para abençoar seu povo. Reunir-se em torno da mesa do Senhor é reconhecer que a ministração correta da mesa do Senhor exige proclamação da cruz, esperança pelo retorno do Rei, cuidado para não comer indignamente o pão e o vinho. A mesa do Senhor requer autoexame, discernimento e julgamento de si mesmo a fim de viver de maneira santa diante de Deus.

Resume-se melhor a questão quando reconhecemos que a correta participação da mesa Senhor é um ato de fé, ou melhor, um ato de confiança em Cristo, não um salto no escuro, mas uma confiança ancorada em sua Palavra.  “Não pela fé nos nossos próprios esforços ou desempenho espiritual, mas na perfeita morte sacrificial, e na ressurreição conquistadora do inferno de Cristo nosso Senhor.”75  Quando proclamamos essas verdades e discernimos elas no coração, tomando-as como a regra para o autoexame, além de afastarmos a indignidade, ainda seremos fortalecidos na esperança. Dito isto, quanto o critério para a correta participação da Ceia é o discernimento, os filhos do pacto jamais serão excluídos desse meio de graça. Tão logo eles alcancem o discernimento da obra de Cristo e da unidade do povo de Deus, e demonstrem isto por meio de uma confissão de fé pública, pode-se participar da mesa do Senhor.

Ainda que as questões sociais sejam importantes, deve-se ter cuidado para não usar o contexto da ceia do Senhor de maneira imprópria, para sugerir que o problema da fome do mundo ocupa o centro do discernimento no pensamento de Paulo. É importante fazer justiça ao pobre, mas também é importante fazer justiça ao texto bíblico, do contrário jamais se fará justiça nem ao pobre e nem a qualquer outro assunto tido por relevante na américa-latina. Deve-se ter em mente que a ceia é um sacramento da nova aliança instituído para que a igreja lembre da obra de Cristo e não das nossas boas obras. O Evangelho nos leva a uma vida de amor ao próximo, e seu cuidado. Mas, o cuidado do pobre não é o Evangelho. Jesus é cordeiro que derramou seu sangue pelos nossos pecados. É esse discernimento da salvação pelo sangue de Jesus que precisamos proclamar, meditar e tomar como parâmetro para julgar a nós mesmos.  Por causa de Jesus somos um corpo. São essas realidades que celebramos em torno da mesa do Senhor.

4. A solução para o problema litúrgico da eucaristia

Depois de lançar os fundamentos do ensino de Cristo e os princípios gerais para a celebração correta da Ceia, Paulo ordenou atitudes práticas e pastorais para corrigir o problema dos coríntios diante da mesa do Senhor. Ainda que as ordenanças de Paulo nessa passagem tratem de forma bem particular da postura desordenada dos coríntios diante da mesa do Senhor (v.21), é preciso considerar os princípios que foram lançados nessa parte conclusiva do texto, sobretudo porque elas demonstram que a eucaristia não podia ser igualada com refeições comuns.

4.1 Esperai uns pelos outros

Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros (1 Co 11.33).

De acordo com a teologia de Paulo, a mesa do Senhor não podia ser ministrada de qualquer maneira. Uma vez reconhecido que a Ceia do Senhor foi ordenada por Cristo, que o ensino apostólico exige autoexame, discernimento e julgamento de si mesmo, diante de tudo que a mesa do Senhor sinaliza e representa, a única atitude plausível que os coríntios podiam tomar era celebrar a ceia juntos. Por isso, eles precisavam esperar uns pelos outros. Certamente Paulo direcionou essa exortação a todos e todas, embora não possamos deixar de pensar, que o peso maior dessa repreensão recaiu sobre aqueles que deliberadamente comiam tudo antes dos outros, provocando a embriaguez de alguns e a fome de outros.

