Introdução
O mundo tem experimentado transmutações sucessivas. Se São Jerônimo (exegeta, séc. IV) vivo estivesse, suas palavras certamente teriam mais da exclamação latina de Cícero – “Ó Tempora! Ó Mores!” (Que tempos! E que costumes!) – do que qualquer outra assertiva. Das alterações que temos encarado, uma tem peso mor sobre todas as outras: a vicissitude feminina.
A permuta das eras é sinônimo de comutação da figura feminina. Como numa cadeia consequencial, o fato atinge as esferas mais relevantes da sociedade, dentre as quais salientaremos: a influência ideológica, a educação e sistemas de ensino, família, infância e biologia.
Assim como o feitio feminino foi significante para estabelecer o início da luta antissegregacionista (com Rosa Parks; 1913-2005), o seu ‘modus operandi’ tem forte pujança sobre o mundo.
I – A agenda Marxista
O termo “Bela, recatada e do lar”, serviu como insight para demonstrar um movimento de ingerência bem mais articulado – e antigo, que tem por objetivo central o fim do modelo conservantista de mulher. Com a proposta de garantir liberdade feminina, o discurso feminista tem estabelecido critérios de educação, família, trabalho, justiça e vida. Esse manejo se estabeleceu lentamente, até chegar num status de vultoso controle. Ele veio como instrumento de substituição a sustentáculos tradicionais.
Numa análise pela constituição da civilização ocidental, o povo Hebreu tem seu reconhecido significado no processo legislativo dessa sociedade – uma vez que a ideia tradicional de lei como representação de vontade de um Ser superior, que transcende o povo para o qual ela orienta e faz suas determinações, é uma compreensão característica do Povo de Israel. Conforme preleciona Hannah Arendt:
A “fonte transcendente de autoridade”, bem explica a construção legislativa pela qual estamos falando. Um bom exemplo é a Declaração de Independência dos Estados Unidos, que transmite a ideia de que “todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são vida, liberdade e busca da felicidade”, referendada sobre a convicção de estar sobre “proteção da divina Providência, [aonde] empenhamos mutuamente as nossas vidas, os nossos bens e a nossa honra sagrada.”2
Apesar da construção evidentemente cristã da sociedade ocidental, temos encontrado, com frequência, decisões empenhadas a trazer um novo entendimento comportamental, familiar, jurídico e político – todos num escopo atípico à proposta original. É daí que a figura do Marxismo Cultural entra na baila – uma vez que se trata de uma das principais responsáveis por essa onda de mudanças – o que Nelson Lehman vai detectar como messianismo revolucionário (a proposta marxista vem num molde permutativo):
A proposta é retirar qualquer resquício da tradição cristã, e substituí-la por um Estado ateu, que combate qualquer fenômeno religioso que não venha a estar de acordo com determinados interesses – é a fenomenologia religiosa aplicada a modernas experiências políticas, assemelhando-se ao Totalitarismo:
Isso é resultado da prática institucional marxista. No Capital, a perspectiva de Karl Marx disserta sobre como pôr fim no reflexo religioso no mundo – a parcimônia é criada, com base na ideia de que:
Na lógica de que a religião é similar a um entorpecente alucinógeno, Marx propõe uma solução:
A partir daí, é possível compreender o motivo pelo qual a sociedade está num status de metamorfose intelectual. Trocam-se os regimentos sustentados pela compreensão cristã, por um eixo formado num ideal construído por homens livres e independentes. Antônio Gramsci deu vida à teoria de Marx, dissertando a respeito de uma Hegemonia Cultural do Cristianismo. Para combater essa superestrutura, suas propostas envolviam congeminações pontuais, envoltas na laicização da vida e dos costumes de um povo:
Há uma estreita relação entre essa conversão universal de pensamento e as reivindicações feministas. Tratando-se da figura feminina, há quem afirme ser tirania demais estabelecer que a mesma fosse criada com peculiaridades, e por isso, seria imprescindível a [dita] conscientização, com o propósito de garantir a liberdade de a mulher ser o que quiser ser – Na hipótese, tal liberdade, só foi possível graças ao movimento feminista e sua capacidade de questionar:
A grande questão, é que a luta por acesso a direitos básicos no século XVII, como a educação formal, é tomada como uma luta exclusivamente feminista. Condições básicas, determinadas pela Biologia – matéria elementar – são substituídas por conceitos sociais e opiniões provenientes de reflexões meramente pessoais. Práticas consideradas como atípicas e reprováveis, estão a ser defendidas, e consideradas como normalidade.
