Equipe de especialistas comenta a Bíblia toda

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Um comentário bíblico da Bíblia toda em apenas um volume é geralmente sinônimo de frustração. Você dificilmente encontra o que procura. Não é o que acontece com o COMENTÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA, organizado por D.A. Carson, R.T. France, J.A. Motyer e G.J. Wenham e escrito por dezenas de especialistas, a maioria britânicos.

Cada livro bíblico tem uma introdução de três ou quatro páginas e é comentado seção por seção (não versículo por versículo). Geralmente os autores são pessoas que vêm dedicando parte de sua vida a estudar o livro que comentam. O resultado é excelente. O comentário é bastante homogêneo, não foge dos textos difíceis nem se perde em detalhes desnecessários.

O texto é enriquecido pelo acréscimo de vários mapas, gráficos e tabelas. Um deles, por exemplo, oferece uma proposta alternativa para a datação dos acontecimentos bíblicos e períodos arqueológicos do período da conquista e colonização de Canaã. Vale a pena ter um comentário riquíssimo como este na estante, para consulta e estudo.

Tenho usado este comentário com muito proveito. Entre as muitas páginas que consultei, algumas se ocupam dos Salmos, cuja exposição é excelente. Ao longo de 150 páginas em que estuda o livro de Salmos (o comentário inteiro é grossíssimo e pesadíssimo: são 2.176 páginas no total e 2.390 gramas), J.A. Motyer comenta o texto bíblico de um modo que permite que nos apropriemos do seu sentido, sem fugir, no entanto, às dificuldades que alguns versículos trazem, seja no que diz respeito à interpretação ou à aplicação. Assim, por exemplo, quando comenta o salmo 137, que chama corretamente de “estranho cântico do Senhor”, ele diz: Os captores dos israelitas “exigiam canções e alegria. Mas as canções do Senhor são afirmações da verdade e atos de adoração, não peças musicais de um concerto. E há momentos em que só dá vontade de chorar. A vida não é sempre alegria”. Quanto ao verso 9, Motyer conclui, com felicidade: “O salmista não pede coisa alguma em relação à Babilônia, mas apenas comenta (e quem pode contradizê-lo) que, quando a Babilônia for tratada do mesmo jeito que ela tratou Jerusalém, isso será justo” (p. 873).

Este tipo de abordagem está presente em todo o comentário. Embora cada livro seja tratado por um autor diferente, há uma unidade de propósitos, presente também nos comentários ao Novo Testamento. O contexto é sempre iluminado, bem como o sentido original das palavras e seu arcabouço de argumentação, sobretudo nas cartas. Vejamos o comentário a Efésios. Nas 34 páginas, Max Turner lembra que Cristo faz uma reconciliação cósmica. “Nele a alienação foi destruída e a reunificação começou: a antiga divisão da humanidade em judeus e gentios já foi vencida; (…) e a mais antiga alienação da humanidade de Deus foi superada também. Cristo começou a encher e unir o universo, trazendo a paz”. Dizer essas coisas “é também dizer que elas são experimentadas por aqueles que estão unidos com ele, ou seja, os crentes” (p. 1838).

Com esses pressupostos, Turner comenta (em quatro páginas) a batalha espiritual no capítulo 6, quando diz: como era comum, Paulo conclui com um apelo que retoma a mensagem central. Ele, então, “escolheu reformular sua mensagem na forma de um discurso de guerra: ele se dirige a toda a igreja como um corpo e como um exército, e não como santos individuais” (p. 1867).

Ao fazer essas seleções, coloquei o número das páginas citadas precisamente para mostrar que o comentário não é daqueles superficiais, que apenas repetem o que autor bíblico disse. Antes, o texto bíblico é ampliado com uma lente, para que possamos conhecer melhor seus detalhes.

SOBRE O LIVRO
COMENTÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA
Organizado por D.A. Carson, J.A. Motyer e G.J. Wennhan.
Traduzido por Carlos Lopes e outros.
São Paulo: Vida Nova, 2009. 2.176p.

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