Ao ordenar que eles esperassem uns pelos outros, Paulo estava lembrando aos cristãos da comunidade que eles deviam celebrar a ceia juntos, pois a unidade é uma das implicações da mesa do Senhor (1 Co 10.17). Isto posto, o comportamento egoístico dos coríntios, seja ele visto pelo foco sociológico da injustiça social, ou seja, ele visto pelo foco litúrgico, em termos de abuso do significado da Ceia, em absolutamente nada altera o fato que as divisões profanavam o significado evangélico da mesa do Senhor.

Assim, a ordem de Paulo para que os membros da comunidade esperem uns pelos outros apenas corrobora com o fato de que eles precisavam conformar a vivencias relacionais ao mandamento de Cristo e Paulo, bem como, aos princípios de justiça ordenados em outras passagens nas Escrituras.

4.2 Comei em casa

Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo. (1 Co 11.34a)

No verso 34, Paulo se dirige aos que em algumas situações tiveram fome, por causa do egoísmo de alguns coríntios. A ordem de Paulo foi para que eles fizessem suas refeições em suas próprias casas. Da mesma forma, isso também se aplicava aos membros ricos. De toda forma deve-se notar, que embora houvesse pobre na igreja, eles não eram pobres miseráveis que não tinham o que comer. No contexto da passagem, creio que alguns passavam fome porque ao chegar para prestar o culto, outros já tinham consumido os mantimentos antecipadamente. Eles poderiam padecer necessidades e até fome por causa da condição social mais humilde (afinal eles não tinham nada), mas no contexto específico tratado por Paulo a fome deles era circunstancial, tendo em vista que eles poderiam comer em casa.

De acordo com a instrução de Paulo, aqueles que passavam fome, e estavam humilhados por isso, deveriam comer em casa, isto porque a mesa do Senhor não era para matar a fome física. Antes, quando eles se reuniam para comer a ceia do Senhor, eles deveriam alimentar-se de Jesus Cristo que é a substância do sacramento. Os coríntios precisavam entender que Jesus é o alimento “da mente, não do estômago; do coração e da fé, não da boca.”76  Isto não quer dizer que as necessidades dos pobres não devam ser assistidas. Quer dizer que a mesa do Senhor não deve ser confundida com uma comensalidade cotidiana.

Em termos de princípio, pode-se deduzir que de acordo com o testemunho de Paulo a ceia do Senhor não deveria ser equiparada a uma comensalidade comum. Como bem disse Strong: “a Ceia do Senhor não é um apêndice a cada refeição comum”.77 Essa clara distinção que Paulo faz entre a refeição comum e a mesa do Senhor mostra que é impossível sustentar, sem muitas dificuldades, a noção estabelecida em círculos liberais, e sobretudo na teologia contemporânea, que a Ceia do Senhor deve ser vista dentro do contexto das comensalidades do Jesus histórico. De acordo com Pannenberg:

“A última santa ceia de Jesus antes de sua paixão deu continuidade à sua prática anterior de refeições, pelo fato de que também lá a ceia, pela participação de Jesus, já se tornou antecipação, em forma de sinal, do senhorio vindouro de Deus.”78

Nesse contexto proposto por Pannenberg, no máximo a tradição da ceia serviu para fundamentar a celebração cúltica da memória de Jesus. Logo, para ser melhor entendida em seu sentido escatológico, “a tradição da última ceia de Jesus no meio de seus discípulos antes da crucificação precisa ser apreciada no contexto das celebrações de ceias do tempo pregresso em sua atuação terrena.”79 

Embora a comensalidade de Jesus seja importante, e de fato elas apontam para o caráter da vinda do Reino, isso não implica necessariamente que a última ceia do Senhor com os seus discípulos tivesse um motivo escatológico dominante que igualava com as outras comensalidades de Jesus. Existem muitos outros eventos onde Jesus comeu que não tinham o caráter cúltico (ver: Lc 24.41-43). Além disso, a ordem de Paulo para que os coríntios esperem uns pelos outros, e para que se coma em casa, deixa claro que a mesa do Senhor como sacramento sucedâneo da nova aliança se distingue das outras comensalidades de Jesus.