Iniciaremos, comentando e comparando, aspectos concernentes a educação:
II. A publicização da educação – a luta pelo acesso ao ensino básico – para homens e mulheres: independente de sua classe social: uma herança feminista?
II.I – Martinho Lutero e Jean Comenius
Quando o assunto é luta em favor da democratização da educação, um nome de autêntica representatividade é: Martinho Lutero. O contexto de domínio da Cúria Romana, privilegiando apenas a si própria o acesso a direitos fundamentais, inclusive o da educação, já eram combatidos antes de 1518:
Diante da política de privilégios, os direitos do povo eram diretamente afetados pelo desprezo, anseio à superioridade e desejo de permanência:
A relação entre Igreja e governo era estreita, e o Catolicismo, religião oficial da Alemanha. Portanto, a existência de fundações privando e se apoderando de direitos, como o da administração de seus feudos (p. 301, Ibdem), era de responsabilidade do modus operandi da Igreja.
Pelo resultado dessa administração, Lutero recomenda:
Na linha da devida aplicabilidade dos direitos fundamentais inerentes a qualquer ser humano, Lutero elenca a negligência de oferecimento da educação, como algo semelhante ao pecado:
“Quando eu era moço, era corrente na escola o seguinte o ditado: “Nonminus est negligere scholarem quam corrumpere virginem” – “Negligenciar um estudante não é um crime menor do que violentar uma virgem”. Isso foi dito para alertar os professores, pois naqueles tempos não se conhecia pecado maior do que violar uma moça. Meu bom Deus, que é violentar uma virgem ou uma mulher (que pode ser penitenciado como pecado reconhecidamen-te físico) em comparação com o pecado de deixar no abandono e violentar as nobres almas, visto que este não é tomado em consideração nem reconhecido e jamais penitenciado. Ai do mundo sempre e eternamente! Diariamente nascem crianças e se criam aí entre nós, e infelizmente não existe ninguém que se dedique à pobre juventude e a oriente; deixamos as coisas correr de qualquer jeito.”12
Lutero considerava o não oferecimento de educação como um prejuízo sociopolítico – bem expresso na declaração de que “O mundo precisa de homens e mulheres excelentes e aptos para manter seu estado secular exteriormente (…)” (Ibdem – p. 318)
O desejo de Martinho Lutero era que a educação fosse disponibilizada para todos, sem distinção, e com qualidade, nos moldes do Trivium (Gramática, Retórica e Dialética ou Lógica), bem como o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Música e Astronomia), ensinados em Roma:
A ideia de uma educação acessível ao homem e à mulher, somada com a qualidade, também foi defendida por Jan Amos Comenius: bispo protestante, que em sua Magna Didactica ensina:
Tanto homens como mulheres, devem ser alcançados pelo estudo, pelo bem da própria fé dominante da época:
Ao longo das obras de ambos os reformadores supracitados, a luta em prol da universalização do ensino, é nítida. O ideal de igualdade é incentivado. Indiretamente, o respeito é salientado, e o reconhecimento de capacidade é elencado independente da sexualidade. Agora, vejamos como o sistema de educação é sugerido pelas feministas Simone de Beauvoir e Shulamith Firestone :
II.II – Simone de Beauvoir e Shulamith Firestone – sexualidade e família: considerados como mitos criados pela civilização ocidental
É possível verificar que as propostas de Simone de Beauvoir (1908 – 1986) giram em torno da sexualidade e crítica ao modelo conservador de educação. Conforme podemos constatar no livro O Segundo Sexo, e no ensaio ‘O Pensamento de Direita Hoje’ (Coletânea: Privilégios; 1955), a cabeça do feminismo dos anos 60 fez duras críticas ao modelo proveniente da tradição judaico cristã:
Apesar de o sistema proposto pelo denominado “homem da direita” ser constituído por um grupo de disciplinas relacionadas, ou seja, as artes liberais – línguas, oratória, literatura, história, filosofia, álgebra, cálculo, aritmética, equações, bem como outros ramos da matemática superior, belas artes, física, química e outras formas de medição de quantidades descontínuas, teoria do espaço e outras matérias17 – considera-se sua metodologia como um desprezo à comunicação metódica e aos livros.
