O clamor do povo

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O povo estava cansado e foi às ruas para clamar contra o governo vigente, enviando representantes seus ao dirigente máximo para que providenciasse a reforma política do país, o qual há muito vinha sendo dirigido por um governo centralizado numa pessoa, que fazia o que bem queria, designando seu representante diante do povo. Este clamava por novos rumos para o país e por um governo que atendesse aos seus clamores, para que a nação tivesse o respeito de outros povos mais adiantados.

Esse fato não aconteceu no Brasil, nem no Egito, nem nos nossos dias, como alguns possam pensar, mas há cerca de 3 mil anos, no meio do povo de Israel. E o governo que queriam derrubar era o teocrático, isto é, o governo de Deus. Desde que tirara o povo do Egito, Deus o vinha dirigindo, por cerca de 400 anos, através de juízes que ele mesmo escolhia. O povo agora não queria mais esse regime, mas um rei, como ocorria com outras nações. E isso foi dito a Samuel, juiz à época.

Se fosse nos dias de hoje, iriam às ruas para clamar “Abaixo a teocracia. Queremos a monarquia!”. Numa linguagem atual, diríamos que o povo estaria pedindo a renúncia de Deus. E Deus, mesmo sabendo que o povo fazia escolha desfavorável, resolveu renunciar, mandando que Samuel atendesse às pretensões do povo, como lemos e 1Samuel 8.7: “Disse o Senhor a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitaram a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre eles”. E DEUS RENUNCIOU. E por que Deus renunciou? O Senhor mesmo revela o motivo: “Segundo todas as obras que fez desde o dia em que o tirei do Egito até hoje, pois a mim me deixou e a outros deuses serviu, assim também o faz a ti”– v. 8. Deus renunciou porque o povo já tinha renunciado a ele.

Além disso, a corrupção dominava a liderança, como ocorre também nos dias de hoje: “Tendo Samuel envelhecido constituiu seus filhos por juízes sobre Israel…Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos, e perverteram o direito” – vers. 1 e 3.

E isso tudo ocorreu no seio do povo de Deus. Eles estavam cansados de ser dirigidos por Deus e de estar sob sua soberania. Queriam outra experiência e outro rei. E Deus o permitiu para que o povo aprendesse a lição de que era melhor servir a Deus do que aos homens. A maioria dos reis de Israel realizou mau ou péssimo governo. E o povo sofreu muito nas mãos desses reis, que lhe impuseram pesados impostos e os obrigaram a atos abomináveis, chegando Israel a praticar a idolatria, a imoralidade, a corrupção e até barbaridades, como a entrega dos filhos para serem queimados em holocausto ao deus Moloque. E o povo se desviou tanto de Deus que terminou no cativeiro da Babilônia. Só então é que se lembrou de Deus e clamou a ele.

Estamos observando, notadamente no Brasil, certa tendência de grupos evangélicos que estão se rebelando contra a soberania de Deus, para seguir outros reis, tenham os títulos que tiverem, a fim de buscar experiências contrárias ao verdadeiro culto a Deus, às suas leis e às sua Palavra, voltados mais para o que lhes interessa do que para os interesses de Deus. E usam o nome de Jesus, não como Salvador de suas almas, mas como salvador de suas finanças e de seus problemas imediatos. O resultado é que o povo, iludido por essas promessas, se afasta cada vez mais da verdadeira doutrina, do verdadeiro Deus e do verdadeiro Salvador. Melhor é estar sob o domínio, o governo e a proteção de Deus, do que estar subserviente aos reis deste mundo, que nos podem levar ao cativeiro do pecado por toda a eternidade.

E a nossa igreja, que rumo está tomando? Será que, como o povo de Israel, está cansada do Deus soberano, clamando contra o seu domínio, no desejo de experiências novas, por influência dos reis deste mundo, pedindo, por seu comportamento, a renúncia de Deus? O risco que corremos é de que Deus nos possa atender, como fez com Israel. E então o que será de nós?

2 COMENTÁRIOS

  1. parabéns pelo texto realmente muito bom falou muito ao meu coração, de fato, em muitos momentos de nossas vidas tomamos rumos semelhantes ao povo de Israel.

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