Quando a Igreja se reúne para comer o pão e beber o vinho, eles não estão simplesmente mantando a fome de pão, mas celebrando a nova aliança com base no sacrifício de Jesus e alimentando-se do próprio Cristo. Não se trata de deixar de lado a causa dos pobres e a fome do pão. A Escritura é clara quanto ao cuidado que se deve ter com os pobres. A questão na teologia de Paulo sobre a ceia do Senhor é buscar fazer justiça ao conteúdo evangélico fixo da mesa do Senhor. Nesse caso por tudo que foi visto é nítido que Paulo estava distinguindo a mesa do Senhor de outras comensalidades cotidianas. “Se os coríntios fizerem essa distinção corretamente, Paulo diz que eles não vão incorrer na condenação de Deus.”80 

4.3 Obediência ao ensino apostólico

“Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for ter convosco” (1 Co 11.34b)

Haviam outros problemas que foram transmitidos e que Paulo não incluiu na exortação. Alguns comentaristas destacam que provavelmente os problemas relacionados eram de natureza menos urgente. Sejam quais forem os problemas, os coríntios poderiam “esperar até à ocasião em que ele [Paulo] fosse a Corinto.”81 O ponto mais importante que deve ser destacado é a linguagem de autoridade definida por Paulo. Embora a carta aos coríntios seja um escrito pessoal, Paulo escreve com a consciência de seu apostolado e do caráter autoritativo de seus Escritos. Embora suas cartas tenham um tom pessoal, isso em nada diminui o caráter apostólico dos seus escritos. Deve-se lembrar que “Paulo e os outros autores sagrados escreveram conscientes de sua autoridade apostólica e falaram para toda a igreja, com a intenção de que suas epístolas fossem lidas publicamente nas assembleias (cf. 1Ts 5.27; Cl 4.16).”82

Logo, tanto Paulo, quanto os coríntios, sabiam que a tradição da ceia e os princípios para a correta ministração do sacramento não podiam ser vistos como meros conselhos circunstanciais, antes eram mandamento para a Igreja cristã até a volta do Senhor. 

Aplicação

Esperar uns pelos outros e comer em casa são correções práticas e pastorais que expõem os seguintes princípios: 1) quando nos reunimos para a ceia do Senhor, devemos ter a consciência que somos um corpo; 2) quando nos reunimos para a ceia do Senhor não temos como objetivo matar nossa fome de pão, mas nossa fome da Palavra de Deus.

A ceia do Senhor não é uma celebração que podemos gerenciar ao nosso bel prazer. O que aconteceu com a igreja de Corinto deve nos servir de exemplo. Eles deformaram a ceia com a desobediência frente à tradição da última ceia de Jesus Cristo com os seus discípulos. Eles escamotearam os princípios para a correta participação da mesa do Senhor. O que isso gerou? Fraqueza, doença e morte. É trágica a situação de um povo que deixa de ter Cristo como pão da vida.

De acordo com Paulo, devemos participar da mesa do Senhor juntos como um só corpo, ansiando pela comunhão com Cristo. Diante da mesa do Senhor os puritanos faziam a seguinte oração:

Sim, Senhor, vou participar da ordenança em que espero manter comunhão contigo e receber as tuas principais misericórdias para minha alma em Jesus Cristo. Vou comer contigo, alimentar-se do corpo e do sangue de Jesus Cristo. Sim, vou colocar o selo da aliança da minha parte, para renovar minha aliança contigo. Vou manter comunhão com os teus santos, para que o laço da comunhão com todo o seu povo seja confirmado comigo, mais do que nunca, como forte laço de união e amor entre mim e os teus servos. Esses são os meus propósitos, essa é a obra que agora vou empreender.83

Como precisamos voltar a ter esse mesmo desejo diante da mesa do Senhor! Como precisamos resgatar a noção de reverência, alegria e santo temor diante de Jesus para cumprirmos corretamente suas ordenanças, não apenas com nossas mentes, mas também com o nosso coração.

