Introdução à Estética Cristã II

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Uma análise da estética numa perspectiva histórico redentiva de Criação-Queda-Redenção

Parte 2: queda e redenção: beleza caída e redimida

2. A queda afeta tanto o sujeito quanto o objeto

A queda do ser humano descrita no livro de Gênesis permitiu a entrada do pecado no mundo, corrompendo o ser humano e afetando toda a criação de Deus. Os efeitos do pecado afetaram o homem integralmente, distorcendo todas as suas dimensões e faculdades. O homem foi afetado pelo pecado em sua totalidade, sua mente, vontade, sentimentos e imaginação. Essas distorções do pecado aparecem frequentemente na busca humana por beleza e no processo humano de criação artística. Esse campo serve como terreno fértil para o plantio de desejos corruptos no coração humano.1 Tratemos de algumas maneiras em que o pecado cria distorções no campo da estética.

2.1. Quebra da distinção Criador-criatura

A revelação geral de Deus, tanto de forma interna como externa fornece conhecimento de Deus às pessoas e serve de testemunho para deixar o homem indesculpável, todos devem adorá-lo, mas recusam-se a fazê-lo (Rm 1.18-32). Todo homem tem em si o sensus deitatis, o conhecimento acerca do Deus verdadeiro que não é salvífico, mas serve para deixá-lo sem desculpa.2 Também temos o que Calvino chama de semen religionis, uma disposição religiosa para adoração que foi semeada em nosso coração. Somos seres feitos para adorar, criados para um alvo, um “telos”. Nossa natureza é religiosa por essência e nosso coração anseia por descansar dessa busca pela eternidade. Como disse C.S.Lewis:

A nostalgia que dura toda a vida, o anseio de se reunir com algo no universo do qual nos sentimos separados, estar para dentro de uma porta que sempre vimos pelo lado de fora, tudo isso não é bobagem neurótica, mas o mais verdadeiro indicador de nossa real situação.3

Em nossa rebelião, buscamos suprir essa necessidade criando ídolos. O incrédulo se recusa a reconhecer a beleza da criação como revelada por Deus e busca suprimir a verdade, distorcê-la em um esquema naturalista, para impedir a interpretação do Deus que faz todas as coisas e eventos como eles são.4 O pecado distorcerá os nossos amores e desejos, fazendo com que adoremos a criação ao invés do Criador. E a beleza manifesta na criação de Deus por meio da natureza, obras de arte, música, poesia e a beleza humana se tornam algo tentador para o coração caído da humanidade transformar em ídolos do coração. No anseio de adorar o Criador, podemos fazer da beleza finita da criação nosso próprio deus. C.S. Lewis disse:

Os livros e a música nos quais pensamos ter encontrado beleza nos trairão se confiarmos neles. A beleza não está neles, ela surge por meio deles, e o que veio por meio deles era anseio. Esses elementos – a beleza, a lembrança de nosso passado – são boas figuras daquilo que realmente desejamos; mas, se forem confundidos com o que realmente desejamos, transformam-se em ídolos tolos. Ídolos que ferem o coração de seus adoradores, pois não são o que eles desejam, são tão-somente o perfume de uma flor que não encontramos, o eco de uma canção que não ouvimos, notícias de um país distante que ainda não visitamos.5

Precisamos ter o cuidado de não quebrar a distinção existente entre o Criador e a sua criação. A beleza da criação aponta para Deus, mas não é o próprio Deus. Se não tivermos isso em mente, todo o deleite que a contemplação estética nos proporcionaria se torna uma escravidão sufocante. É isso que os ídolos fazem – nos prometem liberdade, mas nos entregam escravidão – e se a beleza existente no mundo não for apreciada na perspectiva correta, seremos destruídos por ela. Esse é um erro cometido pelos panteístas, que igualam Deus a própria criação e pelos naturalistas, que adoram a natureza como a mãe de todas as coisas. Devemos nos guardar de uma elevação idólatra da beleza, em uma categoria metafísica que transcende a divisão Criador-criatura.6 Essa elevação coloca na beleza um aspecto redentivo e atribui a sua manifestação artística o poder de fazer conhecer e contemplar a própria essência do mundo, deixando de proporcionar deleite e se tornando um instrumento idolatra com uma falsa promessa de salvação.7 

2.2. Quebra da tríade

Outra consequência do pecado é a ruptura da tríade de valores (verdade, bondade e beleza) e a distorção da relação entre eles. Com a queda da humanidade, a mentira, a maldade e a feiura passaram a existir. No jardim de Deus, tudo era verdadeiro, bom e belo; Adão tinha a revelação de Deus, que lhe permitia interpretar toda a realidade de maneira correta, pensando os pensamentos de Deus após ele; a maldade não era parte da vida de Adão e Eva, eles viviam em estado de inocência até desejarem ser como Deus e comerem do fruto da árvore da vida; e todo o jardim era agradável à vista dos dois. A beleza da criação era boa e verdadeira, mas ainda passível de corrupção.