Sua preocupação está no vilipêndio hipotético cometido contra a doutrina de Marx:
A educação deveria valorizar o sistema “oprimido x opressor”, uma vez que é um método acessível e muito menos complexo para a compreensão do educando:
O que passar da lógica do pluralismo marxista (todos os discursos são válidos, contanto que salientem as ideias de Karl Marx), por mais que esteja patente a natureza de Pluralidade (existem vários discursos, mas nem todos são válidos), será acusado de caótico pluralismo.
Ela estende sua análise do problema, aprofundando sua linha de pesquisa na área sexual, culpando, primariamente, o tratamento dirigido aos órgãos sexuais dos meninos e meninas:
Tal indignação fica integralmente explícita, quando ela descreve sua percepção sobre a genitália feminina:
Com base em tais assertivas, conclui-se que Simone molda tais críticas pelas lentes da percepção lasciva. A frase de abertura: “Ninguém nasce mulher; torna-se mulher” (ibdem, p. 9), é voltada para sua concepção no que diz respeito a construção produzida pela sociedade na mente feminina. Suas observações ao louvado “Aggressive Eroticism” (Erotismo Agressivo) de Brigitte Bardot, corroboram sua visão pedagógica da sexualidade:
As soluções que a intelectual propõe, também estão na linha carnal, que ficou conhecida como ‘pedofilia pedagógica feminina’- crianças e adolescentes, já estariam dispostos e preparados para iniciar a vida sexual. Tal estímulo, seria significante para desenvolver a intelectualidade e a ousadia, supostamente em falta na mulher. Sua teoria, coaduna com seus interesses pessoais, registrados em sua carreira:
A justificativa para que Beauvoir adotasse tal postura está na agenda feminista que concorda com o Freudismo, na ideia de que a criança tem receptivos sexuais proeminentes, que merecem ser atendidos:
Tais “desejos sexuais infantis”, quando não atendidos, são reprimidos, e consequentemente geram desvios de comportamento, ao qual merecem ser curados, conforme a hipótese de Freud, assinalada por Shulamith Firestone, militante feminista, que escreveu “The Dialectic of Sex: The Case for Feminist Revolution” dedicado à Simone de Beauvoir (acompanhado da frase “Who endured” – “quem suportou”):
O que o feminismo e o freudismo pretendem curar? O ato de denominar o incesto como algo reprovável – assim, a repressão sexual não seria mais um problema na criação do infante:
O dito tabu do incesto será efetivamente vencido, quando se “derrubar toda a moral para retornar ao status anterior.”29 – que seria uma situação de homens e mulheres livres e desimpedidos, que geram crianças livres e desimpedidas, para desfrutarem de uma “sexualidade totalmente cumprida”, sem “as repressões devido ao tabu do incesto”30
Em suma, é possível estabelecer um comparativo entre as duas ideias de acessibilidade e direito à educação:
LUTERO E COMENIUS |
SIMONE E SHULAMITH |
Igualdade entre homem e mulher |
Emancipação Feminina |
Explorar a diversidade de habilidades |
Desconsideração das habilidades concernentes ao tradicionalismo |
Incentivo intelectual na infância |
Incentivo ao empoderamento feminino (agressividade, autenticidade) |
Educação clássica |
Pluralismo Marxista |
Valorização, cuidado e proteção, principalmente na infância. |
Estímulo ao uso dos órgãos sexuais para moldar os comportamentos numa fôrma supostamente flexível e não opressora; Incesto. |
II.II.I – Efeitos práticos
O portal do MEC, ao falar sobre Orientação Sexual, segue na mesma essência Beauvioriana de educação. A sexualidade num aspecto elementar/biológico não basta:
Assim como Simone acreditava que a educação sexual era significante para a formação intelectual e aprimoramento dos anseios, o MEC subscreve:
Ou seja, para o Ministério, faz-se necessário uma condução pedagógica que considere “a sexualidade nas suas dimensões biológica, psíquica e sociocultural” (ibdem, p. 81), levando em conta uma preocupação hipotética sobre o interesse de aprender dos discentes. Importante estabelecer as diferenças das dimensões sugeridas. Com isso, chegamos ao objetivo das propostas que regem o currículo:
BIOLÓGICA |
PSÍQUICA |
SOCIOCULTURAL |
Anatomia e fisiologia do corpo humano. Aparelho reprodutor sexual. Doenças sexualmente transmissíveis. |
Devido ao conceito Freudiano de Teoria da Sexualidade (Complexo de Édipo), a influência sexual estaria presente nos primeiros anos da criança, recaindo sobre os anos posteriores e refletindo na sua formação como o ‘ser no mundo’. Portanto, o assunto deveria ser tratado o quanto antes. “A psicanálise dá espaço às pulsões e aos desejos: o inconsciente, pois, fala e age.” 33A psicanálise é um instrumento de libertação. |
Problematizar, levantar questionamentos e ampliar o leque de conhecimentos e de opções para que o aluno, ele próprio,escolha seu caminho. |
Nosso foco estará nas dimensões psíquicas e socioculturais. Tais categorias chegam como meio de libertação do intelecto. O objetivo é desvincular o desenvolvimento sexual psíquico do anatômico. Conforme sugerido, um independe do outro, se for estimulado – e tal estímulo, conforme a sugestão, é benéfico.