Quando a igreja se alimenta de Cristo ela encontra o caminho para a resolução dos conflitos. Na comunhão com Cristo a igreja recebe graça para prosseguir no caminho da proclamação da sua morte, sendo renovados pela esperança da sua vinda. Na mesa da comunhão com Cristo e com os santos, a igreja encontra o fortalecimento que habilita não somente para viver no mundo, mas para resisti-lo.

Conclusão

Temas como ecumenismo, justiça social, inclusão, testemunho evangélico e esperança perpassam a reflexão teológica no contexto latino-americano e arrogam serem aplicações do texto paulino no chão da nossa realidade.

Diante disso, o resgate da teologia de Paulo sobre a Ceia do Senhor se faz imprescindível. A justiça ao pobre não pode sacrificar a justiça para com o pensamento de Paulo. A teologia deve alcançar o chão que vivemos, mas o seu ponto de partida não é chão que vivemos. Teologia evangélica tem seu ponto de partida nas Escrituras, senão ela não é evangélica.

O esforço para considerar a mensagem de Paulo é fundamental para testarmos as propostas da teologia contemporânea especialmente no que concerne ao foco escatológico, com viés “de baixo para cima” que além de desafiar a tradição reformada confessional, propõe implicações de natureza ecumênica, missiológica e diaconal, que atingem fecundam não apenas a academia, mas descem ao povo simples através da literatura devocional.

Muitas igrejas reformadas pelo mundo que tem adotado uma visão mais progressista estão procurando uma maior valorização da espiritualidade sacramental. De acordo com o estudioso presbiteriano Carlos J. Klein, no Brasil, as seguintes igrejas envolvidas nesse movimento: IPIB, IPU e alguns segmentos da IPB.84 Esse movimento apenas comprova que a influência dos os estudos da teologia neoliberal têm crescido nas denominações históricas, sobretudo no que tange as tentativas de contextualizar o significado da mesa do Senhor a realidade brasileira. Nesses setores, a tendência é “reconhecer o culto eucarístico como um sinal da unidade ecumênica, que transcende as diferenças confessionais.” 85

No tocante aos aspectos missiológicos e diaconais, o sentido das comesalidades de Jesus, segundo os referênciais teóricos da teologia luterana contemporânea liberal, também tem orientada a práxis de muitas comunidades, em termos de engajamento pela justiça social. Sobre isto, vejamos o que diz Gaede:

No reino de Deus, o próprio Criador cuidar de suas criaturas, a preocupação das pessoas pela comida e vestimenta deve ser encarada de forma bem nova. Em nome de uma Reino em que Deus será o Senhor, Jesus fala e participa de ceias par as quais todas as pessoas são convidadas; toda a comida aí reunida e preparada não pertence a essa ou àquela pessoa; ela pode ser consumida por todas as pessoas como vinda das mãos de Deus. Nesse contexto, a expressão ‘quem não trabalha, não deve comer’ (2 Ts 3.10,12) perde sua validade.86

Dito isto, é importante reafirmar que a mensagem de Paulo sobre a eucaristia considera os seguintes pontos básicos: 1) a mesa do Senhor não é uma comensalidade cotidiana; 2) a mesa do Senhor é uma ordenança de Cristo, para que o seu povo reunido em culto, olhe para trás e celebre os benefícios da nova aliança no presente, mantendo os olhos no dia do retorno do Senhor; 3) a mesa da ceia não é aberta a todos e todas indistintamente. Somente podem tomar parte nela aqueles aptos a praticar o autoexame, discernir o corpo e o sangue de Cristo e a julgar a si mesmo, com base nos princípios objetivos da Palavra de Deus.

 Portanto, quando se considera a luz da Escritura toda, o ensino de Paulo sobre a mesa do Senhor direciona corretamente a compreensão e prática da igreja diante da mesa do Senhor. A mensagem de Paulo sobre o sacramento da ceia também desafia a interpretação contemporânea que reduz o significado da mesa de Cristo a um mero ágape profético contra as injustiças sociais.