Após a entrada do pecado no mundo, o homem passou a desejar autonomia e independência de Deus, o conhecimento do Criador já não lhe é agradável, mas condenável. O homem se tornou cego e tolo, deixando de reconhecer que toda a beleza vem de Deus e aponta para Deus. Essa negação da verdade e da bondade que provém de Deus gera várias consequências no mundo e na cultura, a tríade é rompida e a criação e o juízo do belo se tornam rebeldes e desagradáveis a Deus.

Com a negação de Deus, a verdade absoluta deixa de existir na sociedade. As pessoas passam a defender um relativismo irracionalista como princípio a ser seguido. Sem padrões absolutos, o certo e o errado também desaparecem, tudo passa a ser permitido, qualquer padrão de moralidade passa a ser uma inconsistência no pensamento do incrédulo. Podemos ver isso de maneira bem clara no movimento pós-moderno e na arte moderna. A “beleza” passa a ser imoral, mentirosa e subjetiva. O observador do belo e da arte passa a ser a ativo, ele precisa entrar na arte e com um tipo de ação irracional, extrair ele próprio o seu sentido.8 Os artistas não pintam, golpeiam. Não cantam, gritam. Não criam, destroem. O ponto de referência para o belo passa a ser o próprio homem, ele é quem deve dar significado para a vida, a arte e o mundo. Isso destrói todo o sentido e harmonia da beleza presente na realidade, gerando um subjetivismo estético irracional. O historiador da arte Hans Rookmaaker, em seu excelente livro, A arte moderna e a morte de uma cultura, descreve como o movimento artístico surrealista com sua cosmovisão existencialista se perdeu ao considerar o mundo como se Deus não existisse:

Para os surrealistas, em sua rejeição ao Deus da Bíblia, a criação de Deus tornou-se uma prisão estranha, irracional, cheia de agonia e medo, um lugar que não consideram deles. Desejam um mundo melhor no qual o absurdo não exista, sem entender que o pecado, o ódio e a crueldade é que são o verdadeiro absurdo, contrário a criação tal como Deus a fez. Desejam liberdade, mas a buscam no próprio homem, expondo seu interior, seu subconsciente -e, assim, a perderam. Uma vez que rejeitaram o Deus transcendente, estão presos ao que é imanente – e sabem disso. Várias vezes, Deus adverte o homem, por meio de seus profetas, a não se esquecer dele; agora podemos ver por quê. Haveria verdade na afirmação surrealista de que este mundo é o inferno, se não existisse Deus. Mas é uma mentira, pois existe um Deus; é uma mentira porque há beleza e verdade para quem quiser ver; é uma mentira porque o homem sabe que o amor e a justiça são possíveis e, graças a Deus, pertencem à verdadeira realidade.9

Essas são as consequências de romper essa tríade de valores. Para que haja sentido, tudo deve ser considerado de maneira teorreferente, diante a verdade e a bondade de Deus, só assim será possível produzir e apreciar beleza de maneira que glorifique a Deus; uma beleza harmônica que tem origem e propósito, e não uma beleza rebelde, desarmônica, sem origem, sem propósito e sem significado.

2.3. Invasão das esferas – Distorção do propósito e existência do belo

Uma das principais manifestações da beleza na sociedade se dá por meio de criações artísticas na cultura. A arte está presente em todas as culturas do mundo, ela é uma esfera da realidade criada por Deus. Essa esfera da realidade, assim como as outras (estado, igreja, mercado, família, etc) tem suas regras de atuação e propósito definidas pelo próprio Deus.10 Sem a queda do homem e a presença do pecado no mundo, a harmonia da relação entre essas esferas seria orgânica e respeitosa, com as pessoas atuando em cada esfera de maneira teorreferente para a glória de Deus. Mas com o pecado e a corrupção da humanidade, o homem será tentado a atuar em cada uma dessas esferas de forma autônoma, buscando cada vez mais controle e poder. As regras e propósitos de uma esfera específica começam a invadir e dominar outras esferas, causando consequências destrutivas social e culturalmente. Dooyweerd chama esse equilíbrio do desenvolvimento cultural de princípio de economia cultural. Para ele:

Quando a fé apóstata recebe o poder de condução na abertura da cultura, a consequência imediata será que a norma da economia cultural, investigada anteriormente, será violada, resultando no surgimento de uma desarmonia estridente na vida cultural.11

Essas invasões das esferas da realidade têm causado sérios problemas para a apreciação estética na cultura contemporânea. Como a beleza está diretamente relacionada com a esfera da arte, é importante que essa esfera esteja atuando segundo as leis de Deus para ela. Caso contrário, haverá um empobrecimento do ser humano e da cultura, tanto o sujeito, quanto o objeto de contemplação estética serão afetados.