A estruturada dimensão sociocultural apresentada nas escolas gira em torno, exclusivamente, de tendências específicas e pontuais. Quando o conteúdo se concentra apenas em matéria elementar, estar-se-ia praticando uma operacionalização negativa do gênero.
Um bom exemplo está na questão dos banheiros e roupas. O aluno opta por qual banheiro/roupa quer usar, de acordo com a sua ideia de gênero. Tal ideia, provém de reivindicações recentes. No Brasil, podemos encontrá-las materializadas na Resolução nº 12 da Secretaria de Direitos Humanos:
“Caso haja distinções quanto ao uso de uniformes e demais elementos de indumentária, deve ser facultado o uso de vestimentas conforme a identidade de gênero de cada sujeito” 34
Tais apontamentos da Secretaria de Direitos Humanos refletem as duas dimensões: PSÍQUICA – Não fornecer os aparatos para determinados grupos sexuais, seria, um desrespeito às peculiaridades psíquicas de algumas pessoas e SOCIOCULTURAL – Tais políticas configuram o conteúdo de uma pauta que deve compor, inquestionavelmente, o currículo escolar, alcançando desde a Educação Infantil, até além do Ensino Superior.
A preferência pelo método do Construtivismo, que consiste na “libertação dos absolutos”, bem define a questão: a homossexualidade e a transexualidade nunca foram tão amparados pela lei, como hoje: isso representa a quebra de um absoluto: o privado, corroborado, com o apelo à lei e ao sistema nacional de ensino – instrumentos para manutenção do controle.
Segundo tais diretrizes, se a realidade consiste em grupos reivindicando amparo legal e voz, mesmo que num caráter arbitrário, a ética deverá ser regida por tais objeções, uma vez que a:
Recordamos à parte introdutória desse artigo, no qual falamos sobre inter-relação entre feminismo e a agenda Marxista: Henrique Nielsen – educador, construtivista, reafirma tal ideia, acima.
A relativização é um instrumento para aplicação prática de uma dimensão sociocultural tendenciosa. A realidade é posta em mesa, quando concerne a determinados interesses ideológicos.
Um novo conceito sobre a sexualidade é fruto da agenda feminista. As escusas estão nas bases e planos de educação que regem nossas escolas, atualmente.
É um cenário familiar à concepção socialdemocrata37 de bem estar social, que capacita à independência individual da criança e socializa os custos e obrigações da família. Essa ideia foi cunhada por Gøsta Esping-Andersen, sociólogo dinamarquês, que acredita em tal modelo como resultado de uma fusão entre liberalismo e socialismo: confie o poder de educar e instruir nas mãos do estado (socialismo), e deixe seu filho vulnerável a conceitos abertos sobre sexualidade (libertarianismo).
Tendo em vista que a pós-modernidade respira ares carregados de feminismo, confiar a educação de crianças ao ambiente escolar exige supervisão triplicada. Estamos nos deparando com um culto ao desligamento da família tradicional, somado com uma desqualificação de tudo o que regeu a instrução tradicional dos pequenos até aqui. A política feminista faz da escola um espaço para experimentos, determinando o que estará presente nos currículos escolares, e virando as costas para a opinião e desejos das famílias.