Num certo sentido, a recuperação do exame da mesa do Senhor por meio das Escrituras exige que novamente possa ser ouvida a teologia dos reformadores, e a própria teologia confessional que lidou com a questão da ceia. Nesse momento onde precisamos de definições claras e limites confessionais definidos, porém testados pelas Escrituras, a velha e boa exposição sobre a mesa do Senhor expressa no Breve Catecismo de Westminster se ergue com grande relevância ao descrever a Ceia nos seguintes termos:

A Ceia do Senhor é um sacramento no qual dando-se e recebendo-se o pão e vinho, conforme a instituição de Cristo, anuncia-se a sua morte; e a aqueles que participarem dignamente tornam-se, não de uma maneira corporal e carnal, mas pela fé, participantes do seu corpo e do seu sangue, com todas as suas bênçãos para o seu alimento espiritual e crescimento em graça.87

A recuperação do sentido bíblico e confessional da mesa do Senhor é fundamental para a saúde da igreja, pois sem o direcionamento doutrinário correto, a teologia latino-americana não encontrará o caminho da práxis correta. Nesse contexto, a teologia reformada confessional tem um papel a cumprir, tanto na precisão teológica, quando na inserção dos debates sobre a natureza da integralidade da missão.

Faz-se necessário reconhecer que simplesmente não é possível alimentar o pobre de acordo com os padrões do reino de Deus, se o povo de aliança não se alimenta de Cristo nos termos e nas formas que ele instituiu. Diante da mesa do Senhor, todas as vezes que partimos o pão e bebemos o cálice do Senhor até que ele venha, anunciamos e recordamos que o sangue do cordeiro de Deus concede a passagem para a aliança com Deus. Nesse sentido, a mesa do Senhor, é uma festa que celebra os feitos de Deus. Nela, não há espaço para que nossos atos de bondade sejam contados. Se tomarmos a mesa do Senhor e o seu discernimento com ajuda ao pobre, ainda não entendemos o Evangelho.

Na ceia somos chamados a pensar naquele dia em que todas as coisas serão novas. Naquele dia em um “habitat novo, os remidos terão todas as suas lágrimas enxugadas, não haverá mais morte, nem pranto e nem dor.”  Que doce conforto!