Em nossa cultura, que há tempos perdeu seu ethos cristão, esses reducionismos sociais estão fortemente presentes. Gostaria de explorar dois exemplos de esferas que tem invadido a esfera da arte e implementado seus princípios de atuação nela. A primeira é a esfera da ciência/tecnologia, que com sua cosmovisão predominantemente racionalista tem atrofiado a apreciação da diversidade estética da criação de Deus. Essa esfera da sociedade, assim como a maioria das outras, está altamente secularizada, sendo guiada por uma visão que Egbert Schuurman chama de tecnicista,12 uma visão que busca um controle total da realidade por meio da ciência tecnológica. Schuurman diz:

A racionalidade da ciência molda de tal maneira a tecnologia moderna, que sua influência em nossa cultura é condicionada por essa racionalidade. Em nossa cultura, parece haver cada vez menos espaço para a fantasia, para a beleza […] a tecnologia atual produziu um mundo totalmente abstrato e artificial.13 

Quando esses princípios racionalistas e materialistas que hoje controlam a esfera da ciência passam a invadir outras esferas, alterando seu núcleo de significado, eles distorcem o padrão de valor dessa esfera da realidade. Nesse caso de domínio tecnicista na nossa cultura, há um empobrecimento de nossa experiência da realidade e uma visão extremamente utilitária da vida.14 A unidade é valorizada e a diversidade depreciada. Com a busca tecnicista de uniformidade para todas as coisas, ocorre uma desvalorização do diverso, do orgânico e do natural. E como nós vimos anteriormente, a beleza da criação de Deus, que reflete a própria trindade, envolve tanto unidade, quanto diversidade. O padrão cientifico tecnicista pode ter seus valores quando utilizado de maneira correta, mas ao invadir e dominar a esfera da arte e da estética, ele acaba atrofiando e distorcendo essa esfera, distorcendo seu propósito principal, que é o deleite estético e a contemplação da beleza diversa da criação de Deus.

A segunda esfera que tem invadido a esfera da arte e distorcido seu núcleo de significado principal é a esfera econômica do mercado. O sistema capitalista de livre mercado tem vários aspectos positivos, e a liberdade econômica traz muitos benefícios para uma sociedade, mas também é preciso estar atento aos seus pontos negativos. Quando esse sistema é idolatrado, a tendência é que ele invada outras esferas da realidade e que seus princípios e regras sejam impostos nessas esferas. Infelizmente, isso é o que tem acontecido em grande parte da cultura ocidental. O ideal mercadológico de lucratividade, eficiência e produtividade tem se imposto sobre outras esferas culturais.15 Somente aquilo que tem valor mercadológico passa a ser valorizado pelas pessoas. Se algo não tem uma funcionalidade econômica e pragmática deve ser descartado. A busca pela arte se reduz a uma busca desenfreada por entretenimento, que está se tornando cada vez mais um êxtase sensorial que entrega para as pessoas uma experiência final que almeja suprir o anseio delas de fugir dessa realidade sem “deus”. O ato de investir tempo para simplesmente apreciar uma obra de arte, contemplar uma bela paisagem, ouvir uma música, escrever ou ler um poema, se deleitar com a criação de Deus se torna algo infrutífero, “perca de tempo”. Como Egbert Schuurman explica:

Se somente o que é capaz de gerar benefícios as pessoas é tido como importante, então seremos incapazes de enxergar a qualidade de tudo aquilo que nos rodeia […] A realidade foi remodelada em termos de uma rede reducionista e logicamente coerente. As estruturas abstratas se tornaram tão dominantes que a realidade como um todo foi atomizada e funcionalizada e assim fracionada.16

Os elementos poéticos da vida social serão arruinados e o mercado nos condenará a viver como rebanhos padronizados num mundo insulso, ele enfeará toda a terra, estreitando a dimensão da beleza e ampliando a da feiura.17  Essa desarmonia estre as esferas da realidade é consequência do pecado e de seus efeitos no ser humano e na criação de Deus.