Já que a escola virou palco para os intentos do feminismo, uma de suas estratégias é estimular que as mulheres conciliem a maternidade com o um emprego externo – deixar os filhos na escola/creche, enquanto a mãe e o pai trabalham 12hrs por dia ou mais. Assim, a ideologia consegue formar um novo exército, e as mulheres tornam-se participantes diretas da concretização dos planos em questão.
Deixe seus filhos nas mãos do feminismo, que ele dá uma suposta liberdade para trabalhar. Ou, você pode não tê-los, e se dedicar inteiramente para ser uma profissional de sucesso. Vejamos os efeitos da segunda alternativa:
III- Feminismo, maternidade e a mulher escrava do mercado
III.I -Camile Paglia e Tammy Bruce
“O feminismo minimizou o desejo da mulher de ter uma família” – Tammy Bruce, ex-militante feminista, ao falar para Prager University 38, descreve a situação das universitárias: quando perguntadas sobre o que querem ser, listam várias carreiras, e a de esposa e mãe, não são mencionadas. Quando uma decide abdicar dos estudos em prol de constituir uma família, ou expressa o desejo de casar e ter filhos, prontamente são reprovadas.
Assim como Tammy, Camille Paglia (Professora da Universidade de Artes na Filadélfia, considerada a antifeminista das feministas), acredita que a ideia de desvirtuamento da função da mulher, veio com o advento dos movimentos feministas do final da década de 1960, que depreciaram a opção de ser mãe e mulher:
A teoria é: a mulher opta pela maternidade por meios coercitivos. Contudo, o feminismo de 60, segue a linha de raciocínio apresentada por Simone de Beauvoir (sim, ela de novo), revelando que a aversão à maternidade, trata-se, de um medo mal compreendido, politicamente falando, por ser tão escolhida e bem vista:
O louvor à maternidade é típico de um espectro político e social contrário ao modelo defendido por Beauvoir. Exatamente por essas questões, a proposta é clara:
Tais assertivas são seguidas e pregadas com vigor. A propositura supervaloriza a mulher que opta por crescer no mercado de trabalho, e a induz a ocupar espaço forte como CEO’s42 de empresas, coordenação, intelectualismo e tudo que envolva liderança – isso é o “empoderamento” feminista.
Em consequência, a mulher que antes desejava ardentemente ser mãe, agora deseja ardentemente ser uma profissional de sucesso no ambiente corporativo. A persuasão corporativista, na linha Camille, trouxe sérias consequências:
Diante da preocupação de escolher entre a maternidade e a vida profissional, o feminismo propõe que a mulher poderá ser mãe a hora em que quiser – numa tentativa de aumentar a adesão ao mercado de trabalho, sem ofender o desejo presente nas mulheres, que permanece, mesmo diante de forte ilação contrária.
Há um reducionismo, equiparando conceitos de medicina legal com ideologias sociais. Sem falar, que a assertiva “ser mãe na hora em que quiser” não casa bem com as determinações médicas a respeito de fertilidade e idade ideal para gestação:
O resultado da negligência quanto à propositura da ciência médica, gerou um resultado preocupante – e acabamos por não ouvir o que as mais velhas nos avisaram:
Apesar do caráter fundamental da natureza científica da maternidade, o feminismo prega seu adiamento, e numa matriz recolocada, promove fins atípicos ao corpo da mulher, que sejam diversos a qualquer ideia sustentada por sociedades tradicionais:
O resultado de tal substituição gera uma miscelânea social, que influencia diretamente o porvindouro das sociedades pelo mundo. A criação e procriação das futuras gerações são atingidas diretamente por tal ideologia, seja pela opção de não praticar, seja por praticá-la de forma desleixada.
Entretanto, é preciso uma visão atenta para o plano estratégico das feministas. Vimos que há uma luta para desestimular a maternidade. Mas, há também uma frente de guerra para estimular a maternidade das mulheres frágeis intelectualmente, “jogadas para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela malícia de certas pessoas que induzem os incautos ao erro” 47
III- Conclusão: crianças feministas: o exército para estabelecer a nova ordem mundial
Temos ouvido muito sobre o plano feminista de estabelecer algo chamado “igualdade de gênero”. A definição foi cunhada segundo as conclusões de determinados grupos sociais, mais especificamente, mulheres e minorias no que concerne à opção sexual. Trata-se de uma [suposta] necessidade de igualar os papéis entre homens e mulheres, para derrubar as diferenças estabelecidas por uma sociedade heteropatriarcal.