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42DUNN, J.D.G. A teologia do apóstolo Paulo. São Paulo: Paulus, 2003. p. 703
43RIDDERBOS, H. A Teologia do Apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo dos gentios. p. 471
44BAVINCK, H. Dogmática Reformada – Espírito Santo, Igreja e Nova Criação. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p. 555
45RIDDERBOS, H. A vinda do reino. p. 306
46CULLMANN, O. Cristo e o tempo. São Paulo: Custom, 2003. p. 213
47SCHWEITZER, A. O misticismo de Paulo, o apóstolo. São Paulo: Novo Século, 2003. p. 328
48WOLFHART, P. Teologia Sistemática. São Paulo: Academia Cristã: Paulus, 2009. p. 396
49HENDRIKSEN, W. Marcos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. p. 727
50RIDDERBOS, H. A vinda do reino. p. 298
51RIDDERBOS, H. A Teologia do Apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo dos gentios. p. 475
52MOLTMANN, J. O espírito da vida: uma pneumatologia integral. Petrópolis: Vozes, 2010. p. 148-149
53MOLTMANN, J. O Deus Crucificado – a cruz de Cristo como base e crítica da teologia cristã. São Paulo: Academia Cristã, 2014. p. 67
54MOLTMANN, J. A Igreja no poder do Espírito: uma contribuição à eclesiologia messiânica. São Paulo: Academia Cristã, 2013. p. 315-316
55Ibid., p. 347
56ALLMEN, J.J. O culto cristão: teologia e prática. São Paulo: ASTE, 2005. p. 146
57RIDDERBOS, H. A Teologia do Apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo dos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 475
58CALVINO, J. A instituição da religião cristã, tomo 2. São Paulo: UNESP, 2009. p. 759
59WATSON, T. A ceia do Senhor. Recife: Puritanos, 2015. p. 48
60CALVINO, J. O Evangelho segundo João. São Paulo: FIEL, 2015. p. 287
61ANYABWILE, T; DUNCAN, J.L. Batismo e Ceia do Senhor. IN: CARSON, D.A (ORG.). O Evangelho no Centro: renovando nossa fé e reformando nossa prática ministerial. São Paulo: FIEL, 2013. p. 330
62FILHO, F.B. Um estudo em 1 Corintios 11.17-32 com vistas à participação de crianças na Ceia. IN: FARIA, E.G. (editor). Teologia e Sociedade/Seminário Teológico de São Paulo/ Vol . 1, nº 4 (novembro 2007). p. 104 (grifo meu)
63SHELTON, R.M. A teologia da Ceia do Senhor na perspectiva da tradição reformada. IN: MCKIM, D.K. Grandes temas da tradição reformada. São Paulo: Pendão Real, 1999. p. 228
64WOLFHART, P. Teologia Sistemática. p. 448-449
65LUCAS, S.M. O Cristão Presbiteriano. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. p. 98
66HORTON, Michael Scott. The Christian Faith: a systematic theology for pilgrims on the way. Grand Rapids: Zondervan, 2011. p. 818
67TALBOT, K.G. A confirmação da nossa fé: a teologia reformada pactual dos sacramentos. Brasília: Monergismo, 2015. p. 154
68KÄSEMANN, E. Perspectivas Paulinas. São Paulo: Teológica, 2003.p. 187-188
69QUEIROZ, Carlos. A oração nossa de cada dia: aprendendo a orar com Jesus. Viçosa: Ultimato, 2013. p. 70
70BANNERMAN, J. A Igreja de Cristo – um tratado sobre a natureza, poderes, ordenanças, disciplina e governo da Igreja Cristã. Recife: Puritanos, 2014. p. 604
71TALBOT, K.G. A confirmação da nossa fé: a teologia reformada pactual dos sacramentos. p. 143
72CALVINO, J. 1 Coríntios. p. 425
73Ibid
74PRIOR, D. A mensagem de 1 Coríntios: a vida na igreja local. p. 202
75PAYNE, J.D. No esplendor da santidade: redescobrindo a beleza da adoração reformada para o século XXI. Recife: Puritanos, 2015. p. 86
76TURRETINO, F. Compêndio de teologia apologética: volume 3. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 614
77STRONG, A. H. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2007. p. 1684
78WOLFHART, P. Teologia Sistemática. São Paulo: Academia Cristã: Paulus, 2009. p. 396
79p. 389
80KISTEMAKER, S. 1 Coríntios. p. 564
81MORRIS, L. 1 Coríntios. p. 132
82OSBORNE, G.R. A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009. p. 402
83BURROUGHS, J. Adoração evangélica: ou a maneira correta de santificar nome de Deus em geral. Recife: Puritanos, 2015. p. 303
84KLEIN, C.J. Sacramentos na tradição reformada: a presença da teologia sacramental zuingliana em igrejas no Brasil. São Paulo: Fonte editorial, 2005. p. 266.
85MARTOS, J. Eucharistic Theology. In: RICHARDSON, Alan; BOWDEN, John. The Westminster dictionary of Christian theology. Philadelphia: The Westminster Press, 1983. p. 190
86GAEDE, R. A diaconia de Jesus: uma contribuição para fundamentação teológica da diaconia na América Latina. São Leopoldo: Sinodal: Centro de Estudos Bíblicos: São Paulo: Paulus, 2011. p. 122
87Breve Catecismo, pergunta 96. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 77
88CAMPOS, H.C. O Habitat humano: o paraíso restaurado: parte 1. São Paulo: Hagnos, 2014. p. 216

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SUGESTÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR:

SCHREINER, Thomas. Teologia de Paulo: O apóstolo da glória de Deus em Cristo. São Paulo: Vida Nova.

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