3. A beleza e as estruturas escatológico-redentivas

Nesta seção consideraremos como a redenção efetuada por Jesus Cristo redireciona o coração humano para que crie e contemple a beleza de maneira agradável a Deus, e como as pessoas em seu instinto criativo e anseio por beleza refletem aspectos do plano de redenção escatológicas de Deus. Também veremos como o processo de santificação dos crentes e a renovação da criação afetada pelo pecado caminham em direção a beleza gloriosa que será manifestada nos novos céus e nova terra, após a consumação da obra redentiva de Deus por meio do Senhor Jesus Cristo. Por fim, mostrarei como a beleza é importante na vida diária da igreja de Cristo, principalmente na abordagem apologética e na adoração.

3.1. Apreciando e criando beleza de maneira agradável a Deus

A palavra de Deus nos diz que ao ser salva por Jesus Cristo, uma pessoa é transformada radicalmente. Ela é resgatada das trevas para a luz (Ef 2. 1-2; Cl 1.13), é libertada da escravidão do pecado, é considerada justa diante de Deus (Rm 3.21-22), é adotada e passa ser membro da família divina (Gl 4.1-5), ela deixa de ser uma inimiga do Deus todo-poderoso (Cl 1.21-22) e passa a ser amada por Ele; as escamas dos seus olhos são retiradas e agora pode-se enxergar e entender a realidade (Ef 4.17-19). Tudo passa a fazer sentido, pois Deus é a referência da vida e do mundo. Podemos entender que toda a beleza da criação não surgiu do acaso, da desordem, da impessoalidade, pelo contrário, ela foi criada por um Deus bondoso, que escolheu fazer esse mundo de maneira harmônica, bela e agradável a vista do ser humano. A beleza passa a ter sentido em sua origem, existência e significado. Deus criou a beleza e se deleitou com sua criação, e deu a capacidade do homem, a coroa de sua obra, criar e se deleitar nela também, refletindo a imagem de seu Criador. Em Jesus Cristo, somos redirecionados para o entendimento correto da verdade, bondade e beleza. Nele somos chamados a viver a vida de maneira plena e bela, moldando a cultura que nos rodeia e tocando o coração das pessoas.18 

A união da tríade de valores é recuperada. O espírito que agora habita em nós está agindo em nossas vidas, renovando a nossa mente (Rm 12.1,2). Ele nos concede a capacidade de entender a verdade revelada por Deus e a bondade contida em sua lei é exemplificada por meio da vida de seu Filho amado. Com uma cosmovisão cristã, criamos beleza reconhecendo que nossos dons artísticos nos foram dados por Deus e devem ser utilizados para sua glória. Verdade, bondade e beleza deixam de ser inimigas e passam a habitar de maneira equilibrada e harmônica.  Os artistas cristãos devem reconhecer a importância de seu chamado e por meio de uma cosmovisão distintamente cristã, devem temperar a cultura com arte “Bela”, boa e verdadeira.

Em Cristo também podemos passar a apreciar a unidade e a diversidade de sua criação. A trindade nos fornece a resposta para o problema “do um e do muitos”. Há um equilíbrio orgânico entre a ordem e o diferente, entre a continuidade e a descontinuidade, entre a estabilidade e o dinamismo da criação de Deus. Esta visão nos fornece um padrão de juízo estético e humildade para apreciarmos o diverso. Somente um cristão pode encontrar esse equilíbrio de maneira consistente com seus pressupostos. Nos novos céus e nova terra tudo será bom e belo, a criação renovada será perfeita, mas ainda existirá diversidade, as pessoas serão diferentes e a multiplicidade de formas, cores e sons não desaparecerá. Esta organicidade estética da criação de Deus, que tem origem em seu próprio ser, deve orientar a visão do cristão.
  
Diferentemente de movimentos artísticos seculares, os cristãos não precisam cair em um abismo de desespero e falta de significado, produzindo uma arte niilista, que demonstra toda a feiura desse mundo caído e corrompido pelo pecado. Ao contrário, o cristão pode demonstrar por meio de sua criatividade artística que existe esperança para esse mundo, que o mal e a feiura existem sim, mas são passageiros, que a graça de Deus está renovando toda a natureza e que em Cristo há significado debaixo do sol, nele a vida não é passageira, mas eterna, não é vazia, mas profunda, não é apenas neblina e fumaça que se dissipa, mas é resplendor e brilho do Deus glorioso que criou e sustenta todas as coisas. Philip Ryken diz:

[…] assim como nas pinturas de Rembrandt. Existe um senso não apenas do que nós somos, mas também de onde nós viemos: criaturas feitas para ser como Deus. Até melhor, existe um senso do que podemos nos tornar. Arte cristã é redentiva, e este é seu maior propósito. Arte é sempre uma interpretação da realidade, e o cristão deve interpretar a realidade em seu aspecto completo, incluindo a esperança que veio ao mundo através da vida, morte, e ressureição de Jesus Cristo. Mais do que ceder a falta de significado e ao desespero, artistas cristãos sabem que existe uma saída. Assim eles criam imagens de graça, reconhecendo um desejo pelos novos céus e nova terra antecipando as possibilidades da redenção em Cristo.19

O homem tem esperança de experimentar uma existência mais profunda, ele anseia pela eternidade (Ec 3.11).20  Ele pode buscar satisfazer esse desejo em toda beleza e arte desse mundo, mas o seu coração não será saciado. O desejo pelo eterno só será satisfeito em Cristo, toda a beleza da realidade aponta para Ele, e os cristãos tem a oportunidade e a responsabilidade de levar essa mensagem aos confins da terra. O anseio do coração humano por beleza só tem um destino final: a eternidade ao lado do Senhor Jesus Cristo nos novos céus e nova terra. 

3.2. A beleza de Cristo

Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradece. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido (Is 53.2-4).

Em seu plano eterno, Deus escolheu enviar seu Filho amado para ser o nosso salvador. Mas o que Deus o enviou para fazer foi grotesco. Como podemos explicar isto? Como poderia o Deus de toda glória e beleza realizar algo tão feio como a morte violenta de Cristo e fazer disso o meio de nossa salvação? A cruz grita contra toda a sensibilidade da estética divina.21 O profeta Isaías descreve a obra de Cristo rumo à cruz de maneira profunda. Ali toda sua formosura e beleza foi encoberta. O pecado trouxe maldade e feiura para o mundo de Deus, e para salvá-lo, era necessária a cruz de Cristo. Mas não é em sua morte de cruz que está o final. Deus escolheu transformar feiura em beleza. Ele fez isso trazendo o corpo de seu Filho amado da morte e lhe dando uma ressureição gloriosa mais bela do que podemos imaginar.22 

Apesar de toda a feiura da obra consumada na cruz, seus benefícios para a humanidade demonstram todo o amor de Deus por sua criação e a vida de Jesus mostra a plenitude da beleza do ser humano. Nele temos o exemplo de como devemos viver. Toda a verdade e a bondade de Jesus produzem a mais profunda beleza. Ele é o exemplo que devemos imitar. Nesse sentido, os escritos do teólogo americano Jonathan Edwards nos auxiliam no entendimento da beleza humana na vida cristã. Para Edwards, a beleza e a verdadeira virtude estão diretamente relacionadas. A verdadeira virtude seria um tipo de beleza ou excelência, mas nem toda beleza seria verdadeira virtude.23 Essa virtude (beleza espiritual) consiste em amar a Deus, em benevolência do coração, e inclui amor pela criação.24  A vida do cristão deve ser caracterizada por uma beleza suave, por um aroma agradável, por um tipo de “feitiço mágico” que ocorre pela ação do espírito em nossas vidas, esse feitiço gera a atuação do amor no mundo de Deus, inspirando seus filhos a consertar, cuidar, criar, servir, amar, embelezar toda a criação. O trabalho do espírito em nossas vidas busca produzir fruto, e no amadurecimento desse fruto, a beleza de Cristo é manifestada em nós. Imagine quão bela seria uma pessoa que demonstrasse de forma madura o amor, atuando em serviço e altruísmo no mundo, a alegria, sorrindo da vida e das benesses concedidas pelo Deus criador, buscando a paz e a harmonia entre as pessoas; a longanimidade, suportando com firmeza as contrariedades em benefício do outro, a benignidade, sendo cortês, prestativo no tratamento com o seu próximo, a bondade, tendo alma nobre e generosa, inclinada a fazer o bem, a fidelidade, demonstrando zelo, respeito e honra nas relações, a mansidão, expressando-se com doçura e suavidade e o domínio próprio, sendo moderada, comedida e sóbria.

Isso pode parecer difícil, até impossível para nós afetados pelo pecado, mas isso é exatamente o que Deus está fazendo com aqueles que têm fé em Cristo. Hoje pode parecer que viver assim é anormal, mas na verdade, essa é a verdadeira normalidade e naturalidade. Foi assim que Deus nos criou para viver e Cristo veio nos resgatar para que voltemos a viver de maneira agradável ao Pai, entregando todo o nosso ser em culto e adoração. Como disse Francis Schaeffer, “nossas vidas devem ser obras de arte vivas”,25 expondo ao mundo ao nosso redor toda a beleza e criatividade do artista que nos criou.