A pós-modernidade traz consigo um culto ao relativismo, em que não existe verdade absoluta, muito menos, definições precisas – tudo depende da visão de cada grupo social. Epistemologicamente, o que é verdade para uns pode não ser verdade para outros.
Contudo, se um grupo, como o de defesa do feminismo, determinar que X é um problema, todos serão obrigados a concordar que X realmente é um problema.
Apesar da tentativa de impor um totalitarismo (verdade relativa para outros, verdade absoluta para os meus interesses), a população brasileira está refletindo e se posicionando quanto a temas relevantes da esfera social e política, o que a faz ser identificado como predominantemente conservadora. Em 2016, a Pesquisa Ibope, detectou que “54% dos brasileiros atingiu um alto grau de conservadorismo”, ressaltando que 78% dos brasileiros são contra o aborto.48
Tendo em vista a aderência nacional para um modelo que não se encaixa com os interesses do feminismo, moldou-se o plano perfeito, para doutrinar novos membros: usar os filhos, dos pais desfavorecidos financeiramente e intelectualmente.
Programas como o Bolsa Família, que leva em conta o número de crianças na família para estabelecer o valor a ser concedido, e a supervalorização das creches, são ferramentas utilizadas para ludibriar os pais, com o discurso de que poderão pôr filhos no mundo, e confiá-los aos cuidados do estados – é exatamente com essa falácia, que os adultos procriam, sem ter consciência de que estão doando integrantes para um perigoso alistamento. Qual seria a reação de uma mãe ou pai, ao ouvir:
Acalentador! Saber que terei onde deixar meus filhos, para ir trabalhar – já que com as poucas condições da família, a mãe também é obrigada a ir labutar, mesmo contra a sua vontade.
Assim, as creches e escolas serão um ambiente propício para os intentos feministas, na tentativa de estabelecer a igualdade de gênero como uma normalidade. E entregamos nossas crianças, adolescentes e jovens, aos cuidados de profissionais preparados a ensiná-los o que lhes convém, concretizando os planos dos grupos dominantes de esquerda.
Podemos ver um exemplo, na base curricular proposta pelo ONU Mulheres50 em 2016, para o ensino médio:
Todas as matérias ensinadas no currículo escolar devem estar voltadas para uma [suposta] problemática de gênero.
Cada competência é transformada num ambiente fértil para educar visando aumentar o número de praticantes e defensores de algumas práticas não aceitas por grande parte das famílias brasileiras.
III. II – Feminismo e a novo gênero andrógino – homossexualidade como regra – o alerta de Peter Jones
Até aqui, detectamos uma estreita ligação entre passado e presente na defesa das ideias do campo feminista, bem como sua relação com políticas de promoção de libertinagem entre os homens e as mulheres, tornando-os livres e independentes para decidir sobre suas vidas. Mas isso não é tudo.
Peter Jones52 faz uma análise minuciosa ao detectar a relação estabelecida entre feminismo e a religiosidade pagã – bem localizada no gnosticismo. Trata-se de um esforço para combater diretamente a ideia característica da Cristandade: de que só existe homem e mulher, e o que o método natural, adequado e saudável no contexto de sexualidade e procriação, seja a heterossexualidade.
O feminismo vai muito além de uma filosofia – é uma religião que deseja dominar o mundo e substituir Deus, bem como qualquer conceito tradicional deixado até aqui. Inclusive, há uma deusa que foi criada, ou melhor, aproveitada, do gnosticismo antigo, para representar a causa feminista – chama-se Sofia:
O feminismo alega ter uma pré-disposição natural e firme para abraçar qualquer mulher de qualquer ideologia – uma semelhança entra a deusa pagã do gnosticismo:
Eu sou a adorada e a desprezada.
Eu sou a prostituta e a venerável.
Eu sou a esposa e a virgem.
Eu sou a mãe e a filha (…).
Eu não tenho vergonha; Sou envergonhada (…)
Eu, Eu mesma sou sem pecado e a raiz do pecado tem origem em mim (…)
Sou eu quem é chamada verdade e ilegalidade (…)” 55
Como não é possível expurgar a religião da sociedade, a alternativa encontrada foi criar uma nova – atendendo os interesses mais promíscuos e reprováveis que alguém possa imaginar, e fazer convencer o mundo inteiro, sobre tais resoluções. O feminismo, não buscar apenas algumas adeptas, ele quer inundar o planeta, desconstruindo as noções básicas, quer sejam elementares, quer sejam morais, quer sejam socialmente aprovados. A arma principal para atingir essas metas, é a sexualidade, que tratamos acima. Para corroborar, as descrições de Virginia Mollenkott, salientam tal realidade:
A interligação existente entre emancipação feminina, ideologia de gênero e aversão ao Cristianismo, é patente, e bem mais cristalina quando associada com o plano de reorganização mundial – curvando o mundo para uma religião de uma única deusa, que tem seu interesse na destruição do Deus do Cristianismo, através de uma teoria que “sustenta que não existe diferença essencial entre os sexos (…); que não há base para diferenças de papéis, excluindo o condicionamento social para uma sexualidade diferenciada dentro da sociedade; e que tal diferenciação deve, portanto, ser eliminada.”
IV- Considerações finais
O mapa para chegar ao tesouro do intelecto está traçado, e uma de suas metas é destruir o Cristianismo. Tendo em vista que tal ideologia, gerada em ideias para criação de um novo humano espiritual, tem por objetivo a desconstrução, faz-se necessário um plano de ataque, uma vez que sua extensão de dominação tem pontos de contato com o marxismo, antissemitismo, com movimentos pró-dominação homossexual, com o totalitarismo, e com qualquer classe que venha a desempenhar um papel contrário aos ideais da sociedade cristã.
O feminismo trabalha numa espécie de ciclo com etapas preventivas (Vida) e exterminativas (Crianças e Família) – na impossibilidade de aplicar uma etapa, aplica-se a outra, ou todas em conjunto:
Bem antes dos anos 2000, fomos alertados de que “Em nossos dias, a confusão reina. Uma nova sexualidade estranha a tudo que a igreja conhece, está se pressionando contra a religião cristã” (JONES, Peter – p. 230). Talvez nossa falta de supervisão, nos deixou suscetíveis à agenda feminista – presente nos meios de educação, nos meios de reprodução, nos meios comportamentais, e ocupando as Igrejas.
Quando despertaremos do sono profundo? O secularismo vai inundar a Cristandade num nível acima dos nossos tetos? Deixaremos que as discípulas de Mary Daly entrem nas salas de aula de nossas crianças, e digam “O que é toda esta porcaria bíblica?”60 Nossa preocupação com a manutenção das tradições nos templos, está ultrapassando a preocupação [que deveria ser] primária com as nossas casas – e enquanto isso, o feminismo está em busca dos corações infantis, para plantar a semente do neopaganismo.
Referências bibliográficas
• LEHMAN DA SILVA, Nelson: A RELIGIÃO CIVIL DO ESTADO MODERNO – 2ª edição – Vide Editorial – 2016
• DE CARVALHO, Olavo: O FUTURO DO PENSAMENTO BRASILEIRO – 4ª edição – Vide Editorial – 2016
• ARENDT, Hannah: ON REVOLUTION – Viking Press, 1963
• MARX, Karl e ENGELS, Friedrich: CRÍTICA A FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL; 1844
• MARX, Karl: O CAPITAL: Crítica da Economia Política; 6ª edição; Rio de Janeiro – 1980
• JOLL, James: AS IDEIAS DE GRAMSCI; Cultrix; 1977
• BEAUVOIR, Simone: O SEGUNDO SEXO – 2º edição – 1967
• COMENIUS, Jean Amos: MAGNA DIDACTICA
• LUTERO, Martinho: OBRAS SELECIONADAS – vols. 2 (1989) e 5 (1995) – Editoras Sinodal e Concórdia.
• WOLLSTONECRAFT, Mary: UMA REINVINDICAÇÃO PELOS DIRETOS DA MULHER – Boston: Peter Edes: 1792
• SATURDAY REVIEW: SEXO, SOCIEDADE E O DILEMA FEMININO – UM DIÁLOGO ENTRE SIMONE DE BEAUVOIR E BETTY FRIEDAM
• FIRESTONE, SHULAMITH – The Dialectic of Sex: The case for feminist revolution (PaperBack) – 1970