3.3. Estética na vida cristã: adoração e apologética

Também existem aspectos estéticos importantes na vida de adoração e de evangelismo da igreja de Cristo. O relato bíblico da construção do tabernáculo e do templo no Antigo Testamento mostra que foram utilizados muitos objetos de decoração e obras de arte. Alguns ambientes foram adornados com pedras preciosas (2Cr 3.6) e materiais raros e belos como ouro, prata e bronze foram utilizados. O templo era coberto de pedras preciosas e ornamento, e o relato nos informa que tudo isso foi planejado pelo próprio Deus. Deus simplesmente queria beleza no templo, pois ele se interessa por beleza. Mesmo que a forma litúrgica tenha mudado na nova aliança, o senso estético do ser humano é envolvido na sua vida de adoração e no culto ao Senhor. A imaginação das pessoas está diretamente ligada com aquilo que ela almeja e a adoração cristã captura a nossa imaginação. Como diz James K. A. Smith, a adoração cristã precisa nos reconhecer como criaturas estéticas que são movidas mais do que convencidas. Os cristãos devem se esforçar para que o culto ao Senhor seja o mais belo possível. Há beleza na pregação, nos cânticos e louvores, na comunhão dos santos, nas orações, em todo o amor presente na comunidade e na harmonia da liturgia do culto a Deus. É claro que nem sempre conseguiremos demonstrar tal beleza, mas isso não nos impede de nos esforçarmos na direção desse alvo. A experiência da beleza aponta para além desse mundo, na direção do reino de Deus, onde nossos anseios e desejos serão respondidos. O culto semanal é uma representação que aponta para o descanso final nesse reino, onde estaremos diante do Senhor Jesus, adorando, cantando e louvando o nosso Senhor, manifestando toda a beleza do nosso ser e contemplando toda a beleza da criação de Deus.

A estética também é importante na abordagem apologética dos cristãos, principalmente em tempos pós-modernos. Na busca de persuadir os descrentes a se arrependerem de seus pecados e reconhecerem Jesus Cristo como a verdade, o caminho e a vida, os cristãos tem encontrado variados desafios, tanto intelectuais, quanto sociais e culturais; e na tarefa apologética de defender a fé e persuadir o descrente, a beleza pode ser utilizada como uma ferramenta interessante. Como diz Joseph D. Wooddell, “a fé cristã é verdadeira, mas também é bela. O pensamento cristão sobre beleza é um suporte apologético. Apologética vai além dos argumentos e razões da maioria dos métodos apologéticos e a beleza pode e deve ser usada em serviço da apologética. O elemento estético pode ser primário na tarefa apologética”.26 

Há pelo menos duas maneiras em que podemos usar a estética na apologética: uma intelectual e a outra existencial. Em primeiro lugar, podemos utilizar o método apologético pactual27 para demonstrar a necessidade de pressupor o Deus trino para que seja possível existir um equilíbrio entre a objetividade e a subjetividade da beleza. O problema do “um e do muitos” também existe na área da estética, e assim como nas outras áreas, só pode ser resolvido sob uma cosmovisão cristã. Os pós-modernos podem rejeitar argumentações lógicas e racionais que apelem para sua inconsistência epistemológica, metafísica e moral por não se importarem com esses tópicos filosóficos, mas temas como beleza, criatividade e prazer são importantes para eles, e argumentações nessas áreas podem ser mais persuasivas em nossa cultura.

Também podemos utilizar um método parecido, apresentado por Timothy Keller, que o chama de “Crenças A e B”. Keller explica que todas as pessoas descrentes têm crenças “A” que já são abraçadas pelas pessoas e que, em razão da graça comum de Deus, correspondem, de certa forma, a alguns ensinos bíblicos. No entanto, também encontraremos as crenças “B” – que podem ser chamadas de crenças “contraproducentes” – crenças da cultura que levam as pessoas a achar algumas doutrinas cristãs implausíveis ou bastante ofensivas. As crenças “B” contradizem diretamente a verdade cristã.28 O objetivo do apologista é mostrar que as crenças “A” de uma pessoa contradizem suas crenças “B”, ou seja, se ela crê em A, é impossível que B seja verdadeiro. Ao usar esse método na estética, podemos dizer que para nossa cultura, existe beleza e criatividade, e ambas são coisas importantes e valorizadas (crença “A”), mas a origem dessa beleza, sua existência e seu propósito não está em Deus (crença “B”). Como nós vimos, para que exista harmonia bela e padrão de juízo estético juntamente com diversidades de gostos, é preciso pressupor a Trindade cristã, logo, se a crença “A” é verdadeira, a “B” será falsa, e dessa maneira desafiamos as pessoas a recusar a crença “B” com base em sua própria crença “A”. Como diz Keller:

“E assim que Paulo raciocina em Atos 17 ao falar no Areópago […] Paulo está mostrando aquelas pessoas que suas crenças falham nas bases de sus próprias premissas […] No fundo, Paulo lhes diz: “Se vocês acreditam em ‘A’ no que se refere a Deus – e estão certos -, como podem acreditar em B? ” […] Com a autoridade da Bíblia, fazemos com que uma parte da cultura – juntamente com a Bíblia – critique outra parte. A força persuasiva é resultado de embasarmos nossa crítica em algo que aprovamos na cultura.29 

Nós podemos usar esses dois métodos para desafiar a inconsistência estética da cultura pós-moderna, e como a beleza claramente é valorizada, um apelo nesse sentido pode ser uma ótima ferramenta na tarefa apologética dos cristãos na cultura contemporânea. 

Em segundo lugar, a beleza pode ser utilizada na tarefa apologética de maneira existencial por meio de sua presença na vida dos cristãos. A tarefa apologética não se resume apenas a argumentação intelectual, mas também envolve o testemunho de Cristo na vida das pessoas (1Pe 2.12; 3.13-16). A beleza de nossas vidas pode ser uma maneira de abrir portas para a pregação da palavra de Deus.30  Ao observar a maneira como os cristãos vivem, os descrentes deveriam ser levados a perguntar por que vivemos assim. O que há de diferente em nós? O amor e a harmonia da comunidade cristã devem constranger os descrentes com um modo de vida santo e belo. Após desafiar as pessoas de maneira intelectual, temos que apresentar a resposta com nossas vidas. A modelação de nossas vidas e a congruência entre o que dizemos e o que fazemos é um recurso apologético que pode render bons frutos evangelísticos aos cristãos.

Conclusão

Uma estrutura bíblica de Criação-Queda-Redenção nos ajuda a entender o mundo criado por Deus e o ser humano, a coroa dessa criação, inclusive os aspectos estéticos do mundo e do homem. A criação de Deus é bela, pois reflete o seu próprio ser e o ser humano aprecia e cria beleza pois é imagem e semelhança do Deus criador. A beleza é importante pois Deus se importa com ela e, somente sob uma cosmovisão cristã, o homem encontra ordem e diversidade estética de maneira equilibrada e consistente. Infelizmente, a queda do homem e a entrada do pecado no mundo distorceram a capacidade homem de apreciar e contemplar a beleza da criação de maneira agradável a Deus e fizeram com que a feiura e a maldade entrassem no mundo. Devido ao pecado, as pessoas tendem a adorar e divinizar coisas belas e a beleza manifestada por meios artísticos na cultura perdeu o seu valor e propósito dado por Deus, mas graças a Deus, mesmo em meio ao pecado, a beleza e sua harmonia permanecem brilhando no caos desse mundo, ela é observada, sentida e traduzida por seres humanos. Deus enviou seu filho, que por meio da “horrível” obra da cruz, concedeu perdão e liberdade aos eleitos do Pai. Jesus também é Senhor de toda a criação, e por meio do seu reino e sua graça está renovando toda a natureza. O corpo de Cristo é parte ativa dessa renovação, e trabalha em serviço do seu Senhor rumo ao descanso eterno em seu reino, onde toda a mentira, a maldade e a feiura serão dissipadas para sempre. Por enquanto, vivemos nesse mundo caído, mas ainda assim belo, essa beleza que ainda brilha na vida das pessoas e na natureza aponta para a beleza superior não criada, a Trindade, que é a fonte, a origem e o propósito de toda a beleza. Como bem disse N.D.Wilson:

O que é esse mundo? Que tipo de lugar é este? O tipo redondo. O tipo que gira. O tipo húmido. O tipo habitado. O tipo com flamingos (reais e artificiais). O tipo onde a água nos céus se transforma em flocos de cristais belamente simétricos, esculpidos por artistas que são incapazes de pararem a si mesmos (tanto em design quanto em quantidade). O tipo de lugar com poderosos ácaros no tapete para comerem minhas células mortas de pele à medida em que elas caem. O tipo com pessoas que matam, pessoas que amam e pessoas que fazem ambos. Este mundo é belo e maldosamente quebrado. Eu o amo assim como é, porque é uma história, e não se prende a um só lugar. É cheio de conflito e trevas como toda boa história, um mundo de surpresas e perguntas para explorar. E há alguém por trás dele; existem resposta desconfortáveis para os “como” e “porquês” e “o quê”. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Através dele todas as coisas foram feitas…. Seja bem-vindo ao seu poema. Seu jogo. Seu romance.31

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1NETO, Emílio Garofalo. A busca humana da diversão sob a ótica bíblica de Criação-Queda-Redenção. São Paulo: Fides Reformata XVI, N° 2, 2011, p. 38. 
2Ibid.
3LEWIS, C.S. O peso de Glória. São Paulo: Vida, 2008.
4BHANSEN, Greg. Always Ready. Digital Edition, 2011, p. 37.
5Ibid. p, 34.
6COVOLO, Robert. Herman Bavinck’s Theological Aesthetics: A Synchronic and Diachronic Analysis. TBR 2, 2011, p. 51.
7LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A Estetização do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
8ROOKMAAKER, Hans. A arte moderna e a morte de uma cultura. Viçosa, MG: Ultimato, 2015, p. 180.
9Ibid,p, 163.
10KASLBEEK, L. Contornos da filosofia cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 81-83.
11Ibid, p, 120.
12SCHUURMAN, Egbert. Fé, Esperança e Tecnologia: Ciência e Fé Cristã em uma Cultura Tecnológica. Viçosa, MG: Ultimato, 20016.
13Ibid, p, 88-89.
14Ibid, p, 95.
15Para um exemplo de como a esfera do mercado tem invadido outras esferas, veja: Eva Illouz, O amor nos tempos do capitalismo (São Paulo: Zahar, 2011) e Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, a estetização do mundo. Lipovestsky e Serroy também mostram como a esfera da arte e o aspecto estético tem influenciado a esfera do mercado.
16SCHUURMAN, Egbert. Fé, Esperança e Tecnologia: Ciência e Fé Cristã em uma Cultura Tecnológica. Viçosa, MG: Ultimato, 20016, p. 95,117.
17Ibid.
18RYKEN, Philip. Arts for God’s Sake. P&R Publishing, 2006.
19Ibid.
20NETO, Emílio Garofalo. A busca humana da diversão sob a ótica bíblica de Criação-Queda-Redenção. São Paulo: Fides Reformata XVI, N° 2, 2011, p. 43.
21RYKEN, Philip. Arts for God’s Sake. P&R Publishing, 2006.
22Ibid.
23Jonathan Edwards, The nature of true virtue. Retirado de Joseph Wooddell, The beauty of the faith: Using aesthetics for Christian apologetics (Kindle Edition).
24Ibid.
25SCHAEFFER, Francis. A Arte e a Bíblia. Viçosa, MG: Ultimato, 2011.
26WOODDELL, Joseph. The Beauty of the Faith: Using Aesthetics for Christian Apologetics. Wipf & Stock, 2015.
27Apologética pactual ou pressuposicional, termo designado ao método apologético de Cornelius Van Til. Van Til defendia que era necessário pressupor a existência do Deus Trino e sua revelação para que houvesse inteligibilidade no mundo. Se o Deus trino não for pressuposto, é impossível conhecer qualquer coisa verdadeiramente. 
28KELLER, Timothy. Igreja Centrada. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 148.
29Ibid, p, 150.
30Um ótimo exemplo do uso da estética na apologética é o ministério de Francis e Edith Schaeffer. Schaeffer acreditava que junto do confronto apologético intelectual, os cristãos deveriam demonstrar por meio de suas vidas, os efeitos da salvação que eles oferecem aos descrentes. Cristo nos salvou para que sejamos plenamente humanos, e a demonstração da verdadeira humanidade pode mostrar aos descrentes que ao viver sob sua cosmovisão não cristã, eles serão seres humanos atrofiados e incompletos. Ao chegarem em L’abri, além de serem desafiadas intelectualmente, as pessoas eram desafiadas existencialmente. A beleza da comunidade cristã, sua hospitalidade servil, seu apreço e cuidado com a criação de Deus, sua fé e confiança na provisão do Senhor, sua criatividade e imaginação, eram coisas encontradas em L’abri, que constrangiam os visitantes com a busca das pessoas por serem seres humanos plenos, vivendo a vida diante a face de Deus, para a sua glória. 
31N.D.Wilson, Notes from the tilt-a-whirl (Thomas Nelson, 2009). Minha tradução.

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